domingo, 27 de novembro de 2022

SUSTENTABILIDADE: ALUNOS DO COLÉGIO SAGRADO DE MARÍLIA ESTÃO NA FINAL DO TORNEIO BRASILEIRO DE ROBÓTICA

Por Célia Ribeiro

Bonito, exuberante e altamente venenoso: o peixe-leão é o terror dos mares porque, sem um predador à altura, consegue se reproduzir rapidamente ameaçando outras espécies marinhas. E foi justamente esse ser intrigante que um grupo de alunos do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Marília elegeu como ponto de partida para o trabalho que venceu a etapa regional do Torneio Brasileiro de Robótica (TBR), garantindo a classificação para a etapa nacional, que acontecerá em dezembro, no Rio de Janeiro.

 

Treino nesta semana

Na faixa etária de 09 a 11 anos, Felipe Beraldo, Maria Vitória Ribeiro Martin, Gabriel Macedo Rocco, Elisabeth Miyahira Matsumura, João Pedro de Carvalho Siqueira, Luis Henrique Mendes Carvalho, Miguel Vicente Sant’Ana de Oliveira, Lucas Alves queda e Cauê Cavalcanti do Carmo Lima, representam três turmas de 4º ano e três turmas de 5º ano que estão trabalhando duro para a competição nacional marcada para os dias 10 e 11 de dezembro na capital fluminense.

Grupo de alunos e a coordenadora Jecimara

Segundo a coordenadora de Ensino Fundamental Anos Iniciais, Jecimara Vieira, o Colégio inscreveu os alunos, na categoria Kids2, a convite da empresa Zoom, que fornece o material didático utilizado nas aulas de Educação Tecnológica. Após uma seleção entre seis turmas, os nove estudantes, com o respaldo dos professores e da direção do Colégio, se dedicaram a pesquisar temas da ODS14 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU) sobre vida abaixo d’água.

Ao centro, João Pedro e o protótipo de robô

“Eles tinham que identificar um problema e propor uma solução”, explicou a coordenadora, assinalando que foram muitas semanas de estudo em que levantaram uma grande quantidade de subsídios. Conforme disse, um dos alunos, João Pedro, propôs encontrar um meio de minimizar o impacto do peixe-leão que habita os oceanos, sendo encontrado em regiões de Fernando de Noronha, por exemplo. 

 

Desafio: programação para apresentar o  trabalho

Daí surgiu a ideia de um peixe-robô, como um drone marinho, capaz de capturar os peixes dando-lhes uma destinação sustentável: a carne para consumo, os ossos e espinhas para produção de artesanato e o veneno para pesquisa de vacinas. Além disso, a proposta previu a remuneração dos pescadores impactados na sua renda pela redução da oferta de pescados da cadeia alimentar do peixe-leão.

 

PROGRAMAÇÃO

Maria Vitória e Gabriel 
 

Na tarde da última terça-feira, a reportagem do JM conheceu o grupo na sala de pesquisa do Colégio Sagrado. Eufóricos, os alunos tentavam explicar, ao mesmo tempo, os maiores desafios. Orgulhosos, eles se surpreenderam por vencerem a etapa regional do Torneio Brasileiro de Robótica realizado no dia 22 de outubro na unidade II do Colégio Criativo, em Marília.

 

“A parte mais difícil foi a programação”, afirmou Gabriel Rocco, colocando o robô para funcionar percorrendo o tapete colorido cheio de obstáculos. Ao toque no comando do notebook, em que os alunos escreveram os códigos para a movimentação do protótipo, o experimento cumpria o trajeto para alegria geral. 

Peixe-leão em imagem da National Geographic

A coordenadora explicou que a pesquisa dos alunos foi baseada na ODS14, citando que ela prevê “conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”. Os professores, por sua vez, tiveram papel importante ao auxiliarem na estruturação do projeto que tem um formato similar aos TCCs (Trabalhos de conclusão de Curso) da universidade.

 

Para auxiliar o grupo, também foram realizadas entrevistas com especialistas. Um biólogo, por exemplo, se reuniu com os alunos e lançou alguns questionamentos que foram trabalhados, posteriormente, pelos jovens pesquisadores. 

Comando no mouse para o protótipo entrar em ação

Segurando um protótipo do peixe robô construído com garrafa PET, João Pedro explicou como a proposta do experimento se encaixava no tema do TBR: “A ideia é usar um peixe, do tipo drone aquático que serve para limpeza do mar, com adaptador para reconhecimento facial capaz de identificar o peixe-leão, e com sua garra pegaria o peixe, colocaria no cesto e levaria até a superfície”.

