domingo, 31 de janeiro de 2021

O SAPATEADO INVADE AS CASAS COM AULAS ONLINE E O INCONFUNDÍVEL SOM CADENCIADO

 Por Célia Ribeiro

Quando se fala em sapateado, a primeira ideia remete aos grandes musicais com Fred Astaire, Ginger Rogers e Gene Kelly. Com movimentos graciosos, eles transformavam o “toc..toc” das plaquinhas nos solados em sons cadenciados que entraram para a história. Em Marília, a escola Batukedopé, da sapateadora profissional e educadora Valéria Sanches, não desceu do salto no começo da pandemia: enviou mini tablados para as casas dos alunos e partiu para aulas online investindo na parte teórica sem esquecer da prática.

Apresentação na Virada Cultural

Em entrevista ao JM por WhatsApp, Valéria Sanches revelou que a Batukedopé foi a primeira escola de dança a fechar na pandemia, em 15 de março de 2020. Ela recebeu uma mensagem de uma amiga médica relatando a gravidade da situação e decidiu se antecipar para preservar os alunos de todas as faixas etárias, de crianças aos da terceira idade.

“No início foi muito confuso. Na primeira semana, fui criando e repensando estratégia de aulas online e primeiramente pensei como vou fazer isso? Muitas dúvidas e receio. Coloquei as ideias no lugar e pensei que nós do Batukedopé tínhamos que manter os alunos conectados de alguma forma com a nossa arte”, contou. Além do tablado nas residências, ela enviou vídeos gravados com exercícios e práticas de pequenas sequências de sapateado.

Valéria, sapateadora
 profissional e educadora

Acostumada com a alegria das aulas na escola, Valéria sentia falta de interação com os alunos. Por isso, tentou aulas ao vivo em um perfil do Instagram aberto só para suas turmas. Mas, queria mais: a troca com os alunos e daí surgiu a ideia de migrar para a plataforma Zoom, muito usada em videoconferências.

No entanto, também não deu certo, como ela explicou: “O sapateado tem a sua particularidade do som produzido pelos pés e o aplicativo cortava os áudios, ora da minha fala ora da música e do sapato também. E, finalmente, migramos para o Google Meet e conseguimos com esse aplicativo dar a continuidade nas aulas online tendo a interação esperada, na medida do possível”.

ESTRATÉGIAS

Interação online com alunos

Educadora física com pós-graduação em Educação Infantil e Arteterapia, Valéria Sanches usou seus 30 anos de experiência para incrementar as aulas: “Todo plano pedagógico foi adaptado à situação. Fizemos muitas aulas teóricas com pesquisas sobre a história do sapateado e incorporei noções de musicalidade. Para os pequenos, as aulas foram temáticas. Eu contava histórias acompanhada de vários acessórios cênicos e a cada aula treinávamos os passos novos dando um resultado incrível e encantador”, recordou.

Aluna Luiza Passos e seu mini tablado

Para Valéria, idade não é impedimento: “O Batukedopé atende alunos de três a 99 anos. Temos turmas iniciantes, intermediárias e avançadas, além das aulas para adultos e terceira idade. Uma particularidade da escola são as aulas para crianças de três a seis anos. Temos a turma do Brincatap que é um método de ensino criado por mim, que nasceu junto com a minha filha caçula que me acompanhava nas aulas desde a gestação. Observando-a, percebi que era possível através de uma aula lúdica ensinar crianças bem pequenas”.

A alegria do sapateado

DIFICULDADES

Como todos os segmentos, a escola passou por muitas provações: “Para nós, artistas, está sendo muito difícil. Tivemos que fechar a escola. Com isso, houve perda de muitos alunos e a renda caiu bastante, ao ponto de ter que negociar o aluguel. Houve uma ajuda da Secretaria da Cultura com o projeto Pratas da Casa, onde gravamos um pocket show e uma vídeo aula. Recebemos um cachê que ajudou. Outra situação foi a Lei Aldir Blanc que foi uma grande ajuda, recebemos um subsídio para manter o espaço”, citou.

Valéria contou que “tivemos, também, a honra de ser convidados a participar da Virada Cultural Paulista online. O projeto do Batukedopé, “Ser Tão Bão”, foi gravado no Teatro Municipal de Marília e transmitido para todo Brasil”. Ela lembrou, ainda, do desafio de fazer um espetáculo para encerrar 2020 aonde cada aluno foi gravado em sua casa: “O Que Foi Feito De Nós?”.

