domingo, 27 de fevereiro de 2022

AMANTE DA NATUREZA, TIQUINHO FEZ DO LIXO ELETRÔNICO UMA FONTE DE RENDA.

Por Célia Ribeiro

Seu nome é Reginaldo Gomes de Oliveira. Mas, pode chamar de Tiquinho. Amante da natureza e da vida simples do campo, ele se cansou de ver eletrodomésticos como lavadoras de roupa, aparelhos de TV e rádio, jogados às margens das estradas rurais e nos terrenos abandonados na zona urbana. No começo, ele recolhia as sucatas para proteger os animais que se feriam nos objetos nestes locais.

Tiquinho

Mas, com o passar do tempo, Tiquinho descobriu no lixo eletrônico uma nova fonte de renda e hoje é referência para quem precisa se desfazer de algum eletrodoméstico inservível: “Eu recolho tudo que vai na tomada: televisão de tubo, máquina de lavar, micro-ondas, liquidificador, ventilador, batedeira, ferro de passar, computadores etc”, explicou.

 Em entrevista ao JM, ele contou que durante as visitas que faz ao sogro, na zona rural, costuma ver grande quantidade de lixo descartado: “Nasci e cresci no sítio. Gosto da natureza”, frisou, manifestando sua indignação ao ver que “as pessoas não vão no sítio só para passear. Vão para jogar sujeira nas estradas. Durante esses passeios, vi animais machucados por ‘caçar’ alimentos no lixos”.

 Em um desses passeios, ele teve uma ideia: pegar a sucata, desmontar as peças e retirar ferro e alumínio para vender: “Andei pegando e desmontando aqui em frente de casa”, contou, acrescentando que muitas pessoas pensavam que ele fazia reparos nos eletrodomésticos. Ao explicar que só desmontava para aproveitar os materiais mais nobres, apareceram pedidos para que ele retirasse as sucatas em domicílio. 

Sucatas de onde se extrai materiais para venda

Tiquinho disse que as pessoas se surpreendiam ao saber que ele se prontificava a buscar nas casas tudo o que fosse elétrico e que pudesse render um dinheiro extra “para comprar uma mistura ou ajudar na gasolina”, recordou. Em pouco tempo, a notícia se espalhou e ele começou a receber pedidos para pegar uma TV antiga aqui, uma lavadora de roupa ali. Com a ajuda da esposa Erika, ele disponibiliza dois contatos de telefone: (14) 9.99025700 e (14) 9.91341786.

Embora o processo seja trabalhoso, Tiquinho se sente feliz por contribuir com o meio-ambiente, dentro de suas limitações: “O pessoal coloca TV de tubo na calçada, aí quebram e deixam a sujeira espalhada. Sempre digo: não jogue nada na estrada ou em terrenos baldios. Me liga que eu vou buscar”.

 

Sempre há lixo na
estrada rural
Aproveitando o apelido da infância, “Tiquinho Lixo Eletrônico” virou uma marca registrada que está estampada em cartões que ele distribui pela cidade. Consciente, tudo o que não é aproveitado das sucatas, ele faz questão de levar aos ecopontos que dão a destinação correta.

 CONTAMINAÇÃO

 “A coleta de lixo eletrônico é muito importante para o meio ambiente porque, como nós sabemos, o descarte incorreto desses materiais pode acarretar a contaminação tanto do solo, como do lençol freático”, observou o chefe do Meio Ambiente da Prefeitura e gestor ambiental, Cassiano Rodrigues Leite. Conforme disse, “ isso, com o tempo, chega na nossa água e vai contaminar nossos peixes, as plantas que são irrigadas. Temos metais pesados que compõem o lixo eletrônico”.

O gestor ambiental afirmou que “quando fazemos a coleta de forma adequada, temos o reuso de alguns materiais e outros são devolvidos para a cadeia de produção industrial, para reciclagem ou logística reversa das indústrias, isto é fantástico para o meio-ambiente porque eliminamos a contaminação do solo, do lençol freático, da água, da vegetação e dos alimentos”. 

