domingo, 29 de março de 2020

COLETIVO AGROFLORESTA REIVINDICA CRIAÇÃO DE PARQUE PÚBLICO NA LINHA FÉRREA

Por Célia Ribeiro

Em uma época de tantas notícias ruins por conta da pandemia do CONVID-19, a iniciativa de um grupo de ambientalistas renova a esperança de dias melhores. É que o Coletivo Agrofloresta Amor, Cultura e Liberdade protocolou, junto ao Ministério Público Federal, o pedido para criação de um parque público linear em área adjacente à linha férrea, em Marília.
Mutirão reuniu voluntários perto do Poupatempo
Liderando a iniciativa, o professor Gustavo Perez Pereira Andrade, mantém no quintal de casa, no bairro Alto Cafezal, um viveiro com centenas de mudas de espécies nativas e frutíferas que são utilizadas nos mutirões destinados à revitalização de áreas públicas. Partiu do coletivo a tentativa de impedir a realização do carnaval popular no local devido ao risco de danos às mudas recém plantadas no terreno.
Na casa do professor, viveiro com dezenas de espécies
O carnaval, promovido pela Secretaria Municipal da Cultura, acabou acontecendo, mas a pasta se comprometeu a repor as mudas que foram danificadas após representação dos ambientalistas à 2ª Promotoria do Consumidor e do Meio Ambiente de Marília. Nesta semana, em entrevista ao JM por WhatsApp, o professor lamentou que as mudas ainda não foram recuperadas.

Professor Gustavo

Conforme disse, houve danos em cerca de 30 mudas plantadas durante seis mutirões realizados aos domingos de manhã, com a participação de dezenas de voluntários: pés de pitanga, jabuticaba, goiaba, jacarandá mimoso, ipês branco, roxo e amarelo, Pau-Brasil, palmito juçara, abacate, amora, embaúba etc.

PARQUE PÚBLICO

O documento do coletivo, datado de 10 de março último, reivindica que “as áreas adjacentes ao terreno da linha férrea que cruza a cidade de Marília sejam transformadas em parque público linear” nos termos do artigo 23, incisos VII e VIII da Constituição Federal. Solicita que os monumentos históricos, como placas, galpões e prédios, em volta e no próprio terreno da linha férrea, sejam protegidos.
Detalhe de planta destruída no carnaval popular
Na petição, o coletivo reivindica que “prédios históricos sejam analisados quanto ao tombamento; as árvores tombadas sejam protegidas; seja implantada infraestrutura voltada para o lazer e a socialização dos munícipes e nas bordas dos terrenos da linha férrea seja implantada uma ciclovia”, além de ser implementada a arborização no local em que ocorrem as feiras livres.
Novas mudas estão sendo preparadas

Foi anexada cópia da representação, com a denúncia dos danos provocados por ocasião do carnaval, e a petição finaliza solicitando providências à Procuradoria da República no “sentido de atuar para revitalização do centro urbano de Marília, em especial a área da linha férrea”.

Segundo o professor Gustavo, enquanto não são permitidas aglomerações por causa do coronavírus, o sétimo mutirão de plantio foi adiado por tempo indeterminado. O líder do Coletivo Ambiental Agrofloresta aproveita o tempo para ampliar o viveiro e cuidar das mudas. Ele quer estar preparado para, em breve, mobilizar os voluntários em uma manhã dedicada a tornar mais verde um trecho importante da região central normalmente esquecido pelas autoridades.  Para saber mais sobre o grupo, acesse as redes sociais:  https://m.facebook.com/aamoreliberdade/ e no Instagram: @agrofloresta_amor_e_liberdade

*Reportagem publicada na edição de 29.03.2020 do Jornal da Manhã

sábado, 21 de março de 2020

SEM EVENTOS DE GERAÇÃO DE RENDA, ONGS SOFREM PARA MANTEREM OS ATENDIMENTOS.

