domingo, 30 de outubro de 2011

DO LIXO AO LUXO: A ARTE DA APOSENTADA QUE CUROU A DEPRESSÃO REAPROVEITANDO GALHOS, SEMENTES E SUCATA

Por Célia Ribeiro

As flores e galhos secos, que se desprendem das árvores para que nova vida surja renovando a natureza, normalmente varridos e descartados no lixo urbano, ganham uma segunda chance pelas mãos habilidosas da artista plástica Teresa Oliveira. Aposentada, 65 anos, dois filhos e dois netos, ela se descobriu na arte alternativa e, além de curar uma depressão que a acompanhava há anos, consegue complementar a renda familiar com a comercialização de suas peças.

Teresa e o quadro inscrito no concurso do Santander
Doce e sorridente, Teresa Oliveira é dessas pessoas que iluminam o ambiente sem o menor esforço. Para ela, que passou a infância na zona rural, tudo é muito simples e natural: “Comecei a fazer esses trabalhos depois que, num certo dia, vi um monte de garrafas PET amontoadas na chácara. Pensei o que poderia fazer com aquilo tudo e montei um pufe para a sala”, contou.

Sementes e galhos reaproveitados
 Do pufe para os quadros, vasos e arranjos florais foi um passo. Demonstrando muita preocupação ambiental, a aposentada iniciou suas experiências artísticas há dois anos aproveitando tudo o que encontrava em caçambas de entulho nas imediações de sua casa, no Jardim Colibri (região do Aeroporto).

PROPAGANDA ELEITORAL

Muito provavelmente, os políticos que lotaram a cidade com propaganda em placas de compensado, nas últimas eleições, nem imaginam que as madeiras jogadas em terrenos baldios e caçambas de entulho foram resgatadas pela artista: “Forro tudo com casca de côco para fazer o fundo. Daí, é só começar a colar os galhos, sementes, flores secas que, quando menos espero, o quadro está pronto, sem que eu desenhe antes. Vou fazendo sem me preocupar com o que vai formar”, revelou.

Garrafas PET recheiam o pufe
 O resultado da sua criatividade está em dezenas de peças que vão de arranjos florais, que abusam dos galhos secos e cascas de árvore, até belos quadros que emocionam pela combinação de cores e texturas daquilo que um dia esteve vivo sob outra forma. E como não dá para esconder um trabalho bonito assim, o boca-a-boca de amigas impulsionou as encomendas que hoje ajudam a complementar sua renda. Em média, os trabalhos são vendidos na faixa de 40 a 120 reais.

O artesanato foi exposto, no início do ano, no Shopping Esmeralda dando visibilidade à suas obras, comentou a aposentada que sonha em replicar esta experiência junto aos grupos de terceira idade: “Preciso passar pra frente essas coisas. Eu tinha depressão, tomava remédio. Agora, nem remédio tomo mais. Parece que eu revivi”, justificou.
 É impressionante a energia que a produção artística lhe trouxe, acrescentou a aposentada: “Eu tomo conta sozinha da casa, da roupa, da comida e ainda cuido dos meus dois netos desde que nasceram”. Em compensação, a área de lazer da residência teve que dar lugar à oficina de artesanato: “Nem a churrasqueira escapou”, lembrou, sorrindo.
Área de lazer virou oficina de
artesanato na residência

Soltando a imaginação, como quando está em processo de criação, Teresa Oliveira sonha com a classificação no concurso cultural “Talentos da Maturidade” do Banco Santander. Ela inscreveu um dos seus quadros e espera, ansiosa, o resultado que deverá ser divulgado nos próximos dias. Perguntada sobre o preço da obra, a artista explicou que nem a avaliou: “Se eu ganhar o concurso, o quadro vai ser do banco”, concluiu esperançosa.

Para conhecer os trabalhos de Teresa Oliveira, é só entrar em contato pelo telefone (14) 34139486.

