domingo, 26 de fevereiro de 2023

GRUPO DE VOLUNTÁRIAS CONFECCIONA E DOA ROUPAS ÍNTIMAS PARA HOSPITAIS E ASILOS

Por Célia Ribeiro

Uma vez por semana, o ateliê de artesanato na residência da ex-professora do SESI, Patrícia Beiro Sparapane, se transforma em uma confecção de peças íntimas que, apesar da ótima qualidade, não têm preço. Calcinhas e cuecas em malha são doadas para instituições beneficentes, como hospitais e asilos de Marília, graças a um grupo de seis voluntárias, esposas de integrantes do Rotary Club de Marília Alto Cafezal. 

Eliane Silva costura nas tardes do ateliê

Lideradas pela professora aposentada Patrícia Beiro Sparapane, conhecida pelos belos trabalhos de costura criativa que comercializa junto aos amigos e conhecidos, cinco integrantes da “Casa da Amizade”, paralelamente às ações que desenvolvem no clube de serviço, resolveram iniciar um projeto social unindo a habilidade de cada uma para servir ao próximo.

 

Patrícia Sparapane
Esta semana, o JM acompanhou o trabalho na pequena confecção em que máquinas de costura profissionais, adquiridas por Patrícia ao longo dos anos, se misturam a uma infinidade de tecidos e aviamentos, como rolos de elástico, rendas e linhas especiais. Assim, como em uma verdadeira linha de montagem, cada uma das amigas executa uma parte do trabalho, seja  o corte, seja a costura do elástico ou o acabamento com direito à etiqueta com a numeração.

 Patrícia contou que o nome “Anjos da Luz” foi dado pela madrinha do grupo, Mary Profeta que reuniu 22 amigas que, em pouco tempo, fizeram doações via PIX para aquisição das malhas, elásticos e linhas necessários para a confecção das peças, quando as voluntárias iniciaram os primeiros trabalhos, em meados de 2022.

 

Peças cortadas e calcinhas finalizadas
Na tarde de quarta-feira, Eliane Maria Rodrigues Silva contou que há 20 anos não costurava e que quando surgiu a ideia de confeccionar as peças íntimas colocou a serviço do grupo sua experiência. Afinal, a família estava no negócio de confecção há muitos anos e poderia dar sua contribuição. Ela foi responsável por pesquisar e produzir os moldes em diferentes tamanhos (P, M, G e EXG) adulto e infantil de cuecas e calcinhas.

PRIMEIRA DOAÇÃO

Patrícia e Eliane contaram, emocionadas, como foi a primeira doação de calcinhas. O grupo escolheu a Maternidade e Gota de Leite porque a instituição destina 100 por cento do seu atendimento ao SUS e tem entre suas pacientes mulheres de baixa renda. Elas levaram as peças etiquetadas e embaladas individualmente para presentear as mamães após o parto: “Foi muita alegria porque a gente sabia que estava entregando para quem mais precisava”, recordou Patrícia.

Para custear os insumos, o grupo contou com a ajuda das amigas rotarianas, de rifas de artesanato confeccionado por Patrícia Sparapane e uma conhecida filantropa que sempre contribui. No fim do ano, um reforço veio com a doação de malhas por um familiar da empresária Sônia Mattar, da Casa Três Irmãos, também integrante da “Casa da Amizade” do Rotary, que enviou de São Paulo, uma boa quantidade de tecido de qualidade a custo zero para o projeto. 

Integrantes da Casa da Amizade na entrega no HEM

Após a primeira doação para a Gota de Leite, as voluntárias confeccionaram calcinhas para as gestantes compondo a bolsa de enxoval de bebê que o Departamento André Luiz do NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz) entrega às futuras mamães em um dos mais importantes projetos sociais voltados à maternidade em Marília. 

Patrícia e Eliane em entrevista ao JM

E em seguida, foram realizadas doações de calcinhas e cuecas para  os pacientes do Hospital Espírita de Marília e para a Mansão Ismael que abriga idosos na zona oeste da cidade e sempre realiza campanhas para se manter.

Patrícia e Eliane contaram que, após o recesso de fim de ano, as voluntárias estão a todo vapor na produção de peças íntimas que serão doadas a outras duas entidades voltadas aos idosos: Casa do Caminho e Asilo São Vicente de Paulo. Organizadas, elas já separaram a lista com os nomes e tamanhos de cada um dos beneficiados.