Tiquinho sempre encontra lixo
eletrônico em áreas urbanas e rurais

Cassiano disse que os metais pesados são “bio-acumuladores. Um peixe pequeno se alimenta da planta que tem esse metal pesado e o peixe maior vai se alimentar desse peixe menor e vai acumular, também, em seu sistema digestivo. Depois, nós, humanos, vamos nos alimentar desse peixe maior e todo esse processo vem para o nosso organismo”.

 

Cassiano Rodrigues Leite, chefe do
Meio Ambiente de Marília

Ele destacou que “existem metais pesados que atingem nosso sistema nervoso e alguns causam câncer”, citando elementos como o mercúrio, cadmio, chumbo, alumínio, titânio, estanho, arsênico, tungstênio, entre outros, que causam graves problemas de saúde.

Neste sentido, Cassiano lembrou que “o trabalho do Tiquinho, mas também de tantos outros como o professor Fábio na ETEC, que fazem a coleta do lixo eletrônico, é fundamental e necessário para termos uma gestão ambiental equilibrada. De nada adianta coletar só papel, plástico, vidro e metais e não coletarmos outros lixos como pneus, pilhas, lâmpadas, baterias e lixo eletrônico”.

 

Ecoponto em parceria com coletores de recicláveis

O gestor ambiental afirmou que Marília é uma cidade privilegiada tendo conseguido nota 10 na certificação de “Município Verde Azul” do governo do Estado de São Paulo, pelas ações exitosas na área ambiental.

Ele finalizou informando que os ecopontos do Projeto Eco Estação também estão aptos a receberem o lixo eletrônico, “como também a ETEC da Avenida Castro Alves, o ecoponto da zona sul e, em breve, nos ecopontos que temos no Jardim Santa Antonieta e no Jardim Califórnia”.

 CONSULTA

Segundo informações no site da Prefeitura de Marília, o descarte correto de lixo tem várias opções, como os ecopontos implantados em parceria com coletores de recicláveis. Clicando no mapa é possível identificar os locais que recebem pneus, óleos, resíduos da construção civil, podas de árvores, eletrônicos etc.

Lavadora
abandonada

Denúncias sobre o descarte incorreto de materiais recicláveis podem ser feitas pelo telefone (14) 3408-6700, na Ouvidoria (0800-776-6111) ou via WhatsApp: (14) 99799-6361. O descarte irregular está sujeito à multa prevista na Lei Complementar 13/92. 

Para falar com Tiquinho – Lixo Eletrônico, os contatos são: (14) 9.91341786 – Tiquinho ou (14) 9.99025700 - Erika

 * Reportagem publicada na edição de 27/02/2022 do Jornal da Manhã



Falar em público é um diferencial na carreira.
Aulas de oratória (individual e em grupo)
presencial e online. Saiba mais no
WhatsApp (14) 991645247


domingo, 20 de fevereiro de 2022

EM PARCERIA COM RESTAURANTES, PROFESSORA COLETA UMA TONELADA DE VIDRO POR SEMANA

Por Célia Ribeiro

Na sala de aula, a professora explica o impacto da reciclagem no meio-ambiente. Após o expediente, ela coloca em prática o que ensina aos alunos de 1º ao 5º ano da rede municipal de Marília ao comandar um corajoso projeto de coleta e destinação de vidro. Graças à parceria com o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Marília e Região(Sinhores), Marli do Nascimento Bôas faz um trabalho de formiguinha ao recolher na caçamba de seu utilitário nada menos que uma tonelada de vidro por semana. 

Professora e recicladora Marli do Nascimento Bôas

Material que teria como destino o aterro sanitário, o vidro não é muito valorizado pelos catadores de recicláveis devido ao peso e por ocuparem muito espaço. Foi observando isso que Marli resolveu iniciar a coleta de vidro, a princípio fazendo uma experiência ao armazenar no quintal de casa, antes da pandemia, em 2019.

