domingo, 29 de agosto de 2021

EX-PESQUISADORA LEVOU OS DESAFIOS DA UNIVERSIDADE PARA A CONFEITARIA

Por Célia Ribeiro

Como muitas pessoas, o sonho da ex-docente e pesquisadora da UNESP era aproveitar a aposentadoria para viajar mundo afora. Mas, os desafios da doutora em Geografia, dona de um currículo invejável, migraram da sala de aula para um ambiente bem diferente: a cozinha construída especialmente para se aventurar na confeitaria. Assim, o que começou por acaso se tornou uma atividade que elevou Sueli Andruccioli Félix ao posto de referência na arte dos macarons.

 

A delicadeza do doce francês

Ela construiu uma carreira sólida após graduar-se em Ciências Sociais e concluir Mestrado e Doutorado em Geografia Social. Chegou a ter 20 orientandos ao mesmo tempo e viveu entre projetos e desafios toda a vida acadêmica. Sueli Félix ocupou vários cargos públicos, entre os quais a coordenação da área de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

 

Sueli Andruccioli Félix

E onde entram os delicados doces franceses tão difíceis de fazer? Sueli contou que sempre foi apaixonada pela França e que, cinco anos atrás, a nora pediu sua ajuda para organizar uma festa com o tema Paris para surpreender o marido: “Eu, muito metida, disse que faria”, recordou, gargalhando.

 

Macarons invadindo as festas

Sueli nunca tinha feito macarons. Mas, “o bichinho da pesquisa ainda corria nas veias e fui pesquisar sobre o assunto”, lembrou. Os macarons não ficaram como esperava: “Todo mundo adorou, mas era horroroso. Era o que eu conseguia fazer. Mas, a vida inteira fui desafiada. E por que não fazer?”, comentou, acrescentando que dali em diante resolveu se aprimorar na técnica para chegar ao macaron perfeito.

 PADRÃO

 A princípio, Sueli Félix não pensava em empreender na confeitaria. Foi pesquisar sobre os macarons, fazer cursos, inclusive fora do Brasil, apenas para conseguir produzir doces no mesmo nível dos que apreciava em suas viagens à Europa. Ela começou a criar novos sabores e presentear os amigos e familiares.

 

Halloween: festa temática tem também

Os macarons exigem muita técnica e, além da matéria prima muito cara, dependem das condições climáticas: “Quem é macaroneira sabe que se chover em Bauru, vai estourar o macaron em Marília. Se comprar uma farinha de amêndoa e ela for um pouquinho mais oleosa, imperceptível, eles estufam, ficam feios”, explicou.

 

Decoração com macarons que 
tem sabores variados

Entretanto, a dificuldade para acertar o ponto não foi obstáculo suficiente para quem estava acostumada a ir fundo em suas pesquisas. Assim, Sueli chegou ao ponto em que os amigos já faziam encomendas e ela só cobrava o custo da matéria prima. Na base do boca a boca, o negócio tomou uma proporção que a levou a investir no negócio, construindo uma cozinha só para macarons.

 


Naturalmente sem glúten, porque são feitos à base de farinha de amêndoas, os macarons de Sueli Félix também são acessíveis aos veganos. Ela criou uma linha sem ingredientes de origem animal, substituindo as claras de ovo e, dessa forma, abriu um novo nicho de mercado.

 

Comemoração com macarons

Ela se emociona ao falar sobre os cuidados que tomou ao empreender na confeitaria, seguindo os mais rigorosos padrões fruto de muitas pesquisas: “Minha cozinha é meu santuário. Não entra ninguém comendo um pedaço de pão. No meu forno, só asso macaron”, explicou em referência aos riscos de contaminação cruzada para as pessoas com doença celíaca (reação exagerada do sistema imunológico ao glúten).

 

Cardápio tem muitas opções

Sueli disse que sua maior alegria é quando uma mãe de criança celíaca a procura para uma encomenda porque são poucas as opções de doces produzidos como se deve. Ela se realiza ao poder ofertar algo feito com cuidado, critério e seguro para quem não pode ter contato com nada de glúten.

 

Postagem mostra o começo de tudo

Assim, da pesquisa para a receita ideal, passando pela importação de litros de água de rosas da Turquia (porque o estoque que ela trouxe acabou), para um dos sabores de macarons mais pedidos (Pétalas de rosas), Sueli Félix segue adoçando a vida das pessoas, não apenas em Marília, mas através de pedidos de várias regiões do País e do exterior (Inglaterra, Portugal, Espanha, América do Sul).

