RECANTO DO TERÇO: A FÉ UNIU APOSENTADAS QUE SE DEDICAM A AJUDAR O PRÓXIMO.
Por Célia Ribeiro
Toda segunda-feira, a partir das 14h30, o movimento de alguns veículos em uma rua tranquila do bairro Salgado Filho, na zona oeste de Marília, quebra a monotonia do lugar. No cruzamento do bairro nobre, a residência da pedagoga e professora aposentada Maria Cristina Cruz de Rezende Paoliello abriga o “Recanto do Terço” aonde, mais que exercitar sua fé, quase 20 mulheres, entre 62 e 85 anos de idade, colocam em prática um dos principais ensinamentos cristãos: a solidariedade.
Os encontros semanais tiveram início há sete anos, explicou a anfitriã. A maioria das participantes estudou no Colégio “Sagrado Coração de Jesus” e completou 50 anos de formatura no ano passado. Em comum, as “terceiras”, como se intitulam, têm a fé em Deus e em Nossa Senhora e a vontade de fazer o bem contribuindo com instituições filantrópicas e projetos sociais.
Pontualmente, às 15h, as amigas iniciam o “Terço da Misericórdia”, seguido de cânticos religiosos, orações e estudo do Evangelho. Elas trocam impressões sobre a missa de domingo, nas diferentes igrejas que frequentam, e finalizam o momento de orações com um caloroso abraço entre todas.
A reportagem do JM acompanhou o “Terço da Misericórdia” da última segunda-feira, dia 10. E chamou muito a atenção o clima de comunhão e confraternização entre as participantes que, mesmo se encontrando toda semana, portavam-se como se não se vissem há muitos anos.
ORGANIZAÇÃO
Embora o grupo seja formado por amigas que se conhecem há mais de 50 anos, tudo é feito com muito critério. Por exemplo, no papel de secretária, Amália Rosa Golemo de Brito contou que, desde 2015, resolveram colaborar com as ações sociais de maneira planejada. Por isso, são arrecadados vinte reais mensais, a fim de formar um pequeno caixa. A cada 90 dias, o valor angariado, em torno de mil reais, é utilizado em alguma ação social decidida nos encontros.
Já foram beneficiadas as “Irmãs Clarissas”, a Comunidade São Judas Tadeu, a Associação de Ostomizados, a Associação de Apoio ao Renal Crônico, a Aurora Boreal, o GMADC, os asilos, o Hospital Materno Infantil, as crianças do Jardim Julieta, a Quermesse da Igreja Nossa Senhora de Fátima etc.
Segundo Cristina Paoliello, recentemente, com 960 reais foram adquiridos cobertores e confeccionados 210 ponches entregues em asilos e às pessoas em situação de rua para enfrentarem o inverno. Ela destacou que ao saber de alguma entidade ou projeto social passando por necessidade, as amigas levam o assunto à discussão e deliberam sobre uma forma de contribuir, após rezarem o terço.
PRINCÍPIO
A anfitriã Maria Cristina Paoliello é uma ativista social incansável. Membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, também se dedica à contação de história em escolas e é voluntária nas tradicionais quermesses beneficentes. Católica fervorosa, contou, rindo, que costumam chama-la de “Maria Tercinho” porque onde quer que vá, inclusive nas viagens e excursões com as amigas da vida toda, leva o terço: “Já rezamos até em piscina e restaurante de hotel, chamando todo mundo para participar com a gente”.
Sempre sorridente, ela faz questão de fotografar e filmar tudo. Não é por exibicionismo, frisou. Ela posta nas redes sociais como forma de inspirar outras pessoas: “Quero que façam em prédios, em praças, em suas casas, para que todos possam ter esse momento. Vai além do simples rezar”, acrescentou.
