domingo, 27 de agosto de 2023

“MÃOS DE TESOURA”: ALFAIATE FAZ TERNOS SOB MEDIDA E SONHA EM ENSINAR A PROFISSÃO

Por Célia Ribeiro

Tintas, pincéis, cores, formas....esse era o mundo que o menino sonhava desbravar quando crescesse. De família humilde, entretanto, ele teve que optar por uma das profissões que não exigiam estudo formal, mas habilidade. Aos 71 anos, Juraci Neris do Santos, chamado carinhosamente de “mãos de tesoura”, é um dos últimos alfaiates de Marília que se dedica à confecção de ternos sob medida. E, com uma energia contagiante, faz planos de abrir uma escola para ensinar o ofício às novas gerações. 

Neris é um dos poucos alfaiates na ativa em Marília

No fim da tarde de quinta-feira, ele recebeu a reportagem para contar a sua história. De camisa e calça social, parecia estar pronto para algum compromisso formal. Nada disso. A elegância do alfaiate era a coisa mais natural, expressa na fala mansa, no sorriso fácil e na alegria com que falou sobre a profissão.

Se a conversa tivesse ocorrido em um barzinho, haveria assunto para muitas saideiras. Afinal, com memória invejável, o Sr. Neris, como é conhecido, hipnotizava ao relatar, com riqueza de detalhes, como tudo começou: “Antigamente, existiam poucas profissões que o filho do pobre podia aprender. O filho do rico estudava, era médico, dentista. O filho do pobre tinha que ser sapateiro, alfaiate, pintor, mecânico”, assinalou. 

Confecção de ternos exige habilidade

Neris disse que os meninos não podiam ficar desocupados quando chegassem à adolescência. E assim, seu sonho de ser pintor teve que ser adiado: “Disseram para ir com meu tio que era pedreiro. Não gostei. Daí, falaram para ser mecânico e minha mãe reclamou que sujava muito a roupa. Tinha meu primo que era alfaiate, o Waldomiro Moreira e, naquela época, alfaiate trabalhava demais porque não tinha roupa pronta. Se precisasse de uma calça ou de uma camisa, tinha que mandar fazer”.

 

Paletó e colete: elegância e bom gosto

Foi assim que Neris debutou na profissão. Começou a aprender o ofício até que seu pai precisou fazer um tratamento de saúde em São Paulo. Acabou se adaptando à Capital e comprou uma banca de revistas na frente da Editora Abril. Ao chegar lá, Neris se animou todo. Achou que poderia trabalhar com artes gráficas e publicidade.

Mas, seu pai tinha outros planos. Aproveitando que já tinha umas noções do aprendizado com o primo, Neris foi apresentado a um dos maiores alfaiates da época, o lendário Vincenzo Severo: “Eu era um molequinho do interior, aos 15 anos, e cheguei sem conhecer nada. Era época dos militares e peguei os tanques na rua”, recordou. 

Tela ganhou o 1º prêmio no salão de artes em 2013

O italiano tinha uma clientela selecionada formada por artistas, políticos e empresários abastados. Com muito trabalho, colocou Neris para fazer entregas das encomendas: “Eu adorava mais andar por São Paulo do que qualquer coisa. Ia na televisão entregar para os artistas, ia ao Palácio entregar aos deputados, andando de ônibus e outras vezes de taxi, comecei a conhecer a cidade”.

Mas, a fase de turista acidental estava com os dias contados. Vincenzo chamou Neris para uma conversa séria. A partir daquele dia ele aprenderia o ofício de verdade e deixaria as entregas para outro. O rapaz ficou bem decepcionado, porque acabariam os passeios pela Capital, mas resolveu aproveitar a oportunidade de trabalhar com um profissional renomado para desenvolver suas habilidades.

 

Detalhe de paletó
Com o passar dos anos, Neris se especializou em paletó. Ele contou que era uma verdadeira linha de produção. Ele fazia a base do paletó e outro pregava as mangas. O trabalho era frenético e as encomendas não paravam de chegar junto com tecidos finos vindos da Itália e da Inglaterra, principalmente.