 

Macarons prontos pra servir 

Muito embora em algumas padarias se encontre macarons (diferentes do original), Sueli produz a iguaria cobrando apenas cinco reais por unidade, enquanto em São Paulo e na Europa sai por até dois euros (12 reais). De sabores especiais como caramelo com flor de sal, nozes, lichia, frutas vermelhas, limão siciliano etc, os macarons da pesquisadora aposentada são equiparados aos franceses. Mais uma vez, ela concluiu um trabalho merecendo nota 10 com louvor.

 Nas redes sociais, saiba mais sobre esse trabalho acessando: https://www.instagram.com/sueliartemacarons/

* Reportagem publicada na edição de 29/08/2021 do Jornal da Manhã


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domingo, 22 de agosto de 2021

LETTERING: ATIVIDADE ENCANTA QUEM APRECIA AS LETRAS, COM SUAS FORMAS E TEXTURAS

Por Célia Ribeiro

Uma letra de cada vez forma sílabas, palavras e frases inteiras. E quando acompanhadas de desenhos, então, é o conjunto perfeito que prende a atenção enquanto transmite uma mensagem. É difícil não se encantar diante de um letreiro bem feito, seja em uma placa de padaria que anuncia o pãozinho com café, até em quadros decorativos e peças de vestuário: isso tudo é obra do Lettering, que tem em Marília a designer gráfica Liliam Cristina Batista Paes como uma referência.

Liliam durante execução de um trabalho

A história de amor entre a artista e a escrita começou muito cedo. Ela contou, em entrevista por telefone ao JM, que a mãe implicava com sua letra e comprou cadernos de caligrafia para que ela aprimorasse a escrita manual, usando aqueles espaços entre as linhas para evitar os “garranchos”. Quem tem mais de 50 anos sabe do que se trata! Ela lembrou que “um dia, com raiva, fiz para ela parar de falar e peguei gosto. O feitiço virou contra o feiticeiro”, contou rindo.

Destaque do painel de boas-vindas

Paulistana, 33 anos, Liliam Cristina trilhou um longo caminho para chegar ao estágio atual. Do curso de design gráfico, em Marília, para o trabalho profissional seja em cursos, workshops e aulas para crianças na “Vila das Artes”, ela tem a agenda carregada com pedidos de todos os tipos: de muros de escola, a empresas, residências, passando por objetos decorativos, lembrancinhas de maternidade, decoração de festas e muito mais.

Arte até no bolo

Ela revelou que quando decidiu se desenvolver na área enfrentou o descrédito. Poucas pessoas imaginaram que isso poderia se tornar uma atividade profissional rentável em que ela uniria o amor pela escrita a um trabalho sério que lhe garantisse o sustento.

CANETAS E PAPEIS

Workshop sobre Lettering ministrado por Liliam

“Eu sou apaixonada por papelaria e caneta. Não posso ver uma diferente que quero comprar”, disse, contando que “na época da escola eu usei muito fichário. Então, guardava uma folha de cada bloco diferente que eu comprava. Até um tempo atrás eu tinha essas folhas. Canetas eu tenho várias e nem sempre eu uso, mas só pra ter o prazer de tê-las”.

Jaqueta jeans ganhou o charme das letras

Liliam revelou, também, sua paixão por ensinar. Ela lembrou que na época em que fez o primeiro curso de Lettering, em São Paulo, estava desempregada e conseguiu gratuidade para realizar o sonho. Hoje, com aulas para crianças, a partir dos 07 anos, ela tem consciência dos benefícios que a atividade proporciona aos pequenos.

Dedicação e muito treino

“As aulas de Lettering na vida dessas crianças auxilia no desenvolvimento da letra corsiva (escrita à mão), na criatividade, conhecimento das cores e suas combinações e, o mais importante pra mim, faz com que a arte da escrita não caia no esquecimento com a chegada da tecnologia", destacou.

Aula para crianças na Vila das Artes

A professora fala com carinho dos pequenos alunos que, em meio a computadores, tablets e smartphones, ainda se interessam pela escrita à mão: “Para mim, não há idade mínima quando se trata de aprender. Quanto mais cedo, melhor. Para a desenvoltura dos pequenos no aprendizado da corsiva, o Lettering colabora muito. Eu acredito que quanto a criança lê um pouco já dá pra começar, até mesmo pra ela saber o que está escrevendo”.