Por Célia Ribeiro

Como se não bastassem a onda de medo e o isolamento social provocados pela pandemia do Coronavírus, o terceiro setor recebeu um golpe certeiro, quase indefensável. Obrigadas a cancelarem os eventos de geração de renda, as instituições filantrópicas não sabem como manterão os atendimentos nos mais diferentes setores em que atuam.
Padaria da ONG "Amor de Mãe": sem clientes
A reportagem do JM conversou, por WhatsApp e telefone, com dirigentes da Associação de Combate ao Câncer (ACC), Associação “Amor de Mãe” e Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente de Marília (CACAM), que foram unânimes em confirmarem a suspensão de eventos e manifestarem preocupação com o futuro.

Na ACC, a presidente Maria Antônia Antonelle disse que os atendimentos não serão interrompidos: “Não podemos fechar porque os pacientes com câncer têm direito à vida. A gente está tomando precauções e, além de atender os pacientes, estamos fazendo um papel de orientação junto aos familiares para que os pacientes não tomem ônibus, não saiam de casa porque eles estão no maior grupo de risco que existe, por causa da imunidade muito baixa”, assinalou.
Maria Antônia, Silvia Mendonça e Arnaldo Stroppa, diretores da ACC
Os bingos, bazares, bolachinhas, campanhas de venda de pizza, roscas, tortas, entre outros, são importantes fontes de renda para a ACC. Tudo suspenso. Do município, a entidade recebe uma subvenção de 3.600 reais por mês, mas mantém 15 funcionários e uma grande estrutura de suporte aos pacientes portadores de câncer.

“A postura da Diretoria é de manter todo o quadro de funcionários porque todo mundo tem família e depende disso. Nós só suspendemos as práticas integrativas, por enquanto, porque o contato é muito grande com o paciente e a vulnerabilidade acaba ficando bem grande tanto para o paciente quanto para o terapeuta. Nós alocamos os terapeutas para fazer esse trabalho de prevenção: estão medindo febre, pressão de quem chega, orientando a lavar as mãos”, explicou.
Terapeuta em atendimento na ACC, antes da pandemia.
Maria Antônia Antonelle disse que a ACC está orientando os familiares e cuidadores a agendarem a ida à entidade onde buscam remédios, suplementos, cesta básica etc. Conforme disse, “estamos fazendo nosso papel que faz parte da Missão da ACC, que é acolher e orientar pacientes, familiares e cuidadores e a gente não vai parar com a nossa Missão. Se Deus quiser, vamos encontrar força e verba para continuarmos abertos porque não sabemos o quanto vai durar isso”.

No entanto, ela lamentou a falta de apoio do poder público municipal: “Estou vendo as pessoas se oferecendo para ajudar grandes hospitais e eu acho válido. Mas, e as entidades? Ficam como? Houve uma reunião na Prefeitura com os hospitais e a Secretaria da Saúde e as entidades não puderam sequer sentar à mesa”, assinalou.
Crianças assistidas na Associação Amor de Mãe

Em contato com a Diretoria de Comunicação da Prefeitura, na quarta-feira, a reportagem solicitou posicionamento sobre apoio às ONGs. Até o fechamento dessa matéria, na sexta-feira no final da tarde, não foi enviada nenhuma resposta.

Tammy Gripa: padaria para gerar renda
A presidente da ACC fez um apelo à comunidade: “Para sobreviver, dependemos de eventos e ações voluntárias que foram todos cancelados de acordo com as orientações do Ministério da Saúde. Para que possamos honrar com nossos pacientes, que muitas vezes vêm a óbito sem remédios, suplementos, atendimento na casa apoio, entre outros serviços, e com os nossos colaboradores, que recebem salários, vimos por meio deste fazer o seguinte apelo: Doe para salvar vidas”.

Para ajudar, acesse: www.accmarilia.org.br para doação por cartão de crédito. Ou podem ser doados créditos da “Nota Fiscal Paulista, indicando no seu cadastro o CNPJ da ACC, 59.990.960.001/99, como beneficiária. É um jeito nobre de doar sem pôr a mão no bolso e ainda manter o direito de concorrer aos prêmios. Conscientizar seus familiares, parentes e amigos da importância desse ato de amor. Caso tenha dúvida, ligar para (14) 3454-5660 ou (14) 997265442, que você será auxiliado”, finalizou.