VOLTA A MARILIA

 Anos mais tarde, o pai resolveu voltar a Marília e a família se restabeleceu na cidade. Já consolidado na profissão, Neris continuou atendendo a clientela do alfaiate italiano. Durante cinco anos ele ia a São Paulo, uma vez por mês, entregar encomendas e trazer pedidos que confeccionava em Marília.

Quem não deixou que ele parasse foi o mestre Vincenzo: “Naquela época, um alfaiate ganhava quatro vezes mais em São Paulo do que em Marília. Por isso, o italiano falou que não me deixaria ficar ganhando mixaria aqui se eu podia continuar trabalhando com qualidade para sua clientela”.

No começo, em Marília,  Neris fazia ajustes em ternos, barras em calças etc, o que ainda faz para algumas lojas. Devagar, foi conquistando uma clientela que antes tinha que se deslocar aos grandes centros para conseguir um terno sob medida. E, assim, ele cortou o cordão umbilical alçando voo solo.

 

"Conexões": obra premiada em 2015
no Mapa Cultural Paulista do
Memorial da América Latina
E a pintura? Apaixonado pelo pintor holandês pós-impressionista Vincent Van Gogh, Neris continuou pintando como hobby, chegando a conquistar alguns prêmios em eventos de artes, paralelamente à alfaiataria que, enfim, se tornou sua profissão derradeira.

CLIENTELA

Perguntado sobre o perfil de seus clientes, Neris não hesitou em responder: os advogados. “Agradeço a Deus pelos advogados. Eles gostam de estar bem vestidos, de impressionar. Mas, com a internet muita coisa mudou. As pessoas passaram a enxergar as coisas de modo diferente, como aqueles alfaiates italianos, ingleses. Na Europa só se usa roupa sob medida. Lá tem muita confecção, claro, mas a roupa sob medida é tradição. E o pessoal começou a ver isso na internet e a compreender que roupa sob medida é outra coisa”.

Ele se mostrou triste por ver que os profissionais mais antigos vão se aposentando ou falecendo e não surgem jovens dispostos a aprender o ofício. E, sem planos de parar de costurar, ele já sonha em criar uma escola “para passar um pouco do que aprendi”. Aliás, ele  está pensando até em um canal no Youtube, para começar, e só depende de ajuda com a tecnologia que ainda não domina. 

Neris e a esposa Silvana

Neris contou que costuma atender pai e filho e já fez até terno para criança. Mais que um alfaiate, ele estabelece uma relação de amizade com muitos clientes que, após fazerem o primeiro terno, não param mais. É o caso de um cliente do Tocantis: ele veio a Marília, onde a filha estuda, precisou de um terno que foi feito por Neris. Hoje, ele manda o tecido importado e Neris faz os ternos do jeito que ele gosta e, dessa forma, além da filha, o pai tem mais um bom motivo para visitar a cidade.

Para um bom terno a indicação é o tecido importado. Ele disse que, em Marília, os clientes só encontram na Casa Três Irmãos. Neris cobra em torno de três mil reais só a confecção do terno, que leva uma semana para ficar pronto. “Tem ternos prontos de excelente qualidade, como Ricardo Almeida, que custa 10 mil reais, ou Ermenegildo Zegna, na faixa dos 20 mil reais. Mas, não são sob medida”, assinalou.

 

Corte de calça exige técnica
E ao fazer um alto investimento, quando precisam de ajustes nas peças, seja uma barra ou manga, os clientes levam os ternos ao Neris que tem a habilidade necessária para deixar a roupa adequada ao corpo do cliente: “Esses ternos prontos só ficam bons nos magrinhos. Os outros sempre precisam de algum ajuste”, observou.

ADMIRAÇÃO

Um dos jovens expoentes da advocacia mariliense, professor universitário e sócio do Escritório Gomes Altimari, Lucas Colombera chama a atenção por estar sempre impecavelmente vestido: “Conheci o Neris em 2013, quando fui comprar meu primeiro terno na loja Estivanelli e, por um azar do destino, a calça acabou tendo que promover um ajuste. Na época, indicaram o Neris e ele ainda estava alocado na Associação dos alfaiates”, recordou.

