domingo, 28 de abril de 2019

UM PLANETA EM MINIATURA: OS TERRÁRIOS SÃO ORIGINAIS, BONITOS E FÁCEIS DE MANTER.


Por Célia Ribeiro

Quando os primeiros raios de sol surgem ao amanhecer, no interior de um mundo em miniatura o menino observa, surpreso, o que há do outro lado do vidro translúcido. Como os personagens da lendária “Terra de Gigantes”, o garoto vê pessoas, animais, objetos e muitas plantas em tamanho descomunal, dezenas de vezes maiores do que o espaço que ocupa. Os gigantes, que Irwin Allen imortalizou na série dos anos 60, são os humanos de hoje. E o menino nada mais é que um bonequinho no interior do terrário!
Menino em terra de gigantes: pura imaginação
Se para quem tem menos de 50 anos (ou não assistiu “Terra de Gigantes” na TV em preto e branco), é difícil compreender a cena descrita acima, fica mais fácil quando se conhece o mini ecossistema que imita o planeta Terra. Conquistando cada vez mais pessoas, os terrários desafiam a imaginação com plantas que vivem em pequenos espaços de maneira auto sustentável.

Arte em miniatura
Utilizando vidros ou plásticos transparentes, cortiças, plantas, pedras, areia e miniaturas, os terrários duram muito tempo sem necessidade de irrigação, como explica uma das especialistas na área, a arquiteta Maria Brasil. Junto com os biólogos Aline Brasil e Guilherme Bessa, ela criou a “Terra Azul  Pequenos Jardins", executando projetos que encantam pela beleza e criatividade, e que são comercializados em feiras, como a da Vila das Artes, realizada ontem em Marília, em exposições e pela internet.

“O terrário é um mini ecossistema que imita nosso planeta. Dentro do vidro a planta tem tudo o que precisa para viver: água, solo e ar. Observamos o ciclo da água: o vapor d'água ao tocar no vidro se condensa como as nuvens no céu e volta para a terra como a chuva. Por isso, não é necessário regar com frequência, somente quando observar que as gotículas de água diminuíram”, informou.

Segundo ela, “a planta não morre sufocada, pois ocorre o ciclo dos gases: em contato com a luz, as plantas realizam a fotossíntese e todo oxigênio e gás carbônico produzidos são consumidos pela planta”. Há casos de terrários que ficam mais de um ano sem necessidade de regar.
(Esq) Aline, Maria e Guilherme no ateliê
Maria explicou que os terrários surgiram em 1829 “quando o médico Nathanael Ward fez uma experiência com pupas de borboleta e terra vegetal dentro de um recipiente fechado. Os esporos na terra terminaram e se desenvolveram. Satisfeito com o resultado, Ward iniciou suas experiências com diversas espécies de plantas. Nascia a técnica de transportar plantas entre países e continentes, garantindo assim que estas delicadas encomendas chegassem em perfeitas condições aos seus destinos”.

O PRINCÍPIO

A arquiteta revelou como tudo começou: “O contato e o amor pelas plantas cresceram e nos levaram a expandir as experiências com outras técnicas de cultivo, daí chegamos no terrário. Foi incrível acompanhar algo encapsulado, vivo e cheio de ciclos”. Ela observou que a oportunidade de utilizar diferentes materiais também contribuiu para aumentar o interesse do trio: “Trabalhamos com projetos de pequenos jardins, instalação de hortas domésticas, terrários e arranjos de cactos e suculentas”, frisou sobre a empresa “Terra Azul Jardins”.
Terrário fechado com tampa em cortiça
Segundo Maria Brasil, os trabalhos podem ser elaborados utilizando “potes de vidro ou plástico transparentes, plantas compradas ou cultivadas em casa, pedras de tamanhos e formatos variados, areia, miniaturas para recriar paisagens em escalas pequeninas.  Reutilizamos potes de conserva, garrafinhas de sucos e molhos, redomas de plafons, garimpamos muito em brechós e, quando os arranjos são abertos, as possibilidades são imensas. Tudo pode virar suporte para plantas”.

MODELOS

A arquiteta destacou a versatilidade do trabalho em que podem explorar a criatividade em várias frentes: “Produzimos terrários fechados, em recipientes de vidro com tampa do mesmo material ou cortiça. As cenas reproduzidas nos terrários podem remeter a pequenos fragmentos florestais, um parque ou uma borda de um lago com casais apaixonados num barquinho. São infinitas as possibilidades. Basta combinar os vegetais com os elementos decorativos como as pedras, miniaturas e, claro, a criatividade”, observou.
 