 Incansáveis, já prepararam a próxima empreitada: artigos infantis para doação ao Projeto Semear. No ateliê podiam ser vistos cuecas e calcinhas com rendinhas e lacinhos que serão entregues, em breve. Eliane adiantou que conseguiu a doação de uma boa quantidade de tecido jeans da fábrica de um irmão e o material será utilizado em confecção de bermudas para as crianças atendidas pela entidade.

 NOVOS PLANOS

Num canto do ateliê era possível notar um novo equipamento: uma máquina galoneira, muito útil para fazer costuras duplas e triplas em confecções. Mas, o grupo já tem planos: “Vamos fazer moletons no inverno e culotes para os bebes. Só falta a gente aprender a usar”, revelou Patrícia sobre sua nova aquisição. 

Sacolas para gestantes receberam calcinhas do projeto

Além de Patrícia e Eliane, fazem parte do grupo: Regina Bisterço ,Elisabeth Coelho,  Maria Amélia  Ortega e Margarete Mattiuzo Ferioli, esposas de rotarianos do Rotary Club de Marília Alto Cafezal.

Malhas que serão utilizadas nas roupas íntimas

 Patrícia finalizou afirmando que com a divulgação do grupo, se surgirem projetos sociais na periferia que necessitam de ajuda, as voluntárias estão prontas a contribuir. A depender da disposição dessas mulheres talentosas, esse é apenas o começo de uma nova fase em que a solidariedade não sairá de moda.

Para entrar em contato, saber mais sobre o projeto ou ajudar com doação de malhas, elásticos, linha etc, o contato da Patrícia Sparapane é  (14) 997216028. Doações também podem ser levadas na loja “Sonadar Piscinas” na Rua Bahia, nº 655 em Marília.

 *Reportagem publicada na edição de 26.02.2023 do Jornal da Manhã

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domingo, 19 de fevereiro de 2023

NO TEMPLO BUDISTA HONPA HON GWANJI, O REENCONTRO DE DESCENDENTES DE JAPONESES.

Por Célia Ribeiro

Há um lugar no bairro Alto Cafezal, em que as limitações da idade ficam do lado de fora. Nas tardes de quinta-feira, um grupo de descendentes de japoneses se reúne em torno do chá-bingo cujas prendas são disputadas como em uma gincana escolar.  Essa foi a válvula de escape que os frequentadores do templo budista Honpa Hon Gwanji encontraram no período pós-pandemia, quebrando o isolamento que afetou a todos. 

Nair no sorteio das pedras

O JM acompanhou o encontro desta semana no salão ao lado do templo, à Rua José Anchieta, nº 531. O bingo já havia começado e o que se viu foi um misto de concentração, a cada pedra cantada, com muita alegria pelo reencontro tão esperado entre as mais de 20 pessoas, a maioria de representantes da colônia japonesa. 

Concentração na hora de conferir a cartela

“Criamos este grupo com o objetivo de interagirmos uns com os outros, fazendo novas amizades, com lazer e aprendizados”, afirmou Nair Kyoto Sakamoto Miura, enquanto sorteava os números. Conforme disse, o encontro das quintas-feiras foi “uma forma de fortalecermos uns aos outros pois passamos por momentos delicados durante a pandemia”.

 

Ester e a mascotinha Gabi
Ela lembrou que “muitas atividades deixaram de ser realizadas. Muitos perderam entes queridos e amigos” e, embora reconheça que o Covid ainda é uma ameaça, muitos querem voltar aos poucos à rotina de antes da pandemia. Nair prosseguiu destacando os benefícios para a terceira idade que sentiu muito o isolamento social.

Nair observou que o evento semanal “Lazer e Aprendizado” foi criado “pensando no bem estar emocional. O nosso chá-bingo tem dado muito certo e isso é muito gratificante. Mal termina o nosso encontro e elas já ficam contando o dia para a chegada da próxima semana. Saber que esse momento, essas poucas horinhas fazem a diferença na vida delas, é bom demais”.

EXEMPLO AOS 89 ANOS

Às vésperas de completar 89 anos, dona Benta Haruka Narazaki era uma das mais animadas. Sorridente, ela contou que adora reencontrar as amigas e que espera, ansiosamente, pela quinta-feira. Sobre o que mais gosta, diante de uma mesa farta de doces e salgados, ela não titubeou: “Gosto é de ganhar os prêmios”. 