 E prosseguiu: “A partir dali, ele sempre foi a pessoa que eu confiei para todo e qualquer tipo de ajustes tanto em peças sociais como em ajuste de calças. É uma pessoa que eu tenho um carinho, um afeto muito grande; me preocupo muito com saúde dele e o que mais me admira no Neris é a qualidade que nós não encontramos tanto na cidade de Marília como também na região”.

Lucas Colombera ao provar o último terno

O advogado afirmou que “Marília tem um artista, tem uma pessoa que se compara aos grandes alfaiates do Brasil, em São Paulo, que cobram mais de 80 mil reais. O Neris tem competência técnica para entregar muito além do que acontece na capital. E Marília vai perder muito quando ele decidir aposentar as mãos de tesoura que ele realmente tem. Tenho admiração profunda pelo trabalho, pela capacidade técnica e, principalmente, pela pessoa que ele é”.

Perguntado sobre Lucas Colombera, Neris abriu um sorriso como quem fala de alguém muito próximo: “O Lucas é meu cliente faz um bom tempo, desde quando ele era magrinho”, disparou, gargalhando. Pelas suas contas, ele fez uns cinco ternos completos para o jovem advogado.

Ao encerrar a entrevista, Neris mostrou alguns de seus quadros e a coleção de publicações sobre pintores de todos os tempos. As artes plásticas ficaram em segundo plano, é verdade. Mas, a habilidade, o talento e o seu senso estético foram transmutados para a máquina de costura onde ele pode ser comparado aos grandes mestres.

 Para entrar em contato com Neris, o telefone é (14) 996704947 - Rua Campos Sales, 284, esquina com a Rua XV de Novembro. 

 

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

AÇÃO FRATERNAL: ALMOÇO DO CONFIANÇA BENEFICOU VICENTINOS EM MARÍLIA

Por Célia Ribeiro

No último domingo (20), o Conselho Central da Sociedade São Vicente de Paulo promoveu um almoço beneficente patrocinado pelo Supermercado Confiança. Conhecido como "Ação Fraternal", o evento apoia, anualmente, 150 entidades filantrópicas da região, sendo 25 de Marília, segundo informações de Hellen Fábia Pravelles e Jéssica Morais Domingues, da área de Responsabilidade Social da empresa.

Almoço beneficente na sede dos Vicentinos

A partir dos ingredientes fornecidos pelo Confiança, os vicentinos elaboraram um delicioso almoço que foi bem servido: maminha assada, macarrão ao alho & óleo e à bolonhesa, arroz, maionese e salada de legumes, para cerca de 300 pessoas.

Jéssica, Aparecida Celeste (Arroz Picinin) e Hellen

A benção foi dada pelo bispo, D. Luiz, ao lado do presidente do Conselho Central, Pedro Codogna, e diretoria. Na oportunidade, ele destacou a importância da solidariedade, agradecendo os presentes por apoiarem a entidade que realiza um atendimento social voltado ás famílias em situação de vulnerabiidade, conforme reportagem deste blog.

Pedro Codogna, Maria Aparecida e Ivan Bisterço

Apesar do grande número de pessoas, o evento foi bem organizado. Além disso, as bebidas foram vendidas, à parte, por preços acessíveis: água e refrigerante a dois reais e cerveja puro malte a cinco reais, o que recebeu elogios de quem participou para apoiar a causa social e também passar bons momentos em família.


Leia AQUI a reportagem sobre as ações sociais dos Vicentinos.


domingo, 20 de agosto de 2023

VICENTINOS: REVITALIZAÇÃO NO ANTIGO ALBERGUE GERARÁ RENDA PARA OBRAS SOCIAIS

Por Célia Ribeiro

Fundado em 1946 como obra unida à Sociedade São Vicente de Paulo, o prédio do antigo Albergue São José será revitalizado com o objetivo de gerar renda para as obras sociais da entidade que está presente no Brasil desde 1.872. Se no início do século passado o local recebia migrantes e famílias de passagem por Marília, agora deverá abrigar a sede do Conselho Central dos Vicentinos e espaços comerciais para locação. 

