domingo, 27 de dezembro de 2020

RETROSPECTIVA 2020: NO ANO DA PANDEMIA, AÇÕES DE SOLIDARIEDADE E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DOMINARAM O NOTICIÁRIO.

Por Célia Ribeiro

Ao final do ano mais desafiador de todos os tempos, muitos personagens anônimos foram revelados através de ações que impactaram na vida de milhares de pessoas. Voluntários de ONGs, além de pessoas sem qualquer vínculo institucional, arregaçaram as mangas para ajudar quem mais precisava. Por isso, a solidariedade foi o grande destaque de 2020. Na outra ponta, o aumento da consciência ambiental mostrou que é preciso cuidar mais do planeta para garantirmos o futuro das novas gerações.

Voluntária devolve a autoestima
 às portadoras de câncer

A seguir, os destaques do ano selecionados com base nas matérias mais acessadas e compartilhadas neste blog e nas redes sociais. Todas as reportagens podem ser lidas, na íntegra, acessando os links do título:

JANEIRO

 A “Horta Cabocla”, que a ambientalista Antônio Luiz Carvalho Leme formou na sua propriedade, localizada em um condomínio de alto padrão, próximo ao Distrito de Padre Nóbrega, é um exemplo de como a natureza pode ser generosa. Ervas aromáticas, legumes e verduras orgânicos e plantas medicinais são cultivados pela família. A farmácia natural é utilizada em substituição aos medicamentos alopáticos.

Padaria da ONG “Amor de Mãe”

FEVEREIRO

A Associação de Combate ao Câncer de Marília (ACC) registrou os excelentes resultados das Práticas Integrativas e Complementares oferecidas, gratuitamente, aos pacientes em tratamento. O alívio da dor e a evolução no quadro geral da saúde foram atestados pelos profissionais que atendem no local. O SUS reconhece 29 procedimentos, entre os quais reflexologia, acupuntura, aromaterapia etc.

MARÇO

A produção pelo sistema agroecológico de alimentos orgânicos do assentamento “Luiz Beltrame”, de Gália, foi divulgado em março. Sem intermediários, legumes, verduras, frutas, ervas aromáticas, além de queijos, pães, bolos, doces, pó de café, sucos, licores, cachaças e geleias são entregues, em Marília, em cestas encomendadas através de um grupo de WhatsApp.

Celia Carmanhani Branco e seus aromas

ABRIL

Assim que os primeiros reflexos da pandemia do Covid 19 foram sentidos, lá estava um dos mais importantes representantes do voluntariado de Marília: Tadaumi Tachibana. O popular Tadau, da ONG “Amigos do Bar”, tem feito um trabalho irretocável. Máscaras, cestas básicas, leite, fraldas e todo tipo de ajuda ele e seu grupo fazem chegar a quem mais precisa.

MAIO

Com a ajuda de quatro irmãs, Sandra Mara Luiz Ribeiro, conhecida por ter sido a responsável pelo trabalho social que deu início ao Projeto Semear, preocupada com as crianças atendidas na ONG durante a pandemia, resolveu produzir pães para distribuir às famílias, no Jardim Cavallari. 

Mara e os pães doados na zona oeste

JUNHO

Sem recursos por conta da suspensão dos eventos de geração de renda, a ONG “Amor de Mãe” investiu na padaria da entidade. A venda de bolos, biscoitos, pães etc tem contribuído para a instituição manter o atendimento a centenas de crianças e adolescentes da zona oeste.

JULHO

Horta da Casa Mateus que acolhe ex-moradores de rua

Não importa a religião, importa a intenção. No mês de julho, “Marília Sustentável” divulgou dois projetos sociais importantes: a “Comunidade Terapêutica Cristo Vive”, do pastor Nelson Barbosa da Silva Junior, que atua na recuperação de dependentes químicos; e a “Casa Mateus 25”, ligada à igreja Católica (Fundação Missão Louvor e Glória) que acolhe ex-moradores em situação de rua, na zona sul. Também este blog registrou os 10 anos de "Marília Sustentável".