Miniaturas dão um clima bucólico
Maria Brasil comentou o aumento da procura por este tipo de trabalho: “Acreditamos que o interesse das pessoas aumenta em consequência da necessidade humana de retornar à natureza. Atualmente, o ser humano se distanciou muito da sua natureza primitiva. Novos hábitos de vida e a rotina extenuante de trabalho, principalmente nos centros urbanos, provocam esgotamento mental e até mesmo da criatividade”.

Por isso, prosseguiu, “quando temos contato com a natureza ou mesmo quando temos algo vivo perto de nós, como plantas ou animais, nos sentimos revigorados. Isso é muito natural. Está em nossa ancestralidade. No Japão existe uma técnica de relaxamento chamada banho de floresta. A imersão neste ambiente revigora a saúde física e mental, então o praticante está renovado após seu banho de floresta e quem não gosta?”

Falando sobre o momento em que a exploração dos recursos naturais tem causado tantos problemas para o equilíbrio do meio-ambiente, a arquiteta afirmou que “por essas e outras é que acredito que o interesse e a busca por ambientes mais verdes tenha aumentado e espero que expanda muito mais. Precisamos de cidades mais verdes, mais parques, mais florestas em pé, pois são importantíssimas para o equilíbrio do nosso querido Planeta”.
 
Os terrários podem ser abertos ou fechados
Sobre a manutenção de terrários, ela explicou que “os cuidados básicos são mantê-los em ambientes seguros, por serem de vidro. Mas, principalmente em local com boa claridade, porém sem luz solar incidindo diretamente no vidro. Isso causaria um superaquecimento dentro do recipiente e as plantas podem não resistir. Quanto às regas, deve-se observar a necessidade de água. Isso pode ser feito observando as plantas mesmo. Neste caso, uma das características seriam as folhas murchas ou com aspecto seco. Mas temos terrários no nosso ateliê que estão há quase dois anos sem precisar de água”.

Variando de acordo com o tipo de terrário, a arquiteta informou que, “a depender do tamanho do vidro, há necessidade de manutenção, como retirar alguma folha morta, limpar o vidro, acrescentar ou retirar plantas, que são cuidados que teríamos com um vaso comum”.

PROJETO

As imagens bucólicas podem enganar: o processo de criação é trabalhoso e exige atenção e dedicação. Envolve pesquisa, elaboração do projeto e execução que pode levar várias horas utilizando pequenas ferramentas como pinças capazes de passarem pelo gargalo estreito de um vidrinho.

Maria Brasil explicou que “antes de iniciar a produção, fazemos um planejamento de acordo com a feira, evento ou loja onde apresentaremos as peças. Levamos em consideração a época do ano. Existem datas festivas que vendem mais, como o Natal, por exemplo. Depois, elaboramos nossa lista de compras: plantas, vidros, terra, pedriscos, miniaturas entre outros. É necessário higienizar os vidros e com as ferramentas, todas em pequena escala como colheres, ancinhos, funil e pinças, iniciamos a elaboração das paisagens dentro dos vidros”.
 Opção de presente que agrada
Ela observou que “para cada trabalho há um tempo. Tudo depende de como foi pensando o projeto e quão fino é a entrada do nosso vidro. Os de gargalos menores são mais trabalhosos, mas não impossíveis. Depois de colocar as plantas, finalizar com pedrinhas e enfeites, molhamos as mudas, fechamos o vidro e finalizamos uma limpeza, a fim de deixar o vidro translúcido e pronto para mostrar toda beleza do terrário recém elaborado. O tempo de produção de cada peça varia de acordo com suas especificidades. Temos alguns mini terrários que conseguimos montar em até dez minutos, outros maiores podem chegar a uma hora ou mais”.
Trabalho minucioso 

Os preços variam a partir de 15 reais. O valor é determinado de acordo com a encomenda, tamanho e modelo do vidro, elementos utilizados, quantidade e tipo de plantas, grau de dificuldade na elaboração etc. As lembrancinhas são muito pedidas pelo seu diferencial e já houve até quem quisesse reaproveitar um aquário em que o peixinho morreu para transforma-lo em um lindo mini-jardim com iluminação da própria peça.