Alunos venceram a fase regional no Colégio Criativo

Ao seu lado, os colegas realizavam alguns ajustes e treinavam, exaustivamente, para a apresentação no Rio de Janeiro em que estarão acompanhados pelos pais e alguns professores: “Tudo tem que ser perfeito. Teremos só dois minutos”, assinalou a coordenadora Jecimara. Por sua vez, Maria Vitória acrescentou com semblante concentrado: “Estamos aprimorando a programação porque o risco é grande: errou uma manobra, errou todas”, pontuou.


Independentemente do resultado da final do Torneio Brasileiro de Robótica, os nove pequenos pesquisadores de Marília, por demonstrarem organização, senso crítico, criatividade e dedicação à pesquisa, já merecem nota 10. 


*Reportagem publicada na edição de 27/11/2022 do Jornal da Manhã


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domingo, 20 de novembro de 2022

COM APOIO DA MARCON, IGOR MATANO TRANSFORMA MUROS EM GALERIAS DE ARTE.

Por Célia Ribeiro

Às vésperas de completar 35 anos, a Metalúrgica Marcon tem parte de sua história registrada não apenas nos 1.300 produtos do seu portfólio: quem passa pela Avenida Nelson Spielmann, no bairro Palmital, se surpreende com o colorido do painel do artista Igor Matano que retrata desde o soldador até carrinhos e ferramentas que levam a marca da indústria mariliense para o mundo. 

Muros da APAE têm 500 metros quadrados de arte

Com aproximadamente 400 metros quadrados, o painel é um presente à comunidade, como explicou Daniele Rocha, do Departamento de Marketing da empresa: “A primeira coisa é entender a empresa com relação ao papel social que ela tem, que não é só gerar os empregos, não é só desenvolver a cidade economicamente. Mas, também, é trazer algo em prol da comunidade do entorno, principalmente”. 

Desenho do soldador no muro da fábrica

Ela contou que um dos sócios da indústria, Sílvio Marcon, viu o trabalho de Igor Matano no muro da Escola Estadual Monsenhor Bicudo quando transitava pela Rua Coronel José Braz. Na oportunidade, o artista fez tudo voluntariamente, arcando até com o custo das tintas. Impactado por aquela imagem, o empresário levou a ideia para os sócios e o projeto começou a sair do papel com o convite para Igor Matano revitalizar o muro da parte dos fundos da fábrica.

 

Daniele Rocha
Daniele Rocha explicou que “resolvemos disponibilizar o muro externo da Avenida Nelson Spielmann para ele se expressar e contar um pouco da nossa história.  Através da arte, ele mostrou um pouco da evolução do nosso portfólio de produtos, com mais de 1300 itens e contou um pouco da nossa essência que é a metalurgia”.

MURO DA APAE

 Após a conclusão deste painel, a arte de Igor Matano aguardava mais uma oportunidade que veio quando ele resolveu revitalizar os muros da APAE de Marília, voluntariamente. No entanto, desta vez, necessitava de apoio para as tintas diante dos mais de 500 metros quadrados do espaço.

Ao bater na porta da Marcon, o artista encontrou um parceiro de peso: além de financiar os materiais, a empresa deu total liberdade criativa para a concepção dos desenhos: “O trabalho da Marcon foi a vez que me senti mais valorizado com a arte”, recordou. Ele destacou a importância do apoio para o projeto da APAE porque o muro estava “bem degradado, principalmente a parte externa, que é vitrine do local e não era compatível a parte de fora com o lugar que traz tanta vida e tanto amor para as pessoas”. 

Igor Matano e as filhas Izabela e Beatriz

Reconhecida como uma das instituições mais sérias e relevantes, a APAE de Marília não teria condições de levar adiante um projeto como o que foi executado. Segundo o presidente, Marcos Carchedi, “quando se pensa em revitalizar qualquer coisa, em termos de materiais, vai acabar esbarrando em custos e, na nossa entidade, dependemos muito de doações, telemarketing, venda de materiais usados, venda de lacres, tampinhas. Dependemos muito de recursos públicos e tudo que passa por custos acaba ficando para segundo, terceiro ou quarto estágio. Existem outras prioridades e vai fazendo de acordo com recursos que vamos conseguindo”. 

Antes e depois na Av. Nelson Spielmann

Conforme disse, a revitalização dos muros fazia “parte de um trabalho de gestão que temos desenvolvido ao longo dos últimos anos para melhoria das nossas instalações, equipamentos e materiais usados pelos nossos colaboradores para que possa melhorar, de alguma forma, a estadia dos usuários que frequentam nossa entidade”. 

