domingo, 26 de junho de 2022

LOGÍSTICA REVERSA: EMPRESA CREDENCIADA PELA RECICLANIP COLETA PNEUS INSERVÍVEIS.

Por Célia Ribeiro

Mesmo na época mais fria do ano, o Aedes aegypti não dá sossego. Causador da dengue e da febre amarela, o mosquito segue fazendo vítimas. Por isso, eliminar um dos seus criadouros preferidos, que são os pneus acumuladores de água, é mais que uma ação ambientalmente correta. É uma questão de saúde pública. A observação é do empresário Edmilson Ferreira que, em 2013, inaugurou uma empresa de logística reversa que retira do meio-ambiente nada menos que cinco mil toneladas de pneus, anualmente. 

Pneus inservíveis prontos para o transporte
A Reversa Pneus, recém instalada em novo prédio na zona norte da cidade, tornou-se referência como ponto de coleta de pneus inservíveis, sendo a única credenciada na região pela Reciclanip, entidade formada pelos fabricantes de pneus que realiza a coleta em todo o País. Ela recebe os pneus de Marília e mais 16 municípios, num raio de 200 quilômetros, em uma cadeia bem estruturada que conquista cada vez mais atenção, sobretudo das transportadoras.

Em entrevista ao JM, o empresário lembrou como tudo começou. Há nove anos, na gestão do ex-prefeito Vinicius Camarinha, ele procurou o secretário do Meio Ambiente, Leonardo Mascarin, com a proposta de limpar o imenso depósito de pneus da Prefeitura. Sua empresa estava em fase de instalação, mas ele acreditou no potencial do setor e se desafiou a realizar o serviço em apenas 15 dias. 

Edmilson Ferreira

Diante do sinal verde do secretário, com apoio da Reciclanip que cedeu os caminhões para transporte e da Prefeitura que colocou a mão de obra dos reeducandos do sistema prisional, a Reversa Pneus retirou 430 toneladas de pneus no prazo de 12 dias. Edmilson recordou, com orgulho, aquele início que lhe deu a injeção de ânimo que precisava para seguir adiante.

 FISCALIZAÇÃO

Segundo Edmilson Ferreira, um levantamento identificou 235 estabelecimentos entre borracharias, lojas e centros automotivos em Marília, citando que a Lei Nacional de Resíduos Sólidos prevê que as empresas se responsabilizem pela correta destinação dos produtos após o uso. Alguns setores bem avançados são, além dos pneus, os de lâmpadas, pilhas e baterias, citou.

 

Risco de dengue
Conforme disse, “infelizmente falta fiscalização” e o que se vê são pneus descartados indevidamente poluindo o meio-ambiente além de atraírem o mosquito transmissor da dengue que continua fazendo vítimas em Marília. O empresário lamentou que a campanha “Cidade Limpa” realizada, recentemente, não procurou sua empresa para uma parceria, afirmando que poderia contribuir fazendo a coleta dos pneus.

 Segundo ele, os pneus recolhidos pelos bairros, neste período, foram descarregados junto com os demais materiais inservíveis no aterro de Avencas. Mas, poderiam ter sido encaminhados para os trituradores dentro da cadeia de logística reversa. Aliás, com tantos veículos em sua frota, a Prefeitura também poderia descartar os pneus inservíveis neste sistema. Por enquanto, apenas a secretaria encarregada da limpeza pública descarta seus pneus via Reciclanip.

Procurada, a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Marília apresentou sua versão: "A Secretaria de Limpeza Pública informa que os pneus que foram recolhidos durante o mutirão de limpeza passaram por uma triagem para ser descartados corretamente através de empresas licenciadas para dar a destinação final. Sobre os pneus da frota, também é feito o descarte de forma correta através de empresas devidamente licenciadas para dar a destinação correta".

