domingo, 5 de fevereiro de 2023

MESMO COM ESPAÇO, JUVENTUDE CRIATIVA ATENDE SÓ 10 POR CENTO DA CAPACIDADE.

Por Célia Ribeiro

O riso solto durante as atividades recreativas e a correria das crianças atravessando o prédio são coisas do passado. Aos 80 anos, a Juventude Criativa de Marília vive um paradoxo: localizada na região central, com espaço mais do que suficiente e boas instalações, o atendimento às crianças e adolescentes está limitado a pouco mais de 10 por cento de sua capacidade por falta de recursos. 

Aula de música no estúdio da entidade
Fundada em 1942 pelo Monsenhor Luiz Otavio Bicudo de Almeida, que revolucionou a assistência social em Marília no começo do século XX, a então Juventude Católica foi concebida com o objetivo de desenvolver ações em prol de pobres, carentes e desamparados,  segundo  a apresentação da instituição. 

Atividades recreativas

A atuação da ONG “em prol do desenvolvimento social, intelectual, cultural e emocional de crianças e adolescentes em situação de risco ou de vulnerabilidade social”, desde sua criação, também focou no fortalecimento de laços e vínculos familiares para formação integral de cidadãos capazes de atuarem na transformação social.

Aula de capoeira na quadra esportiva 

Até 2014, uma parceria entre a instituição e a Prefeitura de Marília permitiu o atendimento a mais de 200 crianças e adolescentes de 06 a 14 anos, no contra turno escolar. Além de recursos, o município contribuía com professoras e funcionários para a cozinha e a limpeza. No entanto, a lei federal nº 13019 alterou o regime jurídico de parcerias voluntárias envolvendo ou não a transferência de recursos entre a administração pública e as organizações da sociedade civil. 

 Mara Regina, presidente

Através de chamamento público, o município firmou novas parcerias e a instituição ficou de fora. Segundo explicou a atual presidente, Mara Regina Carnevalli Fernandes, a Juventude Criativa não participou do processo. Sem profissionais que pudessem orientar a diretoria anterior na formalização de uma proposta, restou à ONG reduzir drasticamente o atendimento.

 Professora aposentada, Mara Regina atuou na entidade na época da parceria com a Prefeitura e guarda muitas lembranças: “Trabalhei aqui em 1998 e depois em 2013. Na época, a Prefeitura ajudava muito com transporte, alimentação e funcionários”, recordou. O que ela mais sente falta “é daquele movimento, da criançada correndo por aqui. Chegamos a atender 200 crianças de manhã e à tarde, no contra turno escolar”.

Ela contou que o transporte permitia que crianças e adolescentes das zonas norte e sul pudessem frequentar a entidade: “O ônibus trazia as crianças de manhã. Elas tomavam café, faziam a lição, participavam das atividades, tomavam banho, almoçavam e o ônibus levava para a escola. E os que estudavam de manhã, chegavam de ônibus escolar, almoçavam, tomavam café da tarde e faziam as atividades indo embora com o transporte da prefeitura no fim do dia”. 

Funcionária registra notas fiscais

Mara Regina observou que “nosso público são crianças em situação de vulnerabilidade. Aqui na região central não temos porque a maior parte dessas crianças está em escola de período integral. No entanto, poderíamos atender as crianças dos bairros mais distantes da periferia. Mas, sem transporte fica impossível”. Há que se considerar, ainda, as despesas com alimentação e a infraestrutura necessárias para absorver um número maior de alunos.

 

Hora do lanche
FONTE DE RENDA

Para manter o atendimento a 23 crianças, a Juventude Criativa tem como fonte de renda o aluguel do prédio da EMEI Curumim, anexo à entidade, e os valores repassados pela nota fiscal paulista. Diariamente, um funcionário percorre as lojas e pontos comerciais em busca de notas fiscais que os lojistas separam. Uma equipe faz o lançamento dos valores no portal da Secretaria Estadual da Fazenda, o que rende de 15 a 16 mil reais mensais de repasses.

A entidade conta com 09 funcionários, entre assistente social, secretária, equipe que cadastra as notas fiscais, pessoal da limpeza e cozinha, além do funcionário que recolhe as notas fiscais nas lojas e é voluntário nas aulas de música. É que a ONG atua com várias atividades extracurriculares como aulas de flauta doce, coral, violão, balé, além de artesanato, entre outros.

 Uma ajuda sempre bem-vinda são os recursos que o Fórum libera mediante apresentação de projetos. Foi assim que a entidade conseguiu montar um estúdio de gravação para os cursos de música, equipar a biblioteca e adquirir materiais para as aulas de arte e artesanato. 

Concentração na hora de estudar
De acordo com a presidente, enquanto não há uma solução para a ampliação do atendimento na faixa etária de 06 a 14 anos, a ONG pretende iniciar algumas oficinas voltadas aos adolescentes “porque vemos que esta faixa etária é que está com tempo fora da escola e nós poderemos contribuir. Vamos iniciar devagar, mas a ideia é começar em 2023”, assinalou. 

Cozinha da entidade: toda ajuda é bem-vinda

Para ajudar: PIX de qualquer valor para o CNPJ 52.061.736/0001-73 ou levando notas fiscais para Avenida República, 799, perto da Igreja São Bento. Conheça mais acessando o site: http://www.jucrimarilia.org.br/

 *Fotos do arquivo da entidade 

* Reportagem publicada na edição de 05.02.2023 do Jornal da Manhã

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