domingo, 16 de outubro de 2011

COM PROJETO DE LIXO ELETRÔNICO, ETEC DESTAQUE NO ENEM VAI À FEIRA TECNOLÓGICA EM SÃO PAULO

Por Célia Ribeiro

No período de 25 a 27 de outubro, as mais de 300 mil pessoas que circularem pela 5ª. edição da FETEPS (Feira Tecnológica Paula Souza), em São Paulo, poderão conhecer um exemplar da criatividade e determinação de um grupo de alunos da Escola Técnica “Antônio Devisate”, de Marília. Liderados pelo professor Fábio Moura, eles apresentarão o projeto de reciclagem de lixo eletrônico que pode ser replicado em outras regiões do País.
Frederico, Keite e Débora no laboratório

No começo desta semana, no laboratório da escola, os estudantes Frederico Soares da Silva, 17 anos, Keite Passos, 25 anos e Debora Martins, 19 anos, falavam animadamente sobre a expectativa de apresentarem o trabalho da classe num dos principais eventos tecnológicos do Brasil, que também contará com a participação de expositores dos Estados Unidos, Chile e Espanha.

“Hoje em dia tem bastante garotas que se interessam por cursos de informática, de manutenção e programação. Se a gente não dominar, vai ficar tudo igual”, observou Débora. Ao seu lado, Keite revelou o ceticismo da família: “No começo, meu pai não botava fé. Hoje eu já conserto algumas coisas e ele viu que tenho jeito”.
Laboratório de informática: teoria e prática

Guerra dos sexos à parte, meninas e meninos, cheios de energia e criatividade, encontraram no professor entusiasta as condições para levarem adiante uma ideia: darem a correta destinação ao lixo eletrônico, principalmente aos equipamentos de informática sem uso. Foi assim que surgiu o projeto Reciclaetec: a partir de computadores e impressoras doados pela comunidade, algumas partes são recicladas e transformadas em chaveiros ou imãs de geladeira e as peças em bom estado são a matéria prima para consertar computadores doados às entidades e pessoas de baixa renda.

O robô de sucata, Fred,
com a equipe
Não é à toa que os alunos da ETEC “Antônio Devisate” sejam tão motivados: a escola foi classificada em segundo lugar no último ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio) da cidade ficando atrás do Colégio Criativo, fez questão de destacar o professor Fábio Moura. A sala de leitura, internet sem fio e instalações adequadas, apesar do pouco espaço, aliados aos professores e direção engajados, tornam a unidade um dos bons exemplos de ensino profissionalizante do Estado de São Paulo.

MEIO-AMBIENTE

De acordo com o projeto Reciclaetec, além da reciclagem dos equipamentos de informática que são doados, após recuperação, possibilitando a inclusão digital, outra preocupação é com a questão ambiental: “Estes equipamentos estariam destinados à sucata e se não forem reutilizados, serão desmanufaturados e seus componentes terão a devida destinação de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos”.

O professor lembra que o descarte do lixo eletrônico em Marília é um caso com poucas soluções e que, com a rápida evolução tecnológica, muitos computadores em bom estado de conservação são descartados transformando-se num problema, que é o destino deste resíduo.
Professor Fábio Moura

O projeto encontrou a solidariedade do técnico de informática Renato Augusto de Paula Alves, da Central SOS. “Quem quer doar, eu encaminho ou trago aqui os computadores, há mais de um ano. Faço isso para ajudar o projeto e tirar o lixo eletrônico da cidade”, revelou. Outra empresa apoiadora é a Tecnoplus. Mas, a população também pode entrar em contato pelos telefones: (14) 34335467 ou 34335274 ou e-mail: reciclaetec@etec.sp.gov.br

Se pessoas comuns se sensibilizaram, o mesmo não vale para grandes empresas e instituições oficiais contatadas pelo professor Fábio Moura. Ele disse que enviou ofício para indústrias, além do Banco do Brasil, Secretaria da Fazenda e Receita Federal e nem resposta obteve. A exceção foi a Secretaria Municipal da Saúde que doou 20 monitores em bom estado que estão sendo usados no laboratório de informática da Escola Estadual “Monsenhor Bicudo”.

Segundo o coordenador do projeto, já existem 05 computadores em condições de serem doados. Em agosto, aconteceu a primeira doação a um estudante com necessidades especiais (portador de paralisia cerebral e tetraplegia) de Pompéia. Em breve, será beneficiada uma adolescente moradora da favela Argolo Ferrão, que pretende se matricular no curso de informática da ETEC.

NOVA FASE
Sala de leitura da ETEC classificada em 2o. lugar no Enem
Com a divulgação do projeto, que tem o apoio de vários veículos de comunicação, entre os quais o Correio Mariliense, o Reciclaetec tem recebido muitos equipamentos de informática sucateados e o local para armazenamento tornou-se um problema que, felizmente, está a caminho da solução. O empresário Geraldo Sola Junior, residente em Presidente Prudente, cedeu um barracão na zona norte para estocar os materiais.

Dessa forma, explicou o professor, os equipamentos com peças em condições de uso serão trabalhados no laboratório da ETEC e reaproveitados; o que for sucata será vendido para empresas especializadas que darão a correta destinação e a renda será revertida à Associação de Pais e Mestres (APM) da escola.

Para colaborar com esse projeto ou conhecer melhor o Reciclaetec, acesse o portal da escola: http://www.reciclaetec.com.br/

*Reportagem publicada na edição impressa de 16.10.2011 do Correio Mariliense

Um comentário:

  1. Francisco França Miguel28 de maio de 2012 às 18:59:00 BRT

    Muito bom esse trabalho, pois sabemos que é preocupante o crescimento de resíduos eletrônicos e digitais. Se não cuidarmos, nós vamos ter sérios problema de saúde ambiental e populacional.
    Quero ter mais informações sobre esse assunto pois me interessa muito. Meu e-mail para contato
    franca_miguel@hotmail.com

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