Pneus descartados no aterro de Avencas
De acordo com o empresário, falta conscientização em Marília. Ele citou que municípios como Londrina (PR), Três Lagoas (MS) e Novo Horizonte (SP) são exemplos na área ambiental com legislação municipal seguida à risca. O empresário comentou que, “se for montar um centro automotivo em Londrina, antes de ter autorização, a Prefeitura vai querer saber como será a logística reversa”. Ou seja, é necessário apresentar um plano para gerenciamento de resíduos.  

A empresa foi criada em 2013
Ele assinalou que "tem a falta de fiscalização dos órgãos ambientais e do poder público, também, de saber de empresas que estão fazendo este descarte", acrescentando que ainda se vê pneus jogados a céu aberto, poluindo o meio-ambiente e atraindo insetos como Aedes aegypti.

A empresa faz a coleta de pneus
Edmilson Ferreira explicou que os pneus coletados em Marília e região vão para trituradores e, mais tarde, transformam-se em outros produtos como tapetes para automóveis, piso de quadras esportivas, massa asfáltica e até solados de calçados. E a possibilidade de reuso desse material altamente poluente tem chamado a atenção de empresas ambientalmente responsáveis.

Pneus em meio ao entulho do "Cidade Limpa"

Ele destacou que também há boas notícias, como o exemplo da “Recapog, de Marília, que é uma empresa reformadora de pneus de caminhões que entendeu e que são nossos parceiros diretos. Cada vez mais empresas estão entendendo que tem uma empresa gerenciada pelo setor privado, que o poder público se precisar de um documento ambiental não fornece nada e que se uma empresa precisa de laudos ambientais a gente supre toda essa necessidade”. 

Em 2013, pneus na área externa do depósito da Prefeitua

Edmilson Ferreira revelou que pensou em desistir nos dois anos da pandemia. No entanto, afirmou que valeu a pena acreditar e investir em um setor de tanto impacto ambiental: “Às vezes, empreender em uma área que não dá resultado financeiro desanima. Eu vim do transporte. Mas, se fosse preciso, eu passaria de novo pelo que passei e ainda estou passando”. 

Pneus triturados: reaproveitamento

A Reversa Pneus está localizada na Avenida Antonieta Altenfelder, 2041, zona norte. Para saber mais, acesse: www.reversapneus.eco.br. Os telefones para coleta de pneus são: (14) 996243450 ou (14) 34133675.

 Leia reportagem anterior, publicada em 2018 clicando AQUI.

Para conhecer a Reciclanip, acesse: www.reciclanip.com.br

Reportagem publicada na edição de 26/06/2022 do Jornal da Manhã


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domingo, 19 de junho de 2022

"DOCE FUTURO"INAUGURA IRRIGAÇÃO EM VIVEIRO DE MUDAS DE ESPÉCIES NATIVAS

Por Célia Ribeiro

 “Criatividade é a arte se divertindo”. A frase atribuída a Albert Einstein cai como uma luva neste projeto ambiental que, em apenas um ano, surpreende pela evolução e resultados: O “Doce Futuro”, que ocupa uma área pública antes degradada por queimadas e depósito irregular de lixo e entulhos, inaugurou um viveiro de mudas que utiliza tecnologia israelense para irrigação, na divisa com o Distrito de Padre Nóbrega. 

Viveiro abriga mudas de espécies nativas

Formado por uma horta orgânica, agro floresta e criação de abelhas nativas sem ferrão, o projeto foi registrado nesta página em abril. Localizado no Jardim Maracá II, ele tem promovido uma verdadeira transformação no local que abrigará o Centro de Educação Ambiental, em fase final de construção, para divulgar as boas práticas e incentivar a preservação ambiental às futuras gerações. 

Modelo inspirado em Israel usar timer

À frente do projeto, um dos coordenadores, Johnny Thiago Santana, explicou que o sistema de irrigação foi “inspirado em modelos de Israel onde, apesar de pequeno no tamanho, o plantio é compensado pela alta tecnologia”. Conforme disse, foram plantadas 8.000 árvores em um ano e, graças ao viveiro próprio, eles se tornarão auto suficientes.