Artesanato do GACCH

AGOSTO

No mês de agosto, duas reportagens destacaram o trabalho das voluntárias do GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias): a antecipação do bazar de fim de ano, com a venda de artesanato confeccionado com muito carinho e o atendimento às famílias, mesmo na pandemia que obrigou a maior parte das voluntárias a trabalharem remotamente por serem do grupo de risco.

SETEMBRO

Um projeto de geração de renda da ACC (Associação de Combate ao Câncer de Marília) foi destaque em setembro: “Redesenhando a Vida” personaliza objetos (canecas, chinelos etc) com recursos voltados ao atendimento dos portadores de câncer. 

Voluntários da ACC

OUTUBRO

Uma reportagem emocionante: a micropigmentadora voluntária Fabianny Andrade devolve às mulheres em tratamento ou que passaram pelo câncer a alegria de, novamente, se reconhecerem no espelho. Além das sobrancelhas, ela refaz a aréola do seio com desenho tridimensional que impressiona pelo realismo.

NOVEMBRO

Jornalista Fernando Garcia: casa sustentável e
produção artesanal de bacon

Os destaques de novembro ficam por conta da educadora Celia Carmanhani Branco que, no isolamento social, descobriu a paixão pela perfumaria e hoje produz uma linha diversificada de produtos artesanais de qualidade; e também do jornalista Fernando Garcia, da TV Record, que adotou a sustentabilidade ambiental para sua vida e iniciou a produção artesanal de bacon, costelinha e tender após muita pesquisa e experimentação.

DEZEMBRO

As voluntárias do Grupo Mariliense de Apoio ao Paciente com Câncer (GMADC) foram destaque com o bazar natalino que tem trabalhos até de uma senhora de 89 anos que faz crochê como poucos. 

Com tantos exemplos de solidariedade e amor ao próximo neste ano que termina, esperamos que 2021 traga um sopro de esperança e que os desafios de 2020 fiquem no passado. 

Feliz Ano Novo!


*Retrospectiva publicada na edição de 27.12.2020 do Jornal da Manhã



domingo, 20 de dezembro de 2020

ESPALHANDO BONECAS: ARTESÃ LEVOU ALEGRIA A MAIS DE 700 CRIANÇAS E IDOSAS EM ASILOS

Por Célia Ribeiro

Era uma vez uma linda garotinha, de olhos espertos e muito brilhantes, que se encantou com uma boneca de pano. Trajando um alegre vestido de moranguinho, a nova amiguinha tornou-se inseparável no seu aniversário de um ano. Dez anos depois, Lívia continua apaixonada pelas bonecas que se multiplicaram nas mãos de sua mãe, Luciana: ela é o coração do projeto que confeccionou e espalhou nada menos que 700 delas em orfanatos, instituições filantrópicas, hospitais e asilos. 

Pequena Lívia: inspiração

Aos 48 anos, é difícil imaginar que uma profissional da área econômica possa ser uma artista diferenciada. Luciana Sabatine Peralta Battilani é fiscal de rendas da Prefeitura Municipal de Marília e atua com auditoria em empresas de prestação de serviços. Quando sua filha nasceu, em 2010, ela resolveu confeccionar toda a decoração da festinha de primeiro aniversário inspirada na personagem “Moranguinho”. Estava dada a largada para algo que lhe transformaria profundamente.

 

Garotinha ganhou sua boneca no Hemocentro

A artesã contou que tentou comprar uma boneca parecida e não encontrou. Procurou, então, a Vila das Artes em busca de um curso para confeccionar a boneca porque já tinha estudado corte e costura, aos 13 anos, e sempre gostou de artesanato. Deu certo! Luciana acabou produzindo toda a decoração da festinha. “Minha filha se encantou com a boneca da decoração”, recordou, assinalando que ficou empolgada com a ideia de continuar fazendo bonecas, mas para doação.

 AMÉLIE BOUDET

 Espírita, Luciana Battilani procurou a entidade “Amélie Boudet”, em 2011. Havia 16 órfãs que, naquele Natal, tiveram a companhia de suas bonecas de pano. “Aos poucos, fui aumentando a produção, ficando até meia-noite, uma hora da manhã, costurando. E eu morro de sono de madrugada porque trabalho oito horas por dia”, comentou.