Detalhe do grafite da Marcon

Neste sentido, elogiou o apoio da Marcon: “Uma empresa que se preocupa com a parte social, obviamente é uma empresa que será sempre muito bem sucedida e muito bem-vinda não só na APAE como em outras entidades da cidade de Marília. A gente tem muito a agradecer a eles, à Marcon e ao artista que cedeu totalmente o seu talento. Ficou maravilhoso o resultado final. Tudo em benefício de nossos usuários que gostaram e vibraram muito”.

 

Muros da APAE com 500 metros quadrados de arte

RESPONSABILIDADE SOCIAL

“Inovar e incentivar ações de responsabilidade social são características que estão em nosso DNA”, assinalou Daniele Rocha quando destacou que dois projetos sociais importantes continuam dando frutos: a coleta de lacres de latinhas de alumínio e de tampinhas de plástico que contam com a adesão total dos mais de 400 colaboradores nas três unidades fabris da Marcon. 

Tampinhas solidárias e fraldas doadas aos asilos

No caso dos lacres, em 13 anos foram beneficiadas 515 pessoas com cadeiras de rodas. Os interessados se inscrevem através do telefone (14) 34012425, sendo respeitada a ordem cronológica. Já a campanha das tampinhas de plástico começou há cinco anos. O material coletado é vendido e a renda é revertida em fraldas geriátricas que são entregues nos asilos de Marília.

De acordo com Daniele Rocha, a comunidade pode contribuir juntando lacres de latinhas de alumínio e tampinhas plásticas. A retirada é feita pela empresa em Marília e quem quiser se tornar um ponto de coleta pode entrar em contato pelo telefone (14) 31022425 ou e-mail: comunicacao@marcon.ind.br

Outras informações: aneissolidarios.org

 

Igor Matano em ação

Para saber mais sobre o artista Igor Matano, acesse o seu perfil no Instagram: @igormatanoart

Em 2021 esta coluna registrou o trabalho de Igor Matano. Confira  AQUI

Leia reportagem anterior sobre a campanha da Marcon para tampinhas solidárias AQUI 

domingo, 13 de novembro de 2022

PROJETO SOCIAL DEVOLVE A AUTOESTIMA ÀS MULHERES EM TRATAMENTO DE CÂNCER DE MAMA.

Por Célia Ribeiro

No calendário, o mês de outubro se despediu com o rosa característico da campanha pela prevenção ao câncer de mama em todo o País. No entanto, a folhinha de uma micropigmentadora de Marilia é diferente: tem “outubro” em todos os meses do ano porque o seu projeto social, que devolve a autoestima às mulheres, desconhece datas  e acontece de janeiro a janeiro.

 

Romilda Gianini e Fabianny no início do projeto em Marília

Fabianny Andrade, casada, três filhos, apesar da agenda apertada, que concilia o atendimento de clientes com as aulas em cursos profissionalizantes, tomou para si uma missão: contribuir para devolver a autoestima às mulheres submetidas ao tratamento contra o câncer de mama através da micropigmentação das sobrancelhas e da aréola onde utiliza uma técnica refinada em 3D para criar a imagem do mamilo após a reconstrução das mamas. 

Fabianny Andrade

Conforme esta coluna registrou em 2020, Fabianny começou o trabalho voluntário em Sorocaba, em 2012. Na época, uma mobilização pela internet convocava micropigmentadoras a participarem de eventos em suas cidades. Esta semana, ela recebeu a reportagem do JM para recordar o início de tudo, destacando que apesar do começo tímido, em Sorocaba, o evento foi evoluindo com os anos. 

Perfeição da micropigmentação em 3D da aréola

Quando ela se mudou com a família para Marília, em 2016, o encontro com a ONG Amigos do COM, era o que faltava para que a ideia de expandir o projeto de micropigmentação das aréolas e das sobrancelhas, sempre com autorização médica, pudesse decolar. 

Lavínia e a mamãe Tati Skitini que venceu o câncer

Olhando para trás, Fabianny fala com orgulho dos atendimentos realizados. Em Marília, foram mais de 50 mulheres, número que ela considera pequeno “porque a maioria das pacientes desconhece esse trabalho. Quando elas recebem alta, fazem a reconstrução da mama, fica só aquele calombo e a micropigmentação da aréola, feita com técnica e muito cuidado, devolve às mulheres a vontade de se ver no espelho”. 