“Eu senti a necessidade porque em casa eu separo todos os recicláveis. E eu separava as garrafas, as latinhas, papelões, garrafas PET e os catadores pegavam tudo, menos vidro. Daí, fiquei pensando por que não pegam. Eles diziam que era muito pesado, que tinham que transportar muito peso e o valor pago era muito pouco”, recordou, em entrevista ao JM esta semana.

 

Lupércio e Marli na coleta da Cachaçaria

A professora contou que começou a pesquisar sobre o assunto na internet, comprou um triturador que instalou no quintal da residência e foi em busca de parceiros. “Meu primeiro contato foi com o Chaplin. Eles adoraram a ideia porque o senhor que recolhia os vidros tinha parado de buscar”, revelou, acrescentando que o próximo passo foi contatar o chefe do Meio Ambiente da Prefeitura, Cassiano Rodrigues Leite “que me deu todo o incentivo para continuar”. 

Vidros prontos para o transporte

Mas, o divisor de águas foi quando o Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Marília não só apoiou a iniciativa, mas disponibilizou sua estrutura para incentivar os estabelecimentos associados, ajudando Marli com uma quota mensal de combustível para o transporte do material coletado. Atualmente, ela percorre cerca de 20 bares e restaurantes, toda semana, e ainda coleta de outros locais como adegas, distribuidoras de bebidas e residências.

 LOGÍSTICA

 

Vidros recolhidos
na Cachaçaria

Recolher uma tonelada de vidro, por semana, não é uma tarefa fácil. Para a professora Marli representa esforço físico ao carregar caixas e caixas com vidro depois que chega do expediente na escola municipal. Para os estabelecimentos, o desafio é armazenar corretamente as garrafas em local coberto para não atrair o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e febre amarela, observou o empresário Lupércio Fagundes, da Cachaçaria Água Doce.

 Conforme disse, “temos que ter logística, dedicar tempo e definir um local correto de armazenamento, coberto. A gente tem que fazer nosso papel social. Essa ação dela deixa de colocar 40 toneladas de vidro no aterro, no mínimo, todo ano, sem contar os riscos aos coletores de lixo”. Lupércio destacou, no entanto, que a coleta de garrafas de cerveja diminuiu porque a Ambev optou por produzir embalagens retornáveis. Atualmente, a maior parte da coleta é de garrafas de destilados e outros vidros descartáveis.

 

Marli lembrou que antes desta mudança da indústria cervejeira, a coleta de vidro era muito maior. Ela admitiu que colocar embalagem retornável no lugar da descartável faz bem para o meio-ambiente, e que é preciso buscar outras opções. “Antigamente, eu chegava a pegar 40 caixas de garrafas da cerveja Stella no Chaplin, por semana. Hoje, pego mais de uísque, vodca, gin etc”, assinalou.

Paula com os pais Cleide e Paulo (in memorian)
e irmãos Fernando e Guilherme no Chaplin

A chef de cozinha e uma das proprietárias do Chaplin, Paula Diniz, afirmou que a coleta seletiva no restaurante “vem desde sempre, não apenas com vidro, mas com latinhas de alumínio, garrafas PET, óleo e até outros materiais como motor de compressor de freezer, ventilador de câmara fria. Enfim, tudo o que pode ser reaproveitado nós doamos aos coletores que nos procuram”.

 

Marcelo Diniz, vice-presidente do Sinhores
e sócio da  Cachaçaria Água Doce

SINDICATO

Marcelo Diniz, vice-presidente do Sinhores e sócio da Cachaçaria Água Doce, disse que “há três anos, a gente tinha um grande problema e não tinha como resolver sozinho, que era onde colocar o vidro que é renegado porque tem um valor monetário baixo e exige espaço, estrutura, equipamento para triturar etc”. Neste sentido, a parceria com a recicladora Marli chegou na hora certa.