* Reportagem publicada no Jornal da Manhã, edição de 28.04.2019

sábado, 20 de abril de 2019

PÁSCOA: O DOCE SABOR DO TRABALHO VOLUNTÁRIO NA IGREJA N. SRA DA GLÓRIA.

Por Célia Ribeiro

No dia em que se celebra a ressurreição de Jesus Cristo, aproximadamente 200 pessoas em situação de rua e famílias abaixo da linha da pobreza têm um encontro marcado com o verdadeiro espírito da Páscoa, no Salão Paroquial da Igreja Nossa Senhora da Glória. Com a ajuda da comunidade católica, voluntários da Pastoral da Solidariedade estarão de prontidão para servirem um farto café da manhã, levando palavras de conforto e fé a cada um, sem discriminação.
Voluntários no último domingo. Padre Padula (à esq. em pé) conduziu a benção
Divididos em grupos, cerca de 60 voluntários dedicam seu tempo e energia para conseguirem doações de leite, café e açúcar junto aos fiéis que frequentam a igreja, amigos e familiares. Eles contam, também, com uma parte do dízimo para adquirirem os frios (presunto, queijo e mortadela) e os pães distribuídos todo domingo.

Provando que o bem pode se multiplicar, são gastos 700 reais, por mês, de pães encomendados na panificadora da ONG “Amor de Mãe”, voltada ao atendimento de crianças e adolescentes carentes da zona oeste. Os produtos da entidade geram renda que completam o orçamento necessário a um dos trabalhos sociais de maior impacto na periferia de Marília.
Salão lotado: voluntário passa as orientações antes de servirem o café da manhã
Para registrar essa ação, a reportagem do Jornal da Manhã acompanhou os voluntários no domingo passado. Por volta de 7h, começaram a chegar os primeiros moradores de rua apoiando-se sob a marquise do Salão Paroquial, fugindo da garoa fina e do vento gelado. Carregando poucos pertences, eles queriam ser os primeiros a garantir um lugar quando as portas se abrissem, pouco depois das 8h.

Os voluntários chegam bem cedo para os preparativos
Segundo a coordenadora da Pastoral da Solidariedade, Sílvia Goto, “a nossa intenção é ajudar essas pessoas a terem uma manhã um pouco melhor. Cada equipe leva um kit para casa para trazer o café e o leite prontos. A gente coloca as cadeiras e prepara os lanches. São entregues dois por pessoa”.

Lara: aos cinco anos segue exemplo dos pais
Mas, a atuação da Pastoral vai além: com os alimentos que a comunidade leva às missas são preparadas 40 cestas básicas entregues a famílias carentes do Distrito de Rosália. Uma coordenadora é responsável pela triagem, para identificar quem realmente necessita, e orienta a distribuição das doações, mensalmente.

DEDICAÇÃO

Contrastando com o frio de domingo, o clima era caloroso na cozinha do Salão Paroquial em que famílias inteiras madrugaram para montarem os lanches e finalizarem os preparativos para o atendimento. Silvia Goto afirmou que “é uma satisfação pessoal de cada um. Eu tenho meu sentimento e levo isso para dentro da minha casa. Para mim é uma emoção muito grande poder dar um pouco de mim sem ser o material, que é o espiritual que há dentro de mim”.
Mensalmente, são doadas 40 cestas básicas a famílias carentes de Rosália
Ela contou que “muitas vezes, nos deparamos com famílias que precisam de algo mais. A gente posta no grupo (WhatsApp) e quem pode colabora. As pessoas se unem conseguindo roupas, calçados, cobertores, alimentos etc”. Ela disse que embora sejam maioria, os moradores de rua não só os únicos atendidos porque muitas famílias extremamente carentes também comparecem para tomarem o café da manhã na igreja.
Os pães são comprados da panificadora 
Para este domingo de Páscoa, além do tradicional café reforçado, cada pessoa ganhará uma caixa de chocolate. O pedido de doação foi realizado nas missas e os fiéis apoiaram em peso. “Temos um pouco de chocolate e esperamos umas 200 pessoas, mas cremos que Deus vai providenciar. É um trabalho de formiguinha, mas tudo pela providência de Deus”, assinalou.
Padre Padula conduziu a oração com os voluntários 
Vários casais levam os filhos para o trabalho voluntário, como a enfermeira Debora Cristiane da Rocha Bonfim e o marido Helton, pais da pequena Lara, de cinco anos, que domingo passado era uma das responsáveis pela separação dos frios (mortadela e queijo). “Acho que estimula as crianças a participarem desde muito pequenas nesta ajuda ao próximo. Elas aprendem pelo exemplo”, observou a mãe.
Coordenadora Sílvia Goto serviu café com leite nas mesas
RECEPÇÃO