De acordo com o jornalista e meliponicultor, Fernando Garcia, o sistema de irrigação facilitará muito o dia a dia dos voluntários: “Com 24 metros quadrados, é pequeno, mas tecnologicamente inovador. Inspirado nos modelos israelenses de irrigação, o sistema é totalmente automatizado. Uma válvula hidro estática, acionada por energia elétrica, obedece aos comandos de um timer programado previamente”, afirmou. 

(Esq) Fernando Garcia e Johnny Santana

Além da simplicidade do mecanismo, o baixo custo é outro diferencial: “Os materiais usados são facilmente encontrados em casas de ferragens e de materiais elétricos e de construção a um custo de 87 reais, valor irrisório dado ao alto desempenho que proporciona”, assinalou Fernando Garcia, que levou a ideia para o projeto.

 

Mudas em formação

“No momento, as mudas produzidas são para serem plantadas no projeto. Precisamos de um pasto melipônico. Devido às queimadas, não tem alimentação na mata. Estamos plantando o alimento das abelhas já que estamos repovoando o local com abelhas nativas”, acrescentou Johnny Santana. 

Futuro Centro de Educação Ambiental

Inicialmente, serão semeadas e cultivadas espécies exóticas de alto interesse meliponícola (das abelhas sem ferrão): aroeira pimenteira, calabura, moringa, ipê, melaleuca alternatifolia, astrapeia, acácia mangiun e eucalipto arco íris. Com a irrigação, não será necessária a presença de uma pessoa, duas vezes ao dia, para molhar as plantas.

EXPANSÃO

 

Uma das nascentes recuperadas

Pela facilidade de instalação e baixo custo, o sistema de irrigação do viveiro será replicado na horta orgânica do projeto, além da área de agro floresta em que são cultivados alimentos em meio às espécies nativas que estão sendo plantadas no local. A produção da agro floresta, por exemplo, já rendeu uma boa quantidade de mandioca, batata doce, milho, entre outros alimentos doados a famílias de baixa renda.

Muito dedicado ao projeto, tendo levantado praticamente sozinho as bases do Centro de Educação Ambiental, Johnny disse que “num futuro próximo, quando formos repovoar as matas de Marília com as abelhas nativas, iremos plantar essas mudas próximo às caixas que irão repovoar as matas”. Além disso, quando “estiverem no ponto de plantio, iremos distribuir para a população e projetos ambientais”, frisou. 

Antes, área degradada por queimadas.

No caso do viveiro de espécies nativas, a estrutura foi doada pela Prefeitura, o sombrite foi doado por uma empresa e a mão de obra ficou por conta dos coordenadores Fernando Garcia e Johnny Santana. Respectivamente jornalista e pintor, eles têm transformado uma área que se torna, a cada dia, modelo de preservação ambiental.

Horta orgânica do projeto

“Esperamos poder cultivar mudas nativas para formarmos um pasto melipônico porque tem espécies de mudas que são de difícil acesso por conta do alto custo. Com o nosso viveiro, vamos cultivar nossas próprias mudas e assim nos tornamos sustentáveis e independentes. Está sendo gratificante ver a grandeza que o projeto vem se tornando. Em menos de um ano plantamos, aproximadamente, 8.000 mudas de árvores, construímos um Centro de Educação Ambiental e recuperamos 04 nascentes. A palavra é gratidão a todos que têm nos apoiado”, finalizou Johnny Santana.

Leia AQUI a reportagem sobre a criação de abelhas sem ferrão.