* Reportagem publicada na edição de 30.10.2011 do Correio Mariliense

domingo, 23 de outubro de 2011

SUSTENTABILIDADE É O DIFERENCIAL DOS FUTUROS AGRÔNOMOS FORMADOS NA UNIMAR

Por Célia Ribeiro

Considerado celeiro do mundo, o Brasil tem todas as condições para aumentar a produção de alimentos , suprir o mercado interno e exportar o excedente, contribuindo para o saldo positivo da balança comercial do País. No entanto, não basta produzir. É preciso garantir a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Essa visão, que parece de especialista do agronegócio, na verdade é encontrada na nova safra de engenheiros agrônomos que a Universidade de Marília (Unimar) está colocando no mercado.
Mudas no viveiro da Fazenda Experimental
Para traçar um panorama do setor, o Correio Mariliense foi conferir como pensam esses jovens que, desde o primeiro termo do curso de Engenharia Agronômica, revelam uma grande preocupação em aliar a alta produtividade, com a redução de custos e a preservação ambiental. Acompanhada do professor Ronan Gualberto, a reportagem ouviu quatro estudantes às margens da bela represa da Fazenda Experimental.

Antes de falar em teoria, a Unimar dá o exemplo ao promover o reflorestamento de Áreas de Preservação Ambiental (APP), contou o professor. Há uns 10 anos, foram plantadas 50 mil mudas. Recentemente, outras 15 mil mudas, de 80 espécies nativas, foram separadas para recuperar áreas degradadas. Segundo Ronan Gualberto, este ano já foram plantadas 5.000 mudas e, até o começo de 2.012, outras 10 mil serão plantadas pelos alunos.
Leonardo, Luís Fernando, Prof. Ronan,
Bruno e João Fernando
“O solo de Marília é um solo fraco, arenoso, e está muito predisposto à erosão. Tudo o que puder ser feito para proteger esse solo é interessante”, observou o professor. Parte das mudas é produzida nos viveiros da universidade e o restante adquirido junto à Secretaria Municipal da Agricultura.

AGRONEGÓCIO

“O produtor tem que ter lucro, tem que visar o lado econômico, mas também o social e o ambiental. O produtor hoje tem que conseguir produzir, ter lucro, mas preservando o meio ambiente e preservando a saúde e a integridade do trabalhador rural”, destacou o professor, acrescentando que “infelizmente, ainda existe um milhão de crianças, menores de 14 anos, trabalhando na zona rural”.

A visão humanista é passada aos alunos através da disciplina de “Ciências Sociais”, ministrada pela professora Miriam Ruiz. Segundo explicou o coordenador do curso de Engenharia Agronômica, desde o primeiro semestre, os estudantes são levados a desenvolverem trabalhos em entidades filantrópicas, como a ONG “Amor de Mãe” onde ajudaram na formação de uma horta comunitária.

BOAS RAÍZES

Demonstrando que aprendeu bem a lição, o estudante do 6º termo, Bruno Felipe Gea Fernandes, de 23 anos e morador de Dois Córregos, destacou os benefícios da recuperação de áreas degradadas para a minimização do efeito estufa que tanto prejuízo causa ao clima do planeta: “Com o reflorestamento, a fauna e a flora vão voltar, teremos um ambiente mais fresco, o equilíbrio do ecossistema, evitando erosões e o assoreamento de rios e córregos”, afirmou.
Nova geração de agrônomos
Por sua vez, Leonardo Pinhel, 19 anos e morador de Promissão, revelou que “aqui no curso, a gente aprende desde o primeiro semestre, que produzir com sustentabilidade é, por exemplo, aplicar defensivos em cultura só em casos extremos, procurar culturas resistentes, ir atrás de plantios que não revolvam tanto o solo para causar menos erosão e fazer controle biológico de pragas”.

Da cidade de Rolândia, no Paraná, João Fernando Barreira de Freitas, 20 anos, observou que o Brasil vem registrando altas taxas de produção. O desafio dos agrônomos é conseguir a redução dos custos de produção: “O produtor fica meio cismado de gastar muito e vir uma chuva ou uma geada e prejudicar a produção porque os custos são muito altos. Então, se baixar os custos dos insumos em geral, eles vão poder explorar mais as áreas, colocando mais genética, produzindo mais com qualidade, visando sempre o custo-benefício”.
Trabalhadores preparam área que será reflorestada

Único mariliense do grupo, Luís Fernando Franchin Sgorlon, 19 anos, frisou que “não é somente plantar as árvores, ou seja, tem que fazer a preservação. Muitos agricultores utilizam agrotóxico sem necessidade, que também contamina o lençol freático”. E acrescentou que é preciso “preservar o que gente tem, melhorar a qualidade da produção e proporcionar o bem estar às pessoas”.

