domingo, 28 de fevereiro de 2021

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PROJETO ESPERA O FIM DA PANDEMIA PARA RETOMAR ATIVIDADES

Por Célia Ribeiro

As mais de 1.000 mudas de 20 espécies nativas, plantadas no início do projeto, transformaram a APP (Área de Preservação Permanente) em um lindo bosque que atrai pássaros e animais silvestres em meio a uma região densamente povoada, na zona norte de Marília. No local funciona a sede do “Instituto Salve o Planeta Terra”, fundado há quase 15 anos com o objetivo de promover a educação ambiental para crianças e jovens e que se encontra em compasso de espera desde março de 2020.

 

Sede da ONG sob os galhos das árvores na APP

Em entrevista ao JM, a presidente e fundadora Aoraci Dias Macedo Lacerda, 77 anos, informou que as atividades foram paralisadas assim que houve a decretação de isolamento social por causa da pandemia do Covid. Desde então, a entidade focou suas ações na assistência social com a distribuição semanal de 150 litros de leite a 62 famílias cadastradas. O produto é doado pela Unimar através do Fundo Social de Solidariedade.

Antes da pandemia, as crianças e adolescentes do Jardim Primavera e adjacências participavam de inúmeras atividades: aos sábados, chegavam bem cedo para o café da manhã. Após a programação do dia, que incluía palestras, plantio de mudas, orientações sobre os recursos naturais, como a água, entre outros, todos participavam de um almoço coletivo ao ar livre.

 

Antes da pandemia, atividade ao ar livre

“A gente procura trazer sempre o conhecimento da importância de preservar o meio-ambiente, porque quando se fala em meio ambiente não é só plantar uma árvore. Começa dentro de casa. A criança deve crescer com essa consciência”, observou a presidente. Conforme disse, as crianças e adolescentes recebem informações para criar hábitos que são repassados às famílias, como uso racional da água e da energia, separação do lixo etc.

 

Dona Aoraci com crianças do bairro

Com a ajuda de instituições como o Rotary Clube, Fundo Diocesano (igreja católica), ONG Amigos do Bar, Tauste e dezenas de voluntários, o “Instituto Salve o Planeta Terra” conseguiu melhorar muito sua infraestrutura: ampliou e equipou a cozinha e construiu uma biblioteca que recebeu doação de computadores e muitos livros, mas necessita trocar o telhado e finalizar as instalações elétricas.

Refeições preparadas na ONG antes da pandemia
 COMUNIDADE

 Dona Aoraci explicou que, como a maioria dos voluntários da ONG faz parte do grupo de risco pela idade avançada, foram suspensas todas as atividades que envolviam contato pessoal. Até a entrega do leite, às sextas-feiras, foi transferida para a garagem de uma residência em frente à entidade e o acesso das famílias beneficiadas é bem controlado, exigindo-se o uso de máscaras.

 

Filas para retirada de presentes e de cesta básica, no Natal

“O corona pegou muita gente por aqui e temos medo. Quando a gente fazia o sopão para o pessoal vir buscar, a gente tinha que pedir para as pessoas voltarem e colocarem a máscara para entrar aqui”, assinalou. A presidente do Instituto informou que estão aproveitando esse período sem atividades com as crianças para melhorar as instalações da ONG a fim de que tudo esteja em plenas condições de funcionamento, sobretudo a biblioteca.

 

Sala pronta: à espera das crianças

Durante esses meses de pandemia, a única movimentação registrada foi na época do Natal de 2020. Segundo dona Aoraci, o Esmeralda Shopping adotou 100 crianças que receberam roupas, calçados e brinquedos em uma ação social dos lojistas. Elas foram recebidas em grupos de 10, em duas filas: em uma, as crianças recebiam seus presentes; na outra fila os pais retiravam uma cesta básica.

 

A cozinha foi ampliada e equipada

A presidente da entidade recordou, com uma ponta de tristeza, dos dias animados pela alegria das crianças soltas no bosque, brincando e aprendendo a valorizar e proteger a natureza. E disse esperar que a vacina chegue logo para todos “para a gente voltar ao que era, levando informação para as crianças que são o futuro do nosso planeta”.