 

“Porto Vidros” recolhe o material em Marília

Ele explicou que precisava de volume para o projeto decolar. Foi quanto o sindicato atuou junto aos associados para que abraçassem a causa: “É necessário ter, pelo menos, 10 toneladas para o caminhão vir buscar, para valer a pena o transporte”. Marli Bôas comercializa o vidro triturado junto à empresa “Vidro Porto” da cidade de Porto Ferreira, conhecida pela produção de cerâmica.

Triturador no barracão 

Marcelo Diniz lembrou que o Sindicato “começou a falar com nossos pares e hoje temos entre 20 e 25 estabelecimentos participantes. Além disso, damos uma ajuda de custo para o combustível porque a Marli percorre os pontos uma vez por semana para coletar os vidros”.

 No caso da Cachaçaria Água Doce, apenas os vidros de palmito têm outra destinação: Marcelo contou que há dois anos o restaurante doa os frascos para o Banco de Leite Humano que higieniza os vidros, descarta as tampas e coloca tampas novas para armazenar o leite humano doado aos bebês  que necessitam.

 CONTATO

 A professora Marli encerrou a entrevista mostrando-se confiante no futuro da reciclagem dos vidros porque “o que coletamos não chega a cinco por cento do que poderíamos coletar. Mas, é um trabalho de formiguinha que fazemos, apesar dos desafios”. Atualmente, ela mantém um barracão para triturar e armazenar os vidros que são recolhidos pela empresa de Porto Ferreira. Para entrar em contato, seu telefone é (14) 9.97437392.

 * Reportagem publicada na edição de 20/02/2022 do Jornal da Manhã

Curso de Oratória em grupo e indidivual, presencial e online.
Em 2022, também para empresas e entidades.
Saiba mais no WhatsApp (14) 991645247


domingo, 13 de fevereiro de 2022

ALIMENTAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO: COMO OS VICENTINOS ASSISTEM FAMÍLIAS NA POBREZA

Por Célia Ribeiro

Em um casebre na favela na zona leste, aonde o desânimo roubava o sorriso de seis crianças, um menino tomou coragem e abordou a voluntária que costumava levar alimentos à família. Timidamente, ele revelou seu maior desejo: estudar. O que ele não sabia é que se tratava de uma professora que faria a maior transformação em sua vida. 

Cestas básicas prontas para doação

Décadas depois, aposentada como diretora de escola, quem conta esta história é Geni Pereira de Souza, presidente da Conferência Vicentina Nossa Senhora Reconciliadora, que atendeu a reportagem do JM esta semana. Ela falou  sobre a ação social que os vicentinos realizam junto às famílias muito pobres, dando-lhes não só alimento, mas evangelizando-os e proporcionando-lhes as condições para que saiam da miséria. 

 Irmão Gilson, Edilene, Geni e Irmão Edilson

Acompanhada dos religiosos da Sociedade São Vicente de Paulo,  Irmão Edilson e Irmão Gilson (presidente do Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal) e de Edilena Regina Barison, Geni citou o caso do garoto Pedro para ilustrar o alcance da ação dos vicentinos. Na época, o pai do menino tinha um gênio forte e ficou furioso com a intromissão da voluntária, chegando a se armar de um facão para impedir que as duas meninas e os quatro meninos fossem para a escola.

“No fim, passado um tempo, o homem me chamou e reconheceu que foi bom ter mandado os filhos para a escola. E, em sinal de arrependimento, disse que me daria os seis filhos para batizar”, recordou, com o olhar emotivo. Geni perdeu contato quando a família se mudou de Marília. 

Artigos à venda no bazar desta semana

No entanto, há uns quatro anos, casado e com filhos, Pedro localizou a madrinha para agradecer: através da educação ele pode se desenvolver, conservou os valores da infância e hoje é um chefe de família exemplar além de um bem sucedido dono de restaurante no Nordeste.