Inaugurado em 1946, prédio está abandonado

Segundo o presidente do Conselho Central, Pedro Codogna, os vicentinos mantinham o albergue com lanche noturno, pernoite, banho e café da manhã para homens e mulheres que estivessem de passagem por Marília, para tratamento de saúde ou em busca de trabalho. Com o passar dos anos, o perfil do público mudou e cada vez mais moradores em situação de rua começaram a ser atendidos na Rua Sargento Ananias, nº 543. 

Os estudos iniciaram em 2021

Na época, a Prefeitura de Marília contribuía com alimentação e funcionários. Entretanto, após mudança na legislação da assistência social, o município acabou assumindo esse atendimento que foi transferido para a Casa Cidadã. “Desde que a Prefeitura saiu, em 2020, o prédio ficou abandonado e invasores depenaram tudo. Levaram toda a fiação e até os relógios de energia”, afirmou o presidente.

Conforme disse, “nós chegamos a reduzir o valor do aluguel para a Prefeitura, de 7 mil para 5 mil  reais por mês, para que eles fizessem as reformas que o prédio precisava e continuassem atendendo como Centro POP. Mas, acabaram alugando outro prédio”. Por isso, sem a função social e o dinheiro da locação do imóvel, os vicentinos amargaram anos de prejuízo com o prédio decadente localizado na região central. 

(Esq)Maria Aparecida Prates dos Santos, Rogério José Pallota,
Pedro 
 
Codogna, Ivan Bisterço, Augustinho Moreira e
 Clara Almeida de Oliveira

MODERNIZAÇÃO

A história do antigo albergue noturno começou a mudar há pouco mais de dois anos. O corretor de imóveis Rogério Pallota foi consultado pelo amigo Jair José Chaves sobre a possibilidade de demolição do prédio, para locar a alguma empresa interessada em fazer um empreendimento no local. Ao visitar o prédio, no entanto, Rogério sugeriu promover uma reforma, revitalizando o espaço que, por sua localização privilegiada, poderia abrigar a sede dos Vicentinos e ainda gerar renda.

 

Rogério Pallota regularizou o imóvel na Prefeitura

O corretor explicou que, em contato com o ex-presidente Ivan Bisterço, teve a sinalização para seguir com a ideia. No entanto, ele se deparou com problemas burocráticos: era preciso regularizar a documentação do prédio junto à Prefeitura.

Com 40 anos de experiência no mercado imobiliário, Rogério Pallota está habituado a trabalhar na regularização de imóveis. Por isso, voluntariamente, tratou de correr atrás do que fosse necessário para que não restasse nenhuma pendência e, dessa forma, conseguiu o “Habite-se” que foi averbado na matrícula do prédio. 

O passo seguinte foi desenvolver um estudo sobre o projeto de revitalização e Rogério contou com a ajuda da filha, Maria Pallota, arquiteta e urbanista. Logo após, foi em busca de orçamentos para projetos estrutural, hidráulico e elétrico, já concluídos.

 Orçadas em 400 mil reais, as obras dependerão de contribuição da comunidade, além do apoio de empresas socialmente responsáveis. O início será definido quando a Sociedade São Vicente de Paulo conseguir um aporte de recursos de modo que possa estabelecer um cronograma viável para executar o projeto por completo.

SOLIDARIEDADE

Centenas de famílias são auxiliadas pelos Vicentinos em Marília. A entidade atua na faixa de maior vulnerabilidade social, conforme explicou o presidente do Conselho Central, Pedro Codogna: “Levamos alimentos para quem mais precisa. Se uma família consegue uma renda de um salário mínimo, nós deixamos de ajudar e partimos para outra porque tem gente que passa fome, mesmo. Se tem um salário, alguma coisa consegue comprar”. 

Idosos no Lar São Vicente: apoiados pela entidade

Instalado em um prédio na Avenida Pedro de Toledo nº 1371, o Conselho deverá se mudar para a parte superior do prédio do antigo Albergue, quando terminar a revitalização, o que possibilitará que a sede atual possa ser locada, gerando mais renda para os projetos sociais.