DISQUE BOLOS

Tammy Gripa, uma das fundadoras da Associação Amor de Mãe contou que a “situação está desesperadora”. A entidade, localizada na zona oeste, possui uma padaria cujos produtos são vendidos no bairro e na saída das missas. Agora, com a pandemia do novo Coronavírus, não tem onde escoar a produção.
Encomenda de bolos é a esperança da entidade
“Nós não sabemos o que fazer. Nossa padaria semanal depende do movimento dos pais das crianças. Não vai ter movimento, não vai ter nem sentido ficar aqui. E a gente vende no final de semana na missa. A gente começa com o Terço, às 15h, na Nossa Senhora de Fátima e depois fica até a missa da noite. O Terço foi cancelado e a missa não está indo quase ninguém. As pessoas estão assustadas e com medo”, disse.

Hederaldo Benetti: comunidade pode doar fraldas para os bebês
Nos últimos dias, a ONG mantém apenas um pequeno atendimento: “A maior parte da venda era para os pais das crianças que não estão nem aparecendo no ‘Amor de Mãe´’. Ainda estamos abertos, mas só têm vindo as crianças que têm fome em casa. Estão vindo pra tomar café, almoçar e café da tarde”, explicou.
Bazar no CACAM: com fechamento, mais prejuízo
A venda da pizza programada para outubro foi suspensa e a Associação espera decolar um projeto de encomenda de bolo por telefone e WhatsApp: o Disque Bolo. Nos sabores brigadeiro, cenoura, churros, laranja, limão, fubá, Leite Ninho e paçoca, os pedidos podem ser feitos pelo telefone (14) 991688852. A ONG está localizada à Rua João Francisco Nascimento, 320. O telefone é (14) 34225525.

Por sua vez, o presidente do CACAM, Hederaldo Benetti, relatou que a entidade deve perder uma das poucas fontes de renda garantidas: o bazar da pechincha que rende de 700 a 1.500 reais por semana, dependendo da época do mês. Devido à proibição de abertura do comércio e regras de controle da pandemia, a entidade está pensando no bem estar das crianças e funcionários.
Brinquedoteca do CACAM que atende crianças e adolescentes
A preocupação é ainda maior porque um evento que deveria reforçar o caixa do CACAM teve que ser suspenso: “A gente tem parceria com clubes de serviço, principalmente o Rotary Alto Cafezal, que ia fazer um baile dos anos 60. A gente teria uma parte da renda da venda dos convites e também foi cancelado. A população pode nos ajudar com fraldas para as crianças, medicamentos e leites especiais”, disse.

Para saber o que doar, entrar em contato pelo telefone (14) 34545660. O quadro só não é mais desanimador porque a ONG conseguiu adquirir três caixas de álcool em gel (para crianças e funcionários) e mais três caixas de álcool para higienização da instituição que, inclusive, proibiu as visitas, por tempo indeterminado.


Leia mais sobre a ACC, acessando AQUI e AQUI
Sobre a Associação Amor de Mãe, leia AQUI e AQUI  
Para saber mais sobre o CACAM, acesse: AQUI e AQUI 

*Reportagem publicada na edição de 22.03.2020 do Jornal da Manhã
Entrevistas realizadas por telefone e aplicativo WhatsApp. Fotos de arquivo deste blog.

domingo, 15 de março de 2020

SOLIDARIEDADE: FAMÍLIA ORGANIZA 2º BAZAR DO MATEUS PARA TRATAMENTO DE SAÚDE.

Por Célia Ribeiro

Até onde uma mãe pode chegar em busca de qualidade de vida para seu filho? No caso de Cláudia Marin, o céu é o limite. Incansável, a mãe de Mateus Castelazi, 12 anos, portador da Síndrome de West e Epilepsia de Difícil Controle, é referência na luta por acesso à saúde e medicamentos de alto custo, tendo inspirado familiares de centenas de pacientes com sua determinação. Por isso, ao lançar o segundo bazar com renda em prol do tratamento do filho, ela encontrou abertas as portas da comunidade.
Cláudia e o filho: luta diária

Fundadora da ONG “Anjos Guerreiros”, Cláudia está à frente da luta pela utilização da Cannabis Medicinal tendo conseguido “habeas Corpus” para cultivar a planta de onde extrai o óleo que trouxe um pouco de qualidade de vida ao filho. Também diagnosticado com alteração genética, o garoto recebe tratamento multidisciplinar que consome grande parte do orçamento familiar.