*Reportagem publicada na edição de 19/06/2022 do Jornal da Manhã

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domingo, 12 de junho de 2022

PROJETO INÉDITO DE PREVENÇÃO À RECAÍDA LEVA ESPERANÇA AOS DEPENDENTES QUÍMICOS

 Por Célia Ribeiro

Arte marcial sul-coreana, o Taekwondo é um esporte de combate em que vence o atleta que consegue atingir os pontos marcados nos protetores do oponente. Na vida, há quem trave uma luta dessas, silenciosamente, para superar um inimigo interno: a dependência química. A boa nova é que uma abordagem inédita em Marília está ajudando um grupo de homens a evitarem a recaída.

Rogério, Irmã Santa e Tiana

Reconhecida por promover a reinserção social de dependentes químicos, a Aurora Boreal, obra das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de Fátima, ingressou na terceira etapa de seu mais importante trabalho social em agosto de 2021. Denominado “Prevenção à Mente Recaída”, o projeto é dirigido pelo médico Dr. Mário Luiz Furlanetto Junior com o apoio de uma equipe de terapeutas voluntários e das irmãs missionárias.

Irmã Santa

A presidente da instituição, Irmã Santa Mendes da Silva, assistente social de formação e missionária que morou em vários países da Europa, recebeu a reportagem nesta semana para falar sobre a mudança de foco. Conforme disse, de 2011 a 2017, o Centro de Apoio atendeu apenas homens e de 2017 a 2021 passou a acolher apenas mulheres que não encontravam muitas opções de instituições após deixarem as comunidades terapêuticas. No entanto, com a pandemia e muitas mulheres reabilitadas retornando às suas famílias, o espaço tornou-se ocioso.

A religiosa disse que rezava dia e noite pedindo a Deus uma providência. Foi quando o Dr. Mário a conheceu em um outro projeto de reinserção social, “Colo de Mãe”, e soube do trabalho que a Aurora Boreal desenvolvia. Naquela época, como professor voluntário de Taekwondo em uma comunidade terapêutica, o médico observou que após a atividade esportiva, quando meditava com os internos, alguns se emocionavam chegando às lágrimas.

O DESPERTAR

“Vi um menino que sempre chorava no final. Eu fui conversar com ele e descobri que ele se abria comigo e não falava com mais ninguém”, recordou, contando sobre o despertar do seu interesse pelo assunto. Algum tempo depois, quando soube que o garoto teria que voltar para uma comunidade terapêutica pensou que poderia ajuda-lo com outra abordagem e precisava de um local. A Aurora Boreal, então, chegou sob medida para um trabalho inovador que vai revolucionar a maneira como se trata a recaída.

Dr. Mário Furlanetto Jr.

Como cirurgião vascular, Dr. Mário foi atrás de conhecimento e no mês que vem se forma em Psiquiatria com especialização em dependência química: “Eu fui estudar para fazer o máximo que eu conseguisse por ele. Fui ver que recaída não é o que a gente pensa. Não é ir lá usar a substância. A recaída é um comportamento que começa, às vezes, duas semanas antes, ou um minuto antes”, observou.

Ele explicou que se trata “de um estado mental extremamente patológico que o indivíduo entra e que tem como fim usar a substância. E isso dá para observar clinicamente”. O médico revelou que se apaixonou pela complexidade do tema à medida em que aprofundava seus estudos não encontrando nada parecido no Brasil.

De acordo com o Dr. Mário, este é “o primeiro projeto especializado em recaída, como um processo neurológico, mental, psicológico e psiquiátrico que leva a pessoa a se transformar em um estado mental doentio que ele não sabe o que está fazendo. Ele vai lá usar, mas ainda não sabe. Se a gente não interromper isso, ele vai usar”.

Por isso, a equipe terapêutica multidisciplinar, formada por voluntários, é fundamental. Juntamente com o médico, os pacientes recebem atendimentos durante três meses, gratuitamente, na Aurora Boreal, onde a capacidade atual é de 04 pacientes alojados em quartos individuais. 