 SOBRE A ENTIDADE

 A Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) é uma organização civil de leigos, homens e mulheres, dedicada ao trabalho cristão de caridade. Foi criada em 1833, na França, por um grupo de jovens universitários católicos com o objetivo de aliviar o sofrimento das pessoas vulneráveis e fortalecer a fé de seus membros. Em pouco tempo espalhou-se pelo mundo e está presente em 150 países, segundo o site da entidade.

Educandário em Marília

Atualmente, os vicentinos auxiliam, diariamente, 30 milhões de pessoas  contando com cerca de 800 mil voluntários. No Brasil, desde 1872, possui aproximadamente 153 mil membros também conhecidos como confrades (homens) e consócias (mulheres), mantendo escolas, creches, projetos sociais, além de auxiliarem 74 mil famílias. Em Marília, fazem parte das obras unidas o Lar São Vicente de Paulo (asilo) e o Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal.


Para saber mais sobre o projeto ou contribuir com as obras sociais dos Vicentinos, os telefones são: Contato: (14) 991131589 e (14) 34338659.


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domingo, 13 de agosto de 2023

FILARMÔNICA DE MARILIA: TEATRO LOTADO MOSTROU QUE O PÚBLICO VALORIZA A CUTURA

Por Célia Ribeiro

Foram longos minutos na fila que dobrou o quarteirão da Avenida Rio Branco até a Avenida Sampaio Vidal. Pessoas de todas as idades, incluindo muitas crianças e idosos, aguardaram ansiosamente a abertura do Teatro Municipal, nos dias 04 e 05 de agosto, para os concertos da Orquestra Filarmônica de Marília. Então, quando finalmente soou o terceiro toque da campanhia, o silêncio tomou conta do local para o início de duas noites memoráveis. 

Concerto da Filarmônica de Marília

A segunda parte do Projeto “Luz para nossos ouvidos” da Associação Filarmônica de Marília, mantenedora da Orquestra Filarmônica, teve várias atividades, incluindo masterclasses com músicos profissionais, concerto didático para crianças e as duas apresentações de gala, que superaram as expectativas. Infelizmente, as duas noites não foram suficientes para atender a demanda e muitas pessoas não conseguiram retirar os ingressos gratuitos que se esgotaram rapidamente.

 

Gisele Demarchi na abertura do evento 

Esta semana, em entrevista ao blog, a presidente da Associação, Gisele Demarchi, fez uma avaliação das atividades. Ela lembrou que o “projeto Pronac 210439 ‘Luz para nossos ouvidos’ foi pensado e realizado pela Filarmônica de Marília via Lei de Incentivo Fiscal”, ou seja, empresas destinaram parte dos recursos dos impostos devidos para apoiar o projeto. 

Crianças do Projeto Guri no concerto didático

“A cada etapa realizada do projeto gerou um grande aprendizado. A Associação vem ganhando conhecimento de uma forma geral, na parte administrativa do projeto que responde às exigências do Ministério da Cultura”, destacou citando a seriedade com que deve ser realizada a prestação de contas. A presidente disse que o processo é muito trabalhoso devido à parte artística, musical e organizacional porque envolve dezenas de pessoas. 

Master class com a soprano Carmen Monarcha, em abril
Apesar dos desafios, Gisele Demarchi se mostrou otimista: “A tendência é ficar cada vez melhor, pois estamos ganhando habilidade e prática. Passar pelos caminhos belos e de pedras nos ajuda a crescer”. Conforme disse, “não é fácil trabalhar com projetos, visto que a própria associação prepara, escreve, coloca para aprovação e faz a captação de recursos”. 

No lanche dos ensaios, produtos de Marília

Ela explicou que a entidade optou “por não contratar empresa terceirizada. Claro que, desta forma, o desafio é grande. Mas, preferimos trabalhar assim e acho que as pessoas também podem aprender a fazer projetos. É importante”. 

Os músicos ensaiaram muito
A presidente explicou que “este projeto contemplava as duas semanas de atividades musicais e mais os concertos sinfônicos. Cada concerto é único. Em abril, tivemos a soprano Carmen Monarcha como solista. Em agosto, o bandolinista Danilo Brito. Foram espetaculares. A orquestra emocionou o público juntamente com eles e, para nós, é isso que vale. É o que compensa todos os esforços e dedicação dessa associação que trabalha de maneira voluntária”. 

