domingo, 30 de agosto de 2020

NESTE ANO, O PAPAI NOEL CHEGOU MAIS CEDO NO GACCH TRAZENDO SOLIDARIEDADE.

Por Célia Ribeiro

Em um ano completamente atípico em que o “novo normal” impôs o isolamento social como prevenção ao Covid-19, não se sabe como serão as compras de fim de ano para as confraternizações entre amigos e familiares. Em Marília, um grupo de voluntárias do GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias) não deixou a tradição se apagar e, em meio à pandemia, manteve a rotina de confeccionar lindas peças de artesanato. E o melhor: já estão à venda no bazar permanente da entidade.
Peças à venda no Gacch: Natal antecipado
Entre os eventos realizados por ONGs locais, o “Bazar do Dia das Mães” e o “Bazar de Natal” do GACCH eram muito aguardados pela variedade, qualidade dos itens e valores acessíveis. Em 2020, a diferença é que, ao invés do Esmeralda Shopping, que cedeu espaço nos anos anteriores, os itens podem ser encontrados no bazar que funciona na sede (Rua Júlio Mesquita, 50), próximo à Santa Casa de Misericórdia.
Telma exibe um dos belos trabalhos do bazar permanente
Como mostrado em reportagens anteriores desta coluna, o GACCH possui um voluntariado muito atuante que contribui para a manutenção da Casa de Apoio, responsável pelo suporte a crianças e adolescentes em tratamento do câncer e de hemopatias (doenças do sangue) e seus familiares. Para isso, são realizados eventos de geração de renda ao longo do ano e que, em 2020, tiveram que ser cancelados devido à quarentena.

Voluntárias Eunice, Telma e Fátima
com as ovelhinhas que as crianças adoram
No entanto, o bazar permanente da instituição continuou sendo abastecido com artesanato confeccionado por voluntárias, como a aposentada Telma Solange de Assis. Antes, reuniam-se nas tardes de quarta-feira, mas com a pandemia passaram a produzir as peças em suas casas mantendo o mínimo de contato por serem todas do grupo de risco.

“Antes, a gente estava toda quarta-feira no GACCH, das 13h30 às 17h. Quando havia famílias hospedadas, a prioridade era para atende-las. A gente preparava o café da tarde, verificava se precisavam de alguma coisa e assim por diante”, lembrou Telma, lamentando que depois de março as 09 voluntárias do grupo de artesanato pouco se encontraram, usando mais os meios eletrônicos para se comunicarem.
Bazar de Natal de 2019 foi no Esmeralda Shopping
ARTESANATO NATALINO

As talentosas artesãs confeccionam peças que, com o tema natalino, concentram beleza, criatividade e bom gosto visíveis em cada detalhe: são toalhas de mesa, panos de prato, jogos americanos, toalhas de banho, cobre-alimentos, nécessaires, bolsas, cabides, guirlandas, toalhas de lavado, aventais, arranjos de mesa, puxa-sacos e diversos itens para cozinha, entre outros. Com a renda, são adquiridas cestas básicas, Sustagen, fraldas e o que mais for necessário para socorrer as famílias assistidas.
Os arranjos de mesa são disputados

Além da venda no bazar permanente, Telma contou que uma voluntária leva o artesanato para cidades da região aonde a clientela espera, ansiosamente, as peças únicas desta época do ano. “Com a aproximação do Natal, desde julho a gente começou a produzir porque tinha que ter estoque para o bazar permanente. Como não estaremos no Esmeralda Shopping por causa da pandemia, já começamos a colocar as peças para venda no GACCH”, assinalou.

A voluntária disse, comovida, que é impossível não se sensibilizar com a dor das mães diante da doença dos filhos e que todas as voluntárias confeccionam o artesanato com muito amor sabendo que a causa é nobre. São trabalhos em crochê, bordado, ponto-cruz, patch-aplique, barrados, ponto-reto entre outras técnicas.

Conforme disse, os arranjos natalinos também fazem muito sucesso e as ovelhinhas encantam as crianças. Com isso, logo na entrada da instituição, o artesanato exposto de forma a atrair os olhares torna mais leve o ambiente deste local que é feito de puro amor e solidariedade.
Artesanato com motivos natalinos: sucesso total
O bazar permanente funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 15h, à Rua Júlio Mesquita, 50. São aceitos pagamentos em dinheiro ou cartão (débito e crédito). O grupo de artesanato é formado pelas voluntárias: Eunice Bonfanti, Carolina Peres Ruano, Elizabeth Brito Jorge, Fátima Abonizio, Fátima Molina, Geny Michelino, Maria Helena Donati, Maria José Ferreira e Telma Solange de Assis.