 ATUAÇÃO

"Nosso principal objetivo é visitar o pobre, levar a palavra de Deus e evangelizar aqueles que necessitam, que estão isolados em casa, que não têm ninguém que lhes dê assistência”, acrescentou o Irmão Gilson Jorge da Silva. Ele assinalou que os vicentinos levam “a boa nova do Evangelho, a mensagem de que Deus o ama. Apesar de estar ali jogado, você é precioso para Deus”. 

Geni (centro) com voluntárias no bazar beneficente

Fundada há 200 anos em Paris, a organização mundial está presente há 60 anos em Marília, seguindo o carisma de São Vicente de Paulo de levar aos pobres não só o alimento para o corpo, mas a palavra de Deus. Irmão Gilson explicou que “dentro da assistência espiritual, fazemos a assistência da manutenção. Muitas vezes o nosso pobre, o nosso assistido, precisa de um documento, de um médico, de uma alimentação”.

 E prosseguiu: “A gente vai tentando potencializar. Tira o documento e com isso pode colocá-lo no mercado de trabalho. A gente pega o currículo e vai tentando suscitar nele este desejo de ser protagonista da sua história. Muitas vezes, por não ter tido trabalho, por ter sido vítima de violência, enfim, todas as mazelas, a pessoa fica depressiva, desiludida da vida. A gente chega e coloca este aparato espiritual, emocional e social de inseri-lo na sociedade, na busca por emprego e por melhorar sua situação”.

Alunos do curso de formação de soldados da PM
doaram alimentos para 45 cestas de Natal

Adeptos de que é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe, mas que é preciso dar o peixe quando a pessoa ainda não tem condições de pescar sozinha, os vicentinos contam com a solidariedade da comunidade para manterem a assistência às famílias. No caso da Conferência Vicentina Nossa Senhora Reconciliadora, que atua na zona leste, são atendidas 20 famílias com cestas básicas e todo suporte necessário.

São disponibilizados cursos profissionalizantes (panificação, informática, rotinas administrativas etc) aos que se interessam em crescer e também há o encaminhamento para o mercado de trabalho. Um fato interessante narrado pela presidente Geni é que, quando uma família consegue se estruturar, ela abre mão, voluntariamente, das cestas básicas para que outra família mais necessitada possa ser beneficiada.

 FONTE DE RENDA

Perguntado sobre a manutenção do trabalho, Irmão Gilson foi enfático: “Nossa fonte de renda é o pobre porque quem mais doa para a gente são os pobres. Temos algumas pessoas que fazem doações maiores, mas é coisa rara. A maioria doa um quilo de feijão aqui, um quilo de açúcar ali. Não temos supermercados que nos doam, nem contrato com empresas, nem subvenção da Prefeitura”. 

Roupas doadas pela comunidade para geração de renda

E por falar em fonte de renda, nesta semana foi realizado um grande bazar no Centro Comunitário do Jardim Aeroporto em que milhares de itens foram comercializados com renda totalmente revertida às ações dos vicentinos.

Finalizando, Irmão Gilson assinalou que “nosso objetivo não é a manutenção da pobreza, da miséria. Não estamos alimentando a cuia na mão. A gente acolhe, faz visita, conversa, vê o que está precisando. A gente não tenta mudar a realidade deles porque a gente sabe da nossa impotência. Visitamos e tentamos assistir da melhor maneira possível sem querer ser o salvador da pátria, até para não deixar nosso assistido acomodado. O objetivo é fazer a mudança dentro deles”.

PARA AJUDAR

Há várias maneiras de contribuir com a obra dos vicentinos, como levar alimentos às missas da igreja católica. No caso da Conferência Vicentina Nossa Senhora Reconciliadora, as missas na Capela de São Vicente acontecem às 9h aos domingos e às 19h30 às terças-feiras. Também são recebidas doações no Centro Comunitário do Jardim Aeroporto, em horário comercial (Rua Engenheiro Columbano Eppinghaus, 155).