João (filho) e os artistas Jarbas Homem de Melo
Claudia Raia com Valéria 

Ela explicou que “as coreografias foram construídas durante as aulas online e ensaiadas. Contei com o auxílio dos pais para fazer as gravações e assim produzimos nosso espetáculo. Foi muito desafiador e emocionante. Transmitimos através do Canal do Youtube do Batukedopé no dia 12 de dezembro e convido todos a assistirem esse trabalho feito com muito amor”.

Para 2021, o que não faltam são planos, a começar de uma turma de sapateado para a terceira idade, a partir dos 55 anos. Valéria espera ansiosa a retomada das aulas: “A minha expectativa é que possamos voltar à vida, não como antes, mas com um olhar mais altruísta, um olhar mais amoroso para com o próximo. Pretendo voltar as aulas presenciais em março de uma forma bem diferente e cuidadosa, pensando que será terapêutico essa volta à prática da nossa arte que é Sapatear”.

Fotos de musicais inspiram na entrada da escola

Ela finalizou afirmando que aprendeu “com essa pandemia que é possível, através da arte, deixar a vida mais leve. Procurei fazer coisas diferentes, como por exemplo, comecei a cultivar orquídeas, várias plantas e essa prática me fez muito bem”. Além disso, fez cursos online com profissionais dos Estados Unidos e da França e ainda encontrou tempo para estudar música: “Estou aprendendo a tocar Ukulelê. Essa pandemia abriu esse espaço. Estamos tão distantes e tão conectados ao mesmo tempo; tudo isso foi possível perante o equilíbrio emocional e a esperança que tudo vai passar. Tenho muita gratidão a Deus e aos meus alunos que confiaram e continuaram conosco nesse momento tão difícil”.

Para saber mais sobre o Batukedopé: www.batukedope.com.br.  Contato 14 997042871 - atendimento pelo WhatsApp. Fan page:  Batukedope Espaço de Arte e Sapateado e Instagram @batukedope

Leia reportagem de 2018 da escola acessando AQUI

*Reportagem publicada na edição de 31.01.2021 do Jornal da Manhã



domingo, 24 de janeiro de 2021

SOM DA ESPERANÇA: COMO UMA ESCOLA DE MÚSICA SE REINVENTOU DESPERTANDO A ARTE ADORMECIDA DURANTE A PANDEMIA

Por Célia Ribeiro

Quase toda criança ganhou de presente um pianinho, um violão colorido ou uma bateria de enlouquecer os vizinhos. Os brinquedos em forma de instrumentos musicais encantam por surpreenderem com seus sons característicos que arrancam gargalhadas dos pequenos artistas. Conforme o tempo passa, alguns jovens talentos querem alçar voos mais altos quando se interessam por instrumentos profissionais que lhes são apresentados em escolas de música.

Gabriel e a aluna Amanda Tsutsumi

Em Marília, o Centro Musical Tons & Semitons, fundado pela cantora e compositora Jaci Furquim junto com os filhos Gabriel Soledade (produtor, arranjador, violão sete cordas e educador) e Luciano Soledade (percussionista e educador) recebia alunos a partir dos cinco anos, antes da pandemia. Adaptando-se ao “novo normal”, foi necessário limitar a faixa etária inicial a oito anos e, com uma reorganização na sua estrutura física, colocou a música como anteparo aos desafios desses tempos sombrios.

Educação musical: Jaci e os pequenos artistas antes da pandemia

“A música, como todas as outras artes, salva. Ela preenche as lacunas da nossa alma, ela reestabelece o equilíbrio do nosso sistema emocional, nos aproxima de outras pessoas criando uma ponte entre nosso mundo interior e o mundo exterior”, observou Gabriel Soledade, educador, músico, arranjador e produtor musical. 

Ele prosseguiu afirmando que, “na pandemia, percebemos que a música exerceu um papel ainda mais forte nessas relações todas de afeto, alegria, esperança. Enfim, ela tem funcionado como um remédio para os males que afligem a humanidade, atualmente”. Citando estudos científicos, o educador lembrou que “os benefícios da música vão desde o alívio de dores, a melhora da memória e até mesmo um estímulo para a prática de atividade física. Ouvir música libera dopamina e causa uma sensação de bem-estar e, por isso, tem sido usada por médicos, terapeutas e preparadores físicos para o tratamento de diversos problemas”.