Os quatro futuros agrônomos foram unânimes em defender o uso racional de agrotóxicos, investindo em melhoramento genético para obter sementes resistentes às pragas e doenças e no controle biológico. Eles lembraram que “os produtores mais antigos, quando veem uma lagartinha, já querem aplicar defensivo”. Por isso, uma das atribuições dos agrônomos é, através do manejo integrado de pragas, orientar os agricultores sobre a correta utilização de agrotóxicos quando o controle biológico não estiver mais funcionando e comprometer a produtividade.

Alface hidropônica na estufa
da universidade
 Depois da entrevista, mostrando os viveiros e estufas da Fazenda Experimental, os quatro alunos responderam de primeira quando perguntados se consideravam a engenharia agronômica a profissão do futuro: “Claro que sim!”. Para saber mais, acesse o portal da universidade na internet: www.unimar.br

* Reportagem publicada na edição de 23.10.2011 do Correio Mariliense

domingo, 16 de outubro de 2011

COM PROJETO DE LIXO ELETRÔNICO, ETEC DESTAQUE NO ENEM VAI À FEIRA TECNOLÓGICA EM SÃO PAULO

Por Célia Ribeiro

No período de 25 a 27 de outubro, as mais de 300 mil pessoas que circularem pela 5ª. edição da FETEPS (Feira Tecnológica Paula Souza), em São Paulo, poderão conhecer um exemplar da criatividade e determinação de um grupo de alunos da Escola Técnica “Antônio Devisate”, de Marília. Liderados pelo professor Fábio Moura, eles apresentarão o projeto de reciclagem de lixo eletrônico que pode ser replicado em outras regiões do País.
Frederico, Keite e Débora no laboratório

No começo desta semana, no laboratório da escola, os estudantes Frederico Soares da Silva, 17 anos, Keite Passos, 25 anos e Debora Martins, 19 anos, falavam animadamente sobre a expectativa de apresentarem o trabalho da classe num dos principais eventos tecnológicos do Brasil, que também contará com a participação de expositores dos Estados Unidos, Chile e Espanha.

“Hoje em dia tem bastante garotas que se interessam por cursos de informática, de manutenção e programação. Se a gente não dominar, vai ficar tudo igual”, observou Débora. Ao seu lado, Keite revelou o ceticismo da família: “No começo, meu pai não botava fé. Hoje eu já conserto algumas coisas e ele viu que tenho jeito”.
Laboratório de informática: teoria e prática

Guerra dos sexos à parte, meninas e meninos, cheios de energia e criatividade, encontraram no professor entusiasta as condições para levarem adiante uma ideia: darem a correta destinação ao lixo eletrônico, principalmente aos equipamentos de informática sem uso. Foi assim que surgiu o projeto Reciclaetec: a partir de computadores e impressoras doados pela comunidade, algumas partes são recicladas e transformadas em chaveiros ou imãs de geladeira e as peças em bom estado são a matéria prima para consertar computadores doados às entidades e pessoas de baixa renda.

O robô de sucata, Fred,
com a equipe
Não é à toa que os alunos da ETEC “Antônio Devisate” sejam tão motivados: a escola foi classificada em segundo lugar no último ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio) da cidade ficando atrás do Colégio Criativo, fez questão de destacar o professor Fábio Moura. A sala de leitura, internet sem fio e instalações adequadas, apesar do pouco espaço, aliados aos professores e direção engajados, tornam a unidade um dos bons exemplos de ensino profissionalizante do Estado de São Paulo.

MEIO-AMBIENTE

De acordo com o projeto Reciclaetec, além da reciclagem dos equipamentos de informática que são doados, após recuperação, possibilitando a inclusão digital, outra preocupação é com a questão ambiental: “Estes equipamentos estariam destinados à sucata e se não forem reutilizados, serão desmanufaturados e seus componentes terão a devida destinação de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos”.