 

Nascente de água na APP, em foto deste
blog de 2012: secou devido à
construção de um conjunto de casas
logo acima do terreno

O “Instituto Salve o Planeta Terra” está localizado à rua Antônio da Costa Lopes, 25, Jardim Primavera. Quem desejar contribuir com este projeto, o contato é (14) 99768.0445.

Veja reportagem de 2012 deste blog sobre a ONG, acessando AQUI

 *Reportagem publicada na edição de 28.02.2021 do Jornal da Manhã


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domingo, 21 de fevereiro de 2021

A QUALIDADE DA ÁGUA, OS AGROTÓXICOS E TRANSGÊNICOS ESTÃO NA MIRA DA ASP

Por Célia Ribeiro

Os recursos naturais são finitos e o planeta Terra dá sinais de exaustão. Por isso, a ação de ambientalistas em voo solo ou através de organizações não governamentais (ONGs) nunca foi tão necessária como agora. Em Marília, como o Jornal da Manhã divulgou na semana passada, a recém fundada Associação Sustentabilidade Popular (ASP) reuniu profissionais de várias áreas em torno do mesmo objetivo: lutar pela preservação ambiental.

Encontro da água pura da nascente e do esgoto
no Distrito de Avencas

Segundo o gestor ambiental Antônio Luiz Carvalho Leme, os integrantes da ONG “têm militância na área socioambiental como a questão da agroecologia, recuperação de áreas degradadas, a questão das águas, a questão dos agrotóxicos e transgênicos, a educação ambiental, palestras educativas na área entre outras”. Dessa forma, com o fim da quarentena eles pretendem definir o cronograma de ações.

Leme adiantou que o primeiro projeto da lista será operacionalizado nas próximas semanas: “Contempla uma ação de combate aos agrotóxicos e ao comprometimento da água potável na cidade de Marília. Como ainda estamos em pandemia e o contato humano e aglomerações devem ser evitados, preparamos um carro com banners contendo dados e som para ficar em locais de grande passagem de pessoas como nas imediações do terminal urbano e feiras”.

Gustavo Shorr, Leme e Suzana Más Rosa

O ambientalista citou a pesquisa publicada pelo Ministério da Saúde (SISAGUA) “onde ficou constatado que em 2.300 cidades foram encontrados agrotóxicos na água da torneira, água potável envenenada servida à população, isso em 2017.  Na água das torneiras de Marília foram identificados 27 tipos de agrotóxicos, sendo 11 associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos”.

DAEM RESPONDE

Procurada pela coluna, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura divulgou nota informando que o DAEM (Departamento de Água e Esgoto de Marília) tomou conhecimento da pesquisa, e esclareceu: “A Legislação que rege o serviço de tratamento de água e o controle de qualidade da água distribuída à população está acompanhando a questão mundial de utilização de agrotóxico nas áreas próximas a mananciais superficiais, ajustando os parâmetros exigidos nos anexos”.

Represa Cascata 
(Foto Wilson Ruiz/Prefeitura)

A assessoria prossegue informando que “em 2004, a Portaria 518 apresentava 22 agrotóxicos, já em 2011 a Portaria 2914 indicou 27 agrotóxicos para serem analisados nos mananciais e água tratada. Isso nos mostra que constantemente a Legislação se ajusta em busca da segurança da qualidade da água buscando um rígido controle de cada parâmetro indicado”.

A nota anexou uma planilha técnica destacando que “não foi constatado nenhum agrotóxico acima do V.M.P. (Valor Máximo Permitido) pela legislação vigente e, portanto, não há protocolo indicado pela vigilância e outros órgãos fiscalizadores em relação ao uso dos mananciais e distribuição da água para a população. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros atendem normas nacionais e internacionais. Como em 2017, nunca tivemos resultados analíticos para os agrotóxicos acima do V.M.P. pela legislação vigente”.

E concluiu: “O controle de qualidade no sistema de distribuição é realizado por coleta e análise da água dos reservatórios e cavaletes residenciais em todos os bairros da cidade com análises in loco e laboratoriais, onde conferimos os parâmetros de controle e vigilância.  As análises complementares dos anexos indicados na Portaria são realizadas através de laboratórios credenciados que comprovem a existência de sistema de gestão da qualidade”.