Outra maneira de colaborar é doar qualquer alimento não perecível nos carrinhos disponibilizados no Supermercado Colibri (Rua Santa Helena) e Supermercado Preço Certo (Av. Brigadeiro Eduardo Gomes). Ou transferir qualquer valor por PIX – CPF:  33610762853

*Reportagem publicada na edição de 13.02.2022 do Jornal da Manhã


Qualquer pessoa pode falar bem em público.
Tudo é técnica e treino.
Curso de Oratória individual e em grupo
com aulas presenciais e online.
Saiba mais no WhatsApp (14) 991645247


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

BAZAR DOS VICENTINOS VAI ATÉ SÁBADO

 Por Célia Ribeiro

A Comunidade São Vicente de Paulo iniciou nesta quinta-feira (10/02), um bazar beneficente para arrecadar fundos para as obras assistenciais da instituição. Até sábado, estarão à venda centenas de itens de ótima qualidade entre roupas, calçados e acessórios femininos, masculinos e infantis a preços bem acessíveis.

O endereço é: Rua Engenheiro Columbano Eppinghaus, 155 (Centro Comunitário do Jardim Aeroporto). No local, voluntários estarão à disposição para auxiliar nas compras. Para saber mais sobre esse projeto social dos Vicentinos, acesse este blog domingo ou leia na edição impressa do Jornal da Manhã.

Muitas opções em calçados
Muitos artigos infantis
Cartaz do bazar


Há uma grande variedade de roupas





domingo, 6 de fevereiro de 2022

ONCO-OFTALMOLOGISTA QUER APOIO PARA CAMPANHA SOBRE UM CÂNCER RARO QUE ATINGE AS CRIANÇAS.

Por Célia Ribeiro

 O olhar amendoado da pequena bailarina explora o ambiente. Ela levanta os bracinhos e, ao som da música instrumental, rodopia executando com leveza os movimentos da aula de balé. Aos nove anos, a pequena Duda leva uma vida comum às meninas da sua idade: estuda, faz ginástica rítmica e balé, e adora brincar com os amiguinhos. O que a diferencia é a luta que travou, logo no primeiro ano de vida, contra um adversário poderoso: o retinoblastoma. 

Dudinha operou 
ainda bebê

Residente em Araçatuba, Dudinha enfrentou o raríssimo câncer ocular que atinge as crianças até os 10 anos de idade. No entanto, quando o diagnóstico foi fechado não havia mais tempo para preservar o olhinho esquerdo. Paciente da médica Dra. Simone Almeida, de Marília, a pequena foi submetida ao tratamento, que incluiu quimioterapia. A cirurgia de remoção do olho aconteceu quando ela era um bebê de apenas um ano e dois meses.

 A médica, que é chefe da disciplina de Oncologia Ocular da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) e integrante da equipe do Ambulatório de Onco-Oftalmologia da Santa Casa de Marília, tem visto periodicamente casos como este. Por isso, defende a necessidade de uma ampla campanha de divulgação para que os pais e cuidadores de crianças de 0 a 10 anos estejam atentos aos sinais. Quanto mais cedo se diagnosticar o retinoblastoma, maiores as chances de cura e de preservação do olhinho.

 REFERÊNCIA

Recentemente, o termo “retinoblastoma” ganhou as manchetes dos jornais, TVs e sites de notícias por causa da revelação dos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, de que a filha de pouco mais de um ano foi diagnosticada com a doença. Eles gravaram entrevistas e depoimentos nas redes sociais alertando as famílias para que observem seus filhos a fim de identificarem o problema o quanto antes.

 

Daiana e Tiago Leifert com a filha Lua 
(Foto Reprodução TV Globo)

De acordo com a Dra Simone Almeida, em média são diagnosticados, por ano, de dois a três casos de retinoblastoma no serviço de Marília. No entanto, o tratamento é multidisciplinar e demorado. Conforme disse, falta divulgação sobre esse tipo de câncer que, por ser muito raro, acometendo uma a cada 25 mil crianças, não recebe o mesmo destaque de outras doenças na mídia.