Tiana (direita) e a terapeuta consteladora Gláucia,
 com Irmã Santa e pacientes

O médico destacou que a condição principal para o paciente ser aceito é desejar, realmente, o tratamento “porque se colocar um paciente que não está a fim, ele vai se estressar e vai acabar fazendo uso”, pontuou. Durante o período de internação, as terapias incluem Reiki, Psicoeducação, Constelação, Barra de Acess, além de atendimento médico e psicológico, entre outros.

Horta para consumo próprio e laborterapia

Durante a longa entrevista ao JM, o médico adiantou que o manual que escreveu para orientar os terapeutas chegou a 140 artigos e vai se tornar um livro: “Não é prevenção à recaída. Na verdade, é prevenção ao uso porque a recaída é um processo biológico. Ele pode vir, automaticamente, a cada três meses, durante dois anos. Neste período, existem vários mecanismos biológicos que estão atuando e ninguém ainda olha para isso”.

Por conta do ineditismo desse trabalho, Dr. Mário Furlanetto Junior tem publicado artigos em revistas e sites médicos do Brasil e do exterior.

Rogério: recomeço é luta diária

FUNDO DO POÇO

Bibliotecária aposentada da Unesp, Sebastiana Freschi, conhecida por Tiana, se emocionou ao falar sobre o trabalho que desenvolve como terapeuta de práticas integrativas: “Gostaria de trabalhar com as questões da dependência porque tenho em família. Senti que era algo que eu deveria contribuir. Tive muitas experiências, vi coisas muito tristes. E os meninos têm me ensinado muito. A gente tem tido uma troca de ensinamentos. É uma benção estar aqui”.

Um dos quatro pacientes é Rogério, 39 anos. Morador de Paraguaçu Paulista, ele fica na Aurora Boreal durante três dias aproveitando a profissão de aplicador de insulfilm para realizar alguns trabalhos em Marília. Sua história impressiona: aos 14 anos começou cheirando cola, depois passou para maconha e aos 27 anos estava no crack quando perdeu tudo, incluindo esposa e três filhas.

Atividade na areia:
terapia que limpa a mente

Morando na rua, ele chegou ao fundo do poço enfrentando o medo diário da violência, passando fome e frio quando se drogava para esquecer a situação em que se encontrava. Na quarta-feira, dia da reportagem, ele contou orgulhoso que estava há 146 dias sem uso de drogas, que se casou de novo e luta, a cada dia, para se manter firme.

Rogério deixou uma mensagem às famílias: que enfrentem o problema e parem de super proteger o dependente químico: “Quando o filho sai da comunidade terapêutica, a mãe dá celular, dinheiro, leva no shopping, ao invés de fazer o filho virar homem e lutar por suas coisas. Tem que parar de alisar a doença”, frisou.

O mesmo disse Pedrinho, 28 anos, mineiro que começou a se drogar aos 12 anos e passou por inúmeras clínicas de reabilitação e comunidades terapêuticas. Há quatro anos sem uso de drogas ele aconselha as famílias a serem firmes. Além dos dois, há um profissional que preferiu não se identificar que trabalha em home office das 8 às 17h em seu quarto na instituição. Funcionário de uma multinacional, ele contribui com a casa cedendo o cartão alimentação com que são realizadas compras de alimentos. O quarto paciente é um cuidador social, dependente químico, que trabalha de dia e retorna à instituição no fim da tarde.

MANUTENÇÃO

Irmã Santa disse que a Secretaria da Assistência Social contribui com cestas básicas e que os internos ajudam com o que podem, assim como a entidade recebe contribuição do dízimo da Igreja São Miguel e doações de voluntários. Mas, muitas vezes as contas não fecham e, assim, nem colocando o seu 13º de aposentada foi possível terminar as obras do segundo banheiro.

Banheiro inacabado

As pessoas que desejarem contribuir com esse projeto social podem depositar qualquer valor pelo PIX 718.733.418-49 (CPF da Santa Mendes da Silva, missionária de Nossa Senhora de Fátima). A entidade está localizada à Rua Antônio Dantas, 135 – Jardim América em Marília. O e-mail para contato é: auroraborealirmasanta@gmail.com

Leia AQUI o artigo do Dr. Mário sobre a neurobiologia da desintoxicação.

