domingo, 26 de janeiro de 2020

HORTA CABOCLA: AMBIENTALISTA CULTIVA PLANTAS MEDICINAIS E SUBSTITUI, COM SUCESSO, MEDICAMENTOS CONVENCIONAIS.

Por Célia Ribeiro

Viver em harmonia com a natureza foi a escolha da família ao se mudar para um condomínio de alto padrão na zona oeste de Marília, próximo ao Distrito de Padre Nóbrega. A área verde, que inclui nascentes d’água, tornou-se o local de experimentos que começou despretensiosamente e hoje abriga a “Horta Cabocla” com ervas aromáticas, verduras e legumes orgânicos, frutíferas e, principalmente, plantas medicinais utilizadas em substituição a vários medicamentos alopáticos.
Aloe vera, conhecida como Babosa
À frente da farmácia natural está o respeitado ambientalista Antônio Luiz Carvalho Leme. Formado em Gestão Ambiental com especializações em “Educação Ambiental e Recursos Hídricos” e “Meio Ambiente e Sociedade”, aposentado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ele é mais conhecido pela militância ambiental com destaque para a luta contra os agrotóxicos.
Infusão com guaco
Ele contou que bebeu da fonte de publicações voltadas à cura natural (quatro livros) e uma enciclopédia de plantas medicinais publicada há 25 anos. Na verdade, o interesse pelo tema o motivou a pesquisar sobre o assunto em fontes que considera confiáveis como o site: https://www.autordapropriasaude.com/.  Leme observou que, como ex-servidor do IBGE, tem um apreço especial aos números, indicadores e pesquisas sérias.
Leme e o filho Gustavo na propriedade da família
“Um dia comecei a ler melhor as bulas de remédio”, disse, acrescentando que se surpreendeu com a quantidade de matérias primas que “consertam uma coisa e prejudicam outra”. Ele contou que por conta de uma gastrite e refluxo fez uso de Magnésia Bisurada por 20 anos e que, ao substitui-la pelas plantas teve uma melhora acentuada. E nunca mais voltou ao remédio de antes.
Sistema de irrigação na propriedade

O mesmo ocorreu com o diabetes. Leme ingeria dois medicamentos, diariamente. Com chá de folha seca de mamão, folha seca de mangueira e batata doce, a glicemia está sob controle. Bem humorado, ele ressaltou que “é claro que eu meço a glicose e a pressão arterial. Não ia trocar os remédios sem fazer esse acompanhamento”.

“Tenho acompanhado um grupo sério na internet, que apresenta pesquisa de laboratório sobre toxidade, que inspira confiança. Estou fazendo um curso e, devagar, estou aprendendo um pouco mais”, frisou.  O ambientalista destacou que a medicina natural e o uso de plantas medicinais devem ser divulgados “porque a poderosa indústria farmacêutica não está nem aí”.

Leme afirmou que na medicina convencional os especialistas receitam medicamentos que tratam uma doença, mas provocam tantos efeitos colaterais que prejudicam outros órgãos. “Não se vê o paciente como um todo. O médico resolve o problema do qual ele é especialista”, acrescentou.

Leme e a esposa Shirley Schorr
PRIMAVERA

“No quintal de muita gente tem um santo remédio, que é a Primavera. Se usar a raiz e a casca não tem contraindicação nenhuma, não tem toxidade. Mas, se usar as folhas tem contraindicação para pessoas com anemia”, ilustrou. Leme observou que as plantas medicinais são usadas há milhares de anos e as pessoas mais antigas guardam o conhecimento do uso de chás que são úteis para o tratamento de várias doenças.
Picão preto
Ele citou que o picão preto, tão popular, por exemplo, é muito eficaz no controle da diabetes e é um mato que cresce em todo lugar. Não se recomenda o consumo do picão que cresce na rua por conta da poluição. Trata-se de uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional) e possui longa história de uso na medicina dos povos indígenas da Amazônia. É indicada para diabetes, hepatite, aftosa, angina, verminose, laringite etc.

Segundo publicações especializadas, o picão preto é uma planta considerada na medicina tradicional brasileira como diurética e emoliente, sendo utilizada, principalmente, contra febres, blenorragia, leucorreia, diabetes, icterícia, problemas no fígado e infecções urinarias e vaginais.

