Por Célia Ribeiro
O riso solto durante as atividades recreativas e a correria das crianças atravessando o prédio são coisas do passado. Aos 80 anos, a Juventude Criativa de Marília vive um paradoxo: localizada na região central, com espaço mais do que suficiente e boas instalações, o atendimento às crianças e adolescentes está limitado a pouco mais de 10 por cento de sua capacidade por falta de recursos.
Aula de música no estúdio da entidade |
Atividades recreativas |
A atuação da ONG “em prol do
desenvolvimento social, intelectual, cultural e emocional de crianças e adolescentes
em situação de risco ou de vulnerabilidade social”, desde sua criação, também
focou no fortalecimento de laços e vínculos familiares para formação integral
de cidadãos capazes de atuarem na transformação social.
Aula de capoeira na quadra esportiva |
Até 2014, uma parceria entre a instituição e a Prefeitura de Marília permitiu o atendimento a mais de 200 crianças e adolescentes de 06 a 14 anos, no contra turno escolar. Além de recursos, o município contribuía com professoras e funcionários para a cozinha e a limpeza. No entanto, a lei federal nº 13019 alterou o regime jurídico de parcerias voluntárias envolvendo ou não a transferência de recursos entre a administração pública e as organizações da sociedade civil.
Mara Regina, presidente |
Através de chamamento público, o
município firmou novas parcerias e a instituição ficou de fora. Segundo
explicou a atual presidente, Mara Regina Carnevalli Fernandes, a Juventude
Criativa não participou do processo. Sem profissionais que pudessem orientar a
diretoria anterior na formalização de uma proposta, restou à ONG reduzir
drasticamente o atendimento.
Ela contou que o transporte permitia que crianças e adolescentes das zonas norte e sul pudessem frequentar a entidade: “O ônibus trazia as crianças de manhã. Elas tomavam café, faziam a lição, participavam das atividades, tomavam banho, almoçavam e o ônibus levava para a escola. E os que estudavam de manhã, chegavam de ônibus escolar, almoçavam, tomavam café da tarde e faziam as atividades indo embora com o transporte da prefeitura no fim do dia”.
Funcionária registra notas fiscais |
Mara Regina observou que “nosso
público são crianças em situação de vulnerabilidade. Aqui na região central não
temos porque a maior parte dessas crianças está em escola de período integral.
No entanto, poderíamos atender as crianças dos bairros mais distantes da
periferia. Mas, sem transporte fica impossível”. Há que se considerar, ainda,
as despesas com alimentação e a infraestrutura necessárias para absorver um
número maior de alunos.
Hora do lanche |
Para manter o atendimento a 23 crianças, a Juventude Criativa tem como fonte de renda o aluguel do prédio da EMEI Curumim, anexo à entidade, e os valores repassados pela nota fiscal paulista. Diariamente, um funcionário percorre as lojas e pontos comerciais em busca de notas fiscais que os lojistas separam. Uma equipe faz o lançamento dos valores no portal da Secretaria Estadual da Fazenda, o que rende de 15 a 16 mil reais mensais de repasses.
A entidade conta com 09 funcionários, entre assistente social, secretária, equipe que cadastra as notas fiscais, pessoal da limpeza e cozinha, além do funcionário que recolhe as notas fiscais nas lojas e é voluntário nas aulas de música. É que a ONG atua com várias atividades extracurriculares como aulas de flauta doce, coral, violão, balé, além de artesanato, entre outros.
Concentração na hora de estudar |
Cozinha da entidade: toda ajuda é bem-vinda |
Para ajudar: PIX de qualquer valor
para o CNPJ 52.061.736/0001-73 ou levando notas fiscais para Avenida República,
799, perto da Igreja São Bento. Conheça mais acessando o site: http://www.jucrimarilia.org.br/
* Reportagem publicada na edição de 05.02.2023 do Jornal da Manhã
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