Ela revelou que a ideia do “Recanto do Terço” surgiu em uma época difícil de sua vida: “Quando aconteceu de fazer uma cirurgia em 2009, eu tive uma graça muito grande, não só pela cura do câncer. Eu tive uma trombose e, depois de 03 dias de UTI, fui cadeirante. Fiquei mais de um mês em casa com cuidadoras. E aconteceu uma coisa: essas cuidadoras colocavam flores para essa minha Nossa Senhora. Pensei que era muito egoísta deixar só para mim, e resolvi deixa-la em um lugar da casa onde todos pudessem ver”.
A escolha do espaço foi acertada: ao encerrar o ciclo de quimioterapia, Maria Cristina decidiu fechar uma área do jardim com vidro no teto e encomendou um genuflexório, que é um móvel para ajoelhar e rezar, além de uma estrutura para abrigar a imagem de Nossa Senhora em todo o seu esplendor.
“Começamos a fazer um terço”, recordou a pedagoga aposentada, assinalando que “o Espírito Santo move tudo. E ele moveu para o Terço da Misericórdia, toda segunda às 15h”. Com isso, as amigas de colégio encontraram uma forma de se reunirem, semanalmente, para exercitarem sua fé.
Aos 82 anos, Suleima Primo Pimentel era uma das mais alegres no lanche da última segunda-feira. Ela destacou o clima fraterno entre as amigas e a possibilidade de exercitar a “religiosidade, que é tudo o que precisamos hoje em dia. Além disso, ajudamos os necessitados. Tem tanta gente precisando e a gente tem que acudir”, pontuou.
A fé uniu as amigas, independente de religião, como explicou Regina Marta Amaral Penteado, que segue a doutrina espírita: “Acima de tudo, somos cristãos. Seguimos o Cristo, as palavras dele. Eu faço palestras em vários centros espíritas e falo do amor de Jesus”, assinalou.
A mais jovem entre as amigas é a delegada aposentada da Delegacia da Mulher, Rossana Rossini Camacho, 62 anos. “Esse grupo de mulheres tem como eixo a religiosidade e através dela exercita a sororidade com boas práticas e ações sociais, culturais, políticas educacionais, de lazer e de autoestima, empreendedorismo e empoderamento de mulheres”, afirmou.
Conforme disse, o grupo criado por Cristina Paoliello “é composto por mulheres da terceira idade, muito cultas, aposentadas e muito influentes na nossa sociedade. Já tem várias ramificações na cidade e faz também um trabalho itinerante. Eu tenho a honra de fazer parte desse seleto grupo há dois anos e com meus quase 62 anos sou a caçula das integrantes. Elas foram e são as maiores incentivadoras para eu ingressar na carreira política partidária”.
E assim terminou mais um alegre encontro no “Recanto do Terço” sob o olhar amoroso de Nossa Senhora, posicionada em local de destaque, a inspirar a amizade e o amor ao próximo manifestado em pequenos gestos de solidariedade.
Toda segunda-feira, a partir das 14h30, o movimento de alguns veículos em uma rua tranquila do bairro Salgado Filho, na zona oeste de Marília, quebra a monotonia do lugar. No cruzamento do bairro nobre, a residência da pedagoga e professora aposentada Maria Cristina Cruz de Rezende Paoliello abriga o “Recanto do Terço” aonde, mais que exercitar sua fé, quase 20 mulheres, entre 62 e 85 anos de idade, colocam em prática um dos principais ensinamentos cristãos: a solidariedade.
Nossa Senhora em lugar de destaque |
Os encontros semanais tiveram início há sete anos, explicou a anfitriã. A maioria das participantes estudou no Colégio “Sagrado Coração de Jesus” e completou 50 anos de formatura no ano passado. Em comum, as “terceiras”, como se intitulam, têm a fé em Deus e em Nossa Senhora e a vontade de fazer o bem contribuindo com instituições filantrópicas e projetos sociais.
Pontualmente, às 15h, as amigas iniciam o “Terço da Misericórdia”, seguido de cânticos religiosos, orações e estudo do Evangelho. Elas trocam impressões sobre a missa de domingo, nas diferentes igrejas que frequentam, e finalizam o momento de orações com um caloroso abraço entre todas.
