Por Célia Ribeiro
Um pouco
antes do amanhecer, quando o canto dos pássaros anuncia um novo dia, a
bicharada desperta animada pelos lados do Distrito de Padre Nóbrega: em uma
área preservada formou-se um pedacinho do paraíso na Terra onde as crianças
aprendem a respeitar a natureza e os adultos renovam seu compromisso em defesa
do meio ambiente.
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Peixes no lago do "Caminho da Roça" |
A
“Fazendinha Caminho da Roça”, como é conhecida, nasceu do sonho acalentado pela
professora aposentada e consultora de jardinagem e paisagismo, Lílian Aparecida
Marques de Oliveira, que vislumbrou a possibilidade de implantar uma reserva
natural na propriedade, de 48.000 metros quadrados, que serviria para difundir
a educação ambiental.
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Lilian recepciona as crianças |
Os visitantes
dificilmente acreditam que tudo aquilo foi formado em apenas seis anos: plantio
de milhares de árvores nativas, frutíferas, ornamentais e exóticas de cerca de
500 espécies, organização dos viveiros com aves, coelhos, pavões e mini-animais,
como pôneis, área destinada aos eqüinos, bovinos, jabutis e carneiros além do
lago repleto de peixes que encantam à primeira vista.
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Um dos viveiros da propriedade |
Junto com o
marido, Ademir Antônio de Oliveira, e o filho Adolfo Marques de Oliveira,
Lilian tem a ajuda de alguns funcionários da fazenda que foram treinados em
monitoria. São eles que recebem desde os grupos de estudantes até as pessoas que agendam os passeios ao local que
pertence à família há 30 anos.
VONTADE DE ENSINAR
Sorridente e
exalando simpatia, a professora aposentada que é também conhecida como “Lilian
Flor” no Univem, onde dá consultoria de paisagismo, contou que quando estava na
ativa, costumava levar seus alunos do SESI para passeios monitorados na
propriedade. Como professora de Ciências, ensinava botânica e zoologia na
prática para encanto dos pequenos.
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Fogão à lenha e utensílios da roça: clima do interior |
“Depois que
me aposentei, senti muita falta disso. Esse espaço tem tanto a ensinar e eu não
tinha com quem compartilhar”, recordou a professora que não conseguiu ficar
longe dos alunos. Segundo ela, conversando com parentes em São Paulo soube das
fazendinhas que serviam de visitação às famílias ansiosas pelo contato com a
natureza. Foi quando decidiu investir no negócio, aliando seus conhecimentos a
uma imensa vontade de difundir o que aprendeu ao longo dos anos.
Hoje, a
“Fazendinha Caminho da Roça” está muito bem organizada e a agenda, sempre
lotada, é o termômetro do sucesso. Para se ter uma ideia, a agenda de 2.013 está quase toda tomada. Na semana passada, o
Correio Mariliense acompanhou uma visita de crianças de 07 a 10 anos da EMEF
“Prof. Olimpio Cruz”: cerca de 600 alunos, divididos em grupos, visitaram o
local.
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Hora de tirar leite: as crianças entram no clima |
Ao chegarem,
as crianças ficaram eufóricas. Maravilhadas, queriam correr para explorar o
ambiente e deram um trabalhão aos monitores. Para os pequenos, foi uma
experiência incrível andar de pônei e de trator, descer na tirolesa feita de
canos de PVC, alimentar os peixes e as aves, ordenhar a vaca e brincar no
playground ecológico construído com reaproveitamento de madeira e outros
materiais.
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Cadeirinha da tirolesa feita com canos PVC |
“É um
trabalho que dá uma felicidade imensa para eles porque é um tempo que
aproveitam ao máximo”, comentou Lilian, acrescentando que as brincadeiras na
casinha improvisada com fogão à lenha e o museu de utensílios da roça encantam
os pequenos que podem brincar com os pés na terra.
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Playground, que reaproveitou materiais, faz a alegria das crianças. |
Invariavelmente,
Lilian faz um bate-papo à sombra das frondosas árvores que termina com o
juramento de “Amigo da Natureza”. Trata-se de um comprometimento “dessa criança
que a gente pretende que, em algum momento, se lembre disso e tenha atitudes
corretas em relação ao meio-ambiente”, explicou a professora.
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Ademir, Lilian e Adolfo: família unida |
As árvores,
aliás, merecem uma observação à parte: a diversidade de mais de 500 espécies
Lilian conseguiu com muita determinação. Nas viagens pelo Brasil e exterior,
sempre dá um jeito de trazer sementes ou mudas: “Já trouxe sementinha na meia,
de um vôo internacional”, conta entre gargalhadas. O resultado é incrível:
muito verde em árvores de grande porte que deixam os visitantes boquiabertos.
VISITA SENSORIAL
Lilian contou,
emocionada, sobre a experiência que teve com um grupo de deficientes visuais:
“Fizemos uma visita sensorial. Eles tocaram nos pêlos dos animais para
diferenciar o coelho do carneiro, por exemplo, e estimularam o olfato quando
passamos por plantas como cravo, canela, alecrim, arruda”.
Na semana
passada, havia um garoto cadeirante no grupo da EMEF. Com o auxílio de
professoras e monitores da fazendinha, ele pode aproveitar todas as
brincadeiras, incluindo a alimentação dos peixes no lago.
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Cadeira de rodas não limitou as brincadeiras |
Segundo Eina
Cristina de Melo, que acompanhava o grupo de estudantes, a visita a surpreendeu
muito: “Estou impressionada. Acho que é algo que as crianças vão se lembrar
pelo resto da vida. Jamais esquecerão”.
Lilian
finalizou explicando que muitos professores preparam aulas com base nas visitas
e trabalham a temática nas classes, posteriormente. No caso das escolas de
inglês, muitos professores vão antes mapear tudo o que o local oferece,
preparam as aulas e depois realizam a visita apresentando plantas e animais no
idioma.
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Visita ao gado foi muito concorrida |
Para
manutenção da fazendinha, Lilian cobra uma taxa quase simbólica. Mas, muitas
visitas são realizadas gratuitamente, dentro da responsabilidade social do
lugar. Há, ainda, possibilidade das famílias locarem o espaço para comemorarem
os aniversários das crianças de uma maneira diferente. Uma oportunidade rara de
entrar em sintonia com a natureza bem pertinho da cidade.
Muito bom adorei a reportagem!!vou sempre para Marília sera que posso fazer uma visitinha no caminho da roça.
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