Prendas embaladas para surpreender

É que todos os participantes levam duas prendas, de valor acessível, embaladas para presente, além de um prato de doce ou salgado, explicou Ester Ika Ikeda que estava acompanhada pela Gabi, a mascotinha do grupo. “A nossa dificuldade era tirar os idosos de casa por não ter uma atividade própria para eles. Procuramos várias opções”, e o bingo, que tem atraído cada vez mais participantes, não exige esforço físico. “A única dificuldade é escolher os brindes”, brincou.

Eliza Iwashita

Nair e dona Benta de quase 90 anos
Por sua vez, Elisa Iwashita observou que “a gente percebe que as pessoas vêm com alegria e ficam esperando a quinta-feira com ansiedade. Iniciam a semana pensando no que vão levar para o café e o brinde que vão embalar para trazer. A gente ia até mudar a atividade, colocar cozinha ou artesanato. Mas, elas querem bingo”, assinalou.

Com 80 anos, Tieko Hayashi é presidente do grupo de senhoras do Templo. Ela falou sobre os benefícios do chá-bingo semanal que entrou para a agenda de atividades do local, sendo aberto a outras pessoas fora da colônia japonesa, das 14 às 17h. Conforme destacou Mieko Marutani, a vontade de encontrar as amigas é tanta “que a gente larga o serviço de casa e corre aqui”.

 Nair Míura assinalou que “hoje, cuidar da saúde mental e da alma é tão importante quanto cuidar da saúde física. Hoje uma das entrevistadas estava no hospital tomando medicação e antes da medicação iniciar ela só perguntou para a médica se ia demorar porque a preocupação dela era o Bingo”. 

Doces e salgados para a partilha

Ela finalizou explicando que o chá-bingo acontece em sistema “Motiyori, que é uma expressão japonesa que significa reunião, onde cada participante leva um prato de comida e partilha dessas delícias culinárias, seja doce, salgado ou bebidas. Para o bingo é a mesma coisa: cada participante leva duas prendas baratinhas como guardanapo de pano, copos, sabonetes etc, mas leva já embrulhadas para o sorteio.  A Comunidade é bem vinda a participar. Não é somente promover a interação para a Comunidade japonesa, nipônica”. 

Primeiro chá-bingo em março de 2022

LEIA REPORTAGEM SOBRE O BON-ODORI PUBLICADA AQUI EM SETEMBRO DE 2022

*Reportagem publicada na edição de 19.02.2023 do Jornal da Manhã

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domingo, 12 de fevereiro de 2023

MÉDICO ORTOPEDISTA CONSTROI BERÇOS E DOA PARA BEBÊS DE FAMÍLIAS CARENTES.

Por Célia Ribeiro

Entre os profissionais liberais, os médicos têm as mais longas jornadas de trabalho que podem passar, facilmente, de 12 horas por dia. Por isso, ter uma válvula de escape é um ativo valioso para manter a saúde física e mental, como prova o médico Amauri Pereira: à noite, ele tira o jaleco e se transforma em um marceneiro habilidoso que constrói berços para bebês de famílias carentes. 

Berços finalizados para receber os bebês

Médico ortopedista com consultório na região central, professor universitário e servidor público estadual, o Dr. Amauri recebeu a reportagem do JM esta semana quando falou sobre a produção de berços. Ele contou que tudo começou com a chegada de Enrico, de quase dois anos. Ao construir um berço para o primeiro neto, vislumbrou a possibilidade de fazer outros para doação.

O médico não imaginou que sua ação atrairia tanto a atenção e, a princípio, nem queria ser entrevistado. No fim, concordou ao observar que outras pessoas podem se inspirar no seu exemplo e, dentro de cada área, também contribuir com quem precisa exercitando a solidariedade. 

Dr. Amauri Pereira

“Eu sempre gostei de marcenaria e pensei que precisava fazer alguma coisa para canalizar esse hobby para um benefício”, afirmou, acrescentando que quando o berço do neto ficou pronto, “olhei e pensei que podia fazer para mais gente”. Assim, ao comentar com conhecidos sobre sua ideia, logo surgiram pessoas indicando famílias em situação de extrema pobreza que não teriam onde abrigar os recém-nascidos. 

Móvel pronto para transporte

Sem saber para quem doar, o médico iniciou a construção do segundo berço após realizar algumas pesquisas sobre as medidas corretas, configurações das grades etc, visando oferecer um móvel seguro e útil que pudesse ser usado até a criança atingir dois ou três anos. Foi então que uma assistente social da Prefeitura o procurou com a indicação de uma família peculiar: a mãe estava na terceira gestação gemelar. Isto é, já tinha quatro filhos gêmeos e esperava mais dois.