Liliam acrescentou que “o curso é indicado para todo aquele que gosta de escrever, de colorir, de desenhar e que também deseja uma renda extra já que hoje temos um leque de coisas que dá para fazer com Lettering e assim ele se torna lucrativo”.

Ela recordou do primeiro trabalho profissional, com orgulho: “Nesse caso, falarei da primeira parede que foi na sala do diretor da Tecctintas. Tive muito medo, não sabia ao certo muita coisa, mas fui assim mesmo. Demorei muito pra desenvolver e no final ficou muito legal e até hoje está lá. Essa parede eu fiz em 2017. Fiz mais 4 paredes lá e foi o que me abriu portas para o mundo das paredes. Até então eu fazia mais quadrinhos e decoração de painéis pra festas”.

EVOLUÇÃO

Como acontece com muitos profissionais, Liliam enfrentou o ceticismo: “Quando passo perto de algum trabalho ainda olho incrédula, mas radiante, com aquela sensação: ‘Poxa foi eu que fiz’. Por muito tempo eu não acreditei em mim, me senti incapaz. Às vezes, a arte era minha válvula de escape dos momentos difíceis da minha vida. Algumas pessoas até me disseram que eu nunca iria conseguir viver disso, ou que nunca alguém compraria algum trabalho meu. Tratavam com desprezo tudo o que eu fazia e como isso me machucou e me levou a crer que eu não conseguiria”.

Um vaso merece mais que plantas

No entanto, ela virou o jogo: “Eu não deixei de fazer e, aos poucos, as coisas foram acontecendo e o que antes era apenas um hobby se tornou meu trabalho e paixão. E também tive algumas pessoas que me ajudavam muito e me conquistaram. E, em forma de carinho e gratidão, eu fazia arte para retribuir e dava de presente o que me ajudou a gerar conteúdo para as mídias sociais. Praticamente todos que eu amo têm um quadrinho ou até mesmo uma parede que eu fiz”.

Criatividade à toda prova

A designer destacou, por outro lado, que não se trata de algo que se aprende do dia para a noite: “Como tudo na vida, o Lettering precisa de dedicação, estudo, força de vontade e gostar de fazer. Não é preciso saber desenhar. Usamos várias técnicas para isso como, por exemplo, usamos o papel vegetal pra copiar e com o tempo de tanto fazer vai acabar aprendendo sem precisar mais do vegetal”.

Mensagens com conteúdo

Como em quase todos os setores, o Covid também refletiu na atividade: “Com a pandemia, as pessoas começaram a querer deixar as casas mais alegres. Realmente, agora os pedidos de trabalhos estão aumentando não só para o Lettering, mas para a ilustração também. A vantagem do Lettering é que dá pra fazer quadrinhos decorativos, placas de maternidade, canecas, MDF, entre outras superfícies que dá pra vender pela internet.”

Espaço original

 Liliam finalizou observando que “O Lettering pode ser uma válvula de escape, uma terapia, um hobby e sempre acaba se tornando lucrativo. Não se trata de apenas escrever. Temos estudos para isso, como a anatomia das letras, espaçamento entre uma letra, outra e distanciamento, harmonia das formas de escrita e cores. Fazemos vários rascunhos, fazemos exercícios para soltar as mãos, entre outros, mas tudo com leveza e alegria. Afinal, é uma diversão fazer”.

Para saber mais sobre os trabalhos da designer gráfica, acesse  https://www.instagram.com/liliampaes.artes/. Pelo WhatsApp, entre em contato: (14) 99677-0703. 

Na Vila das Artes, o telefone de contato é: (14) 34547345 e o endereço: Rua Atílio Gomes de Melo, 64 bairro Fragata, em Marília. 

* Reportagem publicada na edição de 22/08/2021 do Jornal da Manhã


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domingo, 15 de agosto de 2021

GALERIA A CÉU ABERTO: A ARTE DE IGOR MATANO COLORE ESPAÇOS PÚBLICOS

 Por Célia Ribeiro

Em uma ensolarada manhã de primavera, Isabela e Beatriz saíram para uma aventura em seu barquinho de papel. Os peixinhos, atraídos pelos cachos de seus cabelos, pulavam das águas cristalinas do riacho que cruzava os itambés celebrando a ilustre visita. Essa e muitas outras histórias estão imortalizadas nas cores vivas da arte do pai das meninas, o publicitário Igor Matano, que está transformando em galerias a céu aberto vários espaços em Marília.