Detalhe da sobrancelha de paciente

Ela não conta com patrocínio para os materiais, arcando com tudo do próprio bolso, e as pacientes não pagam absolutamente nada. “Já teve dia em que fechei a agenda só com esses atendimentos voluntários”, explicou, acrescentando que só cobra em casos de estética. Fabianny lamenta não ter mais profissionais interessadas em participar, o que ampliaria o atendimento. 

Tati, Fabianny e Naná:
precursoras em Sorocaba

Conforme disse, “se houver divulgação, se as mulheres conhecerem esse trabalho, muitas procurarão e se tiver colaboração de outras profissionais, poderemos atender um número maior de pacientes gratuitamente”. A micropigmentação da aréola custa entre 750 a 1500 reais por mama,  no atendimento particular.

Fabianny observou que a melhoria da autoestima das mulheres contribui para a evolução do tratamento: “Percebi que quando a mulher começa a se olhar no espelho o tratamento dá um UP, é outra coisa. Às vezes, o tratamento não está respondendo. Só de pedir autorização para o médico  e fazer a sobrancelha dela, o tratamento volta a responder porque elas voltam a se enxergar, voltam a ter aquela vontade de se olharem no espelho e de viverem”.

GRAVIDEZ

Em Sorocaba, as idealizadoras do projeto social são, além de Fabianny, também Naná Schwarzer e Tati Skitini. Esta última, jornalista e apresentadora de televisão, teve um câncer agressivo com dois por cento de chance de cura. Ela não só se recuperou como engravidou e, na comemoração dos 10 anos do projeto, a filha Lavínia a acompanhou. 

Alegria na tarde do evento dos 10 anos do projeto

Para Fabianny, a micropigmentação tanto da sobrancelha quanto da aréola das mamas tem um efeito incrível sobre as mulheres portadoras de câncer de mama: “Oitenta por cento do tratamento é emocional”, frisou, assinalando que a gratuidade é assegurada a pacientes não só de Marília como de outras regiões: “É um projeto que eu resolvi abraçar e levo comigo. Não consigo parar”, assinalou.

Para saber mais sobre esse trabalho, acesse: https://www.instagram.com/fabiannyandrade/

Seu contato é (14) 981507763.

 *Reportagem publicada na edição de 13.11.2022 do Jornal da Manhã

domingo, 6 de novembro de 2022

SUPERAÇÃO: PROFESSORA DE ARRAIOLO VENCEU A MORTE E INSPIRA AS ALUNAS NO ATELIÊ.

Por Célia Ribeiro

A tradição dos tapetes bordados em lã sobre tela de juta ou de algodão se popularizou na Vila de Arraiolos, em Portugal, embora haja relatos desta arte desde o século XII, na Península Ibérica. Em Marília, Rosana Cristina Serafim é o nome por trás das telas, lãs e agulhas que atraem cada vez mais interessadas. No entanto, nas tardes do ateliê no bairro Maria Izabel, mais que aprender sobre o ponto arraiolo, as alunas se deparam com uma lição de vida e de superação.

 

Rosana e um dos tapetes
 bordados por suas aluna
s
Desde 2.000, quando teve o primeiro contato com a técnica, Rosana pratica e ensina o que aprendeu. E, dessa forma, ajuda a espalhar beleza através de trabalhos em tapeçaria, almofadas, pesos de porta, quadros, entre outros objetos, confeccionados por suas alunas. A produção, que pode ser demorada dependendo do tamanho da tela, também leva amor e solidariedade às entidades filantrópicas que sempre recebem doações para os tradicionais bazares de fim de ano.

Uma das alunas, a ex-secretária municipal da Educação de Marília, Rosani Puia de Souza, falou com entusiasmo sobre a tapeçaria em sua vida: “Sempre que eu passava na rua Mecenas eu via a placa ‘Arraiolo Chão Bonito’. E sempre tive muita vontade de aprender a bordar em arraiolo, que eu acho um trabalho fantástico. Mas, eu trabalhava e não tinha muito tempo. Quando me aposentei, uma das primeiras coisas que eu fiz foi procurar a Rosana para iniciar essa aprendizagem. Comecei com um tapete mais simples, passei para outro mais floral, e ela sempre com muita paciência e, principalmente, muita generosidade”.

Rosani observou que “o arraiolo, como todo artesanato, é algo que auxilia na saúde mental. Assim como o crochê, quando você presenteia com algo que você fez, você doa não apenas o presente; você doa um pouco do seu trabalho, o seu carinho, um pouco de cada coisa que você sente quando está fazendo aquele trabalho. Ainda sou iniciante e não tenho peças muito trabalhadas, tapetes grandes, como algumas alunas que têm trabalhos maravilhosos”.