 

Luciana e suas criações

Lívia era a maior entusiasta. Só tinha um pedágio: a cada nova boneca que saía do ateliê de Luciana, uma tinha que ir para a coleção da filha que tem um baú com mais de 50 delas. Com a ajuda da mãe Laura e da amiga Sandra, a fabricação de bonecas de pano ganhou novo ritmo até que a artesã chegou a programar a confecção de 180 para três entidades diferentes.

Foi quando ela se deu conta que precisaria de 1.500 reais para aquisição dos materiais. O que fazer? “Eu já havia me comprometido. Então, pensei em dar cursos para ensinar a fazer bonecas e com o dinheiro da inscrição comprar os materiais. Deu certo. Mostrei a apostila para uma professora de Patchwork bem exigente e ela me estimulou a prosseguir. Dei dois cursos na Vila das Artes e o Celso Nakamura, dono da Casa Ono, me procurou oferecendo o espaço gratuitamente para que eu também desse os cursos lá e levantasse mais dinheiro para o projeto”, explicou.

Bonecas que farão alegria de crianças e idosas

TERAPÊUTICO

 Os cursos foram um sucesso, com lista de espera de até três meses. E com a evolução do projeto, foram surgindo voluntárias que hoje são em torno de 25. Mas, as bonecas também atravessaram fronteiras. Luciana participou de um congresso espírita em Uberlândia quando conheceu um projeto social, com atuação na África, que precisava de apoio. Lá foi a artesã fazer bonecas que, após comercializadas, geraram 4 mil reais. Ela também conheceu um projeto de apoio a crianças com hidrocefalia, de Campina Grande (Paraíba) que ajudou com bonecas e um dia pretende visitar para dar cursos e orientar voluntários a gerarem renda para o projeto.

Bonecas do último curso

Ao longo dos anos, Luciana levou suas bonecas (e bonecos para os meninos) a um grande número de entidades até que, em 2014, teve a ideia de presentear as vovós nos asilos. Ela relatou, com indisfarçável emoção, a reação das idosas: “Entregamos bonecas nos quatro asilos. Foi incrível a reação delas. Teve uma senhorinha que se emocionou muito dizendo que perdeu a mãe quando tinha dois anos e que nunca teve uma boneca. Ela abraçou a boneca e não soltou mais”.

Luciana e Lívia

Houve um registro de idosa que não se comunicava mais e que, ao receber sua boneca, teve uma rápida recuperação, surpreendendo os cuidadores. Reação positiva também foi observada junto às pacientes psiquiátricas em tratamento no Hospital Espírita de Marília (HEM) que se mostraram mais calmas ao receberem suas bonecas de quem não se separam por nada.

 Nesta semana, a entrega foi para as crianças em tratamento no Hemocentro de Marília. Luciana e suas voluntárias confeccionaram 68 bonecas e bonecos que fizeram a alegria dos pacientes pediátricos: “As bonecas são terapêuticas. A gente percebe a reação de quem recebe”, observou, com a sensação do dever cumprido por proporcionar momentos de ternura no Natal de um ano tão difícil.

E assim, após espalhar 700 bonecas de pano, a artesã quer continuar levando amor a quem mais precisa. Para saber mais sobre este trabalho, acesse seu blog:  http://liluatelie.blogspot.com/

 *Reportagem publicada na edição de 20.12.2020 do Jornal da Manhã




domingo, 13 de dezembro de 2020

ESPÍRITO NATALINO: ESPAÇO PITANGA ABRE AS PORTAS PARA OS ARTESÃOS EXPOREM E VENDEREM SUA ARTE.

Por Célia Ribeiro

Vai ter Natal, sim, senhor! O tradicional bazar “Feito à Mão” do Espaço Pitanga foi ressignificado neste ano. Os sorrisos estão escondidos sob as máscaras de proteção, mas os olhares brilham tanto que irradiam esperança neste espaço colorido que conquistou os artistas e também quem não abre mão da arte. Sem poder realizar o evento de fim de ano, Renata Genta não pensou duas vezes: convidou alguns artesãos a exporem e venderem seus trabalhos, movimentando o casarão da Rua Amazonas, 397.