Leia as últimas reportagens sobre o GACCH acessando AQUI e AQUI

* Reportagem publicada na edição de 30.08.2020 do Jornal da Manhã



domingo, 23 de agosto de 2020

AÇÃO DE CASA ESPÍRITA DOOU QUASE 5.000 MÁSCARAS A AFETADOS PELA PANDEMIA

Por Célia Ribeiro

Marília é uma cidade privilegiada. Com uma rede de solidariedade formada por milhares de voluntários, o período mais negro da história recente encontrou alento no coração generoso de muitos abnegados. Um exemplo pode ser observado em cores e texturas variadas, mas com o mesmo fim: as 4.800 máscaras de proteção ao Covid-19 confeccionadas por um grupo de costureiras e que foram doadas a entidades e famílias afetadas pela pandemia.
Dona Eliude fez 800 máscaras

Tudo começou no NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz), aonde as voluntárias Nilda Fernandes Pavão Camilo e Eliude Martins, que atuam no Departamento Infantil André Luiz, iniciaram a produção das primeiras máscaras. Como matéria prima, empregaram tecidos do estoque da instituição que, antes da quarentena, confeccionava enxovais de bebê doados ao final do tradicional Curso de Gestantes voltado à comunidade de baixa renda.

Voluntária do GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias), Maria Carolina Peres Ruano costumava dedicar as quartas-feiras ao bordado em ponto cruz de peças destinadas à venda em prol da instituição. Ela não costura. Porém, como participa do NEAP, presidido pelo marido, Antônio Ruano Filho, observou que os tecidos armazenados no local poderiam ter outra destinação: a confecção de máscaras para a população.

E assim, os elos da corrente solidária foram se entrelaçando: a direção do Núcleo Espírita Amor e Paz concordou com o aproveitamento dos tecidos desde que as máscaras fossem 100 por cento doadas. Carolina, então, conversou com algumas voluntárias do GACCH, como Nice, Geni, Telma e Fátima, e postou em uma rede espírita um pedido de ajuda por mais costureiras.
Carol Ruano: ação amenizou a quarentena
Imediatamente, surgiram dezenas delas que, por causa da quarentena e algumas pela idade, não podiam sair de casa. Coube ao Sr. Ruano levar os tecidos e buscar as máscaras prontas. Uma voluntária, em especial, impressionou pelo vigor e disposição: Eliude Martins, aos 75 anos, confeccionou nada menos que 800 máscaras.

Como informou Carol Ruano, apareceu muita gente disposta a colaborar. Quem não sabia costurar se ofereceu para cortar os tecidos, por exemplo. No caso da Senhora Eliude, a mais idosa do grupo, chamou a atenção a energia com que se empenhou na missão ao ponto de bater os recordes de produção.
Nilda Camilo confeccionou 500 máscaras

Outra voluntária do NEAP, Nilda Fernandes Pavão Camilo, confeccionou 500 máscaras. Ela falou com entusiasmo sobre a empreitada: “Estou feliz por ter participado da equipe maravilhosa do NEAP, coordenada pela Carol Ruano. O trabalho foi árduo, mas atingimos o objetivo, tendo a ajuda dos familiares cortando o tecido e as amigas trazendo moldes, como a Elzira Castilho, que me passou o primeiro e repassei às outras costureiras”.

Ela assinalou que “para a doação das máscaras, priorizamos as pessoas carentes, hospitais, asilos, acamados com acompanhantes, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros etc”. Já para quem desejava colaborar de alguma forma, o grupo pediu doação de leite para o GACCH e ONG Semear.
De acordo com Carol Ruano, além dos beneficiários citados por Nilda Camilo, foram doadas máscaras para o GACCH, Hemocentro, Hospital de Clínicas, Hospital Materno Infantil, Maternidade e Gota de Leite, Associação dos Renais Crônicos, Centro Comunitário do Santa Antonieta e Comunidade da Vila Barros, entre outros.