Maestro Emiliano Patarra com as crianças

Neste sentido, prosseguiu: “A gente fica numa felicidade que, talvez, as pessoas não consigam mesmo mensurar. Tivemos o teatro com lotação máxima em todos os concertos. Tivemos momentos emocionantes com as crianças nos concertos didáticos, master classes que proporcionaram conhecimento, desenvolvimento e um show à parte”.

PROJETO 2024 

Bandolinista Danilo Brito emocionou o público

Gisele Demarchi informou que, para 2024, o projeto “Estações Musicais” já está aprovado pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e Ministério da Cultura: “Vai trazer muito mais música e atividades musicais com oficinas, concertos no teatro, no bosque, na praça, nos bairros e a compra de instrumentos”. 

Teatro lotado nos dois concertos de agosto

Por isso, começou a contagem regressiva: “Para realizar tudo isso precisamos de recursos, de doações e patrocínios de empresas que podem abater no seu Imposto de renda. A captação de recursos precisa acontecer até dezembro deste ano”, ressaltou a presidente.

Gisele Demarchi finalizou afirmando que a entidade espera contar “com a sensibilidade dos empresários e a visão deles sobre a arte, a música como uma porta de desenvolvimento de pessoas, da cultura local e, consequentemente, melhorando o social”. 

Oficina de violino: oportunidade para jovens músicos

Integram o Conselho da Associação, a presidente Gisele Demarchi, o maestro titular Emiliano Patarra, o diretor pedagógico Francis David e o diretor artístico João Paulo Mosman de Souza. São parceiros da entidade: o Grupo Jacto, Carino Ingredientes e Santa Massa. Outras empresas que contribuem: Unimed, Tauste, Life, Marilan, Gomes Altimari Advogados, Sicredi, entre outras.

Para contribuir com a entidade, pode ser depositado qualquer valor no Sicredi (Banco 748, Agência 3022, Conta Corrente 33893-1). Para as empresas doarem por meio de incentivos fiscais, informações pelo telefone (14) 991818827 ou e-mail: contato@filarmonicademarilia.com.br. Saiba mais acessando: filarmonicademarilia.art.br

Leia reportagens anteriores da Filarmônica de Marília AQUI,  AQUI e AQUI

Fotos: Paulo Perez/Associação Filarmônica de Marilia

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

“LUZ PARA NOSSOS OUVIDOS”: FILARMÔNICA DE MARÍLIA REALIZA A SEGUNDA PARTE DO PROJETO

Por Célia Ribeiro

Desde o início da semana, quem transita pela Rua Coronel José Braz, atrás do Teatro Municipal de Marília, pode observar uma movimentação atípica. Seria a estreia de alguma peça com atores estrelados? Que nada. Foram os preparativos para uma programação intensa em que a estrela de verdade é a música instrumental, através da segunda parte do Projeto “Luz para nossos ouvidos” da Associação Filarmônica de Marília. 

Emiliano Patarra, regente titular

Como divulgado neste blog, em duas reportagens no início de julho, a ONG que administra a Orquestra Filarmônica de Marília conseguiu, via leis de incentivos fiscais do Ministério da Cultura, viabilizar o projeto contemplando concertos, masterclass com instrumentistas consagrados e apresentações especiais para alunos da rede pública e de entidades filantrópicas, nos meses de abril e agosto.

Sem dúvida, a cereja do bolo são os dois concertos nas noites desta sexta(04) e sábado(05), com entrada franca, em que o maestro Emiliano Patarra é o regente à frente da Filarmônica formada por quase 60 músicos do mais alto nível. Como solista convidado, as apresentações contam com o bandolinista Danilo Brito, reconhecido internacionalmente. 

Orquestra Filarmônica de Marília

FUNDADOR DE ORQUESTRAS

 Em entrevista ao blog, Emiliano Patarra falou com entusiasmo sobre a Orquestra Filarmônica que ajudou a fundar na cidade. Aliás, esta é uma seara à qual está muito habituado porque a de Marília foi a “quinta orquestra que tive a felicidade de montar”, revelou. 