O professor lembra que o descarte do lixo eletrônico em Marília é um caso com poucas soluções e que, com a rápida evolução tecnológica, muitos computadores em bom estado de conservação são descartados transformando-se num problema, que é o destino deste resíduo.
Professor Fábio Moura

O projeto encontrou a solidariedade do técnico de informática Renato Augusto de Paula Alves, da Central SOS. “Quem quer doar, eu encaminho ou trago aqui os computadores, há mais de um ano. Faço isso para ajudar o projeto e tirar o lixo eletrônico da cidade”, revelou. Outra empresa apoiadora é a Tecnoplus. Mas, a população também pode entrar em contato pelos telefones: (14) 34335467 ou 34335274 ou e-mail: reciclaetec@etec.sp.gov.br

Se pessoas comuns se sensibilizaram, o mesmo não vale para grandes empresas e instituições oficiais contatadas pelo professor Fábio Moura. Ele disse que enviou ofício para indústrias, além do Banco do Brasil, Secretaria da Fazenda e Receita Federal e nem resposta obteve. A exceção foi a Secretaria Municipal da Saúde que doou 20 monitores em bom estado que estão sendo usados no laboratório de informática da Escola Estadual “Monsenhor Bicudo”.

Segundo o coordenador do projeto, já existem 05 computadores em condições de serem doados. Em agosto, aconteceu a primeira doação a um estudante com necessidades especiais (portador de paralisia cerebral e tetraplegia) de Pompéia. Em breve, será beneficiada uma adolescente moradora da favela Argolo Ferrão, que pretende se matricular no curso de informática da ETEC.

NOVA FASE
Sala de leitura da ETEC classificada em 2o. lugar no Enem
Com a divulgação do projeto, que tem o apoio de vários veículos de comunicação, entre os quais o Correio Mariliense, o Reciclaetec tem recebido muitos equipamentos de informática sucateados e o local para armazenamento tornou-se um problema que, felizmente, está a caminho da solução. O empresário Geraldo Sola Junior, residente em Presidente Prudente, cedeu um barracão na zona norte para estocar os materiais.

Dessa forma, explicou o professor, os equipamentos com peças em condições de uso serão trabalhados no laboratório da ETEC e reaproveitados; o que for sucata será vendido para empresas especializadas que darão a correta destinação e a renda será revertida à Associação de Pais e Mestres (APM) da escola.

Para colaborar com esse projeto ou conhecer melhor o Reciclaetec, acesse o portal da escola: http://www.reciclaetec.com.br/

*Reportagem publicada na edição impressa de 16.10.2011 do Correio Mariliense

Tome Nota!

Encontro Internacional Lixo Zero Jovem

Entre 27 e 29 de outubro, Florianópolis/SC receberá delegações de jovens de diversos países durante o Encontro Internacional Lixo Zero Jovem. Estudantes dos 2° e 3° graus, organizações não governamentais e especialistas com atuação em gestão de resíduos, ecólogos e professores, participarão do encontro que deve reunir jovens dos cinco continentes.

O evento irá debater soluções inovadoras de sensibilização e conscientização ambiental para minimizar a geração de lixo e a poluição ambiental. Através de palestras, mesas-redondas e dinâmicas de grupo, será possível promover a troca de experiências entre os participantes e buscar novas formas de conscientização, sensibilização e protagonismo ambiental. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site http://zerowastemeeting.org/pt/. (Fonte: Dialetto Comunicação Estratégica)

domingo, 9 de outubro de 2011

ORBE: O RESPEITO À NATUREZA, VIVENCIADO HÁ QUASE 30 ANOS, MOSTROU OS FRUTOS NA ECOARTE

Por Célia Ribeiro

No início dos anos 80, a escola infantil incrustrada numa floresta com 25 mil metros quadrados, atrás do Bosque Municipal, começou a escrever sua própria cartilha inspirada no convívio com a natureza. O que era intuitivo acabou incorporado à metodologia de ensino da Orbe que, neste sábado, apresentou aos pais e à comunidade, os frutos de um ano inteiro de trabalho árduo em forma de arte.