Minutos antes da abertura das portas, o Padre Antônio Padula conduziu uma oração em que os voluntários rezaram de mãos dadas. Assim que o salão foi liberado, rapidamente todas as cadeiras foram ocupadas por homens e mulheres, além de muitas crianças. Logo na entrada, uma comissão deu as boas-vindas aos que chegavam e não foram raros os apertos de mão e abraços como os que se troca com velhos conhecidos.
Acolhimento: apertos de mão e abraços para receber quem apareceu para o café
Em seguida, o Padre Padula pediu que todos ficassem em pé para receberem a benção antes de se alimentarem em um momento emocionante de comunhão entre  voluntários e os atendidos. No ar, o “Pai Nosso” ecoou em uma corrente invisível a unir os irmãos em Cristo, amparados e apoiadores, sem distinção, rogando a Deus pelo “pão nosso de cada dia”.
Fartura: dois pães por pessoa com frios (presunto, queijo, mortadela),
café e leite à vontade: solidariedade todo domingo.
Devidamente acomodados, todos ouviram as regras: ninguém precisaria levantar do lugar se quisesse repetir café ou leite porque as equipes passariam por todos; e que após se alimentarem deveriam descartar os copos plásticos e saquinhos de papel no latão de lixo posicionado na saída, para facilitar a limpeza do local. Uma curiosidade: alguns pediram açúcar extra, possivelmente pela necessidade de glicose, explicou uma voluntária.
Neste domingo de Páscoa, vai ter chocolate!
Aos 43 anos, Mara Regina Nunes Dias, contou que vive na rua com o esposo. Sem querer falar muito, apenas elogiou o café da manhã: “É muito gostoso e a gente pode comer à vontade”. De poucas palavras, ela também buscava mais açúcar para o café com leite e disse que almoçaria em outra entidade “que socorre os pobres”.

PADRE PADULA

Normalmente, as bênçãos ficam a cargo do Bispo D. Luiz que no “Domingo de Ramos” conduzia uma procissão seguida de missa na Igreja Matriz de São Bento, explicou o Padre Padula. Ele afirmou que “esta é uma ação evangélica. Eu falo que qualquer assistente social talvez faça um trabalho melhor do que este. Nós fazemos isso como solidariedade cristã na atual conjuntura em que vivemos de exclusão social”.

Em dupla, voluntários entregaram os lanches
Ele frisou que “falam que são moradores de rua, mas nem todos moram na rua. Eles aguardam esse café da manhã. Dizem que são bem acolhidos, gostam de estar juntos e é um trabalho de solidariedade muito mais que um trabalho de assistência social. É ver na pessoa do outro, do próximo e do sofrido, a presença de Cristo.”
Os pais, Helton e Debora levaram
a filha Lara

O padre finalizou citando “Madre Tereza de Calcutá que passava horas diante do Santíssimo rezando e depois ia procurar Jesus na pessoa do sofredor, daqueles que estavam precisando de uma ajuda, de uma presença amiga, de uma presença solidária”. Ele aproveitou para agradecer a colaboração da comunidade que apoia o trabalho.

Segundo o voluntário Moacir Perinetti, além do café da manhã e das cestas básicas para o Distrito de Rosália, a Pastoral da Solidariedade promove um almoço de Natal, com direito a Papai Noel, para as crianças e adolescentes da ONG “Amor de Mãe” e de uma creche de Álvaro de Carvalho. Os fiéis recebem cartinhas onde constam os dados das crianças e presenteiam os pequenos com roupas e calçados. No caso das cestas básicas, em dezembro são inseridos itens diferenciados como latarias e doces.

Quem quiser colaborar com essa obra social pode entrar em contato pelo telefone (14) 34139111, na Secretaria Paroquial. A Igreja Nossa Senhora da Glória fica na Rua Bandeirantes, 20, em frente à Câmara Municipal.

* Reportagem publicada na edição de 21.04.2019 do Jornal da Manhã

Obs: Conheça a panificadora da ONG Amor de Mãe clicando AQUI

domingo, 14 de abril de 2019

“ESSE SOM É PVC”: PROJETO UNE MÚSICA E SUSTENTABILIDADE NA EDUCAÇÃO EM POMPEIA.