Ele observou que o estado de São Paulo “tem o tamanho da Holanda, que possui em torno de 300 orquestras”. Por isso, entende que há muito espaço para que cada vez mais iniciativas como essa possam se concretizar a longo prazo.

Danilo Brito
“Uma orquestra é uma ferramenta cultural muito importante e muito útil. A orquestra é uma conquista da cidade. Não é uma conquista minha ou da Gisele”, afirmou, citando a presidente da Associação, Gisele Demarchi. O maestro prosseguiu contando que não conhecia Marília até 10 anos atrás quando foi convidado para iniciar o processo.

“No momento que me convidaram, senti que a cidade tinha muito potencial para isso. É uma cidade bonita, bem cuidada e isso não significa que não tenha seus desafios. É uma cidade que é referência na sua região e é uma cidade que anseia por isso”, destacou. Ele elogiou a receptividade da população: “Desde o primeiro concerto que a gente fez, a gente nota que as pessoas procuram. É um terreno fértil para isso. Tem todas as condições e, então, a gente se esforçou para poder criar”. 

Gisele Demarchi, presidente da Associação e o maestro

Emiliano Patarra explicou que “uma orquestra não está só associada à música clássica. Claro que estamos fazendo. Mas, o próprio concerto deste fim de semana mostra isso: está fazendo toda uma parte que tem a ver com bandolim e com a tradição da música brasileira, de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, todos esses autores maravilhosos que são do nosso passado e estamos trazendo com o melhor bandolinista do Brasil que, sem sombra de dúvidas, é o Danilo Brito”.

Conforme disse, “é muito importante para a gente mostrar que não é uma questão de privilegiar uma linguagem. Ter orquestra é ter uma ferramenta muito versátil. A orquestra é a ferramenta mais versátil que tem. Uma orquestra acompanha um balé, um espetáculo de ópera, um show de rock, acompanha um bandolim e também faz espetáculo sozinha”. 

Integrantes da Associação Filarmônica de Marília

O maestro observou que “no espetáculo realizado em abril, tinha árias de ópera e neste tem um bandolinista e toda uma parte sinfônica no início. Ter uma orquestra em Marília é um incentivo, inclusive, para outras manifestações culturais”. Neste sentido, acrescentou que “fazem parte do projeto da Associação Filarmônica outras atividades que integrem artistas da região e assim por diante. Claro, aqueles que se dediquem aos instrumentos da orquestra, mas não é só isso”.

Emiliano Patarra afirmou que o maior desafio é “sensibilizar as empresas porque a lei de incentivos fiscais depende da empresa destinar parte do imposto devido aos projetos” aprovados pelo Ministério da Cultura. Ele frisou que cada centavo investido se transforma não apenas em cultura, mas movimenta a economia, atraindo pessoas de outras regiões para consumirem na cidade. 

Os concertos são gratuitos no Teatro Municipal

Ele afirmou que as empresas apoiadoras “terão visibilidade, terão o nome delas associado a algo de absoluta qualidade e, o que é muito importante, trata-se de uma programação pensada para ir muito além do teatro municipal, uma ação que vai para os bairros e espalhar essa difusão cultural em vários lugares”. 

Músicos de alto nível integram a orquestra de Marília

Para 2024, a Associação Filarmônica de Marília já tem projeto aprovado via leis de incentivos fiscais e, além dos concertos e atividades nos meses de abril e agosto, contará com eventos da Orquestra Filarmônica nos bairros.

 Integram o Conselho da Associação, a presidente Gisele Demarchi, o maestro titular Emiliano Patarra, o diretor pedagógico Francis David e o diretor artístico João Paulo Mosman de Souza. São parceiros da entidade: o Grupo Jacto, Carino Ingredientes e SantaMassa. Outras empresas que contribuem: Unimed, Tauste, Life, Marilan, GomesAltimari Advogados, Sicredi, entre outras. Saiba mais acessando: http://filarmonicademarilia.art.br/

Os ingressos para os concertos desta sexta (04) e sábado(05) foram liberados, gratuitamente, na bilheteria do Teatro na quinta-feira.

Leia reportagens de 02 de julho AQUI  e de 09 de julho AQUI

 Crédito: Fotos Paulo Perez