SEGURANÇA

“Tem uma estatística americana de que 20 por cento das mortes de crianças por asfixia é por esmagamento dos pais. Imagina um pai e uma mãe sem o berço. Onde a criança vai dormir? No meio dos pais”, observou Dr. Amauri, justificando sua iniciativa de, aos poucos, construir e doar os berços para quem mais precisa. 

Equipe da Assistência Social da Prefeitura
com o berço que tem trocador e espaço para fraldas

Ele disse que é bem criterioso e só doa para famílias em situação de muita vulnerabilidade. Ele nunca foi às residências, mas se cerca de informações para que apenas os mais carentes recebam os móveis. Quem leva as doações fotografa as casas e as famílias. Ele mostrou à reportagem, mas as fotografias não serão publicadas por causa da Lei Geral de Proteção de Dados já que não houve autorização para uso da imagem. 

Um dos primeiros modelos, mais simples, mas com rodízio

Se para as famílias os berços são um presente inesperado, para o médico a atividade é uma válvula de escape. Ele contou que costuma se exercitar na academia e que pratica tênis. No entanto, o trabalho manual tem um efeito mental relaxante: “Enquanto estou fazendo o berço estou imaginando uma criança ali, imaginando que vai sair da cama dos pais para não ter nenhum acidente. Vejo lá na frente para que o berço vai servir”.

Em poucos meses, ele produziu e doou seis berços que fabrica no tempo livre, geralmente à noite, o que acabou atraindo apoios como o do marceneiro da fábrica de móveis Estilo, da zona sul. Dr. Amauri disse que o fabricante “ofereceu chapas de MDF que não usa nos móveis dele, sugeriu cortar e fazer a cabeceira dos berços o que me tirou um monte de serviço”.

 

Detalhe da madeira na
marcenaria do médico
Um outro conhecido, que tem um familiar atuando com representação de colchões conseguiu doar alguns, o que veio em boa hora: “Colchão de berço é mais caro que de adulto”, disse, contando que entrega os berços completos. O médico compra a madeira de primeiro uso, leva cerca de um mês para a fabricação, e entrega o móvel pronto, investindo recursos próprios.

Outra boa notícia é que a corrente de solidariedade começa a ganhar corpo: recentemente, algumas voluntárias começaram a doar cobre leitos e os próximos berços já terão também esse item importante do enxoval de recém-nascidos.

Detalhista, o médico revelou que está diversificando o projeto original que tem trocador e espaço para armazenar fraldas na parte inferior: “Para as mães mais baixinhas, estou fazendo um modelo com grade dividida no meio com dobradiça”. Assim, quando o bebê crescer, a grade pode subir e travar com segurança facilitando colocar e retirar a criança do berço.

 Para o Dr. Amauri, a segurança dos bebês vem em primeiro lugar: “O meu negócio é fazer uma criança crescer protegida até onde eu posso chegar. O Estado, o município e os pais, cada um também tem seu papel”, assinalou. Ele concluiu afirmando que espera que seu exemplo inspire outras pessoas que possam, de alguma maneira, contribuir com quem mais necessita.

 *Reportagem publicada na edição de 12.02.2023 do Jornal da Manhã

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domingo, 5 de fevereiro de 2023

MESMO COM ESPAÇO, JUVENTUDE CRIATIVA ATENDE SÓ 10 POR CENTO DA CAPACIDADE.

Por Célia Ribeiro

O riso solto durante as atividades recreativas e a correria das crianças atravessando o prédio são coisas do passado. Aos 80 anos, a Juventude Criativa de Marília vive um paradoxo: localizada na região central, com espaço mais do que suficiente e boas instalações, o atendimento às crianças e adolescentes está limitado a pouco mais de 10 por cento de sua capacidade por falta de recursos. 

Aula de música no estúdio da entidade
Fundada em 1942 pelo Monsenhor Luiz Otavio Bicudo de Almeida, que revolucionou a assistência social em Marília no começo do século XX, a então Juventude Católica foi concebida com o objetivo de desenvolver ações em prol de pobres, carentes e desamparados,  segundo  a apresentação da instituição. 