 Matheus Hespanhol se prepara para recital

REORGANIZAÇÃO

Fundado em 1.996, o Centro Musical Tons & Semitons foi surpreendido com a quarentena e a proibição de aulas presenciais. Por isso, até abril do ano passado mantinha apenas aulas online. Foi necessário pensar em uma alternativa para trazer os alunos de volta de forma segura, com todos os cuidados preconizados pelas autoridades sanitárias.

Gabriel explicou que a escola passou por uma adaptação: “Tivemos que nos ajustar a essa nova forma de trabalho. Aos poucos, fomos criando novas formas de atendimento presencial, readaptamos os espaços da escola retirando todo o excesso de mobília, enfeites desnecessários etc, para termos mais espaço livre entre professores e alunos, propiciando assim um distanciamento de, no mínimo, dois metros e meio entre ambos”.

Luciano Soledade em aula de percussão

Conforme disse, “criamos um sistema de divisória, um biombo de material plástico, que separa aluno e professor”, que utiliza máscaras e viseiras em salas com ventilação natural e abundante. Assim, podem ser ministrados cursos de Técnica Vocal (Canto), Violão Popular e Erudito, Bateria, Percussão, Guitarra, Contrabaixo, Cavaquinho, Violão 7 Cordas, além de preparatório para prova no Conservatório de Tatuí (Guitarra MPB/Jazz).

Gabriel disse que “as aulas utilizando painéis, máscara e distanciamento, além do medo, não estão sendo fáceis para professores e alunos. Porém, todos entenderam que é a forma que temos no momento para driblarmos a pandemia, e as aulas online estão sendo muito utilizadas por conta dessas questões”.

: Aluno de canto, Dell Moura atrás do painel de plástico

TODAS AS IDADES

Se durante muito tempo os pais matriculavam as filhas logo cedo em aulas de piano, hoje o acesso à música está muito mais democrático e acessível a todos, independente da idade e do talento. Segundo Gabriel Soledade, “todos podem tentar aprender, porém os resultados são diferentes segundo as capacitações naturais de cada pessoa”.

Sobre a predominância do piano para as meninas nas gerações passadas, o educador observou que “embora essa atitude gerasse uma imposição para as mulheres, tornando limitado o ensino de música para as mesmas, isso ainda era melhor do que se não tivessem tido contato nenhum com a música. Assim surgiu a grande Chiquinha  Gonzaga”, destacou, citando a compositora e maestrina carioca.

Ele acrescentou que “a nova visão em relação aos direitos da mulher tornou muito mais abrangente suas escolhas e está revelando inúmeros talentos do sexo feminino, em qualquer instrumento ou área da música”. Além disso, os mais velhos não foram esquecidos. O educador disse que, durante um ano, ele, Luciano e Jaci ministraram  aulas para o Curso de Musicalização para a Terceira Idade na UNATI (UNESP/Marília).


Com responsabilidade e afinação, o centro musical espera atravessar a pandemia com o som da esperança que sai das vozes e dos instrumentos de muitos que, um dia, também brincaram com um violãozinho de plástico.

SOBRE A ESCOLA

O Centro Musical Tons e Semitons foi fundado em 1996 pela educadora musical Jaci Furquim, oferecendo ensino musical a Marília e região e criando em seus alunos uma consciência musical, atendendo hobbystas e profissionais. Conta com um quadro  de professores qualificados e profissionais atuantes no cenário musical. Ao longo de 25 anos trouxe inovações, workshops, oficinas culturais, inaugurando eventos municipais como por exemplo o projeto  "Domingo no Bosque", recitais  (shows de alunos) abertos ao público no Bosque Municipal, Teatro Municipal, Auditório Otávio Ligneli e outros espaços de cultura de Marília.


Luciano, Gabriel e Jaci integram o "Cartola Branca"

Atualmente, o Centro Musical conta com a direção de Gabriel Soledade (músico profissional sideman há 24 anos) que iniciou seus estudos musicais com a educadora Jaci Furquim nos violões popular e erudito e tornou-se educador musical em 1996 no Centro Musical Tons e Semitons; também é arranjador e produtor musical. Estudou no Conservatório Souza Lima - São Paulo, Conservatório Dr. Carlos de Campos-Tatuí e cursos livres com grandes nomes da música, como Toninho Horta, Mozart Mello, Djalma Lima, Michel Leme, Luizinho 7 Cordas e outros. A direção artística é de Jaci Furquim.