Por Célia Ribeiro

Quando latas, galões plásticos, garrafas PET, tubos de PVC e uma diversidade de embalagens se encontram pode sair um carregamento rumo às indústrias recicladoras. Ou, então, pode sair música! O trabalho do professor e regente Augusto Botelho Campos, conhecido pela conquista de vários campeonatos estaduais com a saudosa Banda Marcial da Legião Mirim de Marília, extrapolou fronteiras e chegou à cidade de Pompeia onde coordena um projeto que se tornou referência na Rede Municipal de Ensino.
Estudantes de 07 a 09 anos integram o projeto
Vivendo arte 24 horas por dia, em 2.010, o regente criou a Banda Percushow, que mais tarde se transformou na “Banda em Balde” com ex-alunos da Banda Marcial da Legião Mirim que apostaram na possibilidade de tirarem som de instrumentos confeccionados a partir de materiais recicláveis.

Em quase 10 anos, muita coisa mudou. Casado e pai, o professor não podia viver só de sonhos. Assim, procurou aliar a paixão pela música e pelas aulas com uma atividade remunerada que lhe permitisse seguir adiante, inspirando e formando novos músicos desde a mais tenra idade, ao mesmo tempo em que garantia o sustento da família.
Augusto e ex-alunos da "Banda em Balde"
Com uma ponta de melancolia ele explicou a mudança: “Atualmente, a banda está desativada na cidade de Marília. Não conseguimos dar continuidade ao projeto que necessitava de um espaço físico com estrutura para formar novos integrantes visto que a formação original, naturalmente, seguiria seu caminho na música, nos estudos ou em qualquer outra carreira profissional e precisaríamos renovar. Mas, eu mesmo não tinha mais tempo para me dedicar com possíveis iniciantes da mesma forma voluntária como quando surgiu o projeto em 2010”.
Eram concorridas as apresentações da banda de recicláveis
Ele prosseguiu, afirmando que “o próprio surgimento da Banda, naquele período, foi por conta de uma vontade recíproca com vários dos meus alunos, num momento em que eu fui demitido da Legião Mirim, e todos nós queríamos continuar fazendo música. Então, juntos encontramos um meio utilizando objetos do cotidiano”.

Augusto ressaltou que não foi pioneiro: “Isso não era inovador. Muitos grupos já se utilizavam destes ‘instrumentos’. O diferencial era a vontade inabalável de todos, ainda amadores, fazerem o melhor e manter o nível técnico do trabalho pedagógico que fazíamos com instrumentos convencionais”.

Neste sentido, afirmou que “hoje percebo que sem um contato significativo com a música de qualidade, seja por aulas regulares e o devido incentivo de um professor, remunerado para isto, dificilmente os jovens teriam esta pro-atividade e disposição para iniciarem voluntariamente a empreitada com o mesmo vigor com que fazíamos. Com isso, e a minha necessidade de trabalhar visando uma estabilidade financeira, o grupo foi reduzindo a quantidade, embora paralelamente aumentando a qualidade, até que chegou ao fim”.

HISTÓRIA

Augusto explicou que a “Banda em Balde surgiu pela vontade de continuarmos fazendo música e, como não tínhamos mais as condições convencionais, buscamos alternativas. Demorou para aceitarmos a situação que parecia desfavorável, até percebermos que o diferencial positivo  era justamente a condição precária. Na época, isso foi uma forma de valorizar o empenho do grupo, pois aumentou a popularidade e a visibilidade, onde tivemos mais oportunidades que quando tínhamos uma estrutura formal”.
Alunos na aula de música à frente dos tambores plásticos
O professor observou que “embora tenha sido positiva nossa intervenção para uma conscientização ambiental, muitas instituições que poderiam encampar o projeto e dar continuidade na formação musical com instrumentos convencionais, diziam que o ideal era continuarmos assim. Foi uma forma de valorizar e romantizar o esforço e a precariedade do voluntariado em detrimento de um incentivo financeiro que teria feito diferença na época”.

De acordo com o regente, “hoje há muitos grupos com esta proposta e acredito que seja um excelente caminho para a humanidade, não só por questão econômica, mas por pensarmos de forma sustentável de ver o lixo como recurso e não como resíduo. Além de inúmeros valores que despertamos nas crianças para o cuidado com o meio ambiente e o planeta, as possibilidades artísticas são ilimitadas e é neste ponto que é muito importante estabelecer os valores artísticos que agregam estas práticas. Do contrário, seremos lembrados apenas como projeto de bate lata ou os batedores de panela”.