Atividades recreativas

A atuação da ONG “em prol do desenvolvimento social, intelectual, cultural e emocional de crianças e adolescentes em situação de risco ou de vulnerabilidade social”, desde sua criação, também focou no fortalecimento de laços e vínculos familiares para formação integral de cidadãos capazes de atuarem na transformação social.

Aula de capoeira na quadra esportiva 

Até 2014, uma parceria entre a instituição e a Prefeitura de Marília permitiu o atendimento a mais de 200 crianças e adolescentes de 06 a 14 anos, no contra turno escolar. Além de recursos, o município contribuía com professoras e funcionários para a cozinha e a limpeza. No entanto, a lei federal nº 13019 alterou o regime jurídico de parcerias voluntárias envolvendo ou não a transferência de recursos entre a administração pública e as organizações da sociedade civil. 

 Mara Regina, presidente

Através de chamamento público, o município firmou novas parcerias e a instituição ficou de fora. Segundo explicou a atual presidente, Mara Regina Carnevalli Fernandes, a Juventude Criativa não participou do processo. Sem profissionais que pudessem orientar a diretoria anterior na formalização de uma proposta, restou à ONG reduzir drasticamente o atendimento.

 Professora aposentada, Mara Regina atuou na entidade na época da parceria com a Prefeitura e guarda muitas lembranças: “Trabalhei aqui em 1998 e depois em 2013. Na época, a Prefeitura ajudava muito com transporte, alimentação e funcionários”, recordou. O que ela mais sente falta “é daquele movimento, da criançada correndo por aqui. Chegamos a atender 200 crianças de manhã e à tarde, no contra turno escolar”.

Ela contou que o transporte permitia que crianças e adolescentes das zonas norte e sul pudessem frequentar a entidade: “O ônibus trazia as crianças de manhã. Elas tomavam café, faziam a lição, participavam das atividades, tomavam banho, almoçavam e o ônibus levava para a escola. E os que estudavam de manhã, chegavam de ônibus escolar, almoçavam, tomavam café da tarde e faziam as atividades indo embora com o transporte da prefeitura no fim do dia”. 

Funcionária registra notas fiscais

Mara Regina observou que “nosso público são crianças em situação de vulnerabilidade. Aqui na região central não temos porque a maior parte dessas crianças está em escola de período integral. No entanto, poderíamos atender as crianças dos bairros mais distantes da periferia. Mas, sem transporte fica impossível”. Há que se considerar, ainda, as despesas com alimentação e a infraestrutura necessárias para absorver um número maior de alunos.

 

Hora do lanche
FONTE DE RENDA

Para manter o atendimento a 23 crianças, a Juventude Criativa tem como fonte de renda o aluguel do prédio da EMEI Curumim, anexo à entidade, e os valores repassados pela nota fiscal paulista. Diariamente, um funcionário percorre as lojas e pontos comerciais em busca de notas fiscais que os lojistas separam. Uma equipe faz o lançamento dos valores no portal da Secretaria Estadual da Fazenda, o que rende de 15 a 16 mil reais mensais de repasses.

A entidade conta com 09 funcionários, entre assistente social, secretária, equipe que cadastra as notas fiscais, pessoal da limpeza e cozinha, além do funcionário que recolhe as notas fiscais nas lojas e é voluntário nas aulas de música. É que a ONG atua com várias atividades extracurriculares como aulas de flauta doce, coral, violão, balé, além de artesanato, entre outros.

 Uma ajuda sempre bem-vinda são os recursos que o Fórum libera mediante apresentação de projetos. Foi assim que a entidade conseguiu montar um estúdio de gravação para os cursos de música, equipar a biblioteca e adquirir materiais para as aulas de arte e artesanato. 

Concentração na hora de estudar
De acordo com a presidente, enquanto não há uma solução para a ampliação do atendimento na faixa etária de 06 a 14 anos, a ONG pretende iniciar algumas oficinas voltadas aos adolescentes “porque vemos que esta faixa etária é que está com tempo fora da escola e nós poderemos contribuir. Vamos iniciar devagar, mas a ideia é começar em 2023”, assinalou. 

Cozinha da entidade: toda ajuda é bem-vinda

Para ajudar: PIX de qualquer valor para o CNPJ 52.061.736/0001-73 ou levando notas fiscais para Avenida República, 799, perto da Igreja São Bento. Conheça mais acessando o site: http://www.jucrimarilia.org.br/

 *Fotos do arquivo da entidade 

* Reportagem publicada na edição de 05.02.2023 do Jornal da Manhã

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