A aventura de Isabela e Beatriz no barco de papel

Um dos trabalhos que mais chama a atenção carrega um simbolismo: o muro da Escola Estadual Monsenhor Bicudo, na rua Coronel José Braz, onde Igor estudou. Ele pintou uma obra de 500 metros quadrados, doando os materiais além de tempo e muito amor, em uma intervenção artística que encantou alunos, professores e a comunidade do bairro. 

Igor Matano em ação

Para explicar esse fenômeno, que tem espalhado cor e alegria pelos muros de Marília, a coluna “Marília Sustentável” foi conhecer um pouco deste profissional. Além de publicitário, Igor é empresário e concilia os negócios com o grafite, que é uma forma de manifestação artística em espaços públicos.

“Se eu posso dizer que teve alguma coisa de bom com a pandemia e tudo que ainda estamos vivendo, foi tirar as pessoas do comodismo e se reinventarem, estudarem mais, se prepararem”, assinalou, revelando que havia ficado 13 anos sem pintar. Ele disse que voltou “a desenhar as meninas em casa em forma de brincadeira. Pintei alguns quadros e aí foi surgindo a vontade de fazê-las em um tamanho gigante para tirar foto e brincar com elas despretensiosamente. E tudo aconteceu”.

O artista e as filhas: inspiração

DE PAI PARA FILHO

Com Isabela e Beatriz, o artista repete o que viveu com seu pai: “Desde que me lembro, muito novo eu via meu pai desenhando paisagem, árvores e rabiscando rascunhos, desenhando à lápis paisagens realistas. Sempre me interessei, curtia muito e copiava os rabiscos dele. Acho que vem daí o meu interesse por arte, principalmente por desenho”, recordou.

As garotinhas e seus desenhos

Igor Matano disse que o grafite “representa pra mim uma forma de expressão e mudança.  Acredito muito na arte como ferramenta de revitalização de espaços, sejam eles públicos ou privados. O grafite na minha vida representa a história da vida. Tento trazer, em minhas obras, mensagens positivas, sejam elas através de um personagem sorrindo, minhas meninas, minhas filhas, ou cores”.

Alunos da escola observam o resultado final

Ele prosseguiu destacando que “essa explosão de cores que eu utilizo representa a alegria e a cor que a criança traz na vida das pessoas, no ambiente onde chegam; representa a mudança que uma criança traz na vida das pessoas tornando as pessoas seres melhores como os lugares que são transformados através das cores utilizadas”.

Vista geral do muro na rua Cel. José Braz

Igor contou que as filhas, além de fonte de inspiração, têm participação ativa em seus desenhos: “Elas acompanham todos os processos das minhas obras, tiram fotos, adoram. Quando saio para pintar tenho que tirar fotos dos processos e passo pelo crivo delas. Elas pedem para ver os painéis que estão nas ruas e passamos de carro por alguns deles toda a semana. Ficam empolgadíssimas e animadas por serem conhecidas. Elas acompanham a fase de criação e fazem questão de conhecer o local depois de pronto”.                                                         

ESTILO

O artista explicou que seu estilo são os desenhos (cartoon) das filhas: “Elas são desenhadas de forma simples e infantilizadas. Misturo elementos de realismo e artísticos como cubismo, impressionismo, arte urbana. Tento entender o olhar da criança que vê, por exemplo, um animal (realismo) mas, ao mesmo tempo, fantasia com princesas, brinca de bolha de sabão ou de barquinhos de papel, ou que tem um contato na escola com Picasso ou Monet. Tento navegar entre a cabeça da criança e os olhos de quem vê”.

Detalhe da escada revitalizada na escola estadual

Sobre seu processo criativo, Igor disse que gosta de criar observando a área que receberá a intervenção: “Vou ao local, tiro foto e deixo a cabeça trabalhar. Olhando as fotos começo a criar os elementos principais e a história que eu quero contar com o painel. Depois, com os elementos principais fixados e decididos, vou para a execução e o restante vou criando na hora coisas que o desenho vai me pedindo, vai fluindo como uma música pedindo a próxima nota. Não sei explicar como acaba, só sei como começa”.