Acesse outras reportagens sobre a Aurora Boreal AQUI e AQUI

*Reportagem publicada na edição de 12.06.2022 do Jornal da Manhã


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domingo, 5 de junho de 2022

DA CRISE NASCEU UM NEGÓCIO LUCRATIVO QUE UNE SABOR À PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

Célia Ribeiro

Imagine ter uma empresa com clientela fidelizada, bons funcionários e uma frota de veículos novos e, em poucas semanas, ver tudo desmoronar ao ponto de quase fechar as portas. No olho do furacão, o empresário Ricardo Furlaneto viu na crise uma oportunidade e, sem querer, acabou criando um negócio rentável do ramo de pimentas, geleias, compotas e picles que agregou ao comércio de vidros reutilizáveis. 

Produtos expostos na empresa na zona norte

Para entender como se deu a virada de chave, é preciso voltar a 2020. Na época, a empresa de entregas estava a todo vapor com dezenas de clientes corporativos, recebendo, em média, sete reais por entrega. De boletos a encomendas, a frota de Fiorinos e motos não parava. Com a pandemia e o comércio eletrônico bombando, Ricardo imaginou que seu negócio prosperaria.

 

Ricardo Furlaneto
No entanto, com o aumento do desemprego, muitas pessoas passaram a explorar esse nicho: “Quem tinha carro, vendeu e comprou outro mais adaptado ao negócio, quem tinha moto ou até bicicleta, também começou a fazer entregas. O preço de sete reais que a gente recebia caiu para dois reais e ficou insustentável”, recordou.

 Como bom apreciador de pimentas, sobretudo as chamadas “nucleares”, extremamente fortes, Ricardo se juntou à esposa Hellen e ao filho João com um novo desafio: produzir molhos de pimenta, doces, geleias, picles etc, para comercialização: “No começo, pensei em montar uma barraquinha na feira”, disse. Mas, ao observar a aceitação dos produtos entre os amigos e o interesse de pessoas que queriam revender, ele resolveu expandir o negócio. Assim, nasceu o selo “Empório Família Furlaneto”.

Depois de atuar no ramo de entregas por 22 anos, os boletos, notas fiscais e encomendas diversas, ficaram em segundo plano. A empresa que ocupa uma área privilegiada na zona norte virou o coração do novo negócio com a produção dia e noite das delícias cujas receitas foram se adaptando ao gosto dos clientes. 

Hellen organiza as tampas da embalagem

EMBALAGEM   

O negócio em franca expansão demandou uma grande quantidade de embalagens de vidro que Ricardo adquiria na vizinha cidade de Garça: “Estava gastando R$ 3 mil a R$ 3,5 mil por mês de embalagem. E não tinha lucro porque os meus produtos eram consignados em muitos pontos de venda. Começamos a ver vidros espalhados no lixo, nas ruas. E começamos a pegar. Nós limpamos a Cascata inteira e andava na cidade toda. E vimos que a gente não precisava mais comprar. Já tinha uma demanda boa”, contou. 

Estoque de vidro no porão

Em cursos on line, tanto para aprimoramento da produção, quanto sobre a correta higienização das embalagens, Ricardo, a esposa e o filho, começaram a aproveitar vidros descartados em ecopontos, em frente aos bares e restaurantes etc: “Descobri o ecoponto da Prefeitura e pedi para comprar, quando soube que eu poderia pegar o que quisesse”, explicou, acrescentando que voltou para a empresa com o carro cheio. 