“Mateus tem 12 anos. Viveu 11 anos tendo crises convulsivas. Vi na cannabis medicinal e dieta cetogênica (alto consumo de proteína e gordura e baixo carboidrato) o alívio para a vida de Mateus e a nossa. Uma criança, que já passou por tantas provações, estar bem como ele está é emocionante”, afirmou Cláudia que ainda não definiu a data do bazar beneficente previsto para acontecer em abril.

Ela contou que a família descobriu, “em agosto de 2019, que além de Mateus ser sindrômico (Síndrome de West e Epilepsia de Difícil Controle) ele também tem alteração genética e por esse motivo teremos que ir em busca de mais alternativas para seu tratamento que não sai barato”.
Rafael e Cláudia ministram medicação à base de cannabis
Em 2.018 ocorreu a primeira edição do bazar, reunindo 135 voluntários e uma grande quantidade de doações. A renda foi de cerca de 20 mil reais que foram utilizados no tratamento de Mateus. Muito organizada, Cláudia guardou todas as notas fiscais de medicamentos e demais insumos adquiridos bem como os recibos de consultas e tratamentos, como forma de tornar transparente a prestação de contas a quem contribuiu.

GRATIDÃO

Cláudia se emociona ao falar sobre a gratidão à comunidade: “Até hoje não sei como agradecer tanta dedicação da sociedade e voluntários. O bazar rendeu 20 mil reais. O dinheiro todo foi investido na dieta cetogênica, que sai bem caro por conta de todos os ingredientes que usamos, melhorias para Mateus no sentido de posicionamento e trabalhos com terapias, na estufa para plantio da cannabis, adequação de cadeira de rodas, acessórios para o dia a dia como a cama, por exemplo, remédios que nem sempre são fornecidos pelo governo, consultas médicas, algumas fora de Marília, com valores de 250 a 600 reais”.
Mateus e a irmã, Bia.
 “É emocionante como as pessoas doam peças e amor. Incrível a sensibilidade. Mateus é abençoado e sei que todas essas pessoas receberão em dobro tudo que fazem por ele.
Sou grata a toda forma de carinho com meu filho. Espero, de verdade, poder fazer por muitos o que esses muitos estão fazendo pelo Mateus. Não há alegria maior que poder ajudar, não há alegria maior no mundo que ver seu filho bem”, assinalou.

Cláudia Marin prosseguiu afirmando que “se hoje Mateus está praticamente zerado em crises é sim pelos tratamentos que faz, graças a tanta ajuda, pelas orações e por tanto amor da sociedade para com ele. Quero desejar aqui a gratidão de nossa família a todos que fazem, pensam, rezam, doam e pedem por Mateus”, afirmou.
Dieta Cetogênica

Para a segunda edição do bazar, há vários pontos de coleta onde podem ser doados: “roupas,
móveis, eletrônicos, eletrodomésticos, aparelhos de ginástica, decoração, brinquedos, livros, etc. Ainda faço busca de um local no centro que seja de fácil acesso”, explicou ao justificar a indefinição do espaço físico para o evento.

Ela destacou que toda ajuda é bem-vinda e que os interessados em atuar voluntariamente podem entrar em contato com ela no telefone (14) 14 997974850. O telefone do esposo Rafael Castelazi é (14) 997914419.

PONTOS DE ARRECADAÇÃO

Em Marília:  Rua Dionízio Grassi 61 (Santa Gertrudes), Solução Administradora de Condomínios (Rua José de Anchieta, 127, Centro), Faculdade de Medicina de Marília (Av. Monte Carmelo, 800, aos cuidados de Sônia Custódio), Clínica (Av. Santo Antônio, 05, aos cuidados de Aline), Centro de Reabilitação (Rua 7 de Setembro, 1.555, aos cuidados de Cleide). Em Santa Cruz do Rio Pardo: Rua Farmacêutico Alziro Souza Santos,138 (Centro), aos cuidados de Selma ou Otacílio.