A “Horta Cabocla” tem até irrigação artificial que ele construiu junto com o filho, o gestor de Políticas Públicas e ambientalista Gustavo Schorr Carvalho Leme. Entre as inúmeras espécies, a família cultiva: açafrão, alecrim, alecrim do campo,  aroeira vermelha, arruda, babosa, bálsamo, canela, capuchinha, chapéu de sol, coentro do mato, melão de são caetano, costela de adão, dormideira, guaco, hortelã pimenta, ingá, jurubeba, lavanda, melissa, moringa, ora pro nobis, gengibre, erva doce, picão preto, pitangueira, poejo, quebra pedra, taioba, boldo, louro, além de frutíferas como acerola, amora, manga, uva,  romã, caju, banana, nêspera, mexerica, e ervas como salsa, manjericão, sálvia, tomilho etc.  Para entrar em contato com o ambientalista, o e-mail é luizlemepesquisa@gmail.com

*Reportagem publicada na edição de 26.01.2020 do Jornal da Manhã
Crédito: Fotos Antônio Luiz Carvalho Leme

sábado, 18 de janeiro de 2020

ARTESANATO TERAPÊUTICO: SOLTAR A IMAGINAÇÃO ALIVIA O STRESS DO DIA A DIA

Por Célia Ribeiro

Existem incontáveis maneiras de expressar a criatividade através do artesanato. Cada vez mais pessoas descobrem nos trabalhos manuais uma válvula de escape para as tensões do cotidiano. E, de repente, tornam-se verdadeiros artistas aprimorando as técnicas onde depositam o talento adormecido. Uma delas é a servidora pública municipal aposentada Fátima Albieri, que mergulhou fundo neste universo surpreendente.
Quadro explora o colorido das flores

Após a graduação em jornalismo ---- foi repórter do extinto Jornal Correio de Marília no início dos anos 80--- ela resolveu cursar Direito e, logo após a formatura, ingressou no serviço público, em 1.992, como procuradora jurídica concursada. Com a aposentadoria, há dois anos, encontrou na arte o botão para se desligar do mundo concreto e entrar em sintonia com a natureza.

Embora trabalhe com várias técnicas que vão da pintura à decoupage (arte de decorar um objeto colando papel colorido) em MDF e vidro, Fátima Albieri afirmou que tem muito o que aprender e, por isso, continua pesquisando sobre o assunto: “Na verdade, sou uma aprendiz de artesã”, comentou, explicando que se trata “de um passatempo. É uma coisa que me dá muito prazer, me distrai e me coloca em equilíbrio com a natureza e em equilíbrio comigo mesma”.

Ela contou que aproveita intensamente o momento: “É a hora que eu faço a minha Ioga. É a hora que entro em mim mesma e solto a criatividade. O artesanato acaba sendo o resultado dessa terapia toda”, pontuou. Quando criança, sua atenção estava voltada para os pincéis e as tintas: “Eu gostava de desenhar e pintar. Não que eu fosse cheia de dom, mas tinha esse gosto, essa paciência”.
Fátima e suas criações expostas na Lojika (Avenida Vicente Ferreira, 596)
Com o tempo, seu interesse foi mudando. De cursos de artesanato a pesquisas em diferentes fontes, a jornalista e advogada tem apostado no reaproveitamento de materiais, utilizando recicláveis como matéria prima: “Acho que, no artesanato, o que mais tem sentido na vida hoje é o reaproveitamento. Você transforma, cria e faz sua terapia, tudo ao mesmo tempo”.

Caixa em MDF que fez junto com a professora
Os vidros são materiais que costuma trabalhar com pintura e decoupage: “Você retira esse material do lixo, embeleza sua casa e favorece o meio-ambiente. É econômico”, observou, acrescentando que costuma presentear amigos e familiares com seus trabalhos que estão expostos na papelaria que mantém com o marido na Avenida Vicente Ferreira, 596, próxima à Santa Casa.