Alunos colhem frutos do pé de café plantado na escola
Para contextualizar o estágio atual da escola, é preciso voltar quase 30 anos. Da fundação, em 1.984, passando pelas experiências ricas que o cenário bucólico possibilitava, como a visita dos macaquinhos que roubavam o lanche das crianças, até as instalações no bairro Fragata, berço da nascente do Córrego Barbosa, a Orbe soube usar suas origens para consolidar um trabalho educacional inspirador.

Malau Masraui
Quem conta essa trajetória é a pedagoga e psicopedagoga Malau Nasraui, diretora geral: “A Orbe nasceu num espaço privilegiado, dentro de um bosque, numa área verde de 25 mil metros quadrados, onde a gente podia desfrutar não só de uma minifloresta, mas do convívio com animais, com aquela área limpa, pura, do contato com a natureza”, disse. Segundo ela, “inspirados por esse cenário, começamos a perceber o quanto a criança poderia aprender vivenciando aquela situação; com os bichos, com as plantas, com a terra”.

Malau revelou as origens da filosofia da escola: “Descobrimos o quanto as crianças conseguiam aprender aproveitando essa vivência, numa época em que ninguém pensava em projetos multidisciplinares. A gente sabia dessa existência, porque são estratégias pedagógicas, mas que não eram tão exploradas como hoje. Pouco se falava em educação ambiental nas escolas naquela época. A gente fazia um trabalho intuitivo e acabou sendo incorporado à proposta pedagógica da escola”.

Visita à nascente do Córrego Barbosa
O sorriso ilumina o semblante da educadora ao relembrar os primeiros anos: “A gente trabalhava matemática, alfabetizava, usando como motivação os animais, os ovos das patas, tinha laguinho, uma coisa maravilhosa”. Mas, o que mais agitava os alunos eram os saguis que saiam do bosque em busca de comida: “Eles vinham até a Orbe e a gente tinha que esconder as lancheiras porque eles abriam as lancheiras, pegavam o lanche e corriam. Isso tudo era uma festa para as crianças”, recordou.

NOVA FASE

A mudança para as instalações atuais, ao lado do Colégio Interação, permitiu utilizar a ampla área verde para dar continuidade ao projeto educacional focado na ecologia. Com muito espaço, foi possível desenvolver diferentes trabalhos para que as crianças explorassem a terra de várias maneiras, envolvendo alunos a partir de um ano e meio de idade até o 5º. ano do 1º. Ciclo Fundamental.

A descoberta da nascente do Córrego Barbosa, nos fundos da escola, foi emocionante, segundo a diretora. Ela viu nisso um sinal de a Orbe estava no caminho certo ao educar as crianças segundo uma preocupação com a preservação ambiental: “Com os problemas do planeta, hoje virou um discurso universal a questão ambiental até por uma questão de sobrevivência. Todo mundo trabalha, não só nas escolas, mas dentro de casa, na rua, nas indústrias, no comércio. Para a gente, isso vem reforçando uma série de conceitos que começamos a aplicar, intuitivamente, há quase 30 anos”.

Crianças preparam mudas de café: muito espaço para trabalhar a terra
Malau Nasraui destacou que, “como educadora, acho que só vamos resolver as coisas se a gente educar a criança. Tem que começar da base. A criança tem que aprender que na hora de escovar os dentes, tem que fechar a torneira, não pode a água ficar escorrendo porque ela é preciosíssima”. E acrescentou: “Se conseguirmos plantar uma semente, se cada um plantar sua semente, quem sabe meu neto vai viver numa época com mais consciência do que temos hoje”.

ECOARTE

Aconteceu ontem (08/10) a 26ª. edição da ECOARTE, que começou como Feira do Verde para mostrar aos pais o resultado dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano. Hoje, a mostra envolve toda a comunidade e, como o próprio nome diz, une ecologia e arte onde os alunos de todas as turmas têm a oportunidade de expressarem a criatividade em projetos trabalhados em sala de aula, ao ar livre, em excursões monitoradas, entre outros.
Esculturas da artista plástica e jornalista Márcia de Oliveira
Segundo a diretora, os visitantes puderam conhecer “os projetos ambientais que os professores trabalham ao longo do ano. Cada turma encontrou um tema ligado ao trabalho do conteúdo da série, ou alguma vivência que a criança trouxe para a escola e acabou virando um projeto. Essa festa é a culminância”.