Parece doce, mas é sabonete de Renata Genta

“Como optamos em não realizar esse ano nosso evento ‘Natal Feito à Mão’, em razão da pandemia, oferecer o Espaço Pitanga aos artesãos foi uma maneira que encontramos de incentivar as pessoas que não possuem um espaço físico para vender seus produtos”, explicou a advogada e especialista em saboaria artesanal, Renata Genta.

A delicadeza dos amigurumis

Em entrevista ao JM por WhatsApp, ela explicou que os cursos ministrados no espaço também foram suspensos no início da pandemia do Covid-19 e só serão retomados quando a vacina estiver disponível. Trata-se de uma medida preventiva para garantir a segurança de alunas e professoras.

Clelia Stigliano e Renata (à direita)

Iniciado em 24 de novembro, o bazar funcionará até a véspera do natal, das 14 às 18h, podendo ser prorrogado se houver demanda. “No momento, contamos com 9 artesãs vendendo e expondo os seus trabalhos. Esse número promete aumentar ao longo dessa e da próxima semana com a procura de pessoas que desejarem participar do projeto. Contamos com uma grande variedade de produtos, entre eles: bolsas e cachepôs de crochê, acessórios para cabelo, chaveiros e papelaria personalizada, necessaires, semi joias artesanais, amigurumis e macramê”, comentou.

Um dos últimos bazares: animação do lado de fora

ARTE PARA TODOS

Artesãs
O artesanato é uma ótima opção para presentear familiares e amigos por sua originalidade e, também, preços acessíveis. Por isso, os bazares destes itens costumam atrair muitos clientes. No Espaço Pitanga, eventos anteriores reuniam dezenas de pessoas ao longo do dia, entrando pela noite com boa música, gastronomia e aquela alegria contagiante que se vê quando os artistas criativos se encontram.

“É muito gostoso perceber a valorização do artesanato. As pessoas têm saído de lá bastante satisfeitas com suas compras e prestigiado com muito carinho as artesãs de nossa cidade. Esperamos um aumento significativo das vendas nas próximas duas semanas”, observou. 

Renata destacou que os “produtos artesanais têm, cada vez mais, tomado um grande e merecido espaço no mercado, pois as pessoas têm procurado exclusividade e personalização. É muito gratificante perceber a valorização do feito à mão, pois ali tem, além do produto em si, todo amor e cuidado colocado na produção de cada peça, elaborado com exclusividade”.

Trabalhos delicados em destaque

E finalizou: “Eu sinto que em um ano tão difícil, como 2020, o artesanato traz uma sensação gostosa de conforto. As pessoas perceberam que o produto feito à mão pode carregar consigo toda energia que faz com quem recebe o presente se sinta mais amado e valorizado, pois percebe não só o cuidado de quem fez a peça, mas também o cuidado de quem comprou o produto para presentear”.

Várias opções acessíveis para presentear

Ao abrir as portas do seu espaço para outros artesãos, Renata Genta fez mais que trazer energia positiva neste fim de ano tão difícil para tantas famílias. Ela espalhou a esperança de que a arte pode ser transformadora, pode alegrar e expressar, mesmo sem palavras: “Feliz Natal”!

O crochê está em alta

O Espaço Pitanga está localizado à Rua Amazonas, 397, com vendas de Natal, até o dia 24 de dezembro, das 14 às 18h, seguindo todos os protocolos de segurança com uso obrigatório de máscara e disponibilização de álcool em gel, sem aglomerações. Informações: (14) 99167-7514.

* Reportagem publicada na edição de 13.12.2020 do Jornal da Manhã

Leia mais sobre o Espaço Pitanga, acessando AQUI e AQUI




domingo, 6 de dezembro de 2020

VOLUNTÁRIAS DO GMADC PROMOVEM BAZAR DE NATAL EM PROL DOS PORTADORES DE CÂNCER

Por Célia Ribeiro

Com agilidade invejável, do alto dos seus 89 anos, dona Maria de Lourdes Prazeres movimentava a fina agulha de crochê em linha de algodão e, entre laçadas e contagem dos pontos de separação, criava mais um belo trabalho cujo destino ela desconhece. É que seu artesanato faz parte de centenas de outras peças que estarão à venda no Bazar de Natal do GMADC (Grupo Mariliense de Apoio ao Doente de Câncer) no período de 09 a 11 de dezembro.

