Por Célia Ribeiro
Na sala de aula, a professora explica o impacto da reciclagem no meio-ambiente. Após o expediente, ela coloca em prática o que ensina aos alunos de 1º ao 5º ano da rede municipal de Marília ao comandar um corajoso projeto de coleta e destinação de vidro. Graças à parceria com o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Marília e Região(Sinhores), Marli do Nascimento Bôas faz um trabalho de formiguinha ao recolher na caçamba de seu utilitário nada menos que uma tonelada de vidro por semana.
Professora
e recicladora Marli do Nascimento Bôas
Material que teria como destino o
aterro sanitário, o vidro não é muito valorizado pelos catadores de recicláveis
devido ao peso e por ocuparem muito espaço. Foi observando isso que Marli
resolveu iniciar a coleta de vidro, a princípio fazendo uma experiência ao
armazenar no quintal de casa, antes da pandemia, em 2019.
“Eu senti a necessidade porque em casa eu separo todos os recicláveis. E eu separava as garrafas, as latinhas, papelões, garrafas PET e os catadores pegavam tudo, menos vidro. Daí, fiquei pensando por que não pegam. Eles diziam que era muito pesado, que tinham que transportar muito peso e o valor pago era muito pouco”, recordou, em entrevista ao JM esta semana.
Lupércio
e Marli na coleta da Cachaçaria
A professora contou que começou a pesquisar sobre o assunto na internet, comprou um triturador que instalou no quintal da residência e foi em busca de parceiros. “Meu primeiro contato foi com o Chaplin. Eles adoraram a ideia porque o senhor que recolhia os vidros tinha parado de buscar”, revelou, acrescentando que o próximo passo foi contatar o chefe do Meio Ambiente da Prefeitura, Cassiano Rodrigues Leite “que me deu todo o incentivo para continuar”.
Vidros
prontos para o transporte
Mas, o divisor de águas foi quando
o Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Marília não só apoiou
a iniciativa, mas disponibilizou sua estrutura para incentivar os
estabelecimentos associados, ajudando Marli com uma quota mensal de combustível
para o transporte do material coletado. Atualmente, ela percorre cerca de 20
bares e restaurantes, toda semana, e ainda coleta de outros locais como adegas,
distribuidoras de bebidas e residências.
Vidros recolhidos
na Cachaçaria
Recolher uma tonelada de vidro,
por semana, não é uma tarefa fácil. Para a professora Marli representa esforço
físico ao carregar caixas e caixas com vidro depois que chega do expediente na
escola municipal. Para os estabelecimentos, o desafio é armazenar corretamente
as garrafas em local coberto para não atrair o mosquito Aedes aegypti,
transmissor da dengue e febre amarela, observou o empresário Lupércio Fagundes,
da Cachaçaria Água Doce.
Marli lembrou que antes desta
mudança da indústria cervejeira, a coleta de vidro era muito maior. Ela admitiu
que colocar embalagem retornável no lugar da descartável faz bem para o
meio-ambiente, e que é preciso buscar outras opções. “Antigamente, eu chegava a
pegar 40 caixas de garrafas da cerveja Stella no Chaplin, por semana. Hoje,
pego mais de uísque, vodca, gin etc”, assinalou.
Paula
com os pais Cleide e Paulo (in memorian) e irmãos Fernando e Guilherme no Chaplin |
A chef de cozinha e uma das proprietárias do Chaplin, Paula Diniz, afirmou que a coleta seletiva no restaurante “vem desde sempre, não apenas com vidro, mas com latinhas de alumínio, garrafas PET, óleo e até outros materiais como motor de compressor de freezer, ventilador de câmara fria. Enfim, tudo o que pode ser reaproveitado nós doamos aos coletores que nos procuram”.
Marcelo
Diniz, vice-presidente do Sinhores
e sócio da Cachaçaria Água Doce
SINDICATO
Marcelo Diniz, vice-presidente do Sinhores e sócio da Cachaçaria Água Doce, disse que “há três anos, a gente tinha um grande problema e não tinha como resolver sozinho, que era onde colocar o vidro que é renegado porque tem um valor monetário baixo e exige espaço, estrutura, equipamento para triturar etc”. Neste sentido, a parceria com a recicladora Marli chegou na hora certa.
“Porto
Vidros” recolhe o material em Marília
Ele explicou que precisava de volume para o projeto decolar. Foi quanto o sindicato atuou junto aos associados para que abraçassem a causa: “É necessário ter, pelo menos, 10 toneladas para o caminhão vir buscar, para valer a pena o transporte”. Marli Bôas comercializa o vidro triturado junto à empresa “Vidro Porto” da cidade de Porto Ferreira, conhecida pela produção de cerâmica.
Marcelo Diniz lembrou que o
Sindicato “começou a falar com nossos pares e hoje temos entre 20 e 25 estabelecimentos
participantes. Além disso, damos uma ajuda de custo para o combustível porque a
Marli percorre os pontos uma vez por semana para coletar os vidros”.
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