domingo, 27 de janeiro de 2019

COM O CULTIVO DE ORGÂNICOS, PROFESSOR INCENTIVA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL.

Por Célia Ribeiro

Nas primeiras horas da manhã, o canto do galo anuncia a chegada de um novo dia e a brisa fresca empresta seu suave aroma àquele pequeno pedaço de chão. No Sítio Bela Vista, na vizinha cidade de Vera Cruz, os trabalhadores caminham, sem pressa, em direção à horta onde colhem as verduras e legumes que atingiram o ponto máximo de desenvolvimento. Poucas horas depois, os produtos frescos estarão disponíveis às pessoas preocupadas com a procedência dos alimentos que levarão à mesa.
Variedade de produtos naturais
Isso acontece todos os dias e só foi possível porque alguém acreditou: o antigo desejo de se dedicar à agricultura orgânica virou realidade para o professor universitário Paulo Medeiros, 66 anos.  Após a aposentadoria, com o apoio da esposa Dalzira, mudou-se para a propriedade rural da família onde implantou os conhecimentos adquiridos em muitas pesquisas e estudos, para oferecer ao consumidor legumes, verduras, frutas, ovos caipiras, água de côco, café  e uma infinidade de produtos livres de agrotóxicos e adubos químicos com a garantia da produção sustentável.
O café do sítio também está à venda
A residência da família, no bairro Maria Izabel (Rua Mecenas Pinto Bueno, 725), deu lugar à empresa legalmente constituída que, devido ao surgimento da clientela, passou a oferecer além das hortaliças, legumes e frutas de produção própria, outros 700 itens que vão dos temperos, compotas e geleias de frutas, grãos e chás orgânicos até alimentos destinados aos adeptos do veganismo.

Para entender como o professor universitário, que lecionou em instituições de respeito como o UNIVEM e FATEC (Marília, Garça e Pompéia), tornou-se uma referência no meio da agricultura orgânica, é preciso recordar o início de tudo. Com a fala pausada e a calma de quem é apaixonado pelo que faz, Paulo Medeiros recebeu a reportagem do Jornal da Manhã no início da semana.

Ele contou que a família adquiriu a propriedade em 2012, mas nem ele e muito menos a esposa tinham condições de se dedicarem ao sítio porque ambos tinham seus compromissos profissionais e o filho reside em São Paulo. Dessa forma, foi só quando a aposentadoria chegou que ele pode parar e refletir sobre a melhor maneira de colocar os planos em prática.

MELHOR IDADE

“O nosso sonho sempre foi orgânico, plantar alguma coisa sem agrotóxico. Mas, até se inteirar da terra, de funcionários etc, leva um certo tempo. Neste período, nós começamos a fazer cursos de como plantar e preparar o material”, explicou, citando a  Associação Biodinâmica em Botucatu, da Fazenda Demétria, “que é o berço do orgânico, praticamente no Brasil”.
As galinhas soltas na propriedade são alimentadas com milho
Prosseguindo, o professor disse que quando chegou a aposentadoria, “pensei: está na hora. Ainda me sinto jovem. É agora ou nunca porque se for esperar as coisas acontecerem, provavelmente, elas vão demorar muito”. E assim ele fez. A primeira providência foi erradicar a plantação de laranja que exige agrotóxicos para eliminar pragas e doenças. No lugar, plantou café em meio à macadâmia com um espaçamento que favorece as duas culturas.

Conforme disse, “começamos a fazer o que se chama de conversão nestas culturas. Na horta, há quatro anos já não se usa nada de produto químico. No ano passado começamos a produzir algumas coisas, principalmente folhas. Alface, tomate, pimentão, cenoura, beterraba, rabanete etc.” E como havia um excedente resolveu compartilhar: primeiro na “Feira do Pôr-do-sol”, realizada às quintas-feiras na Avenida Brasil, depois levou produtos a um condomínio da zona oeste e, no fim, deixou uma banca em frente a uma loja de produtos naturais, no centro.
Os alimentos que não produz são adquiridos de produtores certificados
“Mas, isso tudo era muito complicado. A gente carregava a caminhonete e quando chegava em Marília estava chovendo. Ou não saíamos do sítio porque chovia e em Marília o tempo estava bom”, recordou, contando as dificuldades iniciais que foram importantes para impulsiona-los para outro caminho.

“Resolvemos  mudar, definitivamente, para o sítio e usar a nossa casa. Começamos com duas banquinhas e alguém chamou de feira da garagem. Até por conta de responsabilidade social, abrimos uma empresa para trabalhar dentro da lei”, afirmou, acrescentando que “o
que a gente não consegue produzir, e precisa comprar, só compramos de empresas e produtores certificados”.

Paulo Medeiros ao lado de chás e temperos
Assim nasceu a “Orgânicos Bela Vista” que conquista a clientela pela qualidade e frescor dos produtos, mas também pela praticidade. Além da loja física no Bairro Maria Izabel, os interessados recebem, toda semana por mensagem no celular, uma lista de produtos com a tabela de preços e fazem a encomenda. Depois, basta passar lá para retirar sua cesta e degustar um delicioso cafezinho orgânico passado na hora. De segunda a sexta-feira, funciona das 10 às 19h e aos sábados das 10 às 13h.