Antes e depois: a incrível transformação do muro

No retorno às tintas, Igor tem sido procurado por empresas para revitalizar espaços com sua arte: “Acho que o grafite é a forma de arte mais democrática que tem, pois ele está no meio da rua. Você não precisa entrar em uma galeria para ver e observar. Cada pessoa tem o direito de interpretar da forma que bem entender, de gostar e de não gostar. Acho que hoje estamos em um mundo muito automático onde as pessoas não prestam atenção ao seu redor”.

E, 2020, Igor levou a filha para ver
seu último trabalho, de 2007, no Tauste

O desafio, agora, é conciliar as tintas e seus negócios: “Não é fácil pois tenho outras atividades e a prioridade da minha vida é minha família. Acredito que quem quer dá um jeito e quem não quer dá desculpa. Tudo programado e combinado, no final dá tudo certo. Estou me organizando para que, em 2022, seja um ano bem legal com muitas obras pela cidade”, assinalou.

Igor observou que o grafite é uma forma de transformação de ambientes: “Traz leveza e valorização, como o painel feito na Escola Monsenhor Bicudo. Às vezes, estou pintando nas ruas e as pessoas param para conversar ou apenas dou um bom dia e as pessoas se surpreendem ou estranham. Gosto muito de interagir com as pessoas da rua onde estou pintando ou as pessoas que frequentam os locais. Afinal de contas, o painel vai ficar ali para eles, e eu vou embora deixando minha mensagem, com a certeza que tudo foi feito com muito amor e carinho tentando fazer a diferença por onde eu passei”, finalizou.

Obra do artista projetada em prédio de
Belém, no "Dia Internacional da Arte" (15/04)

Para acompanhar o trabalho de Igor Matano ou entrar em contato, o Instagram é: @igormatanoart 

*Reportagem publicada na edição de 15/08/2021 do Jornal da Manhã

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domingo, 8 de agosto de 2021

AURORA BOREAL: COM BAIXA PROCURA, ENTIDADE ACOLHE EX-DEPENDENTES QUÍMICAS EM PROJETO DE REINSERÇÃO SOCIAL.

 Por Célia Ribeiro

A dependência química, que atinge homens e mulheres cada vez mais jovens, é um dos grandes problemas sociais da atualidade. Se por um lado é difícil encontrar uma vaga em comunidades terapêuticas, após o tratamento, o desafio é reinserir o ex-dependente no seio da família e da sociedade. Por isso, o trabalho das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de Fátima, que acolhem mulheres na fase de transição, merece ser acompanhado e apoiado.

Mudas de morango geram renda

Iniciado em 2011, a princípio voltado ao público masculino, o projeto localizado na zona oeste de Marília abrigou 57 ex-dependentes químicos, informou a presidente da obra, Irmã Santa Mendes da Silva, que falou com entusiasmo sobre a missão da instituição que, desde 2017, passou a acolher somente mulheres.

Irmã Santa Mendes

“Comunidade terapêutica para os homens tem diversas. E suporte quando saem, também. Mas, para as mulheres é mais complicado. São pouquíssimas existentes e, na fase de transição, quando precisam se preparar para voltarem ao convívio da família havia essa necessidade”, assinalou. 

Com o apoio da Diocese de Marília e muita ajuda das paróquias, como as de São Miguel e de Nossa Senhora de Guadalupe, a Aurora Boreal possui uma boa infraestrutura para acolher as mulheres que, por incrível que pareça, resistem à ideia. Na época dos homens, era possível abrigar 06 ao mesmo tempo, com 02 em cada quarto. Com as mulheres, isso não é possível, observou Irmã Santa.

Vista do amplo quintal

Ela disse que só consegue colocar uma mulher em cada quarto porque, ao contrário dos homens, surgem mais problemas de relacionamento na casa que se parece com uma residência familiar convencional. Apesar da retaguarda oferecida em um momento crítico de saída das comunidades terapêuticas, muitas mulheres não aceitam a ajuda.

O local impressiona pela limpeza e organização. Tudo muito simples, mas funcional. A alimentação, que tem o respaldo da Secretaria Municipal da Assistência Social com fornecimento de cestas básicas, é reforçada com verduras e legumes frescos cultivados na imensa horta que serve para atividades terapêuticas.