SENSIBILIDADE

Perguntada sobre o estilo de sua arte, Fátima Albieri disse que não se enquadrava em classificações porque cada trabalho leva em conta as características da pessoa que vai recebê-lo. Se for alguém religioso, ela procura saber qual o santo de devoção. Assim, as peças “levam muito mais da pessoa do que de mim”, justificou.
Carimbo do avô

“A gente cria, copia, remodela, vai fazendo. O artesanato é para eu me distrair e agradar às pessoas”, prosseguiu, contando que mantém o ateliê em um espaço de sua papelaria onde deixa os trabalhos expostos. E tem de tudo: santos, quadros, bandejas de café, caixas de chá, vasos de vidros reciclados etc.

Fátima procura dar um toque de beleza em tudo. Por isso, nem os biscoitos de Leite Ninho que costuma presentear amigos e familiares escaparam. Ela imprime diferentes desenhos na massa antes de assa-los e depois os acondiciona em caixinhas que parecem porta-joias.

E foi brincando com os biscoitos que ela surpreendeu e emocionou a família: há cerca de 20 anos, durante uma limpeza no porão da residência do avô paterno, ela encontrou um carimbo de cobre que ele usava para marcar o sabão em pedra que produzia e comercializava. “O carimbo ficou todos esses anos guardado, como um souvenir, até que um dia pensei: por que não imprimir a marca ALA (Augusto Luiz Albieri) nos biscoitos?”.
Biscoitos de leite em pó 
Sem contar nada a ninguém, Fátima fez uma fornada, imprimiu a marca do carimbo do avô, embalou os biscoitos em caixinhas de MDF decoradas e presentou toda a família. O pai, como era de se esperar, foi o que mais se emocionou. Seus irmãos, primos e tios também foram contemplados com o presente e o assunto repercutiu entre os familiares pelo resgate da memória do patriarca.

TEMPO 

Fátima observou que só conseguiu deixar sua criatividade aflorar, como a ideia dos biscoitos da família, porque a aposentadoria lhe deu o tempo que tanto precisava. Ela falou com carinho dos anos como procuradora. Disse que não encontrou dificuldade na nova carreira porque aliou os conhecimentos do Jornalismo com os do Direito: “Eu já tinha familiaridade com a escrita, com a argumentação, com a busca de elementos”, afirmou.
Bandeja utiliza vários materiais
Para ela, mudar e aprender são coisas essenciais, em qualquer área: “Eu gosto de mudar de estilo de vida, de profissão, de afazeres. Gosto dessas novidades. Gosto de estar sempre aprendendo coisas diferentes. Isso para mim é crucial. Não é aprendendo mais sobre o Direito. É aprendendo mais sobre a vida, sobre artesanato aqui, viagem ali, costura, cozinha, leitura etc”.
Nossa Senhora

A jornalista que se tornou advogada e, após a aposentadoria, trilha o caminho do artesanato, exibe a leveza de quem está em sintonia com suas escolhas. E a fase artística do momento, que pode revelar muitas surpresas ainda, tem até nome: “Resumindo em uma palavra, é terapêutica”, finalizou.

Para entrar em contato com Fátima, seu e-mail é: falbieri@aasp.org.br

*Reportagem publicada na Edição de 19.01.2020 do Jornal da Manhã

sábado, 11 de janeiro de 2020

CANNABIS MEDICINAL: MARILIA TERÁ ONG PARA APOIAR FAMÍLIAS QUE NECESSITAM DO ÓLEO

Por Célia Ribeiro

O auditório da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) sediará a assembleia de fundação da Associação Cannábica em Defesa da Vida – Maléli, no próximo dia 07 de fevereiro, às 19h30. Organizado pela Associação Anjos Guerreiros, o evento é aberto à comunidade que poderá conhecer melhor a proposta da nova ONG voltada ao apoio e orientação de pessoas que necessitam fazer uso da cannabis medicinal para os mais diferentes tratamentos de saúde.
Mateus e a planta cujo óleo lhe
dá qualidade de vida

À frente da iniciativa estão Cláudia Marin e Nayara Mazini que foram as primeiras mães a conseguirem autorização judicial (habeas corpus) para o cultivo da maconha para extração do óleo destinado ao tratamento de seus filhos Mateus e Letícia, respectivamente. Aliás, os nomes das crianças, que viraram símbolo da luta pelo uso da cannabis medicinal, inspirou a sigla “Maléli”.