GERAÇÃO DE RENDA

As máscaras foram doadas a quem mais necessitava. Mas, alguns acabaram se beneficiando duplamente. Carol Ruano explicou que, com o desemprego provocado pela pandemia, antigos frequentadores do brechó do NEAP estavam passando por dificuldade financeira. Neste caso, foi doado um número maior de máscaras para que essas famílias pudessem vender e ficar com o dinheiro, principalmente, para compra de alimentos.
Sede do NEAP
Ela comentou que apesar da fase difícil da quarentena, a confecção de máscaras movimentou tantas pessoas que o isolamento social ficou em segundo plano: “Nem notamos o tempo passar”, pontuou. E acrescentou que, em recente congresso virtual, foi perguntado que ação as casas espíritas poderiam fazer durante a pandemia e “a ação que nossa casa espírita fez foi essa de tentar proteger, ao máximo, a população”.

Assim, seguindo uma das máximas da doutrina espírita, de que “fora da caridade não há salvação”, voluntários de várias crenças doaram seu tempo e talento fazendo o bem, contribuindo para a prevenção do avanço da doença e para que o amor ao próximo se materializasse em ações concretas. A solidariedade nocauteou o novo coronavírus.

*Reportagem publicada na edição de 23.08.2020 do Jornal da Manhã

domingo, 16 de agosto de 2020

MESMO COM AS VOLUNTÁRIAS EM QUARENTENA, GACCH ACOLHE AS CRIANÇAS E FAMILIARES.

Por Célia Ribeiro

Como no milagre da multiplicação de pães e peixes da tradição cristã, uma instituição filantrópica de Marília reduziu o horário de funcionamento, afastou as 50 voluntárias por pertencerem ao grupo de risco para o Covid-19 e, ainda assim, está desenvolvendo um trabalho social superior ao do período pré-pandemia. O GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias) tem atuado não apenas no suporte aos pacientes em tratamento, como está amparando dezenas de famílias com orientações, alimentos e kits de higiene e limpeza.
Verinha higieniza verduras para o almoço
Só mesmo o amor que alicerça a ONG desde sua criação, em 2.003, pode explicar o que se viu nesta semana: na entidade, apenas uma colaboradora de serviços gerais e a assistente social, Ieda Santos Silva, dão expediente, das 8 às 15h. Após este horário, as famílias hospedadas na Casa de Apoio ficam sozinhas e cuidam de tudo com muita responsabilidade.

“Aqui, eles recebem todo amor e carinho. Eu os deixo à vontade porque esta casa foi construída para eles terem um carinho, um suporte fora da cidade deles”, justificou a assistente social, acrescentando que nunca houve nenhum incidente. Por conta da pandemia, os cuidados com a higienização foram redobrados: quando os pacientes e familiares chegam do hospital são orientados a higienizarem as solas dos calçados com álcool antes de entrarem. Em seguida, vão para o banho, imediatamente.
Ieda Santos Silva, assistente social
Isso é necessário porque tanto os portadores de câncer quanto os que têm as chamadas doenças do sangue, as hemopatias, têm baixa imunidade e se forem contaminados com o novo coronavírus correm risco de vida. Para o almoço, prosseguiu a assistente social, as famílias se alimentam com refeições preparadas pela Verinha, a colaboradora que faz um pouco de tudo no local. Para o jantar, as famílias têm liberdade de cozinharem.
Famílias receberam álcool em gel e máscaras
“Aqui, depois do horário, eles ficam sozinhos. A casa é deles. Ficam com a chave e aqui tem todo um sistema de segurança. Isso ocorre há 17 anos, sempre funcionou assim e nunca tivemos problemas. A casa está sempre limpa, bem organizada, os quartos sempre arrumados e a gente fica na retaguarda. Tem o celular da entidade e, qualquer emergência ou dúvida, eles mandam mensagem”, assinalou.

SUPORTE

A sede própria do GACCH, inaugurada em 2015, com recursos do “McDia Feliz” promovido pela Santa Casa de Misericórdia de Marília e Instituto Ronald McDonald’s e do Tauste Ação Social, está localizada à Rua Júlio Mesquita, 50. Antes da quarentena, o lugar costumava ser bem movimentado com as 50 voluntárias se revezando, de segunda a sexta-feira, em grupos de manhã e à tarde.
Instalações confortáveis para as famílias
Segundo Ieda Santos Silva, as voluntárias foram orientadas a permanecerem em suas casas por se encontrarem no grupo de risco e a movimentação deu lugar ao silêncio. “Sem as voluntárias, essa casa não existiria. Elas doam o trabalho, o tempo, fazem o nosso almoço etc”, frisou, melancólica.