 

Rosana e Rosani no ateliê

E citando os benefícios do arraiolo para a mente, ela lembrou o momento difícil que a professora enfrentou ao contrair Covid, no início de 2021. Rosana ficou hospitalizada por 60 dias na UTI onde teve dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) e chegou a ser desenganada pelos médicos. Ao receber alta, com membros superiores e inferiores sem movimento, ela lutou bravamente pela vida e seu retorno ao bordado é considerado um milagre. 

Materiais na mesa do ateliê

Rosani falou com carinho da professora: “A Rô é assim. Ela se doa. É o tipo de pessoa que gosta de passar o que ela sabe. Então, essa generosidade da Rosana é o que mais me impressiona nela, além da força de vontade e da fé que ela tem. A Rosana representa, para mim, um dos muitos milagres que Deus fez na vida de muitas pessoas que superaram isso”. 

Tapetes em arraiolo

RENASCIMENTO

 Em Entrevista ao JM esta semana, Rosana falou sobre o início do seu bordado, inspirada nas artesãs Sandra Araújo Garla e Lenita Haddad, em cujo ateliê fazia aulas, 22 anos atrás. E de aluna para professora, o processo foi natural, comentou, destacando o clima agradável das tardes em que as turmas se reúnem para bordar: “É uma verdadeira terapia”, pontuou. 

Cássia, amiga e aluna de Rosana

Assim, ao se ver com a terrível doença que tantas vítimas fez, sobretudo antes da vacinação em massa, Rosana se apegou à fé e lutou muito. “Tem uns amigos que brincam perguntando se eu vi a luz”, disse em alusão às experiências de “quase-morte” que algumas pessoas que estiveram no limite relatam. 

À esquerda, material riscado pronto para bordar

No entanto, ela disse ter sofrido um apagão naquelas semanas: “O que me recordo é de ter ido à UPA, da falta de ar, e da médica ter me internado. Depois tem os dois meses sem qualquer lembrança. Só que acordei em uma maca indo para casa, sem mexer as pernas e os braços”. 

Conjunto de tapetes

Rosana disse que seu maior temor era não conseguir retomar os movimentos. Além disso, ela precisou tratar uma escara nas costas provocada pelo tempo prolongado de internação e se submeteu a sessões na câmara hiperbárica (Oxigenoterapia) na Santa Casa, com a ajuda de amigos. Para a recuperação dos movimentos, contou com a Fisioterapia da Unesp e muita vontade de voltar ao normal.

 

Rosana: gratidão por nova chance

AMIGA INSEPARÁVEL

Aposentada da Justiça do Trabalho e atualmente atriz, Cássia Silva, é a amiga inseparável que sofreu muito no período de internação de Rosana. Ela contou que costumavam se falar todos os dias e que, de repente, ficou sem contato. Ao saber da gravidade do quadro, ela chegou a ter um bloqueio que a impediu de bordar por muitos meses. Apenas, recentemente, com a amiga recuperada, Sandra conseguiu voltar ao arraiolo. 

Cassia Silva

Sandra começou a bordar com Rosana em 2009 e conta que as aulas em grupo são terapêuticas. Eu tive câncer de mama e no grupo havia pessoas que já tinham tido e estavam bem. Outras tiveram depois de mim e uma apoiou a outra”, assinalou. Conforme disse, “as aulas são muito divertidas. Tem a mulherada que faz tapetes enormes, cheios de florzinhas. Eu já gosto de arte moderna. O arraiolo produz peças bonitas e tira um estresse danado”, assinalou, comentando que integra o Conselho Municipal da Cultura de Marília.

 Para a professora, voltar a bordar e a ensinar as técnicas significa um renascimento. Com três filhas e duas netas, Rosana ainda tem sequelas do Covid, como uma forte dor de cabeça que trata com um neurologista. Mas, quando está em meio ao colorido das lãs e das telas que risca com perfeição, ela não olha para trás e só pensa em agradecer a Deus pela chance de recomeçar.

Para saber mais sobre este trabalho, acesse: https://www.instagram.com/arraioloschaobonito/ O endereço do ateliê é Rua Mecenas Pinto Bueno, nº 730, Jardim Maria Izabel, em Marília. Contato: (14) )99713-0507

*Reportagem publicada na edição de 06.11.2022 do Jornal da Manhã