Dona Maria de Lourdes, voluntária de 89 anos.

O evento, que acontecerá das 13h30 às 16h30, na sede da entidade (Avenida Nelson Spielmann, 397) reunirá a produção das 40 voluntárias que, ao longo do ano, fazem artesanato para o bazar com 100 por cento da renda revertida para a ONG. Há uma infinidade de trabalhos, desde jogos de toalha de banho bordados, toalhas de banquete, panos de prato, guirlandas e arranjos de Natal etc.

Segundo a presidente, Vera Lúcia Rocetti, a entidade ficou fechada somente por dois meses no início da pandemia, reabrindo, depois, durante dois dias na semana: “Temos 65 famílias cadastradas. São doentes que precisam de remédios, suplementos e cesta básica que doamos com a ajuda da comunidade”, lembrou.

Produtos à venda: delicadeza

Um bazar como este deverá render em torno de cinco mil reais que serão essenciais no custeio da instituição que não deixou nenhum paciente desamparado, mesmo diante deste cenário difícil. Um exemplo de ajuda foi ao jovem Mateus, filho de Célia Pansiano Silva Rodrigues, que disse ter entrado em desespero sem recursos para a aquisição dos remédios para o filho.

“Cheguei aqui desesperada porque não tinha condições de comprar os medicamentos. Mas, fui tão bem acolhida que é difícil dizer o que estou sentindo”, afirmou Célia Rodrigues, sem segurar as lágrimas. Moradora do bairro Lavínia, ela destacou a solidariedade das voluntárias que se sensibilizaram com o caso de seu filho que tem a doença no fígado, pulmão e face.

Célia Rodrigues recebeu medicamentos do filho

A presidente destacou que os eventos de geração de renda diminuíram muito na pandemia e que estão fazendo o possível para manter os atendimentos que são a marca da entidade ao longo de 40 anos: “Graças a Deus, temos muita solidariedade entre as entidades. O pessoal do ‘Amigos do Bar’, por exemplo, nos trouxe arroz, feijão, açúcar e farinha de rosca, além de materiais de limpeza. Assim, montamos as cestas básicas e entregamos os materiais de limpeza junto”.

Presidente Vera Lucia Rocetti

Antes da pandemia, além do auxílio aos doentes cadastrados, o GMADC fornecia café da manhã às pessoas que iam fazer tratamento no Hospital de Clínicas: “A Unimar nos dava leite, a Marilan doava as bolachas, o Tauste dava um valor para a gente comprar o que precisava e o Confiança nos apoiava com os almoços e jantares”, lembrou.

PRESENTE SOLIDÁRIO

O Bazar de Natal, assim como o Bazar do Dia das Mães, aproveita a data para reforçar o caixa da entidade. Isto porque, podem ser encontrados produtos diferenciados, com preços acessíveis e que levam na etiqueta a solidariedade. Ao adquirir alguma peça, o consumidor sabe que estará levando algo muito especial ao mesmo tempo em que colabora com uma causa nobre.

Há muitos itens de Natal

Nesta semana, nos dia 9, 10 e 11, das 13h30 às 16h30, poderão ser encontrados guardanapos a partir de 12 reais, caixinhas encapadas entre 25 e 30 reais, guirlandas por 40 reais, toalhas de mesa de 14,0 metro até 03 metros que variam de 60 a 100 reais, toalhas de banquete brancas de 03 metros finamente bordadas por 200 reais. 

De acordo com a presidente, os itens que não forem comercializados nos três dias, estarão à venda no bazar permanente, sempre das 13h30 às 16h30, à Avenida Nelson Spielmann, 397, próxima à Igreja São Bento.