Vale assistir o vídeo desses artistas: Jaci Furquim & Cartola Branca

O Centro Musical Tons & Semitons está localizado à Rua Antonio Lorencil Serafim, 08, Bairro Santa Gertrudes, próximo ao Aeroporto. Telefone (14) 33163236. Nas redes sociais, acesse: https://www.facebook.com/tons.semitons

*Leia reportagem sobre Jacim Furquim AQUI e sobre o Chorinho de Gabriel e Luciano Soledade AQUI

* Reportagem publicada na edição de 24.01.2021 do Jornal da Manhã



domingo, 17 de janeiro de 2021

COM CHAMADAS DE VÍDEOS, IDOSOS DO LAR SÃO VICENTE AMENIZAM SAUDADE DOS FAMILIARES

 Por Célia Ribeiro

Faltam poucos minutos para o encontro tão esperado. Não haverá abraço apertado, daqueles de quase perder o fôlego. Mas, quando surgir a imagem da pessoa querida na tela do tablet, o coração vai acelerar arrancando um sorriso que jogará fora a saudade. Esta é uma situação que tem se tornado comum para os idosos do Lar São Vicente de Paulo cuja direção, com muita sensibilidade, encontrou na tecnologia uma maneira de aliviar a falta de contato dos internos com seus familiares.

Chamada de vídeo alivia  saudade

Os moradores dos abrigos pertencem ao grupo de risco para o Covid-19. Desde o início da pandemia, vários deles perderam a guerra para o coronavírus em Marília. Por isso, as visitas de amigos e familiares foram suspensas, da mesma forma que a permissão para voluntários desenvolverem atividades com os idosos.

Ao adotar as chamadas de vídeo, mesmo enfrentando muitas dificuldades para se manter financeiramente, a instituição zela não só pelo bem estar físico como emocional dos idosos. Segundo a assistente social Laís Gomes, são realizados contatos com familiares dos abrigados e agendados os horários para as chamadas de vídeo. A opção pelo tablet, conforme disse, foi para facilitar a visualização na tela do equipamento.

DECLARAÇÃO DE AMOR

No fim do ano, a confraternização de Natal foi organizada com todo cuidado para que os idosos não sentissem tanto a falta dos visitantes (familiares e voluntários de ONGs e clubes de serviço). Além do almoço caprichado, dos presentes para cada morador, uma surpresa emocionou a todos: os familiares apareceram no telão enviando mensagens aos idosos.

No telão, familiares enviaram mensagens no fim do ano

O morador José Henrique Vasconcelos de Paulo contou que não conseguiu segurar as lágrimas diante da imagem da filha: “Para mim foi muito gratificante, muito emocionante vê-la. Devido à pandemia, não estamos tendo contato constante como tínhamos antes. Eu confesso que cheguei a chorar de ouvir a voz da minha filha, e ver minha filha, falando para nós e, em especial para mim”.

E prosseguiu: “Apesar de estar morando no Lar, longe de meus familiares, vê-la falando que me ama foi muito gostoso. Não tem preço, não tem como pagar isso, ouvir uma filha falar para o pai que o ama. Fiquei muito emocionado, assim como todos os outros moradores que tiveram essa oportunidade de ver seus parentes no telão. Foi um trabalho magnífico da assistente social”.

Sr. José Henrique com a assistente social Laís

De acordo com a assistente social Laís Gomes, a instituição procura oferecer aos idosos todo suporte para enfrentarem esse momento difícil: as datas especiais são comemoradas internamente (Natal, Páscoa, Dia das Mães e dos Pais etc), os aniversários também são celebrados na última sexta-feira do mês. Além disso, os internos recebem atendimento de fisioterapia (individual e em grupo) e participam de eventos como bingos e cafés da tarde especiais.

ENTIDADE PRECISA DE AJUDA

O Lar São Vicente viu aumentar, mês a mês, as dificuldades para manter o atendimento aos 46 idosos. Embora com capacidade para 70 internos, o número teve que ser limitado, devido à pandemia. Apesar disso, os custos continuam aumentando e a arrecadação diminuindo, proporcionalmente. 