Releitura de obras de arte
Várias entidades e parceiros participaram da ECOARTE que teve, ainda, atividades artísticas e culturais das 9 às 18 horas: na esquina da Avenida Alfeu César Pedrosa, um espaço livre para apresentações de canto, dança, poesia, música instrumental etc. Da escola para a comunidade, uma declaração de amor à vida e ao planeta!

Para saber mais, acesse: http://www.escolaorbe.com.br/

* Reportagem publicada na edição de 09.10.2011 do Correio Mariliense

DICA VERDE

REDE SOCIAL PARA CIDADANIA

O Brasil é o primeiro país do mundo a ganhar uma rede social focada em cidadania, o “Myfuncity-Cidades Sustentáveis”. Qualquer cidadão poderá, a partir de hoje, ter acesso à rede social no endereço http://www.myfuncity.org/ .A nova rede cria uma forma de participação política e cívica a partir de blogs, sites e redes sociais ou outros meios que a internet propicie. “Depois do Brasil, o Myfuncity será lançado nos Estados Unidos e na Europa. Em todos os países, a ferramenta conta com o apoio do Facebook”, afirma Mauro Motoryn presidente do Myfuncity e um dos idealizadores da rede social.

A plataforma possibilitará gestão pública por meio da tecnologia digital das redes sociais, permitindo que os cidadãos avaliem a qualidade das cidades a partir de 12 indicadores relacionados ao trânsito, segurança, meio ambiente, bem-estar, saúde e educação. Cada um dos indicadores do Myfuncity será classificado pelo usuário numa escala de 0 a 10. Um banco de dados abrigará essas opiniões, com um mapa preciso sobre a satisfação da população quanto aos serviços públicos que uma determinada cidade ou região oferece.

O usuário do Myfuncity poderá avaliar, basta ter acesso à internet, por meio do Facebook e Orkut, ou nas versões para Iphone e Ipad, baixando gratuitamente pela Apple App Store. (Fonte: Oficina da Palavra)

domingo, 2 de outubro de 2011

PROJETO SOCIOAMBIENTAL DA FATEC TERÁ EDUCAÇÃO E HUMANIZAÇÃO NA COLETA SELETIVA DE LIXRO

Por Célia Ribeiro

Uma ideia criativa, que representará um marco na coletiva seletiva de lixo de Marília e gestada com paciência desde o começo do ano, está muito perto de nascer: até o final de outubro, os bairros Parati e Portal do Sol serão contemplados com o original projeto piloto, elaborado pela FATEC Marília, que conseguiu reunir educação ambiental, correta destinação de resíduos sólidos e humanização do trabalho dos catadores de recicláveis.

Professor Gustavo mostra uma das lixeiras
Quem anuncia a boa nova é o jovem professor Gustavo Lana Soares, engenheiro de formação, que se mistura entre a moçada que frequenta o curso de Tecnologia em Alimentos, do campus Marília da Faculdade de Tecnologia “Estudante Rafael Almeida Camarinha”. A instituição pública de ensino, mantida pelo governo do Estado, ganhou notoriedade, recentemente, ao ficar entre as três finalistas da Gincana Impacto Zero SWU concorrendo com 110 faculdades de todo o País.

O evento, divulgado amplamente, inclusive no Fantástico da Rede Globo, deu muita visibilidade à faculdade que está investindo pesado na questão ambiental. Além da formação dos alunos, a meta é educar a sociedade, contribuir com um sério problema que é a destinação de resíduos sólidos e, de quebra, colaborar com a geração de renda de catadores independentes. Ao final do projeto piloto, com duração de três anos, a ideia é replica-lo em outros bairros e exportar o modelo a outras cidades.

CICLO FECHADO

Com um entusiasmo contagiante, o jovem professor explicou a proposta: 1.023 residências, de 20 quadras dos bairros Parati e Portal do Sol, receberão a visita de 20 alunos capacitados para o trabalho de educação ambiental. As famílias serão convidadas a se integrarem ao projeto que prevê a cessão de duas lixeiras de 28 litros onde separarão o lixo orgânico e os recicláveis (papel, metal, vidro e plástico).