Augusto Botelho assinalou que agora “é hora de retomar, de um início com uma base forte e apoio do poder público. Reconhecimento e valorização do professor já fazem a diferença. Pompeia me recebeu com muito carinho e pretendo retribuir com uma história tão boa quanto a da banda que tivemos em Marília”.

Augusto contou que os ensaios aconteciam no Espaço Cultural Ezequiel Bambini, cujo porão da arquibancada foi cedido pela Prefeitura de Marília para guardar os instrumentos. Conforme disse, “a banda ficou inativa até o início de 2018 quando a Prefeitura de Pompeia fez uma proposta para que eu montasse um projeto com os alunos do ensino fundamental. Assim ressurgiu a banda com alunos regulares na disciplina de música, que faz parte da grade curricular do município, do qual eu sou o professor”.
As apresentações da banda faziam sucesso em Marília e várias cidades
Paralelamente, no período noturno foi possível continuar “com o projeto de extensão do curso: a banda ‘Esse Som É PVC’, numa referência aos tubos de PVC que junto a tantos outros materiais utilizamos como matéria prima e ao fato de fazermos música pra vocês, por e para todos nós”.

Em Pompeia, o trabalho é voltado aos alunos na faixa etária de 07 a 09 anos “com um repertório diferenciado em cada vivência, com muito potencial artístico e ainda com muito a aprender, lembrando que alguns daqueles da formação original também iniciaram desta mesma forma quando eram alunos do projeto Guri quando eu lecionava”.

O professor explicou que leciona para 10 turmas de aproximadamente 20 alunos cada, da 1º ao 3º ano do ensino fundamental, todas as segundas-feiras. Quanto à seleção, disse que “não há testes específicos, porém uma constante avaliação do desempenho nas aulas, onde consigo observar as aptidões e as dificuldades individuais”.
Self com o professor

Dessa forma “os alunos que se destacam tecnicamente ou por sua pro-atividade e interesse em participar do grupo são convidados. Não digo que são os melhores alunos entre os 200 que fazem as aulas curriculares, mas são os melhores que poderiam fazer ‘esse som PVC’. Todos que fazem parte estão ali porque querem estar e dão o melhor. Estes são os melhores alunos que qualquer professor gostaria de ter”, assinalou.

EXPECTATIVA

Sobre o futuro, Augusto Botelho afirmou que “seria hipocrisia não almejar os palcos e públicos que conseguimos alcançar com a nossa primeira formação. Mas, as pretensões no momento estão mais voltadas para a música, quanto ao aprendizado musical e conscientização artística do grupo, numa concepção onde tudo pode ser música e arte desde que seja com intenção e valor estético”.

Ele prosseguiu observando que “neste ponto é que entram a técnica instrumental adaptada e todos os fundamentos teóricos para uma apresentação de composições coletivas, criativas ou para a execução de um repertório pré-estabelecido. E assim, paralelamente, vamos conscientizando o público que também observa e vivencia as possibilidade sonoras de diferentes objetos e que, ao seu modo, tenta acompanhar nossa batucada, na lata, no balde, no corpo, na voz, no som”.

O professor explicou que “o repertório é bem criativo e os instrumentos inusitados demandam tempo e espaço para montagem do grupo, o que dificulta nossa logística, pois os integrantes são crianças. Muitos não conseguem carregar seus próprios instrumentos devido ao peso e tamanho. Diferente de outras formações, como a banda marcial onde cada um carrega o seu e permite até certa mobilidade, nossas apresentações, por vezes, são feitas com latas em cima das mesas da sala de aula”.
“Esse Som É PVC” estará no Quintal da Vila


Outra opção é com os alunos “sentados em círculo no chão, o que dificulta também a projeção sonora nos casos de ambientes externos para uma plateia dispersa ou público circulante”, enfatizou. Augusto prosseguiu explicando que “com relação aos eventos, estamos no processo de criação de um repertório que permita desenvolver os alunos musicalmente”.  Na agenda,  constam duas apresentações: amanhã, 15 de abril, às 19h para professores da Rede Municipal em Pompeia e no dia 27, em Marília, no Bazar da Vila das Artes (Rua Atílio Gomes de melo, 64, bairro Fragata).