 

Bebês com retinoblastoma

Ela afirmou que “o que aconteceu com a filhinha do Tiago Leifert é algo que a gente não deseja para família nenhuma. Mas, quando uma pessoa famosa se vê nesta situação e tem a coragem de expor isso, na minha opinião, é uma atitude de amor sem fim, porque a quantidade de crianças que eles nem conhecem e que eles vão ajudar é imensurável”.

 A médica assinalou que “por conta de ser muito raro, a gente não encontra parceiro que queira abraçar uma divulgação, uma publicidade, uma campanha. Apesar de aqui em Marília ter tentado várias vezes encontrar parceiros, eu não consegui. Então, faço o meu trabalho de formiguinha há 18 anos”.

Dra Simone Almeida

Ela explicou que “o teste do olhinho, todo mundo sabe que ele tem que ser feito na maternidade. A gente procura, principalmente, por catarata congênita, glaucoma congênito, descolamento de retina e o retinoblastoma. Mas, é um teste de triagem. Ele não é um teste de diagnóstico. E para catarata, muitas vezes sem dilatar, você já pega”.

 A médica prosseguiu observando que “glaucoma, dependendo do estágio até pega, mas o retinoblastoma só pega se a lesão estiver lá no centro. E então, para fazer um teste do olhinho que seja significativo para o retinoblastoma, a criança tem que estar com o olhinho dilatado.

E não se dilata olhinho de recém-nascido, normalmente só após 30 dias ou se tem alguma situação em que é necessário dilatar”.

 A Dra Simone contou que costuma fazer no consultório “o teste do olhinho e faço um exame de fundo de olho, porque a criança já está ali comigo. Mas, nunca vai conseguir fazer um exame de fundo de olho detalhado em um bebê porque ele não vai olhar, não vai colaborar; Mas você consegue um teste bem bacana com olho dilatado após 30 dias. Aí, tem uma segurança um pouco maior do significado daquele teste”.

 

Olho em detalhe (Foto Arte/TV Globo)

Entretanto, evitando alarmar as famílias, a médica destacou que “mais importante que refazer o teste é a orientação que a gente, como oftalmologista, precisa dar para esse pai e para essa mãe sobre o retinoblastoma. E isso é muito individual de cada profissional. Eu, como lido com retinoblastoma, como trato criança com retinoblastoma, passo mais tempo conversando com pai e mãe sobre os sinais, os sintomas e sobre o que tem que fazer se notar algo, do que avaliando a criança”.

 ATENÇÃO AOS SINAIS

A médica comentou que os pais geralmente tiram muitas fotografias dos filhos, desde que nascem. E que esse recurso pode ser aproveitado para observar os olhinhos das crianças quando fotografam com flash: “Aquele reflexo vermelho que a gente vê na foto é o teste do olhinho na forma de foto. É o normal. O teste do olhinho é a verificação daquele reflexo em tempo real. Por isso que a criança não precisa ficar voltando todo mês para eu dilatar e ver”.

 

Dois irmãos fotografados: o maior com o vermelho 
normal e o bebê com o câncer em um dos olhinhos

Ela explicou que, quando há alteração, no lugar do reflexo vermelho aparece um branco e, neste caso, os pais devem procurar um oftalmologista. O estrabismo é outro sinal: “Se a criança nunca teve e de repente vira o olhinho ou para dentro ou para fora e não volta, precisa ver o que está acontecendo, normalmente é sinal de baixa visão”.

 A médica frisou a importância do diagnóstico precoce para preservar o olhinho da criança. E acrescentou que “o tratamento e seguimento do retinoblastoma são multidisciplinares. Não existe tratamento só oftalmológico ou só quimioterápico. A gente tem que ter o oncopediatra, o onco-oftalmologista, o radioterapeuta, o especialista em imagem e intervenção. Parte desde o tratamento local, que raramente usa isoladamente, que é laser ou crioterapia associada à quimioterapia. Essa é a base do tratamento”. 