INDICAÇÃO MÉDICA

Questionado sobre a receptividade à sua proposta, o professor disse que o aumento vem sendo gradual com frequentes indicações de nutricionistas e médicos. Ele contou que muitas pessoas em tratamento oncológico, por exemplo, procuram os alimentos orgânicos de fontes seguras para melhoria da imunidade e resposta ao tratamento.
Detalhe do canteiro de berinjela

Mas, nem tudo são flores. Como sempre acontece, houve alguns escândalos envolvendo produtos naturais em que comerciantes desonestos foram flagrados comprando verduras e legumes no Ceasa e vendendo como se fossem orgânicos, na Capital. Esse tipo de notícia mina a confiança do consumidor e, por isso, Paulo faz questão de trabalhar dentro das mais exigentes normas checando, pessoalmente, os fornecedores dos produtos que coloca em suas prateleiras.

Além da credibilidade arranhada e da pouca oferta de orgânicos nos supermercados e varejões, outro complicador é o preço. Como a produção é menor, naturalmente o preço é um pouco acima do que se pratica na agricultura convencional que aposta nos adubos químicos e defensivos para aumentar a produtividade. No entanto, Paulo Medeiros frisou que a diferença não é expressiva. No seu caso, a variação é de até um real no pé de alface, por exemplo.

Sobre a disponibilidade dos produtos, ele observou que “no estado de São Paulo, estamos longe dos grandes centros produtores de orgânicos que são Atibaia, Bragança Paulista, aquele cinturão verde mais próximo a Campinas e Sorocaba. No entorno de São Paulo, se usa muito agrotóxico porque o intuito é produzir muito”.

ÁGUA DE QUALIDADE

Uma das maiores preocupações com a agricultura orgânica é a qualidade da água utilizada na irrigação. No Sítio Bela Vista, que já contava com uma área de preservação que inclui um lago natural, foi perfurado um poço com outorga junto ao DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) e realizadas análises periódicas da água.
Os grãos orgânicos são muito procurados
No caso da adubação, Paulo Medeiros explicou que a propriedade utiliza compostagem a partir de esterco de galinhas criadas soltas e restos de cultura, como palha, cascas de côco trituradas, restos secos de vegetação etc. Após descansarem por períodos que variam de 40 a 60 dias, devido às altas temperaturas que a compostagem atinge, as bactérias nocivas são eliminadas e o fertilizante natural pode ser depositado nos canteiros favorecendo a nutrição das plantas.
Lavoura adubada com fertilizante natural

 “A gente respeita o ciclo da natureza. Seguimos a agricultura biodinâmica: tem o dia certo de plantar flor, que é couve-flor ou brócolis, o dia certo de plantar grãos, como milho e dia certo de plantar raiz, como mandioca, por exemplo”, explicou o professor, acrescentando que com o aumento do serviço no campo foi necessário contratar um casal de trabalhadores rurais que estão colocando em prática seu modo de trabalho.

Ele disse que a loja optou por “oferecer outros produtos que as pessoas têm dificuldade em encontrar: trigo e grão de bico orgânicos, arroz agulhinha, arroz integral, arroz cateto, arroz parboilizado e arroz sete grãos orgânicos, soja não transgênica, vinagre cru, farinhas de inhame, de banana, de linhaça, aveias, fubá, óleo de soja não transgênica. Nós temos o grão orgânico porque resolvemos nos especializar nisso”.

Há, ainda, produtos para os veganos como chocolates, geleias (maçã, amora, goiaba) e doces sem açúcar, melado, mel, macarrão sem glúten e a linha de produtos vegetarianos (coxinha de jaca, hambúrguer de milho e hambúrguer de grão-de-bico). “A gente produz o molho de tomate funcional que é assado primeiro com especiarias. Contratamos uma engenheira de alimentos e chef de cozinha para nos dar consultoria e explicar como se faz exatamente o molho de tomate e o molho pesto”, assinalou.

Paulo Medeiros fez questão de frisar a atenção à procedência do que oferece: “Tenho o máximo cuidado ao pegar alguma coisa fora. Visito a propriedade, exceto quando é produto processado que é obrigado a ter o selo. Em Ribeirão Claro, no Paraná, temos uma associação de produtores e estou com o certificado de todos eles aqui. Qualquer coisa que eu comprar lá, tem a garantia de que eles foram certificados, é um acompanhamento constante porque é uma coisa muito séria.”.