Toalhas finamente bordadas

Leia reportagem de 2010 sobre a ONG acessando AQUI

Reportagem publicada na edição de 06.12.2020 do Jornal da Manhã



domingo, 29 de novembro de 2020

LIXO ZERO: INSERVÍVEIS SE TORNAM OBRAS DE ARTE PELAS MÃOS DE BELINHA CIRILLO

Por Célia Ribeiro

Ela adora dançar. Mas, também, adora criar os vestidos com que rodopia pelos bailes da vida com seus longos cabelos loiros esvoaçantes. A paisagista e designer de interiores, Izabel Cirillo, achou que a pandemia seria algo passageiro e decidiu aproveitar a reclusão das primeiras semanas para criar seus modelitos. “Cadê o baile?”, perguntou, explicando que quando se deu conta da gravidade da situação, recorreu à arte para suportar esses oito meses intermináveis.

Belinha reaproveitou uma antiga caixa de madeira

Belinha, como é conhecida, já esteve nesta coluna em outras oportunidades pelas inovações que, vira e mexe, brinda seus amigos e familiares. Da costura à produção de velas, passando pelo artesanato em vasos, a partir de recicláveis, ela tem se dedicado ao cultivo de suculentas e aos arranjos na ampla casa em que reside no Jardim Acapulco.

Como se não bastasse o isolamento social, com a proibição dos bailes que tanto aprecia, e o temor pelos riscos de contágio do Covid-19, Belinha se viu em meio a uma reforma na propriedade: “Fui mexendo aqui e ali, resolvi refazer a piscina e agora, com esse calorão, nem piscina eu tenho para usar”, disse, resignada. Por isso, os trabalhos manuais tiveram um poder terapêutico.

Vaso com sobras de velas e conchinhas

“Muitas pessoas jogam tudo fora. Mas, tem coisas que podemos usar, que não são lixo. Eu guardo tudo, de botões a conchinhas do mar, sobras de tecido, revistas e laços de embalagem de presentes. Tudo isso pode virar arte para decorar a casa ou presentear”, assinalou. Ela exibiu um grande quadro na sala que teve por base uma tela gasta, filtros usados de café, um pedaço de tronco encontrado no quintal, ganchos velhos e restos de estopa e juta.

O segredo, segundo Belinha, é não ficar parada: “Está chegando o Natal e pedaços de velas que não estão sendo usadas podem ser derretidos transformando-se em vasos ou até em outras velas”, citou. A artista disse que para fazer uma vela vermelha, ao invés de ir atrás de corantes para parafina, basta derreter giz de cera, que é feito à base de petróleo, para dar o tom no trabalho. Para completar, bolas de Natal e laços de embalagens de presente reaproveitados.

A artista e o quadro original da sala de estar

Para fazer os vasos ou outras velas a partir de sobras de parafina, não há necessidade de moldes especiais: “É só pegar qualquer vasilha, untar com óleo de cozinha e derramar a vela derretida. Pode aproveitar para enfeitar com pau de canela, botões, conchinhas do mar, pedrinhas etc. Deixa endurecer e desenforma. Fica muito lindo”.


Pequena parte do jardim

RENOVAÇÃO

A artista lamentou não ter mais tempo para se dedicar ao artesanato porque as suculentas a têm mantido ocupada o dia todo devido às encomendas de plantas e arranjos. Mas, até as plantas encontram morada em vasos originais. Potes plásticos, como embalagem de sorvete, são pintados com tinta de parede surpreendendo pela beleza. O mesmo vale para caixas e caixotes de madeira que encantam pela originalidade.

Casca de coqueiro abriga suculentas

Para quem está em casa, vivendo um momento difícil, Belinha tem uma dica: “Na internet tem uma infinidade de sites e blogs com receitas de artesanato. Dá para fazer tantas coisas, bastando começar. Se quebrou um espelho, use a moldura; se tem um centro de mesa bonito, enquadre num porta-retratos com uma fotografia de revista no fundo. O importante é não ficar parado”, destacou.