Além de cronograma, as donas-de-casa receberão folder explicativo e as orientações básicas para a coleta seletiva. Não será necessário separar os recicláveis que estarão numa única lixeira, o que facilitará muito. Por sua vez, os catadores do projeto se comprometerão a passar nas casas às segundas e sextas-feiras.

Alunos recolhem papel para a gincana
Uma coisa muito interessante, foi que pensaram na humanização do trabalho dos catadores. Pesquisa realizada pela Unesp, em 2.005, apontava a existência de 700 deles na cidade. Essas pessoas receberão boné, colete de identificação e luvas para proteção. Além disso, os carrinhos receberão manutenção para que rodem com mais segurança.

Bem, temos a separação do lixo e a coleta. Falta a destinação. Pensando nisso, foi integrado ao projeto o Depósito Santa Luzia, localizado nas proximidades da Unimar. A empresa adquirirá os recicláveis dos catadores credenciados e repassará 2% do valor bruto ao projeto para despesas diversas como substituição de lixeiras, produção de folder e material informativo etc.

Os coordenadores do Projeto “Coleta Seletiva Marília Sustentável” (Cosemasu) monitorarão todo o processo, incluindo pesquisa de satisfação com as donas-de-casa. E por falar nisso, as famílias participantes receberão, além das lixeiras, uma sacola de material resistente para compras e certificado. Ao final do primeiro ano, comemorando a primeira fase do projeto, haverá um evento nos bairros com plantio de árvores e atividades recreativas para a população.

INICIATIVA PRIVADA

Mobilização geral que levou a FATEC aos finalistas
Por incrível que pareça, uma ideia tão criativa ainda esbarra na necessidade de atrair apoiadores na iniciativa privada. Isto porque, o projeto precisa de patrocinadores para financiar as lixeiras. Segundo Gustavo Soares, as empresas interessadas poderão colocar sua logomarca nas lixeiras, nos bonés e coletes dos catadores, além de utilizarem o investimento como ferramenta de marketing.

“Poderíamos tentar um financiamento com recursos federais para esse projeto”, explicou o professor, para justificar, em seguida: “Mas, neste caso, não teríamos o envolvimento da iniciativa privada, das empresas que geram resíduos”. O custo para cada uma das 04 empresas será de apenas 10 mil reais porque as lixeiras serão compradas diretamente do fabricante (Plasutil) que dará sua colaboração reduzindo o preço do produto.

De acordo com o professor Gustavo, haverá investimento financeiro somente no primeiro ano. Nos segundo e terceiro anos a reposição de lixeiras será garantida com os 2% sobre a venda dos recicláveis no depósito. A previsão mais modesta é que a comercialização dos materiais gire em torno de 80 mil reais por ano.

O professor disse que já visitou algumas empresas de Marília e que pretende intensificar os contatos a partir desta semana para fechar os parceiros. “Tudo está sendo feito segundo a legislação. O nosso projeto é economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto”, finalizou.

Quem quiser conhecer melhor o projeto, pode entrar em contato com o professor Gustavo pelo e-mail: gustavo_lana@yahoo.com.br No site da FATEC há informações sobre a instituição de ensino: http://www.fatecmarilia.edu.br/

RECICASA: PROJETO SOCIAL

Foi inaugurada, na semana passada, a recicasa: alunos da FATEC arrecadaram na comunidade brinquedos novos e usados para as crianças da zona norte, do projeto comunitário “Horta Vinha do Senhor”. Os brinquedos foram uma surpresa para as crianças que ajudaram a construir a casa com 1.300 caixinhas de leite. Segundo o professor Gustavo, “este trabalho faz parte de um projeto de educação ambiental e sanitária que fazemos com esta comunidade. Nesta construção trabalhamos com os seguintes conceitos: 3R´s (Reciclar, Reduzir, Reaproveitar), união, trabalho voluntário e preservação do meio-ambiente, concluiu.

* Reportagem publicada na edição de 02.10.2011 do Correio Mariliense