Saiba mais sobre a luta de Cláudia Marin acessando: AQUI, AQUI e AQUI

Reportagem publicada no Jornal da Manhã, Edição de 15.03.2020

domingo, 8 de março de 2020

EDUCAÇÃO FINANCEIRA AJUDA AS MULHERES A RETOMAREM AS RÉDEAS DE SUAS VIDAS.

Por Célia Ribeiro

No mês em que se comemora o “Dia Internacional da Mulher”, as atenções se voltam para temas caros ao público feminino: a violência doméstica, os relacionamentos abusivos, as barreiras impostas à ascensão profissional, a dupla jornada de trabalho etc. No entanto, cada vez mais mulheres têm encontrado um meio de virar o jogo e retomar o controle de suas vidas ao investirem na educação financeira conquistando a sonhada independência.
Um projeto que começou pequeno, movido pela necessidade de equilibrar suas próprias finanças, hoje ajuda centenas de mulheres a saírem do vermelho e passarem a poupar para atingirem seus objetivos. À frente do Curso de Educação Financeira está a administradora de empresas Renata Vernaschi que, aos 40 anos, atende turmas presencialmente em Marília, e assessora clientes on line nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e até da Paraíba.

Antes de falar em teoria, Renata é o exemplo vivo de como é possível sair do olho do furacão. Ela contou que três anos atrás vivia como muitas mulheres: tinha emprego fixo, trabalhava muito, mas as contas não fechavam no fim do mês. A sorte lhe deu uma mãozinha porque foi contemplada com um curso de imersão emocional.

Renata Vernaschi: experiência própria

“Foi um divisor de águas. Voltei transformada”, recordou. Como sempre teve vontade de empreender, decidiu fazer um curso de coaching para “ter habilidade emocional para falar de ‘dinheirofobia’”, que é o medo que as pessoas têm de tratar de finanças, explicou. Aos poucos, ela foi assumindo a gestão do orçamento doméstico: “Era minha mãe que pagava as contas de casa e escrevia as coisas no lápis. Com minha mudança na forma de pensar, fui em busca de conhecimento”, destacou.

Sonhando alto, Renata disputou 4.000 vagas de um curso de finanças da renomada especialista Nathalia Arcuri com nada menos que 147.000 inscritos. Conseguiu ser aceita e fez o curso pagando parcelado. A partir daí, o que já vinha colocando em prática na sua vida ganhou mais musculatura. Através do planejamento, ela conseguiu organizar as contas, saiu do vermelho, e decidiu dar um passo ainda maior: pediu demissão do emprego e montou o primeiro curso de finanças para ajudar outras pessoas.
Alunas de um dos cursos: empreendedorismo 
Enfim, a administradora de empresas cruzou a linha tênue entre o sonho e a realidade e tudo começou a se transformar. Por seus treinamentos já passaram mulheres de várias faixas etárias e classes sociais que a procuram por diferentes motivos. E, embora o curso seja aberto a homens e mulheres, o público feminino tem sido maioria.

 A instrutora coleciona casos de sucesso, desde a mulher que vivia um “relacionamento abusivo, apanhava e não conseguia se separar porque não tinha como se manter” até a socialite que usava 12 cartões de crédito e chegou a gastar 97 mil reais em compras em um único mês. Duas ex-alunas, inclusive, terminaram seus casamentos ao se sentirem empoderadas e aptas a viverem sem a dependência financeira dos maridos. E há empresárias que ampliaram seus negócios e jovens que empreenderam após as orientações.

PLANEJAMENTO

Segundo Renata, qualquer pessoa pode sair de uma situação desesperadora, de endividamento e dificuldades financeiras quando decidir mudar seus hábitos. O planejamento é a chave de tudo. “Ao invés de pagar as contas e o que sobrar investir, tem que fazer o inverso. Nunca vai sobrar dinheiro para investir porque a gente sempre vai ter onde gastar. O ideal é, logo no início do mês, separar uma parte do salário ou renda para investir e depois usar o que sobrou para pagar as contas etc”.
As tarefas devem ser seguidas à risca
A instrutora observou que os problemas financeiros impactam homens e mulheres, mas que os homens têm mais dificuldade de lidar com isso: “Uma das principais causas do suicídio masculino está relacionada aos problemas financeiros. O homem não aguenta e tira a própria vida. No caso da mulher, quando perde o emprego, ela vai fazer uma faxina, faz bolo de pote pra vender, se vira”, exemplificou.