Quarto simples e bem arrumado

“Tenho muito contato com a secretária Vânia Lombardi, que muito nos ajuda, e também com as assistentes sociais da Casa Cidadã e do Centro Pop, abrindo as portas para que encaminhem mulheres que desejem receber ajuda e deixarem as ruas. Mas, muitas chegam, ficam um tempo e vão embora”, contou.

RESISTÊNCIA

Graduada em Serviço Social com pós-graduação em Saúde Mental, Irmã Santa coloca neste projeto social toda a vivência de muitos anos em trabalhos com dependentes químicos. De fala mansa e sorriso fácil, ela disse que vai insistir enquanto puder para manter as portas abertas para as mulheres porque já existe pressão para que a casa volte a atender apenas os homens.

Maquinário para produção de massas

A religiosa, que morou muitos anos na Itália, Dinamarca e Israel, acredita que o trabalho de apoio às ex-dependentes químicas é fundamental para que elas se fortaleçam e voltem à sociedade com menor risco de recaírem. Das 16 que passaram pela casa, nos últimos quatro anos, a maioria voltou para a família, conseguiu trabalho e teve até um casal homoafetivo que se casou e conquistou a casa própria. 

Ao fundo, horta usada na alimentação da casa

São os bons resultados que a inspiram, assim como as outras religiosas que colaboram na casa (Irmãs Ângela, Regina e Marina) a não jogarem a toalha e insistirem na ideia de abrigo para mulheres. Além disso, os projetos de geração de renda lhe dão um sopro de esperança.

Balainho pronto para entrega

Atualmente, a produção de mudas de morango é comercializada junto a viveiros. Com a renda, a casa paga as contas de água e energia elétrica, principalmente. “A horta e os morangos também servem de terapia porque, todo dia, temos que lidar com as plantas. Já teve caso de uma delas não conseguir colocar terra no balainho de tanto que tremia. A coordenação motora foi embora junto com as drogas”, explicou.

Sala de refeições

O outro projeto ainda está no papel, apesar do maquinário guardado na cozinha: a fabricação de massas. “Com a pandemia, tivemos que parar tudo. Essa é uma ideia e precisaremos de voluntários. Mas, se Deus quiser, logo colocaremos em prática”, assinalou.

Capela: apoio espiritual

Durante a reportagem do JM, nesta semana, havia apenas uma interna na casa. Ela perdeu o dedo em um acidente de trabalho, no Sul do País, e precisava de um porto seguro temporário que encontrou na Aurora Boreal. Irmã Santa imediatamente a acolheu e celebra a oportunidade de oferecer abrigo, segurança e paz a quem tanto precisa. 

Para entrar em contato com o Centro de Apoio Aurora Boreal da Associação das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de Fátima, o e-mail é: auroraborealmf@gmail.com e telefone (14) 33064354. A entidade está localizada à Rua Antônio Dantas, 135, Jardim América. A maior necessidade de apoio, no momento, é doação de terra para ampliação da horta.

Em 2017, esta coluna publicou a primeira reportagem sobre a Aurora Boreal. Acesse AQUI

*Reportagem publicada na edição de 08.08.2021 do Jornal da Manhã

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domingo, 1 de agosto de 2021

COELHO DA AQUAPONIA: EX-REPRESENTANTE COMERCIAL DESCOBRE E RECUPERA NASCENTES

Célia Ribeiro

Um coelho que gosta de água, mas que não abre mão da floresta: assim, o ex-representante comercial de grandes empresas do setor de calçados tornou-se uma referência para quem precisa recuperar nascentes. Carlos Eduardo dos Santos, 46 anos, tem realizado um trabalho diferenciado ao explorar as mais de quatro mil minas catalogadas na região, colocando sua experiência em um trabalho pouco difundido.

Método caxambu desenvolvido em SC

Em entrevista à coluna “Marília Sustentável”, por videochamada, ele falou sobre a atividade que une a proteção ambiental, através da recuperação de áreas degradadas, e a oferta de água pura a famílias que residem em propriedades rurais em que a água salobra de poços artesianos dificulta o uso, tanto para a criação de animais quanto para o abastecimento doméstico.

Carlos Eduardo, o “Coelho”

Para entender como um “coelho” chegou à água, é preciso voltar no tempo: “Há uns 40 anos, eu morava perto da Mansão Ismael e tinha uma horta comunitária. Sempre que eu ia lá ajudar acabava comendo as cenouras. Quando me viam chegando, diziam que eu ia acabar com os canteiros de cenoura. Daí o apelido pegou na família e não saiu mais”, recordou, divertindo-se.