SOCIEDADE SUSTENTÁVEL

Segundo a diretora da EMEF de Pompeia, Alessandra Zanguetim da Silva, “o projeto desenvolvido pelo professor Augusto é excelente e positivo em todos os aspectos”. Ela acrescentou que “o uso de instrumentos alternativos produzidos com recicláveis levou ao educando uma vivência ímpar, tornando-se fonte de habilidades e competências voltadas para a construção de uma sociedade sustentável”.
Diretora Alessandra Zanguetim da Silva
Ela afirmou que “os alunos tiveram a oportunidade de conhecer,  experimentar, praticar e criar música  com materiais diversos. Uma simples Maraca feita de PET proporcionou reflexão de atitude comprometida com a preservação dos recursos naturais. A banda com sons alternativos favoreceu a expressão viva e prazerosa no fazer musical”.

Assim, finalizou a diretora: “ As aulas de música foram além dos muros da escola, pois a responsabilidade ambiental é aprendizagem ativa que promove a transformação da realidade. Esse projeto também só foi possível graças ao apoio da nossa prefeita Tina Januário e do Secretário da Educação Adriano Nascimento que sempre apoiam novas iniciativas. Considero que música faz bem pra alma e com sustentabilidade fará o mundo melhor”.

Em 2010, este blog publicou reportagem com a banda Percushow. Confira AQUI

*Reportagem publicada na edição de 14.04.2019 do Jornal da Manhã

(Crédito: Fotos Arquivo Pessoal)

SOLIDARIEDADE



A Assistência Social Dr. Bezerra de Menezes, que assiste a população em situação de rua, está promovendo a venda de pizzas para angariar recursos.

Saiba mais sobre a entidade, acessando a reportagem  AQUI.

sábado, 6 de abril de 2019

ATIVIDADES FÍSICAS ATRAEM TODAS AS IDADES EM BUSCA DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA.


Por Célia Ribeiro

Na semana passada, a divulgação de um estudo realizado com 315.000 norte-americanos, sobre o impacto da ginástica ao longo dos anos, trouxe uma conclusão animadora: homens e mulheres que começam a se exercitar entre os 40 e 61 anos apresentaram queda no risco de morte por doenças cardiovasculares (43%) e por tumores malignos (16%). Publicada pela revista JAMA Network Open e pela Veja, no Brasil, a pesquisa mostra que os bons resultados para a saúde dos adultos são bem parecidos com os ganhos de quem pratica atividade física regular desde os 15 anos de idade.
Edson Kanazaki: melhora no condicionamento
Ciências à parte, o que muitas pessoas procuram é qualidade de vida e melhoria da saúde, como um todo. Por isso, centros de treinamento, academias de ginástica e de artes marciais, estúdios de Pilates etc, registram o aumento da clientela mais madura que está preocupada em melhorar seu condicionamento físico.
Aulão de sábado: pessoal animado
Segundo o profissional de Educação Física Bruno Ravanelli, pós-graduado em Treinamento Funcional e Personalizado, “a procura aumentou bastante. Pessoas que trabalham muito tempo sentadas ou em pé e pessoas que viajam muito aparecem reclamando de dores”. Ele assinalou que “a justificativa do sedentarismo é a falta de tempo. Mas, se as pessoas dedicarem um pouquinho do seu tempo para a atividade física já notarão uma melhoria no dia a dia”.
Advogada Larissa durante treino
No Studio de Treinamento e Reabilitação, localizado no Jardim Maria Izabel, vários casais agendam o mesmo horário para malharem juntos. De segunda a sábado, grupos de no máximo 04 pessoas por horário, de idades variadas, fazem o treinamento funcional com acompanhamento. De acordo com Bruno Ravanelli, de pessoas encaminhadas por indicação médica para fortalecimento muscular, visando evitar uma cirurgia ortopédica, passando pelos jovens em busca da definição do físico, até pessoas com mais de 50 anos, os alunos querem entrar em forma para terem mais qualidade de vida.
 