Imagem cada vez mais rara: água para o lazer

A resposta é assinada pelas profissionais Denise Rodrigues e Simone Festa. No fim desta página  está  a resposta na íntegra, incluindo a planilha para conhecimento público.

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

De acordo com Leme, há um projeto que “servirá de base para a conscientização da população em relação ao que estamos perdemos com a constante degradação ambiental: a História Ambiental do município tendo como objetivo a conscientização das perdas ambientais da população de Marília”. 

Grandes erosões comprometem o entorno de Marília

E por falar em qualidade da água, um projeto ambicioso lançado anos atrás será retomado com um novo dimensionamento devido à limitação de recursos financeiros: trata-se do acompanhamento da contaminação por agrotóxico nas águas dos rios e riachos de Marília (rio do peixe e Aguapeí). O projeto foi elaborado por Suzana Más Rosa, integrante da ONG.

Oficina de plantas medicinais

Leme explicou que o estudo tinha por objetivo “fazer análises nos pontos que os dois rios entram no município e também nos pontos que os dois saem dos limites de Marília, acompanhando, assim, a qualidade da água que entra e a qualidade das águas que saem do município medindo a ‘pegada ecológica’ de Marília no que diz respeito aos recursos hídricos. 

Conforme disse, “esbarramos nos custos. Por necessitar de análises laboratoriais caras, precisaríamos de financiamento e acabou não dando certo. Mas, não esquecemos o projeto. faremos algo mais chão. A intenção é trabalhar com essa proposta com foco na educação ambiental como é feito no projeto ‘Observando os Rios’ da SOS Mata Atlântica que acompanha a qualidade dos cursos d´água a partir de kits de educação ambiental que medem alguns parâmetros. É um trabalho menos científico e mais focado na educação ambiental, no monitoramento participativo com a população fazendo com que haja uma a reaproximação da população com os rios urbanos e rurais”.

A análise da água é fundamental, mas custa caro.

Há, ainda, um projeto focado nas plantas medicinais, com a promoção de rodas de conversa: “A intenção é a de termos um ponto onde seria criada uma ‘farmácia viva’, uma horta de plantas medicinais, onde seriam plantadas e colhidas ervas medicinais pela comunidade e para a comunidade juntamente com uma atividade de reflexão sobre o uso dessas ervas”, anunciou o ambientalista que cultiva plantas medicinais no amplo terreno da sua residência em um condomínio fechado próximo a Padre Nóbrega. Reportagem sobre o tema foi publicada no JM em 26 de janeiro de 2020 e também pode ser lida AQUI 

Fotos desta reportagem: Antônio Luiz Carvalho Leme

Acesse a matéria sobre o trabalho de Suzana Más Rosa neste LINK

ÍNTEGRA DA RESPOSTA ENVIADA PELO DAEM

O Ministério da Saúde divulgou estudo sobre contaminação da água de 2.300 municípios (SISAGUA) e  Marília apareceu com 27 tipos de agrotóxicos identificados na água distribuída à população, sendo 11 agrotóxicos associados a doenças como o câncer. 

Pergunta: O DAEM tem conhecimento deste estudo?

Sim, o DAEM tem conhecimento da publicação “Você bebe agrotóxico? Descubra se a água da sua torneira foi contaminada, de acordo com dados do SISAGUA”. É válida e necessária a preocupação com esta questão, porém, o uso de termos técnicos como o LQ na publicação foi orientado pelos manuais das metodologias. No SISÁGUA utilizamos LD que é a menor concentração da espécie analisada que pode ser detectada pela técnica instrumental e o LQ que é a mais baixa concentração que pode ser quantificada dentro dos limites de precisão e exatidão do método utilizado. Por exemplo, em 30/08/2017 tivemos um resultado do parâmetro Alaclor <0, 007 µg/L (o LQ deste método é 0, 007 µg/L), na amostra de água do Rio do Peixe. Concluímos que esse valor está bem abaixo no Máximo Permito (V.M.P. é 20,0 µg/L) pela Portaria de Consolidação nº05/2017 do MS. Se houvesse o Alaclor nessa amostra seria menor que 0,007µg/L não sendo possível DETECTAR e nem QUANTIFICAR valores abaixo deste índice.