Moradores se exercitam com a fisioterapeuta

O presidente, Confrade Carlos Alberto Gameiro Fernandes, informou que “os cuidados em relação aos idosos, se intensificaram. São monitorados diariamente e, qualquer alteração nos sinais vitais, são encaminhados à Santa Casa. Os idosos que testam positivos ficam em isolamento durante 14 dias onde tem colaborador específico para atender às necessidades deles.”

Presidente 

Ele acrescentou que os colaboradores receberam treinamento e “os ambientes e os objetos são todos higienizados com álcool 70%. Foram proibidas todas as visitas na entidade e as doações são desinfetadas antes de serem guardadas”. Funcionários e idosos são testados a cada 15 dias na UBS Cascata, que é Polo Covid.

De acordo com o presidente, Confrade Carlos Alberto, houve uma redução de 50 por cento nas doações por boleto e sem poder realizar grandes eventos de geração de renda, a entidade registra um déficit mensal de 35 mil reais. As principais fontes de recursos são os benefícios dos aposentados (70 por cento), doações da Campanha “Abrace essa Causa”, aluguel de 09 imóveis da instituição e subvenções federal, estadual e municipal (R$ 14.380,87).

Momento de oração na capela da entidade

A direção do Lar São Vicente estuda realizar uma campanha para o sorteio de um veículo. Para tanto, depende do apoio da sociedade, sobretudo de empresas que tenham condições de ajudarem na aquisição do veículo. As principais necessidades da entidade são: alimentação, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza e fraldas geriátricas. 

Os planos para 2021 incluem promoções, sem aglomerações de público, para arrecadação de recursos financeiros, como a pizza solidária. Também será solicitado que as empresas façam a doação do Imposto de Renda incentivado. 

Passeio dos moradores do Lar, antes da pandemia

Para contribuir, há várias opções: Através da “Campanha Abrace essa Causa”, doações direto na conta corrente da entidade (Banco Santander – Ag: 0011 – C/c: 13.000.206-0) ou levando as doações na portaria. No caso de CNPJ, pode ser feito direto na mesma conta ou com depósito dirigido para a entidade. É preciso telefonar para a funcionária Lúcia da Secretaria de Assistência Social (14- 34012450) e informar sobre o depósito, cuja cópia deve ser enviada por e-mail. Os depósitos devem ser feitos de maio a dezembro na conta do Fundo Municipal dos Direitos dos Idosos (CNPJ 22.620.517/0001-16 Banco do Brasil Ag 141-4 c/c 68658-1). O repasse vai ser realizado a cada 03 meses para a entidade, informou o presidente.

O Lar São Vicente de Paulo está localizado à Avenida Vicente Ferreira 728. Telefone (14) 34331811.

Leia reportagens anteriores do Lar São Vicente acessando AQUI e AQUI

*Reportagem publicada na edição de 17.01.2021 do Jornal da Manhã



domingo, 10 de janeiro de 2021

ÍCONE DA ARTE NAIF, MIGUELZINHO SOUZA E SILVA TEM TELAS ESPALHADAS PELO MUNDO.

Por Célia Ribeiro

A infância feliz, marcada por banhos no rio de águas cristalinas aonde se pescava dourados de dar inveja e o estilo de vida simples do começo do século passado estão registrados nos trabalhos do arquiteto e artista plástico Miguel Sampaio de Souza e Silva. Ícone da chamada “Arte Naif”, que se traduz pela liberdade de criação e traços inocentes, ele segue imortalizando um tempo que não volta mais em telas espalhadas pelo Brasil e exterior.

Degradação ambiental na zona sul

Aos 76 anos, Miguelzinho, como é conhecido, formou-se em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo (USP), em 1972, após ter cursado dois anos de artes plásticas na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), tendo se aposentado, em 2009, após uma longa carreira no Governo do Estado de São Paulo.

O artista finaliza obra no ateliê de casa

Mariliense, ele tem os traços inconfundíveis no DNA: seu pai, Miguel de Souza e Silva, foi o primeiro arquiteto da cidade, segundo o artista, que fala com orgulho das centenas de obras projetadas pelo mestre. “Comecei desenhando para o meu pai, aos 13, 14 anos”, recordou Miguelzinho ao responder quando a arte o capturou.