Treinos personalizados para cada necessidade
O profissional de Educação Física destacou que “o melhor remédio é a atividade física acompanhada por um bom profissional fazendo as coisas certas, com tempo, não pulando etapas. Cada aluno tem seu biótipo e seu condicionamento que devem ser respeitados”. Conforme disse, “antigamente, o pessoal achava que uma hora de academia, de esteira, já ia melhorar. Realmente, melhora. Mas, não é só isso. Hoje, se investe mais, por exemplo, no treinamento funcional em que os alunos vão aprender a se movimentar, a fazerem o corpo se mover de acordo com a necessidade deles”.
Treino com apoio

Bruno Ravanelli explicou que “o treinamento funcional é isso: o que vai funcionar para o seu dia-a-dia. Se tem elevador, muda o hábito e começa a usar a escada. Se tem meia hora, faz uma caminhada no quarteirão. Se tem escada em casa, vai subir e descer alguns lances”. Ele comentou que, “em férias, viajando ou em casa, o aluno pode pular corda, fazer agachamento e abdominal porque se ficar duas semanas sem exercícios o corpo já sente a diferença”.


Ele acrescentou que “a prática é como a alimentação, se está acostumado a comer coisas erradas, quando começa a regrar a alimentação, começa a dar resultado”.Ele assinalou que “hoje não tem mais idade para ter um infarto. Se a gente não se cuidar, já viu. É importante fazer atividade física e ter uma boa alimentação. É claro que todo mundo quer um churrasco, uma cervejinha, mas tudo com moderação. Fazendo atividade física a gente vai ter uma melhora na qualidade de vida. Tenho um aluno que antes nem conseguia dar uma volta com o cachorro”.

TREINO PARA CASAR

Aos 28 anos e aluna do profissional há seis anos, a advogada Larissa Montouro Ribeiro de Oliveira, pediu a Ravanelli um treino especial como preparação para o casamento. Ele elaborou um programa que a aluna seguiu à risca subindo ao altar com o físico que desejou. “Eu procurei treinar para melhoria da qualidade de vida, em primeiro lugar, e depois pela estética”, afirmou.

Larissa antes e depois do treinamento focado para o casamento
Segundo a advogada, que trabalha a maior parte do tempo sentada no escritório, “o treinamento me ajudou muito na postura”. Casada há seis meses, agora ela solicitou um programa especial “visando uma futura gravidez”.
São usados vários recursos nas atividades
Por sua vez, o auxiliar administrativo Edson Massami Kanazaki, 36 anos, contou que “levava uma vida muito sedentária, sem disposição para praticamente nada, com postura incorreta, engordando e quando se chega numa certa idade ou faz alguma coisa ou vai piorar cada vez mais. Foi quando decidi fazer uma atividade física”.
 
Bruno Ravanelli
Edson assinalou que optou pelo treinamento funcional porque “em uma academia comum não tem um instrutor que fique lado a lado sempre, a menos que pague um personal, que é muito caro. Daí decidi treinar dessa forma”. Treinando desde o fim de 2018, contou ter notado a diferença: “Mudou a postura. Eu estava corcunda e quando olhava no espelho via que precisava corrigir a coluna. Já afinei um pouco, defini pernas e braços. E a disposição para trabalhar ficou muito melhor porque trabalho muito tempo sentado”.
Melhoria estética é consequência

Bruno Ravanelli explicou que além dos alunos a partir dos 15 anos, com aulas de segunda a sexta, das 7 às 21h e treinão geral aos sábados pela manhã, o Studio de Treinamento e Reabilitação atua com atletas de alto rendimento.

 Ele citou a mesatenista da Seleção Brasileira, Lívia Gomes que está indo embora do Brasil para realizar Mestrado em Toronto, no Canadá. E a equipe de Futsal AD.Vaz que vai disputar o Campeonato Paulista deste ano. Há vários atletas em acompanhamento com treinos elaborados de maneira personalizada.

MÉDICA NUTRÓLOGA

Segundo a médica nutróloga Dra. Marília Pollon Pelissari, “a atividade física regular é muito bom em qualquer idade. Para quem está com mais de 40 anos e iniciando a atividade física, ela deve ser gradativa e, de preferência, fazer o que gosta: caminhada, natação, dança, hidroginástica”.
Dra. Marilia Pollon
Ou seja, aliar o exercício com algo prazeroso. Neste sentido, afirmou que a “atividade física melhora a circulação sanguínea, auxilia no emagrecimento, auxilia na prevenção de muitas doenças, inclusive cerebral e mental”.

O Studio de Treinamento e Reabilitação Bruno Ravanelli localiza-se à Rua Julio Mesquita, 555, bairro Maria Izabel. Telefone (14) 997202082.  Nas redes sociais: https://www.instagram.com/ravanellisteam/ 

*Reportagem publicada na edição de 07.04.2019 do Jornal da Manhã