Bolsa usou
retalhos de malha

Apostando na arte como terapia, Belinha finalizou dizendo que “se a pessoa não quiser fazer trabalhos manuais, use o tempo livre para fazer alguma coisa que leve jeito. Se sabe fazer bolo, que faça bolos”, pontuou. E finalizou afirmando que ocupar a mente e as mãos neste período foi a melhor coisa que poderia ter feito: “Vejo arte em tudo e por isso dou uma utilidade a qualquer coisa que iria para o lixo. Criando, renovo as coisas ao meu redor”.

Enquanto isso, os pedreiros tocam a reforma a passos lentos e Belinha vê a piscina no concreto sonhando com um bom mergulho. Mas, ao olhar para o jardim, e tudo o que já criou, seu sorriso reaparece. Será que vem baile por aí?


Para saber mais sobre o trabalho da artista, acesse: https://www.instagram.com/belinhacirillo

Leia reportagem de 2012 com a artista AQUI e em 2018 nova reportagem AQUI

* Reportagem publicada na edição de 29.11.2020 do Jornal da Manhã





domingo, 22 de novembro de 2020

COM CASA SUSTENTÁVEL, JORNALISTA INICIA PRODUÇÃO DE DEFUMADOS ARTESANAIS

 Por Célia Ribeiro

Com apenas 08 anos, um garoto muito esperto salvou os amiguinhos de ficarem de barriga vazia isolados na mata em Florínea, região de Assis. Ao final do “fogo do conselho”, tradicional fogueira em torno da qual os escoteiros se reuniam no acampamento, ele colocou sob as brasas algumas batatas e ovos que assaram durante a noite. Nascia ali um cozinheiro, hoje conhecido como o jornalista da TV Record, Fernando Garcia, 43 anos.

Horta no quintal: produção orgânica

Quem o vê nas reportagens dificilmente imagina aonde sua curiosidade foi capaz de levá-lo: do quintal em que cultiva alimentos, ao reaproveitamento da água da lavadora de roupa para limpeza externa e da coleta da água da chuva para irrigar a horta, pomar e jardim, até a construção de engenhocas para armazenamento de água e, mais recentemente, do defumador que utiliza para produzir bacon, costelinha e tender, Fernando é um camaleão em constante transformação.

Jornalista Fernando Garcia

Muitas pessoas se tornaram introspectivas e depressivas na pandemia. Para ele, a quarentena despertou algo adormecido por muitos anos: a vontade de se aventurar na produção orgânica de alimentos para a família (esposa e filho adolescente) e de defumados artesanais que hoje comercializa, com sucesso, junto aos amigos, além de nutricionistas e culinaristas que o recomendam pela alta qualidade dos produtos.

Tomate que vira molho para as massas

ENXADA NA MADRUGADA

“Sempre fui sobrevivencialista”, comentou em entrevista ao JM, contando que ao se mudar do apartamento para uma casa antiga, com um grande quintal, vislumbrou a possibilidade de iniciar a sonhada horta. A esposa foi contra dizendo que cresceu na área rural e não queria saber de plantação, mas que aceitaria um jardim.

Fornisqueira une forno e churrasqueira

Lá foi o Fernando preparar um belo jardim com flores e arbustos e até um lago para carpas ao estilo oriental. Passados uns dois anos, só ele continuava frequentando o oásis particular até que, ao acordar certa madrugada, decidiu dar um melhor uso à terra: “Levantei às 5 horas, peguei a enxada e arranquei todo o gramado. Às 10 horas da manhã todos os canteiros estavam prontos”, recordou às gargalhadas.

 
Família: Victor, Natália  e Fernando

Atualmente, além de duas jabuticabeiras que havia no terreno, Fernando cultiva uva, ervas aromáticas, verduras e legumes, incluindo tomate e milho. O destaque fica por conta das cebolas de cabeça que deixa na despensa secando, todo orgulhoso. Para completar, colocou 04 galinhas poedeiras no quintal às quais deu nomes e que produzem os ovos caipiras.

Depois do trabalho, jornalista vira horticultor

As folhas e restos de vegetação são usados para manter a umidade do solo. E, o jornalista ainda aproveita a água da máquina de lavar roupa, que estoca em um tambor de 200 litros, para limpeza da calçada e corredores internos. A água da chuva, captada e armazenada em um recipiente que ele construiu em um ataque de “professor Pardal”, irriga a horta nestes tempos de altas temperaturas.