A Legislação que rege o serviço de Tratamento de Água e o Controle de Qualidade da Água Distribuída à população está acompanhando a questão mundial de utilização de agrotóxico nas áreas próximas a mananciais superficiais, ajustando os parâmetros exigidos nos anexos. Em 2004 a Portaria 518 apresentava 22 agrotóxicos, já em 2011 a Portaria 2914 indicou 27 agrotóxicos para serem analisados nos mananciais e água tratada. Isso nos mostra que constantemente a Legislação se ajusta em busca da segurança da qualidade da Água buscando um rígido controle de cada parâmetro indicado.

Segue planilha com resultados das amostras realizadas pelo Laboratório Terceirizado e Credenciado do ano de 2017 contendo todos os parâmetros exigidos pela Portaria 2914/2011 do MS.

Análises Agrotóxicos - 2017

Parâmetros ETA Peixe Rio do Peixe Arrependido ETA Cascata Cascata Norte

Agrotóxicos Unidade V.M.P 12/07/2017 30/08/2017 13/11/2017 30/08/2017 14/09/2017 12/12/2017

2,4 D + 2,4,5 T µg/L 30,00 <0,070 <0,070 <0,100 <0,100 <0,100 <0,100

Alaclor µg/L 20,00 <0,070 <0,007 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Aldicarbe + Aldicarbesulfona +Aldicarbesulfóxido µg/L 10,00 <5,0 - - <5,0 - -

Aldrin + Dieldrin µg/L 0,03 <0,030 <0,003 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Atrazina µg/L 2,00 <0,060 <0,006 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02

Carbendazim + benomil µg/L 120,00 <50,0 - - <50,0 - -

Carbofurano µg/L 7,00 <0,050 - - <5,0 - -

Clordano µg/L 0,20 <0,010 <0,001 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Clorpirifós + clorpirifós-oxon µg/L 30,00 <0,020 - - <0,02 - -

DDT+DDD+DDE µg/L 1,00 <0,010 <0,001 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Diuron µg/L 90,00 <0,5 - - <0,5 - -

Endossulfan (a b e sais) µg/L 20,00 <0,040 <0,004 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Endrin µg/L 0,60 <0,020 <0,002 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Glifosato + AMPA µg/L 500,00 <5,0 <65,0 <65,0 <5,0 <65,0 <65,0

Lindano (gama HCH) µg/L 2,00 <0,012 <0,0012 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Mancozebe µg/L 180,00 <100,00 - - <100,00 - -

Metamidofós µg/L 12,00 <0,02 - - <0,02 - -

Metolacloro µg/L 10,00 <0,030 <0,003 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Molinato µg/L 6,00 <0,050 - - <0,02 - -

Parationa Metílica µg/L 9,00 <0,130 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02

Pendimentalina µg/L 20,00 <0,030 - - <0,02 - -

Permetrina µg/L 20,00 <0,090 - - <0,00025 - -

Profenofós µg/L 60,00 <0,5 - - <0,5 - -

Simazina µg/L 2,00 <0,06 <0,006 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02

Tebuconazol µg/L 180,00 <0,5 - - <0,5 - -

Terbufós µg/L 1,20 <0,5 - - <0,5 - -

Trifluralina µg/L 20,00 <0,040 <0,004 <0,00025 <0,00025 <0,00025 <0,00025

Legenda: V.M.P = Valor máximo permitido / " - " = análise não realizada

Como observado na planilha não foi constatado nenhum agrotóxico acima do V.M.P. pela Legislação Vigente e, portanto não há protocolo indicado pela vigilância e outros órgãos fiscalizadores  em relação aos uso dos mananciais e distribuição da água para população. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros atendem normas nacionais e internacionais. Como em 2017 nunca tivemos resultados analíticos para os agrotóxicos acima do V.M.P. pela Legislação Vigente. 

O DAEM poderá disponibilizar informações de outros anos aos interessados solicitados mediante a ofício.

Pergunta: Como é garantida a qualidade da água captada e tratada em Marília?

O sistema de abastecimento de água do município de Marília confere um padrão de potabilidade devidamente estabelecido com a legislação do Ministério da Saúde – Portaria de Consolidação n°05 anexo XX.