Carlos Eduardo disse que ficou impressionado na primeira vez que acompanhou o trabalho de recuperação de uma mina: “Eu tinha 17 anos quando vi um senhor preparar a primeira nascente. Não tinha água na fazenda, ele captou água na seca e jogou dois quilômetros abaixo por este sistema de encanamento que faço hoje”.

Ele revelou que sua ligação com a questão ambiental vem de longe: “Sempre estive no meio da natureza. Fui aprendendo ao longo dos anos e executando aos poucos. Quando consegui entender esse dom que Deus me deu, consegui me aproximar mais da natureza e captar o que é uma nascente, o que é você resgatar, plantar uma árvore, os benefícios que tudo isso traz pra nós e para o meio ambiente”, destacou.

Trabalho de recuperação de nascente

Conforme disse, “com 114 nascentes dentro da área urbana, é preocupante porque nós sabemos que, se não preservarmos hoje, nós vamos perder amanhã”. Neste sentido, Carlos Eduardo frisou que “a importância da recuperação de uma nascente é que, lá na frente, muitos vão poder beber desta água limpa.”.

EXPLORAÇÃO

Existem 4.440 nascentes catalogadas na região, segundo o ambientalista. Ele disse que conhece mais de 150 e já trabalhou em 25 delas. Nas áreas públicas, costuma contar com apoio de pessoas preocupadas em recuperar as minas e faz o trabalho voluntariamente. Já em propriedades privadas, ele desenvolve a atividade profissionalmente. Dessa forma, une o trabalho, que lhe garante o sustento, a uma grande paixão.

Detalhe da água brotando

Carlos Eduardo destacou que cada nascente é um novo desafio. E que é preciso experiência e paciência para alcançar os resultados. Ele contou que gosta “de explorar as desconhecidas para ver o que elas têm a oferecer. Quando acho um melejamento, e começa a desassorear, começa a vir uma quantidade de água e ela vai se limpando. Devido a esta construção desenfreada que nós temos, está assoreando muito as nascentes. Se não tiver uma proteção, se não fizer os desníveis de água, ela vai assoreando”.
Área urbana de Marília tem 144 nascentes
O trabalho consiste em manter “a nascente limpa, evitando animais de grandes portes. Se deixamos a nascente a céu aberto, muda o PH da água, a qualidade da água e ela fica infectada. Na maioria das vezes que fazemos a análise da água aparecem muitos coliformes fecais. Isso é preocupante porque vai contaminando os rios e os riachos. Quando faz uma proteção, mesmo nas épocas mais carentes, quando não é tempo de chuva, a nascente consegue verter um pouco mais porque ela está protegida e não tem risco de contaminação”.

Ele prosseguiu informando que faz “um trabalho de solo e cimento, que é a terra do próprio ambiente. Peneiro ela, começo a fazer uma barreira e coloco canos para ser drenada esta água. Cada nascente vai ditar a necessidade dela. Tem o sistema que chama caxambu, que é um sistema de caixa, criado em Santa Catarina; ou usando tambores de 200 litros que têm grande durabilidade. Mesmo assim, precisamos fazer o trabalho de solo e cimento para ser vedado para manter a nascente protegida”.

Coelho em seu habitat natural

Carlos Eduardo disse que o plantio de espécies nativas é essencial: “No entorno das nascentes plantamos árvores. Cercamos num raio de 30 metros e usamos árvores nativas propícias àquele solo. Quanto mais sombreamento, mais vai verter água. Se deixar a sol aberto, evapora, diminui a vazão e a mina tenta se esconder. O solo fica mais rígido, mais compacto. É a lei da natureza”.

Finalizando, “Coelho” falou sobre o sentimento de satisfação ao conseguir encontrar uma nascente e realizar todo o trabalho de proteção para que ela siga fornecendo água pura: “É indescritível. É uma alegria muito grande que nem sei explicar. É uma sensação de dever cumprido com a natureza”, frisou. Ele disse que espera que as nascentes mereçam a atenção devida porque são muito importantes para o equilíbrio ambiental. 

Para entrar em contato com Carlos Eduardo, o telefone é (14) 996656175

*Reportagem publicada na edição de 01/08/2021 do Jornal da Manhã

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