A reportagem do JM acompanhou o “Terço da Misericórdia” da última segunda-feira, dia 10. E chamou muito a atenção o clima de comunhão e confraternização entre as participantes que, mesmo se encontrando toda semana, portavam-se como se não se vissem há muitos anos.
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Fé, amizade e comunhão |
Embora o grupo seja formado por amigas que se conhecem há mais de 50 anos, tudo é feito com muito critério. Por exemplo, no papel de secretária, Amália Rosa Golemo de Brito contou que, desde 2015, resolveram colaborar com as ações sociais de maneira planejada. Por isso, são arrecadados vinte reais mensais, a fim de formar um pequeno caixa. A cada 90 dias, o valor angariado, em torno de mil reais, é utilizado em alguma ação social decidida nos encontros.
As participantes da última segunda-feira |
Segundo Cristina Paoliello, recentemente, com 960 reais foram adquiridos cobertores e confeccionados 210 ponches entregues em asilos e às pessoas em situação de rua para enfrentarem o inverno. Ela destacou que ao saber de alguma entidade ou projeto social passando por necessidade, as amigas levam o assunto à discussão e deliberam sobre uma forma de contribuir, após rezarem o terço.
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Donativos do grupo |
PRINCÍPIO
A anfitriã Maria Cristina Paoliello é uma ativista social incansável. Membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, também se dedica à contação de história em escolas e é voluntária nas tradicionais quermesses beneficentes. Católica fervorosa, contou, rindo, que costumam chama-la de “Maria Tercinho” porque onde quer que vá, inclusive nas viagens e excursões com as amigas da vida toda, leva o terço: “Já rezamos até em piscina e restaurante de hotel, chamando todo mundo para participar com a gente”.
Sempre sorridente, ela faz questão de fotografar e filmar tudo. Não é por exibicionismo, frisou. Ela posta nas redes sociais como forma de inspirar outras pessoas: “Quero que façam em prédios, em praças, em suas casas, para que todos possam ter esse momento. Vai além do simples rezar”, acrescentou.
Ela revelou que a ideia do “Recanto do Terço” surgiu em uma época difícil de sua vida: “Quando aconteceu de fazer uma cirurgia em 2009, eu tive uma graça muito grande, não só pela cura do câncer. Eu tive uma trombose e, depois de 03 dias de UTI, fui cadeirante. Fiquei mais de um mês em casa com cuidadoras. E aconteceu uma coisa: essas cuidadoras colocavam flores para essa minha Nossa Senhora. Pensei que era muito egoísta deixar só para mim, e resolvi deixa-la em um lugar da casa onde todos pudessem ver”.
(Esq) Suleima, Cristina Paoliello, Amália, Rossana e Sirley Guarezi |
“Começamos a fazer um terço”, recordou a pedagoga aposentada, assinalando que “o Espírito Santo move tudo. E ele moveu para o Terço da Misericórdia, toda segunda às 15h”. Com isso, as amigas de colégio encontraram uma forma de se reunirem, semanalmente, para exercitarem sua fé.
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Após as orações, o delicioso lanche |
A fé uniu as amigas, independente de religião, como explicou Regina Marta Amaral Penteado, que segue a doutrina espírita: “Acima de tudo, somos cristãos. Seguimos o Cristo, as palavras dele. Eu faço palestras em vários centros espíritas e falo do amor de Jesus”, assinalou.
A mais jovem entre as amigas é a delegada aposentada da Delegacia da Mulher, Rossana Rossini Camacho, 62 anos. “Esse grupo de mulheres tem como eixo a religiosidade e através dela exercita a sororidade com boas práticas e ações sociais, culturais, políticas educacionais, de lazer e de autoestima, empreendedorismo e empoderamento de mulheres”, afirmou.
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Os aniversários são comemorados na hora do lanche |
E assim terminou mais um alegre encontro no “Recanto do Terço” sob o olhar amoroso de Nossa Senhora, posicionada em local de destaque, a inspirar a amizade e o amor ao próximo manifestado em pequenos gestos de solidariedade.
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