A integridade do sistema de Tratamento e Distribuição da água de Marília é conferida através de análises laboratoriais realizadas nas ETAS 24 horas por dia por servidores qualificados e treinados. O Controle de Qualidade no Sistema de Distribuição é realizado por coleta e análise da água dos reservatórios e cavaletes residenciais em todos os bairros da cidade com análises in loco e laboratoriais, onde conferimos os parâmetros de controle e vigilância.  As análises complementares dos anexos indicados na Portaria são realizadas através de laboratórios credenciados que comprovem a existência de sistema de gestão da qualidade, conforme os requisitos especificados na NBR ISSO/IEC 17025:2005 em cumprimento as exigências dessa portaria. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros atendem normas nacionais e internacionais, tais como: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA), (AWWA) E (WEF); United States Environmental Protection Agency (USEPA); Normas publicadas pela International Standartization Organization (ISO).

Denise Rodrigues e Simone Festa

18.02.2021

* Reportagem publicada na edição de 21.02.2021 do Jornal da Manhã

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domingo, 14 de fevereiro de 2021

EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL, COMUNICAÇÃO E PESQUISA: ONG NASCE COM PROPOSTAS E REFLEXÕES SOBRE O PRESENTE E O FUTURO.

Por Célia Ribeiro

Há um pensamento popular segundo o qual “quando a intenção é nobre, o universo conspira a favor”. Parece ser o caso da nova ONG gestada em 2018, nascida em 2019 e que agora enfrenta os desafios da pandemia para tirar seus projetos do campo das ideias e dar os primeiros passos. A Associação Sustentabilidade Popular (ASP) reúne figuras conhecidas pela militância socioambiental e, após muito debate, concluiu um estatuto que serve de norte para quem pensa o futuro encarando as mazelas do presente e as experiências do passado.

Leme em expedição por rio na região

Um dos seus integrantes é Antônio Luiz Carvalho Leme. Formado em Gestão Ambiental com especialização em Educação Ambiental e Recursos Hídricos, além de Meio Ambiente e Sociedade, é servidor aposentado do IBGE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística), com décadas de luta em defesa do meio-ambiente.

Avesso a rótulos, ele disse ver “esse agrupamento como um novo coletivo de alguns militantes de longa data para novas investidas na área socioambiental com clara independência do poder público, mas aberto à parceria”. Conforme disse, o estatuto foi discutido por meses, deixando claro a finalidade, “para que e para quem as ações da ASP se voltariam. São vários eixos de trabalho tendo como principal o socioambiental, ou seja, trabalhar o meio ambiente sem considerar as pessoas é algo sem sentido”.

Recuperação de área de preservação permanente

Dos 15 pontos do estatuto, Leme destacou: “III – Atuação como ferramenta de transformação humana e social para preservação ecológica e manutenção do equilíbrio dos ecossistemas; IV – Promoção da saúde ambiental e da segurança e soberania alimentar através da transição agroecológica no campo e na cidade, assim como defendendo uma ampla e profunda reforma agrária; V – Promoção de assistência e de apoio a programas, projetos ou planos de meio-ambiente com ênfase na ação junto à coletividade e respeito aos princípios éticos”.

INTEGRANTES

O ambientalista destacou que a Associação “não é um grupo somente de discussão e sim de ação apesar de que, logo após a criação veio a pandemia restringindo o trabalho apenas à ação virtual em eventos, comitês e conselhos, etc. Não é apenas um grupo de Facebook ou de WhatsApp tipo rede social apesar de termos uma página no Facebook e um grupo de trabalho no WhatsApp”. 

Imagem feita por drone mostra o avanço
 da cidade sobre a mata

Ele falou sobre os primeiros membros: “Iniciamos o grupo com companheiros de várias cidades: Luis Lisque (advogado), Gustavo Schorr (professor de história), Isabela Menon (gestora pública), José Augusto Leme (engenheiro agrônomo), Júlio Micheleti (gestor ambiental), Tiago Tischer (agroecólogo), Suzana Mas Rosa (médica veterinária) e Luiz Leme (gestor aAmbiental)”.

