domingo, 27 de fevereiro de 2022

AMANTE DA NATUREZA, TIQUINHO FEZ DO LIXO ELETRÔNICO UMA FONTE DE RENDA.

Por Célia Ribeiro

Seu nome é Reginaldo Gomes de Oliveira. Mas, pode chamar de Tiquinho. Amante da natureza e da vida simples do campo, ele se cansou de ver eletrodomésticos como lavadoras de roupa, aparelhos de TV e rádio, jogados às margens das estradas rurais e nos terrenos abandonados na zona urbana. No começo, ele recolhia as sucatas para proteger os animais que se feriam nos objetos nestes locais.

Tiquinho

Mas, com o passar do tempo, Tiquinho descobriu no lixo eletrônico uma nova fonte de renda e hoje é referência para quem precisa se desfazer de algum eletrodoméstico inservível: “Eu recolho tudo que vai na tomada: televisão de tubo, máquina de lavar, micro-ondas, liquidificador, ventilador, batedeira, ferro de passar, computadores etc”, explicou.

 Em entrevista ao JM, ele contou que durante as visitas que faz ao sogro, na zona rural, costuma ver grande quantidade de lixo descartado: “Nasci e cresci no sítio. Gosto da natureza”, frisou, manifestando sua indignação ao ver que “as pessoas não vão no sítio só para passear. Vão para jogar sujeira nas estradas. Durante esses passeios, vi animais machucados por ‘caçar’ alimentos no lixos”.

 Em um desses passeios, ele teve uma ideia: pegar a sucata, desmontar as peças e retirar ferro e alumínio para vender: “Andei pegando e desmontando aqui em frente de casa”, contou, acrescentando que muitas pessoas pensavam que ele fazia reparos nos eletrodomésticos. Ao explicar que só desmontava para aproveitar os materiais mais nobres, apareceram pedidos para que ele retirasse as sucatas em domicílio. 

Sucatas de onde se extrai materiais para venda

Tiquinho disse que as pessoas se surpreendiam ao saber que ele se prontificava a buscar nas casas tudo o que fosse elétrico e que pudesse render um dinheiro extra “para comprar uma mistura ou ajudar na gasolina”, recordou. Em pouco tempo, a notícia se espalhou e ele começou a receber pedidos para pegar uma TV antiga aqui, uma lavadora de roupa ali. Com a ajuda da esposa Erika, ele disponibiliza dois contatos de telefone: (14) 9.99025700 e (14) 9.91341786.

Embora o processo seja trabalhoso, Tiquinho se sente feliz por contribuir com o meio-ambiente, dentro de suas limitações: “O pessoal coloca TV de tubo na calçada, aí quebram e deixam a sujeira espalhada. Sempre digo: não jogue nada na estrada ou em terrenos baldios. Me liga que eu vou buscar”.

 

Sempre há lixo na
estrada rural
Aproveitando o apelido da infância, “Tiquinho Lixo Eletrônico” virou uma marca registrada que está estampada em cartões que ele distribui pela cidade. Consciente, tudo o que não é aproveitado das sucatas, ele faz questão de levar aos ecopontos que dão a destinação correta.

 CONTAMINAÇÃO

 “A coleta de lixo eletrônico é muito importante para o meio ambiente porque, como nós sabemos, o descarte incorreto desses materiais pode acarretar a contaminação tanto do solo, como do lençol freático”, observou o chefe do Meio Ambiente da Prefeitura e gestor ambiental, Cassiano Rodrigues Leite. Conforme disse, “ isso, com o tempo, chega na nossa água e vai contaminar nossos peixes, as plantas que são irrigadas. Temos metais pesados que compõem o lixo eletrônico”.

O gestor ambiental afirmou que “quando fazemos a coleta de forma adequada, temos o reuso de alguns materiais e outros são devolvidos para a cadeia de produção industrial, para reciclagem ou logística reversa das indústrias, isto é fantástico para o meio-ambiente porque eliminamos a contaminação do solo, do lençol freático, da água, da vegetação e dos alimentos”. 

Tiquinho sempre encontra lixo
eletrônico em áreas urbanas e rurais

Cassiano disse que os metais pesados são “bio-acumuladores. Um peixe pequeno se alimenta da planta que tem esse metal pesado e o peixe maior vai se alimentar desse peixe menor e vai acumular, também, em seu sistema digestivo. Depois, nós, humanos, vamos nos alimentar desse peixe maior e todo esse processo vem para o nosso organismo”.

 

Cassiano Rodrigues Leite, chefe do
Meio Ambiente de Marília

Ele destacou que “existem metais pesados que atingem nosso sistema nervoso e alguns causam câncer”, citando elementos como o mercúrio, cadmio, chumbo, alumínio, titânio, estanho, arsênico, tungstênio, entre outros, que causam graves problemas de saúde.

Neste sentido, Cassiano lembrou que “o trabalho do Tiquinho, mas também de tantos outros como o professor Fábio na ETEC, que fazem a coleta do lixo eletrônico, é fundamental e necessário para termos uma gestão ambiental equilibrada. De nada adianta coletar só papel, plástico, vidro e metais e não coletarmos outros lixos como pneus, pilhas, lâmpadas, baterias e lixo eletrônico”.

 

Ecoponto em parceria com coletores de recicláveis

O gestor ambiental afirmou que Marília é uma cidade privilegiada tendo conseguido nota 10 na certificação de “Município Verde Azul” do governo do Estado de São Paulo, pelas ações exitosas na área ambiental.

Ele finalizou informando que os ecopontos do Projeto Eco Estação também estão aptos a receberem o lixo eletrônico, “como também a ETEC da Avenida Castro Alves, o ecoponto da zona sul e, em breve, nos ecopontos que temos no Jardim Santa Antonieta e no Jardim Califórnia”.

 CONSULTA

Segundo informações no site da Prefeitura de Marília, o descarte correto de lixo tem várias opções, como os ecopontos implantados em parceria com coletores de recicláveis. Clicando no mapa é possível identificar os locais que recebem pneus, óleos, resíduos da construção civil, podas de árvores, eletrônicos etc.

Lavadora
abandonada

Denúncias sobre o descarte incorreto de materiais recicláveis podem ser feitas pelo telefone (14) 3408-6700, na Ouvidoria (0800-776-6111) ou via WhatsApp: (14) 99799-6361. O descarte irregular está sujeito à multa prevista na Lei Complementar 13/92. 

Para falar com Tiquinho – Lixo Eletrônico, os contatos são: (14) 9.91341786 – Tiquinho ou (14) 9.99025700 - Erika

 * Reportagem publicada na edição de 27/02/2022 do Jornal da Manhã



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