Além do curso presencial e da assessoria on line, Renata orienta os clientes em grupos fechados de WhatsApp. No chamado desafio dos sete dias, uma das tarefas prevê que o extrato bancário seja marcado com canetas coloridas permitindo ver aonde estão os rombos. Assim, os participantes identificarão os gastos que foram necessários, os não necessários e até os que não eram essenciais, mas representavam qualidade de vida, como uma despesa de lazer.

DICAS

Renata deixou três dicas sobre planejamento financeiro: “01) Anote o que entra e o que sai de dinheiro no mês, relacionando absolutamente tudo, até os gastos com cafezinho na padaria; 02) Comece a investir hoje. Com 37 reais dá para começar a aplicar no Tesouro Direto; 3) Abra uma conta bancária digital, que não tem tarifa, e uma conta em corretora de valores”.
Planer: o segredo é anotar tudo

A instrutora afirmou que “quando começamos a investir, muda a nossa relação com o dinheiro”. E finalizou afirmando que “o nosso negócio não é passar a mão na cabeça. É dar o chicote”, numa alusão à firmeza com que as tarefas são cobradas dos alunos para que alcancem seus objetivos.

Não raras vezes, Renata é surpreendida com depoimentos como da aluna Andreia, uma empresária mariliense: “Estou fazendo o desafio das 52 semanas, mas estou dobrando o valor por semana. A cada evento me propus a guardar todo o lucro do evento para atingir meu objetivo e já tenho três vezes o valor que deveria, sem sacrificar nada e ainda mantendo um padrão muito satisfatório”.

Para entrar em contato com a educadora financeira, seu telefone é (14) 996538758. Nas redes sociais, onde dá dicas, seu perfil no Instagram é: renata_vernaschi

*Reportagem publicada no Jornal da Manhã, Edição de 08.03.2020

domingo, 1 de março de 2020

AGROECOLOGIA: ASSENTADOS ENTREGAM ALIMENTOS ORGÂNICOS EM MARÍLIA.

Por Célia Ribeiro

Produzidos pelo sistema agroecológico, alimentos orgânicos cultivados no Assentamento “Luiz Beltrame”, em Gália, percorrem pouco mais de 50 quilômetros até chegarem à mesa de famílias marilienses, a cada 15 dias. Sem intermediários, legumes, verduras, frutas, ervas aromáticas, além de queijos, pães, bolos, doces, pó de café, sucos, licores, cachaças e geleias são entregues em cestas encomendadas através de um grupo de WhatsApp.


Produtos frescos do campo para a cidade, sem intermediários.
Verduras cultivadas no
sistema agroflorestal
Muito organizados, os agricultores separam as encomendas em cestas de dois tamanhos que são retiradas na sede da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), na avenida Santo Antônio: a pequena com 06 itens custa 30 reais e a grande com 11 itens sai por 50 reais. Mas, também oferecem outros produtos fabricados pelas mulheres que não podem trabalhar na roça, seja pela idade avançada ou por estarem com filhos pequenos, segundo explicou a facilitadora Luci de Oliveira Milreu.

No fim da tarde de quarta-feira (26), a reportagem do JM acompanhou a retirada das cestas. Nem a forte chuva impediu que todos buscassem as encomendas e, assim, não houve sobra. Segundo Luci, uma servidora pública aposentada, há menos de um ano teve início a venda direta dos produtos em Marília após alguns professores tomarem conhecimento da parceria do assentamento com a APEOESP de Bauru.