Vermelho normal na foto com flash

Existem tratamentos mais avançados, como a quimioterapia intra-arterial em que um cateter é inserido via cateterismo e o quimioterápico aplicado no olho diretamente, o que dá uma alta concentração do medicamento e baixos efeitos colaterais, como queda do cabelinho. O casal de jornalistas está usando este tratamento que, no entanto, não é pago por convênios ou pelo SUS. Um cateter custa mais de 100 mil reais.

 SANTA CASA

 A médica informou que o serviço de Marília é referência para o interior de São Paulo porque, além da Capital, apenas mais duas cidades (Campinas e Ribeirão Preto) são indicadas para o diagnóstico e tratamento do retinoblastoma. O ambulatório da Santa Casa de Marilia atende particular, convênio e SUS.

 No entanto, a médica frisou que a prioridade é atender a criança, independente se a família tem condições ou não, destacando a importância do trabalho da instituição filantrópica que conta com uma profissional encarregada de fazer toda a tramitação junto ao SUS para garantir o tratamento de alta complexidade às crianças.

Ambulatório da Santa Casa atende particulares,
convênios e pacientes SUS, sem discriminação.

 Dra Simone lamentou que tantas crianças fiquem na fila de espera em serviços como do GRAACC de São Paulo e quando são atendidos já se perdeu um tempo valioso. Por isso, ela insistirá na busca de parceiros junto a empresas e instituições para uma grande campanha educativa.

 A HISTÓRIA DE DUDA

 Cristiane K., mãe da Duda, concedeu uma entrevista ao JM de Araçatuba, por WhatsApp. Ela revelou o sentimento de medo e impotência quando recebeu o diagnóstico: “Se soubesse antes, ficaria mais atenta aos sinais. Ela ficou uma semana internada no hospital da minha cidade com celulite orbitária até conseguir fazer um exame para identificar que seria retinoblastoma. Mas, a confirmação veio somente quando a transferimos para a cidade de Marília e a Dra Simone, com mais exames específicos detectou o tumor. Lembro que eu e meu marido ficamos desolados e choramos muito quando recebemos a notícia”.

Dra Simone acompanha Dudinha
A mãe da Dudinha recordou que “quando descobrimos a doença ela era muito pequena. Precisou fazer sessões de quimioterapia. Mas, mesmo com as quimios ela precisou enuclear o olhinho esquerdo. Hoje ela faz uso de uma prótese ocular e, a cada seis meses  a trazemos de novo em consulta com a oftalmologista dela, tirando as intercorrências que surgem nestes períodos”.

 Cristiane contou que Dudinha “é uma criança bem feliz. Vai à escola e adora os amiguinhos, faz ballet, ginástica rítmica.  Tento colocá-la em atividades que vão agregar valor, dar coordenação. Apesar da falta de uma das visões, ela tem se saindo bem.”

 Ela aproveitou para agradecer o apoio recebido: “No nosso caso, suportamos e temos suportado com a misericórdia de Deus. Ele é a nossa força e sempre será. O que nos ajudou também a passar por tudo isso foi o apoio da família e amigos queridos em Cristo”.

 Antes de encerrar a entrevista, a mãe de Duda fez questão de deixar um alerta aos pais: “Como qualquer tumor, se diagnosticado precocemente possivelmente o tratamento teria evitado a perda do olhinho esquerdo.  Apesar de ser um câncer raro, vale a pena difundir o tema, pois poderíamos, através do reflexo do “olho de gato” em uma foto com flash, ter procurado um especialista antes de o tumor ter se espalhado”.

 Para entrar em contato com a Dra. Simone, o endereço é Rua 7 de Setembro, 734 e telefones (14) 34135475 e (14) 9.96786123. No Instagram, seu perfil é: @dra_simone_almeida

 Veja AQUI mais informações sobre o caso da filha de Tigo Leifert.

Reportagem publicada na edição de 06/02/2022 do Jornal da Manhã

Fale em público com segurança e desenvoltura.
Curso com mentoria individual presencial e online.
Saiba mais no WhatsApp (14) 991645247