Desde 14 de março, apenas a assistente social e a funcionária de serviços gerais cuidam de tudo na entidade. “Os atendimentos reduziram, mas não pararam, como aonde recebem os tratamentos nos hospitais, para evitar aglomerações. Aqui, nós continuamos de portas abertas, atendendo quando é necessária uma hospedagem, quando vêm buscar leite, alimento, fralda, um remédio, muletas. O que estiver ao nosso alcance estamos prontos a atender”, explicou Ieda.
Aula de artesanato on line

Conforme disse, há 110 famílias cadastradas que recebem todo tipo de orientação. Por exemplo, muitas famílias se beneficiaram do auxílio emergencial graças à ajuda da assistente social que baixou o aplicativo nos aparelhos celulares e as orientou como preencher o cadastro do governo. Utilizando a rede de internet (Wi-Fi) da casa, as famílias puderam concluir seus registros e garantir o benefício.

As famílias recorrem ao GACCH de acordo com o retorno médico. Em média, 40 a 45 famílias são atendidas, mensalmente. No início da pandemia, por orientação da presidente, a médica Dra. Doralice Tan, foram entregues kits com álcool gel e materiais de limpeza, além de máscaras de proteção. De rotina, mensalmente, as famílias recebem uma cesta básica, uma caixa de leite (12 unidades), fraldas, Sustagen etc.

Com as dificuldades econômicas de muitas famílias neste período, mesmo aquelas em que os filhos receberam alta médica e, em tese, perderiam o direito à ajuda, continuam sendo acolhidas. O GACCH manteve a doação de alimentos e leite que é muito importante às crianças que perdem o paladar e consomem o produto com Sustagen.

Quanto às voluntárias, acostumadas às atividades internas e à organização de eventos de geração de renda, apoiam como podem, à distância. Silza Más Rosa, do grupo de artesanato às terças à tarde faz aulas on line com as mães dos pacientes, como mostrado na edição do dia cinco de julho. Já outras voluntárias reuniram algumas amigas e confeccionaram mais de 4.800 máscaras que foram doadas a várias instituições e que será tema da próxima reportagem.

PARA DOAR
Sede do GACCH perto da Santa Casa
A assistente social informou que uma empresa de Marília fez, recentemente, uma grande doação de leite e cada família, se precisar, está levando até duas caixas fechadas para casa. Quem quiser contribuir, pode doar alimentos não perecíveis para a composição da cesta básica, leite integral de caixinha, fraldas e Sustagen. O endereço é Rua Júlio Mesquita, 50, e o telefone (14) 3422.4111, das 8 às 15h.

Confira AQUI, a reportagem de cinco de julho com a voluntária Silza Mas Rosa.

* Reportagem publicada na edição de 16.08.2020 do Jornal da Manhã





domingo, 9 de agosto de 2020

PANDEMIA MUDA HÁBITOS DE CONSUMO COM IMPACTO NO DESCARTE DE RECICLÁVEIS.

Por Célia Ribeiro

Além das consequências nefastas para a saúde e a economia, a pandemia do novo coronavírus contribuiu para o agravamento de um problema crônico, em Marília: a correta destinação dos resíduos sólidos. Com a mudança de hábitos da população, que deixou de frequentar bares e restaurantes e passou a consumir mais alimentos e bebidas em casa, as garrafas PET, latas de alumínio e embalagens que eram encaminhadas para a reciclagem acabaram nos aterros sanitários misturadas ao lixo orgânico.
Vera Rojo em frente a um dos equipamentos da recicladora
Enquanto nos bares, hotéis, restaurantes e lanchonetes era comum a separação de recicláveis destinados aos catadores ou recicladores mais organizados, nas residências a maior parte da população não tem o hábito de separar os materiais, optando por colocar no mesmo saco de lixo os resíduos orgânicos e o que poderia ser reaproveitado.