Memórias de infância registradas na tela

Os desenhos que fazia como auxiliar do pai o desafiavam cada vez mais. Como gostava de desenhar e pintar, até chegar ao óleo sobre tela foi um pulo. Nos anos 70, Miguelzinho já havia se rendido a esta paixão passando a criar obras cada vez mais instigantes em que reproduz o clima bucólico das cidades interioranas e a vida na zona rural.

Mais de 30 obras decoram a casa

Desse caldeirão de memórias surgiu seu personagem mais famoso: “José dos Campos”. O artista fez uma sequência de 12 telas em que mostra o “José” desde a gestação. Um dos quadros tem a mãe do personagem, grávida, estendendo roupas no varal. Com os pinceis e uma inconfundível combinação de cores e texturas, Miguelzinho narra diferentes momentos da vida do “José”, até o êxodo rural, quando troca o campo pela cidade.

PROCESSO CRIATIVO

Em média, o artista pinta uma tela por mês. Com o isolamento social, acompanhado apenas da esposa, Magué Puerto, ele fica recluso na residência que mais parece uma galeria de arte. Seus trabalhos estão espalhados pelos vários cômodos da casa confortável no bairro Salgado Filho. São mais de 30 telas em que ele faz questão de contar a história por trás de cada obra.

Entardecer na Vila

Conforme disse, “pintar é como fazer um projeto de arquitetura. Só que no projeto de arquitetura você vai conversar com o cliente e tirar tudo dele para saber como vai querer a casa. Com o quadro, tenho a ideia que vai aumentando até chegar num pré-projeto que faço à lápis no papel. É um estudo, como na arquitetura. Depois do estudo vai para o projeto que é o quadro”, explicou.

Galeria na sala da residência

Além das plantações de café e de algodão de outrora, da vida simples de personagens da zona rural, dos prédios antigos e ruas estreitas do início de Marília, Miguelzinho também manifesta em seus trabalhos a preocupação ambiental. Entre suas criações há uma tela que denuncia a degradação de áreas de preservação.

Na legenda que acompanha o quadro, Miguelzinho explicou em uma postagem no Facebook: “O nome dela é ‘Itambé da Zona Sul de Marília ruindo’. Esse nome veio da falta de permeabilização do solo no local onde deveria ter, segundo o Plano Diretor, o Parque dos Itambés, proibindo a construção desde 100 metros da ruptura. Essa parte foi retirada por emendas do Plano Diretor, daí a água que desce vai corroendo o arenito dos paredões”.

Alegria: netinhos Helena e Davi

Perguntado sobre a sensação ao concluir um quadro, o artista a comparou ao nascimento de um filho. No seu caso, muitos filhos: ele calcula ter produzido em torno de 1.500 trabalhos, a maior parte vendida para colecionadores no Brasil e também de vários países que entram em contato pelas redes sociais. Tem até galeria da Rússia entre os seguidores do artista.

Sempre bem humorado, Miguelzinho não transferiu para as telas o sofrimento dos tempos de pandemia. Ele disse que sente muita falta do contato com a família, revelando que foi conhecer o último neto na calçada de casa, quando o bebê já tinha dois meses. Além disso, o happy hour com a esposa Magué migrou do tradicional restaurante de Marília para o quintal da residência.

Miguelzinho com a esposa Magué

Protegendo-se contra o vírus na reclusão do lar, o artista solta a imaginação e exercita sua criatividade espalhando cor e alegria. Empregando como principal matéria prima as memórias da infância, Miguelzinho, sem querer, faz o tempo congelar para quem tem o privilégio de admirar, ainda que por alguns instantes, a beleza de suas telas.

Para entrar em contato com o artista, o e-mail é (14) msampaioss@gmail.com e telefone (14) 996012059. No Facebook, seu perfil é: https://www.facebook.com/miguel.sampaio.100 

* Reportagem publicada na Edição de 10.01.2021 do Jornal da Manhã



domingo, 3 de janeiro de 2021

MESMO ADIANDO PROJETOS, DEPARTAMENTO INFANTIL ANDRÉ LUIZ MANTEVE ASSISTÊNCIA ÀS GESTANTES E FAMÍLIAS CARENTES.

