Por Célia Ribeiro
Em um casebre na favela na zona leste, aonde o desânimo roubava o sorriso de seis crianças, um menino tomou coragem e abordou a voluntária que costumava levar alimentos à família. Timidamente, ele revelou seu maior desejo: estudar. O que ele não sabia é que se tratava de uma professora que faria a maior transformação em sua vida.
Cestas básicas prontas para doação
Décadas depois, aposentada como diretora de escola, quem conta esta história é Geni Pereira de Souza, presidente da Conferência Vicentina Nossa Senhora Reconciliadora, que atendeu a reportagem do JM esta semana. Ela falou sobre a ação social que os vicentinos realizam junto às famílias muito pobres, dando-lhes não só alimento, mas evangelizando-os e proporcionando-lhes as condições para que saiam da miséria.
Irmão Gilson, Edilene, Geni e Irmão Edilson
Acompanhada dos religiosos da Sociedade
São Vicente de Paulo, Irmão Edilson e Irmão
Gilson (presidente do Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal) e de Edilena
Regina Barison, Geni citou o caso do garoto Pedro para ilustrar o alcance da
ação dos vicentinos. Na época, o pai do menino tinha um gênio forte e ficou furioso
com a intromissão da voluntária, chegando a se armar de um facão para impedir
que as duas meninas e os quatro meninos fossem para a escola.
“No fim, passado um tempo, o homem me chamou e reconheceu que foi bom ter mandado os filhos para a escola. E, em sinal de arrependimento, disse que me daria os seis filhos para batizar”, recordou, com o olhar emotivo. Geni perdeu contato quando a família se mudou de Marília.
Artigos à venda no bazar desta semana
No entanto, há uns quatro anos, casado
e com filhos, Pedro localizou a madrinha para agradecer: através da educação ele
pode se desenvolver, conservou os valores da infância e hoje é um chefe de
família exemplar além de um bem sucedido dono de restaurante no Nordeste.
"Nosso principal objetivo é visitar o pobre, levar a palavra de Deus e evangelizar aqueles que necessitam, que estão isolados em casa, que não têm ninguém que lhes dê assistência”, acrescentou o Irmão Gilson Jorge da Silva. Ele assinalou que os vicentinos levam “a boa nova do Evangelho, a mensagem de que Deus o ama. Apesar de estar ali jogado, você é precioso para Deus”.
Geni (centro) com voluntárias no bazar beneficente
Fundada há 200 anos em Paris, a
organização mundial está presente há 60 anos em Marília, seguindo o carisma de
São Vicente de Paulo de levar aos pobres não só o alimento para o corpo, mas a
palavra de Deus. Irmão Gilson explicou que “dentro da assistência espiritual,
fazemos a assistência da manutenção. Muitas vezes o nosso pobre, o nosso
assistido, precisa de um documento, de um médico, de uma alimentação”.
Alunos do curso de formação de soldados da PM
doaram alimentos para 45 cestas de Natal
Adeptos de que é melhor ensinar a
pescar do que dar o peixe, mas que é preciso dar o peixe quando a pessoa ainda
não tem condições de pescar sozinha, os vicentinos contam com a solidariedade
da comunidade para manterem a assistência às famílias. No caso da Conferência Vicentina
Nossa Senhora Reconciliadora, que atua na zona leste, são atendidas 20 famílias
com cestas básicas e todo suporte necessário.
São disponibilizados cursos profissionalizantes (panificação, informática, rotinas administrativas etc) aos que se interessam em crescer e também há o encaminhamento para o mercado de trabalho. Um fato interessante narrado pela presidente Geni é que, quando uma família consegue se estruturar, ela abre mão, voluntariamente, das cestas básicas para que outra família mais necessitada possa ser beneficiada.
Perguntado sobre a manutenção do trabalho, Irmão Gilson foi enfático: “Nossa fonte de renda é o pobre porque quem mais doa para a gente são os pobres. Temos algumas pessoas que fazem doações maiores, mas é coisa rara. A maioria doa um quilo de feijão aqui, um quilo de açúcar ali. Não temos supermercados que nos doam, nem contrato com empresas, nem subvenção da Prefeitura”.
Roupas doadas pela comunidade para geração de renda
E por falar em fonte de renda, nesta
semana foi realizado um grande bazar no Centro Comunitário do Jardim Aeroporto
em que milhares de itens foram comercializados com renda totalmente revertida
às ações dos vicentinos.
Finalizando, Irmão Gilson assinalou que “nosso objetivo não é a manutenção da pobreza, da miséria. Não estamos alimentando a cuia na mão. A gente acolhe, faz visita, conversa, vê o que está precisando. A gente não tenta mudar a realidade deles porque a gente sabe da nossa impotência. Visitamos e tentamos assistir da melhor maneira possível sem querer ser o salvador da pátria, até para não deixar nosso assistido acomodado. O objetivo é fazer a mudança dentro deles”.
PARA AJUDAR
Há várias maneiras de contribuir com a obra dos vicentinos, como levar alimentos às missas da igreja católica. No caso da Conferência Vicentina Nossa Senhora Reconciliadora, as missas na Capela de São Vicente acontecem às 9h aos domingos e às 19h30 às terças-feiras. Também são recebidas doações no Centro Comunitário do Jardim Aeroporto, em horário comercial (Rua Engenheiro Columbano Eppinghaus, 155).
Outra maneira de colaborar é doar qualquer alimento não perecível nos carrinhos disponibilizados no Supermercado Colibri (Rua Santa Helena) e Supermercado Preço Certo (Av. Brigadeiro Eduardo Gomes). Ou transferir qualquer valor por PIX – CPF: 33610762853
*Reportagem publicada na edição de 13.02.2022 do Jornal da Manhã
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