Gerente Milena Dallapria e Vera Rojo, 
que também é artista plástica
A observação é da empresária e artista plástica Vera Rojo, diretora da Vegui Comércio de Recicláveis, localizada no Distrito Industrial, em Marília. Com 11 anos de atividades, a empresa é uma das principais do setor no interior de São Paulo, coletando materiais na cidade e também junto às cooperativas de municípios da região como Pompeia, Assis e Garça.
Área reservada às embalagens plásticas
Com 40 colaboradores, número menor em comparação ao início do ano, a Vegui movimentou 1,026 milhão de quilos de recicláveis no mês de julho, proveniente de garrafas PET, vários tipos de plástico, papel, papelão, metais etc. Ela explicou que o fechamento do comércio fez com que o consumidor migrasse para as compras pela internet. Assim, as embalagens que as lojas físicas costumavam reservar para os recicladores estão sendo descartadas pelo consumidor no lixo comum.
Papelão separado em fardos para transporte
Segundo Vera Rojo, embora Marília não conte com um sistema de coleta seletiva formal, os cerca de 1.000 catadores, os chamados “carrinheiros”, são muito organizados. Eles comercializam os materiais junto a parceiros que os classificam e repassam para a Vegui que trabalha com grandes volumes, sobretudo de empresas locais que se adequaram à Política Nacional de Resíduos Sólidos.

A empresa possui todas as licenças ambientais, segue as rigorosas regras do setor e mantém uma rede de parceiros em vários municípios. Conforme disse, “temos caminhões e caçambas e fazemos a coleta na cidade inteira”, assinalando que Marília poderia reduzir muito o volume de lixo descartado nos aterros sanitários se houvesse conscientização da população e uma ação firme do poder público no sentido de incentivar a coleta seletiva.
 Funcionário manobra empilhadeira
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Vera Rojo afirmou que “o que falta em Marília é educação para o pessoal saber o que é reciclado e o que não é, na hora do descarte. Precisa ter a conscientização da população de Marília e partir para a classificação. Por exemplo, na rua tem só saco preto, e o reciclador tem que abrir o saco para ver o que tem dentro. Se tivesse saco de lixo em cores diferentes já ajudaria”, pontuou.
Tela pintada por Vera Rojo

Ela comentou que a crise econômica, que agravou o desemprego em Marília, também pode ser sentida no aumento do número de catadores. Muitas pessoas estão encontrando nos materiais recicláveis uma fonte de renda, ainda que tímida, e concorrendo com os catadores que já viviam da atividade.

Vera Rojo defendeu a educação ambiental como uma importante aliada para aumentar a coleta seletiva e reduzir o volume dos aterros sanitários: “É preciso fazer alguma coisa, o poder público incentivar, fazer campanhas nas escolas orientando as crianças desde pequenas. A natureza está sofrendo muito e o que temos vivido, ultimamente, é reflexo dos danos ao meio ambiente”, frisou, referindo-se ao surgimento do Covid-19.

Finalizando, a empresária ressaltou que a Vegui não recebe materiais avulsos e nem direto dos catadores, mas de parceiros que se organizaram e estão em contato com esses recicladores. No entanto, sugeriu que a população se organizasse, como no caso de condomínios residenciais, “para adotar um programa de gerenciamento de resíduos com benefícios para todos e para a natureza”.

A Vegui está localizada à Avenida Carlos Tosin, 1195, Distrito Industrial, em Marília. O telefone é (14) 21058000.

Reportagem publicada na edição de 09.08.2020 do Jornal da Manhã

sábado, 1 de agosto de 2020

DE PASSATEMPO À GERAÇÃO DE RENDA: ARTESÃO SE REINVENTA COM RECICLÁVEIS


Por Célia Ribeiro

No meio corporativo, muito se fala do ideograma chinês segundo o qual crise é sinônimo de oportunidade. Mas, para quem está fora do mercado de trabalho e tem que lutar por um lugar ao sol em plena pandemia, vale tudo para sobreviver, até transformar o passatempo de finais de semana em ganha-pão para reforçar o orçamento doméstico, como fez o profissional de marketing Carlos Roberto Milani.
Roberto recebe ajuda do Rafinha, o "filho-neto".

Aos 58 anos, com passagens por grandes empresas nas áreas comercial e de marketing, sua experiência e currículo irretocáveis não foram suficientes para vencer a crise do desemprego. Por isso, diante de tantas negativas, ele viu que era hora de tentar algo novo, quando tomou coragem para mostrar seus trabalhos aos amigos.