“Há uma dificuldade muito grande de conseguirmos a cannabis medicinal para muitos pacientes. E as instituições, na verdade, estão bem longe da nossa realidade que é o interior”, observou Cláudia Marin. Ela comentou que há entidades no Rio de Janeiro, Minas Gerais, na Paraíba, São Paulo, mas poucas no interior do País.

Ela falou sobre o sentimento de impotência que a aflige quando é procurada por pessoas em busca de ajuda e pouco pode fazer: “Muitas pessoas me procuram pedindo informações de como conseguir o óleo da cannabis. A gente, por mais que tenha lugares para indicar, como a ABRACE (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança), é muito longe. O custo não é mais caro que o importado, mas não deixa de ser custoso”.
Claudia e Nayara com os filhos Mateus e Letícia

OBJETIVOS

O caso de Mateus que, de 80 crise convulsivas por dia, praticamente, passou a não ter mais nenhuma após o uso do óleo de cannabis e a dieta cetogênica (rica em proteína e gordura e pobre em carboidratos), renovou as esperanças de quem necessita enfrentar um longo processo judicial para obter autorização para o autocultivo da cannabis ou a burocracia nos órgãos de saúde para importar o óleo da cannabis.

Nayara Mazini, Regiane Ferreira (presidente da ONG Anjos Guerreiros)
e Claudia Marin no Seminário de Cannabis de Marilia
Claudia Marin, que fez a primeira extração de óleo das plantas que cultiva para o filho, afirmou que a Maléli “vem da força que a gente conseguiu dos nossos filhos, tanto Mateus quanto Letícia. E tem por objetivos apoiar, orientar, esclarecer, acolher e informar para ajudar as famílias tanto com o autocultivo, caso venham a ter a liberação na Justiça, quanto a gente produzir o óleo para essas famílias”.

Ela explicou que “junto com nossos advogados estamos estudando a melhor forma para a Associação poder fazer uma coisa bem transparente que a população entenda que não estamos lidando com droga, que nós estamos lidando com vida. A cannabis medicinal vem trazer qualidade de vida para as pessoas. Nosso objetivo é exatamente dar qualidade de vida para as pessoas facilitando, então, o acesso ao óleo, seja a pessoa fazendo o autocultivo ou se associando à Associação Maléli para que possamos cultivar e manter tudo legalmente e transparente”.
Voluntários acompanharam extração do óleo
Ela afirmou que a expectativa é grande de todos os envolvidos como o grupo de voluntários que atuou na organização e realização do I Seminário de Cannabis Medicinal do Centro Oeste Paulista realizado no fim de 2019 em Marília. “Que a Associação Maléli possa transformar a vida de muitas pessoas assim como transformou a nossa”.

Conforme disse, “já relatei inúmeras vezes a questão das crises convulsivas do Mateus. A qualidade de vida dele e da família está garantida, mudou muito. E é isso que a gente quer para todas as pessoas que necessitem, que elas tenham fácil acesso”.
Óleo de cannabis

Cláudia assinalou que “é muito difícil ouvir relatos de famílias que estão desesperadas com o filho com dores, passando muito mal, de cama, em depressão, inclusive muitos jovens nesta situação, e que a gente sabe que o óleo de cannabis pode ajudar. Há pessoas com entes queridos com câncer e não sabem mais o que fazer. O desespero toma conta quando você pensa que existem algumas possibilidades e a pessoa vem relatar que com o óleo está muito melhor, que não está tendo dores e nem necessitam tanto de remédios para dores”.

Ela finalizou explicando que, como mãe que lutou pelo tratamento do filho, tem orientado as famílias sobre “como adquirir o óleo, ou via Estado e município conseguir o óleo” e que, com a Associação Maléli em funcionamento, muito mais poderá ser feito para esclarecer, orientar e apoiar quem mais necessita.

Leia mais sobre o assunto, acessando: AQUI, AQUI E AQUI

* Reportagem publicada na edição de 12.01.2020 do Jornal da Manhã