Leme observou que “são pessoas com formação na área, mas isso é apenas coincidência. Acima da formação, o critério sempre foi e será o compromisso com a questão socioambiental. Marília tem muitos companheiros militantes que não estão na ASP, sem formação acadêmica, mas com uma prática significativa com o meio-ambiente ao contrário de muitos acadêmicos formados pelas melhores universidades.”

Água, bem precioso, também para o lazer

Para fazer parte, “basta ter um projeto e/ou uma ação (práxis) socioambiental e querer dividir com os integrantes da ASP. Esse é o processo para o ingresso: ter claro que a intenção do grupo é o da ação, teórica ou não, mas caso seja teórica será uma teoria voltada para a práxis, para a ação consciente e não diletante. A ASP tem como objetivo também o lado teórico o que aliás, está reforçado em seu nome: Educação Socioambiental, Comunicação e Pesquisa”, pontuou.

AÇÕES PLANEJADAS

Leme observou que os integrantes da ASP militam em defesa de várias questões como a “agroecologia, recuperação de áreas degradadas, a questão das águas, dos agrotóxicos e transgênicos, a educação ambiental, palestras educativas na área entre outras. Pelo que conheço da história das companheiras e companheiros a lista é grande. Mas como ASP recém formada temos alinhavado alguns projetos pós quarentena”.

Cachoeira no Distrito
de Padre Nóbrega

Neste sentido, enumerou: ação de combate aos agrotóxicos e comprometimento da água potável na cidade de Marília; história ambiental do município como conscientização quanto às perdas ambientais registradas; projeto de análise dos recursos hídricos no entorno de Marília; rodas de conversa sobre plantas medicinais, educação ambiental, entre outros. 

No edição do dia 21 desta coluna, as ações da nova ONG serão detalhadas na segunda parte da reportagem, assim como abordados temas como o impacto do tratamento do esgoto em Marília, o futuro do turismo rural e a proteção de nascentes.

Crédito das fotos: Antônio Luiz Carvalho Leme

Acesse outras reportagens sobre o ambientalista: AQUI e AQUI

* Reportagem publicada na edição de 14.02.2021 do Jornal da Manhã



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domingo, 7 de fevereiro de 2021

CAMINHO DA ROÇA: ALEGRIA DAS CRIANÇAS, FAZENDINHA ESTÁ DE VOLTA ÀS ATIVIDADES.

 Por Célia Ribeiro

Casa na árvore, brinquedos rústicos de madeira, fogão à lenha e animais dóceis em meio à natureza intocada de quase 48 mil metros quadrados: o paraíso do imaginário infantil existe a poucos quilômetros de Marília, no Distrito de Padre Nóbrega. Até o início de 2020, a “Fazendinha Caminho da Roça” tinha uma agenda concorrida para visitas de escolas e grupos de famílias. Com a pandemia, o local sofreu o impacto das medidas de isolamento social e precisou se adaptar aos novos tempos para retomar as atividades.

Brinquedos rústicos sob as árvores

Projeto de educação ambiental idealizado pela professora aposentada e consultora de jardinagem e paisagismo Lilian Marques de Oliveira, a fazendinha conquistou gerações ao proporcionar momentos de lazer às crianças ao mesmo tempo em que difunde os conceitos de preservação da natureza.

Acessibilidade garantida na fazendinha

“A fazendinha atua em diversas modalidades de atendimento ao público: aniversários infantis, festas de formatura dos pequenos, festas juninas escolares, clube de férias e abertura nos finais de semana para a população”, explicou Lilian. Conforme disse, “a nossa primeira proposta foi de criar um ambiente para visitação escolar, onde os alunos poderiam aprender vivenciando a vida rural e ter o contado direto com a natureza e os animais”.

Os animais são dóceis

Por isso, a exemplo dos demais segmentos de turismo, a pandemia do Covid-19 afetou diretamente o local: “Como as escolas não funcionaram de forma presencial, fomos duramente afetados, pois essa é a nossa atividade principal. Recebíamos crianças de Marília e região num raio de 100 quilômetros. Ficamos fechados nas fases consideradas vermelhas, nas fases laranja e amarela abrimos com as restrições e protocolos estabelecidos”, informou.