“Começou com um grupo de professores interessados. E a lista foi crescendo, entrando outras pessoas”, explicou a facilitadora. Conforme disse, são dois pontos de entrega na cidade: no campus da UNESP (será retomada com a volta às aulas) e na APEOESP, quinzenalmente. Pelo WhatsApp, são informados os produtos disponíveis e respectivos valores. Nesta semana, a cesta menor era composta por alface, couve, abóbora madura, cheiro verde, mandioca, batata doce e abacate. Já a cesta maior ofereceu alface, rúcula, couve, abóbora madura, quiabo, limão, cheiro verde, mandioca, milho verde, banana e abacate.
Produtos orgânicos separados em caixas
Luci destacou a importância da iniciativa não apenas por oferecer produtos orgânicos, a preços acessíveis, como também por apoiar a agricultura familiar e o sistema de produção agroecológico, que é o cultivo no meio da floresta, contribuindo para o equilíbrio do meio-ambiente.

Assentamento Luiz Beltrame está localizado em Gália/SP
CLIENTELA

Entre os clientes desta semana, a nutricionista Tania Correia Miller elogiou o fato dos alimentos “serem mais saudáveis, livres de agrotóxicos”. Por sua vez, a funcionária pública aposentada Carmen Sílvia Maurício Zidron contou que, normalmente, é sua filha quem retira as encomendas e também recomendou os alimentos frescos.
Luci organiza a entrega das encomendas
Ao entrarem pela lateral da sede da APEOESP, com suas sacolas retornáveis, as pessoas foram recebidas com uma farta mesa de degustação em que café, sucos, pães, bolos e geleias deram as boas-vindas a quem chegava, como a professora Maria Angélica Pereira Matos. Ela disse que “a durabilidade dos produtos é muito maior que o que a gente compra no supermercado. A cesta dura quinze dias porque consumimos primeiro o que dura menos e depois os outros itens. Não se compara”, frisou.
Noeli e Abel cultivam a terra
Além de legumes, verduras e frutas ela levou leite fresco e queijos: “É uma delícia. A mozarela é sem igual”, afirmou. Ela acrescentou que “a qualidade é um ponto forte. Nunca comprei uma mandioca mais macia. Nunca vem nada ruim, a mandioca vem descascada e limpa demonstrando um cuidado que eles têm com os alimentos”. Por fim, ela disse que, ao adquirir os produtos diretamente, os consumidores incentivam a agricultura familiar.
Gilberto Pereira

Aos 60 anos, o agricultor Gilberto Afonso Pereira contou que há 08 anos está no assentamento em que vivem 70 famílias. Sobre o trabalho no campo, ele falou com entusiasmo: “É a coisa mais gostosa do mundo. A gente acorda bem cedo, limpa, carpe e planta. Quando chega no ponto a gente colhe e vende”. A renda de toda a produção é dividida entre as famílias assentadas, como o casal Noeli Batista Silva e Abel Barreto que ajudava a organizar a retirada das cestas. Eles contaram que trabalham no assentamento com ajuda dos filhos.

AMBIENTALISTA

"O propósito de participar dessa relação direta entre os consumidores e os produtores dos itens destas cestas não é apenas o de ter acesso a um alimento fresco, de boa qualidade e principalmente sem agrotóxico. É também o apoio, na prática, ao sistema de produção agroecológica, à agricultura familiar, ao fim do desperdício que resulta do modelo comercial vigente”, afirmou o ambientalista Antônio Luiz Carvalho Leme, enquanto retirava seus produtos.
O ambientalista Leme experimentou bolo de milho
Ele prosseguiu assinalando que é “importante considerar que este modelo vigente faz com que os alimentos produzidos em uma região sejam transportados para um centro de distribuição, a centenas de quilômetros, para de novo voltar à região em que foi originalmente produzido.
Como os produtos da cesta são, na sua maioria, perecíveis, esse contato direto entre o produtor e consumidor permite que não haja desperdício, pois vem para a cidade a quantidade exata do que foi encomendado pelo consumidor – isso é sustentabilidade real, na prática e não só no discurso”.
Maria Angélica elogiou os queijos
Leme finalizou, observando que “além de todas essas variáveis importantes para a segurança alimentar, destaco a importância das relações humanas de solidariedade criadas entre os companheiros da cidade e do campo que permite a existência de novas relações de amizade que os grandes centros de compras não permitem."

Para saber mais e entrar em contato com Luci de Oliveira Milreu, o telefone celular é (14) 997367056.

*Reportagem publicada na edição de 01.03.2020 do Jornal da Manhã