Defumados sem conservantes são disputados

Fernando disse que se surpreendeu com o grande consumo de água pela lavadora. São 800 litros por fim de semana para a lavagem da roupa de três pessoas. “Se chegar visita ou for lavar cobertor, chegamos a um metro cúbico de água, ou seja, 1.000 litros, facilmente”, exemplificou. Ele contou que foi ofendido por pessoas que passaram em frente à sua casa e o viram lavando a calçada durante a seca porque não imaginavam que era reaproveitamento de água.

Captação de água
da chuva

DEFUMADOS

Fernando Garcia iniciou um novo capítulo em suas aventuras gastronômicas ao fundar a “Cozinha Garcia”. Após muita pesquisa, estudos e orientação da esposa que é técnica em processamento de alimentos e estudante de nutrição, tem produzido bacon, costelinha e tender defumados com uma qualidade que surpreende os especialistas.

Da construção com as próprias mãos da “fornisqueira”, uma mistura de forno e churrasqueira, até o defumador com rigoroso controle de temperatura, o empreendedor dá atenção aos mínimos detalhes. Ele pesquisou até encontrar um fornecedor de carnes da região que é pouco conhecido e atende a Capital, também foi atrás da matéria prima para o defumador já que lascas de lenha de laranjeira chegam a custar 50 reais o quilo, na internet. 

Da fase de testes ao produto final, Fernando Garcia chegou ao ponto em que seus produtos são bastante disputados porque a produção, totalmente artesanal, não passa de 50 quilos por mês. Ele possui registro no Ministério da Agricultura e destaca o rigor com que a esposa inspeciona os seus produtos: “Fazer coisa perto dela, ou faz bem feito, dentro dos padrões sanitários, ou ela joga fora”, assinalou.

Fernando informou que a técnica de defumação é milenar e que ninguém passa a receita. Foi através de muito estudo e pesquisa, no horários de folga ao terminar a jornada na TV, que ele iniciou os primeiros testes. Ele contou, por exemplo, que o processo artesanal utiliza dois ingredientes: o nitrito e o sal são colocados com a peça de carne em uma espécie de salmoura onde permanecem por cinco dias a cinco graus centígrados. 

O bacon é o carro-chefe

Após esta fase, a carne é pendurada para sair o excesso de água e vai para o defumador a 75 graus. Após 4 a 6 horas, dependendo do peso, a peça vai para a geladeira para resfriar e na sequência é embalada a vácuo, rotulada e armazenada a baixas temperaturas, novamente. Fernando explicou que o processo permite que “a gordura da barriga de porco entremeie nas fibras. É como as carnes que antigamente eram conservadas em gordura”, destacou, referindo-se ao bacon.

Esse tender é a parte nobre do pernil

Ele destacou que, ao contrário dos “defumados” comerciais, seus produtos não têm conservantes, aromatizantes etc. Apenas sal e nitrito. Por isso, o bacon, por exemplo, solta mais gordura quando é preparado. Essa gordura sai do alimento, tornando-o, assim, mais saudável para o consumo. 

Entre os produtos que prepara de forma artesanal, a costelinha chama a atenção pela grande quantidade de carne. E o tender, que no seu caso usa uma parte nobre do pernil e não retalhos de carne emulsionados, como em muitos produtos comerciais, seu sabor é intenso e agradável ao paladar, segundo os culinaristas que o recomendam.

Com capacidade de produção em torno de apenas 50 quilos de defumados por mês, Fernando está feliz com os resultados da empreitada. Mas, tal qual o escoteiro da infância, está inquieto em busca de um novo desafio: a produção de energia para tornar sua casa autossuficiente utilizando recursos mais simples e menos onerosos que os oferecidos pela indústria do setor. É só aguardar!

Para entrar em contato com Fernando Garcia, seguem seu e-mail fernandogarcianews@gmail.com e telefone (14) 998785190. No Instagram, o perfil é: @cozinha_garcia.

* Reportagem publicada na edição de 22.11.2020 do Jornal da Manhã