 Por Célia Ribeiro

“Fora da caridade não há salvação”. A frase, muito conhecida na Doutrina Espírita, inspira aqueles que a praticam em incontáveis ações, muitas delas anônimas, mas que carregam um grande significado. Em Marília, uma instituição quase centenária se adaptou aos tempos de pandemia sem deixar de socorrer os que mais precisavam: o NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz), através do Departamento Infantil André Luiz, beneficiou 200 gestantes em 2020, além de dezenas de famílias.

200 gestantes foram atendidas com enxovais em 2020

Se antes do Covid-19, o braço social do NEAP atuava com cursos mensais voltados às gestantes de baixa renda e entrega de enxovais completos, com o isolamento social e a obrigatoriedade de paralisação das atividades, a entidade manteve a doação dos enxovais a todas as gestantes que a procuravam, conforme explicou a coordenadora do Departamento André Luiz, Maria Carolina Peres Ruano.

Carol Ruano

Segundo ela, um número de telefone foi disponibilizado na entrada da entidade para que as pessoas pudessem entrar em contato. Dessa forma, mesmo sem as reuniões mensais das quais participavam as voluntárias Dra. Zilda Tosta Ribeiro (médica pediatra) e Dra. Simone Martelato (Odontopediatra) orientando as futuras mamães, a instituição acolheu todas que a procuraram com os kits de roupas de recém-nascidos.

Gestantes em curso antes da pandemia

Outra ação social do Departamento André Luiz é o brechó. Como explicou Carol Ruano, as roupas são de ótima qualidade e preços muito acessíveis, no máximo 15 reais: “Dessa forma, também contribuímos com a população que pode se vestir bem pagando pouco”, explicou. As roupas que não são vendidas são repassadas para uma voluntária que atua na zona norte e que doa as peças às famílias que não têm condições de pagar nada.

Voluntárias Neide, Sueli e Sônia

PANDEMIA

Conforme reportagem publicada nesta coluna em 23 de agosto, voluntários do NEAP têm dado uma grande contribuição durante a pandemia. As costureiras confeccionaram seis mil máscaras que foram doadas a diversas entidades e ainda continuam sendo entregues a quem necessita. Além disso, as cestas básicas recebidas pela instituição são encaminhadas às famílias carentes. Segundo a coordenadora, são doações eventuais, mas que contribuem com dezenas de famílias.

Voluntárias Neide, Eli
 e Ismênia

Carol Ruano prosseguiu explicando que os planos de 2020 tiveram que ser adiados e que somente serão colocados em prática quando for realmente possível: “Queremos ter a segurança das voluntárias que ali vão frequentar, principalmente, pela questão da idade. Nosso projeto só será efetivado com muita segurança, tipo vacina e controle melhor da pandemia. Antes disso, os projetos que eram para 2020, se não houver melhora da situação da saúde, eles não serão executados em 2021”.

Atualmente, o Departamento André Luiz conta com 30 voluntárias que continuam contribuindo com a instituição em suas residências. Um exemplo é a costura de máscaras e de peças de enxoval. Para este ano, segundo a coordenadora da área social do NEAP, a ideia era adquirir os enxovais prontos e deixar a costura para produção de peças mais elaboradas de artesanato para geração de renda. 

Conforme disse, “a gente quer melhorar a qualidade do enxoval; o mundo evoluiu muito. Não vai haver mais costura de enxovais porque hoje em dia encontramos tudo pronto e penso em utilizar essas costureiras para fazer artesanato para gerar renda e comprar o enxoval pronto”, destacou. 

Quando perguntada sobre as lições da pandemia, Carol Ruano observou que “nada é por acaso. O acaso não existe. Isso tudo que está acontecendo com a humanidade é para acontecer, para você parar, se recolher, analisar, para realmente aprender a dar valor ao que importa, que é o ser humano, não são as coisas. Não é o ter, é o ser que importa. De repente é isso que a gente tem que aprender: a ser e não ter. A gente está aqui de passagem, tem que compreender isso”, finalizou.

Evento antes do Covid para geração de renda

O Núcleo Espírita Amor e Paz (NEAP) está localizado à Rua Cel. José Braz, 682, esquina com a Rua Bonfim. Telefone (14) 997129706.

Leia a reportagem de 23.08.2020 sobre a entidade acessando AQUI

* Reportagem publicada na edição de 03.01.2021