Empório da Cachaça, an Rua Rio Grande do Sul,  vende os produtos

Nesta época, leu nas redes sociais uma postagem do Ademar Aparecido de Jesus, o popular Dema, sobre os vidros que recolheu e não estava encontrando destinação. Ocorre que o preço pago pelo vidro é muito baixo e os catadores não se interessam em transportar tanto peso e receber migalhas. Foi então que Ricardo procurou Dema que lhe propôs levar todo o vidro cristal (branco transparente) que quisesse.

 

Molho tártaro é campeão de vendas
O empresário mal acreditou: havia 21 toneladas de vidro disponíveis que demorou três dias para transportar. Pensando que tinha veículos ociosos na empresa, Ricardo fez uma proposta ao Dema que trabalha com coleta seletiva nos ecopontos junto com sua família: “Dei uma Fiorino, uma Elba e duas motos cargo a troco de 80 mil vidros. Ainda tenho que receber 35 mil vidros dele. Eu já tinha a visão que ia dar certo”, assinalou.

Foi aí que, de consumidor de vidros reutilizáveis Ricardo passou a fornecedor. Ele higieniza os vidros de diferentes formatos e os comercializa junto a clientes da região em uma corrente que gera renda e emprego movimentando a economia além de retirar do meio ambiente nada menos que 30 toneladas de vidro, mensalmente.

“Pensei em montar uma loja de vidro, de um lado a minha pimenta e de outro só vidro. Eu não imaginava que teria uma procura boa. Pensei, o que não vender de vidro eu encho com produto meu. Faço compota, doce, pimenta, tem garrafas diferentes e fazemos mosaicos. Vi que isso estava começando a girar e eu não estava tirando dinheiro do bolso”.

 

Pimenta, o começo
de tudo!
EVOLUÇÃO

Visionário, Ricardo expandiu tanto o negócio que também compra de pequenos fornecedores que vendiam o vidro quase de graça, pagando o preço que considera justo: “Eu compro vidros de várias pessoas que venderiam a 8 centavos o quilo, porque não têm volume. No meu caso, pego 10 vidros para dar um quilo e pago 2,50”, comentou.

O empresário disse que seu negócio está atraindo concorrentes porque deu certo, mas alertou que exige muito trabalho e dedicação. No caso da higienização dos vidros, na primeira etapa eles ficam cinco dias em tambores com uma solução própria antes de partirem para a limpeza, secagem e esterilização.

 Também é preciso ter espaço adequado. No caso de Ricardo, a sua empresa de entregas tem uma ótima área útil e ainda conta com um porão em que estão estocados 80 mil vidros. Na parte superior está a confortável residência de 200 metros quadrados. Conforme disse, a família só sobe para casa na hora de dormir porque o trabalho inclui os finais de semana. 

Picles prontos para entrega

Realizado em ver seus produtos em lojas de conveniência, açougues, peixarias e até casa de massas, Ricardo deixou o serviço de entregas em segundo plano. Seu foco está na reutilização de vidros, agora também com a captação de garrafas de cerveja retornáveis para a indústria. Ele disse que esse segmento tem tudo para crescer e ele, como pioneiro, está se preparando para o “boom” que virá em breve.

 

Ricardo retira tonetadas de vidro do meio-ambiente

Preocupado com a degradação ambiental, Ricardo disse que sonha em ver uma mudança de mentalidade com mais empresas investindo no reuso: “O gasto de energia para fazer uma garrafa de vidro equivale a 72 horas de um bico de luz. Precisa de 52 litros de água para resfriar a alta temperatura e que vira vapor”, sendo que as fábricas de bebidas podem recolher as garrafas de vidro e reutiliza-las sem danos ambientais.

Se depender do Ricardo, essa história terá um final feliz. Só em Marília, ele entrega para distribuidoras de bebidas e pequenos mercados 30 mil garrafas de cerveja por mês. Isso que é revolução!

Para saber mais, acesse no Instagram @emporiofamiliafurlaneto. O WhatsApp da empresa é (14) 998103262

*Reportagem publicada na edição de 05/06/2022 do Jornal da Manhã

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