As crianças se encantam com essa casinha

Administrando a fazendinha com a ajuda do esposo Ademir e do filho Adolfo, Lilian falou sobre as adequações ao novo normal: “Apesar de o espaço da fazendinha ser grande e as pessoas terem a possibilidade de ficarem distantes, mantivemos as restrições e adotamos inúmeros protocolos. Restringimos o número de pessoas, exigimos o uso de máscara, disponibilizamos álcool em gel nos diferentes espaços, e as crianças ainda contavam com o carinho e colaboração dos monitores que auxiliavam com o álcool nos brinquedos e passeios.”

Liliam com o filho e o marido

INFRAESTRUTURA

O que mais encanta na fazendinha é a simplicidade do clima bucólico em que o tempo parece ter congelado. No local, há muitas opções para as crianças e famílias recebidas mediante agendamento: “A fazendinha cresceu e com ela o número de atividades proporcionadas. Aumentamos o número de animais, construímos uma casa na árvore, uma casa caipira com fogão à lenha e poço caipira que causa admiração nos pais e avós. São inúmeras as fotos retratando o que as crianças não tem mais oportunidades de ver. Elas tiram água do poço de verdade”, assinalou Lilian.

Dá para tirar água do poço

A professora aposentada explicou que os passeios colocam os visitantes em contato direto com a natureza: “Continuamos com os passeios típicos da zona rural, o trator, pônei e charrete. Alimentar os animais e tirar o leite da vaquinha ainda são as atividades mais aguardadas”, acrescentou. 

Para gastar energia, as crianças têm à disposição dezenas de brinquedos instalados sob as  árvores que estão por toda parte. São balanços, gangorras, escada de bombeiro, gira-gira, túnel, ponte móvel, além de um circuito de equilíbrio que as crianças adoram e uma tirolesa infantil para colocar ainda mais emoção no passeio.

Em foto de arquivo, Lilian recebe alunos

MUDANÇAS

No auge da pandemia, a fazendinha restringiu o funcionamento: “Durante os períodos considerados mais críticos optamos por receber apenas famílias que preferiam locar apenas para pessoas do próprio convívio. Para os aniversários, os pais optaram por festas pequenas, e a escolha veio pelo ar livre e ambiente todo aberto, mas com os regalos da festa disponibilizados de forma individual em material descartável”, observou.

Ao falar sobre a experiência durante o isolamento social, Lilian foi enfática: “Triste é a palavra que define esse período. A falta de convívio entre adultos, crianças, trouxe experiências de ansiedade e depressão. A falta do toque, do abraço, do aperto de mão, da socialização fez surgir inúmeras doenças psicológicas”.

Decoração de festinha temática

Lilian prosseguiu afirmando que, “por outro lado, observamos que a união familiar se fez mais intensa e conceitos puderam ser revistos para melhor socialização. O exercício da paciência e da resiliência ressaltou aspectos talvez antes adormecidos”.

Ela aproveitou para criticar a atuação do poder público: “Acreditamos que os governantes foram imparciais, rígidos com alguns setores e com olhos fechados para outros, como transportes, filas em bancos para receber benefícios, aglomeração dos mais pobres para receber alimentos. Esperamos que em 2021, com a chegada das vacinas, os protocolos sejam menos rígidos e que, com a mudança na Câmara e no Senado as cobranças sejam mais qualitativas. Acreditamos no funcionamento de todos os setores de forma horizontal, de forma a garantir a isonomia prevista na Constituição Federal para que não haja tanta desigualdade social”.

Passeio de charrete atrai as famílias

Finalizando, Lilian Marques de Oliveira mostrou-se otimista: “Continuamos investindo. Acreditamos no futuro, na ciência, nas potencialidades que tem nosso país crescer e se reestruturar para que possamos voltar a receber nossas crianças com muita alegria e disposição para brincar e ensinar pois nosso lema é: Aprender brincando, brincar aprendendo”.

Para entrar em contato com a fazendinha, o telefone é: (14) 996210061 e nas redes sociais acesse: https://www.facebook.com/fazendinhacaminhodaroca1 

Leia reportagem de 2012 da Fazendinha acessando AQUI

Reportagem publicada na edição de 07.02.2021 do Jornal da Manhã

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