Os pingômetros, que utilizam garrafas de uísque que seriam descartadas, adegas confeccionadas com retalhos de madeira, bandejas com sobras de azulejos, entre outros itens, aos poucos se tornaram conhecidos. Como resultado, vieram as encomendas: um presente personalizado aqui, outra lembrancinha de última hora ali, e a área de lazer da residência transformou-se em uma oficina de artesanato.
Pingômetro para cachaça e destilados
Ao lado do “filho-neto” como ele se refere ao Rafinha, e com apoio da esposa Elaine e da filha Larissa Milani, Roberto uniu o prazer das artes manuais à geração de renda. Com isso, enquanto aguarda uma oportunidade no mercado formal, segue criando uma peça melhor que a outra aonde coloca atenção e cuidado aos detalhes.

HORA DE ARRISCAR

Disponível no mercado há quase um ano, Roberto atribui à idade o principal fator limitante. Disse que seus amigos relatam o mesmo e lamenta ter um currículo com muita experiência, inclusive em empresas multinacionais e, mesmo assim, não ter uma oportunidade de mostrar seu potencial.
Bandeja para café da manhã

Diante desse cenário desanimador, o artesão encarou o desafio de colocar a mão na massa e focar na produção de uma linha que reaproveita vidro, madeira, ferro, entre outros recicláveis: “Eu fazia algumas artes em casa, mas com madeira rústica e não tinha tempo. E que bom que não tinha, pois estava trabalhando e fazia isso nos finais de semana. Como gosto de flores e plantas, queria colocá-las em um lugar bonito e via na casa de amigos trabalhos em madeira e vasos de flores em artesanato. Fui pesquisar e percebi que conseguiria fazer”, recordou.

Usando o tempo livre para pesquisar na internet, acessou blogs e sites em que artesãos ensinavam algumas técnicas. Aliás, a essas pessoas ele faz questão de agradecer porque foram inspiração para que seguisse adiante. No caso do vidro, foi sugestão do noivo da filha, Marcelo Amancio. Após quebrar muitos vidros em tentativas frustradas, Roberto apurou a técnica e hoje faz trabalhos impecáveis como os pingômetros para armazenar cachaça e outros destilados.
Mini-adega: espaço para vinhos e taças

Como matéria prima, ele encontra muita coisa em locais de descarte: “Hoje se alguém passar e me vir mexendo em uma caçamba de entulho dirá ‘nossa o que o Roberto Milani está fazendo, mexendo em uma caçamba de lixo ou entulho de construção?’ É ali que está o segredo da arte do artesão, transformar o lixo em luxo. Vejo o que tem, seleciono e o que me interessa pego sim e transformo em artes de lixo a luxo”, destacou, bem humorado.

O filho, Lyon Milani, marceneiro que reside em Campinas, deu uma sugestão ao pai: procurar uma marcenaria e negociar os retalhos porque naquela cidade muitas pessoas sobrevivem do resíduo da marcenaria em que ele trabalha. E assim fez Roberto ao procurar a Marcenaria Carvalho, cujos proprietários Carvalho e Danilo aceitaram fornecer os retalhos de madeira que o artesão transforma em lindas peças. 
Suporte para vasos de plantas
SUPERAÇÃO

O artesanato, enquanto atividade terapêutica, é um santo remédio para afastar a depressão e a tristeza nesses tempos bicudos. No caso do Roberto Milani, a arte tem imposto a ele um desafio atrás do outro. Quando alguém pede uma peça que ele nunca fez, começa a pesquisar, a estudar o projeto e se surpreende, feliz da vida, com o resultado alcançado. Ele se supera a cada dia.

Roberto na oficina de casa
Falando sobre o futuro, Roberto Milani disse que sonha em voltar ao mercado formal de trabalho, sobretudo em suas áreas de maior conhecimento como a comercial e o marketing. Mas, o artesanato o acompanhará para sempre, como atividade de fim de semana quando, ao lado da satisfação de concluir cada peça estará a tranquilidade pelo equilíbrio profissional conquistado, afirmou, cheio de esperança.

Para entrar em contato com o artesão, seu telefone é: (14) 997326811. Entre os principais produtos que disponibiliza estão: pingômetro em MDF fórmica com madeira rústica, bandejas de café da manhã, porta-canecas de chope e adegas para vinho e taças.


*Reportagem publicada na edição de 02.08.2020 do Jornal da Manhã