CONSCIÊNCIA 

No fim da tarde da última terça-feira, a professora universitária Rossana Maria Sade, que leciona na área de Saúde Mental na UNESP, foi buscar sua encomenda, e entre um cafezinho e outro, opinou sobre os produtos: “Não só porque a verdura e o legume não têm produto químico, mas também pela própria agressão ao meio-ambiente. Se o tomate está cheio de agrotóxico é porque a terra está cheia de agrotóxicos, porque a pessoa que jogou o agrotóxico também se contaminou. É uma cadeia que não é só para o meu benefício. Não compro só porque tem o benefício para mim e minha família, mas porque estou respeitando muito mais a natureza”.
Rossana Sade: consciência ambiental
O depoimento anterior resume o pensamento da clientela que aposta cada vez mais na alimentação natural que traz benefícios para a saúde e contribui para a preservação ambiental.
O “Orgânicos Bela Vista” localiza-se à Rua Mecenas Pinto Bueno, 725, Bairro Maria Izabel. Informações: (14) 981420003.

*Reportagem publicada na edição de 27.01.19 do Jornal da Manhã

sábado, 19 de janeiro de 2019

MÚSICA E MOVIMENTO: PROTAGONISTAS, AS CRIANÇAS SE DESENVOLVEM NO SEU RITMO.

Por Célia Ribeiro

A Educação Musical vai muito além de ensinar alguém a cantar ou a tocar um instrumento. No mundo todo, não é de hoje que pesquisadores se debruçam sobre diferentes trabalhos estudando abordagens que contribuam para a formação musical das crianças desde os primeiros meses de vida. Em Marília, Caroline Alaby Manzano fundou uma escola aonde tem a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em formações no Brasil e no exterior recebendo desde bebês até crianças de 08 anos, inclusive portadores de deficiências.
Carol e os pequenos:
turma de fraldas

Pedagoga, embora mais conhecida como artista (pianista, cantora, bailarina, sapateadora, acrobata, atriz e contadora de história), Carol Alaby realiza performances em eventos culturais com o “Cacarecos” em parceria com o ator Calu Monteiro, e leciona para alunos de Educação Infantil do Colégio Cristo Rei.

Um ano atrás, na entrevista concedida à coluna “Marília Sustentável”, ela falou sobre o sonho de fundar uma escola, que conseguiu concretizar em meados do ano passado: “Eu queria um espaço onde pudesse construir o meu jeito de ensinar e ter a liberdade de escolher como eu quero a estrutura da coisa toda”, explicou.

Ao encontrar o imóvel, localizado à Rua Palmares, 77, Carol teve a ajuda da irmã arquiteta, Daniele Mazuti, para elaboração do projeto e acompanhamento das obras de adequação. O local foi concebido para atender bebês a partir dos seis meses de idade e por isso há um trocador no banheiro. A escola conta com acessibilidade, como barras de apoio nos sanitários e portas com abertura suficiente para cadeiras de roda, andadores etc.

Recém-chegada do “III Simpósio Internacional Orff Schulwerk no Brasil”, realizado na UNICAMP (Campinas), na semana passada, e após ter participado do San Francisco Orff School - 2018 Summer Course (SFORFF 2018), nos Estados Unidos, em julho de 2018, Carol assinalou: “O que eu tenho é uma pesquisa muito pessoal que fiz e estou trazendo. Embora eu saiba que tem muitas pessoas em Marília fazendo coisas incríveis, eu queria fazer aquilo que eu fui lá pesquisar. Não pensei em começar grande, fazendo parcerias e colocar gente para trabalhar comigo”.
Recepção da escola colorida

MÚSICA EM FAMÍLIA

As turmas são pequenas e para os grupos de seis meses a três anos as aulas são em família. Ou seja, a criança precisa estar acompanhada do pai, mãe, tia ou outro familiar responsável. “É música em família”, brincou Carol, acrescentando que também recebeu  crianças portadoras de deficiências, principalmente autistas.
Um dos ambientes em que acontecem as aulas 
Ela explicou que “o trabalho é para exercer bem na prática uma abordagem ‘Music Learning Theory (teoria da educação musical)’ MLT e Orff-Schulwerk, que são duas abordagens que a gente chama de ativas dentro da pedagogia musical porque considera a criança protagonista do processo. Mas, o que me apaixonei é que tem a possibilidade de trabalhar com a família”.

Carol afirmou que “a gente precisa voltar o olhar para essa coisa do indivíduo, de ser cuidado, dessa coisa de um para um que na primeira infância é essencial. Eu acredito nesse modelo de educação porque, quando você é referência para 15, você não consegue olhar individualmente o tempo todo. Agora, ali tem a minha referência e cada um tem a sua. Tem a possibilidade da criança construir um ambiente bem seguro afetivamente para ela poder se expressar. Eu construo uma aula todinha baseada no que eles me oferecem”.
Carol no curso em San Francisco
Na “Escola de Música e Movimento Carol Alaby”, as turmas são divididas da seguinte maneira: grupo de seis meses a três anos (um familiar acompanhando), grupo de transição (entre três e quatro anos) “em que as crianças já falam, querem dar opinião e a aula é conduzida de outro jeito. E o grupo de 04 a 08 anos”, informou, explicando que aceita no máximo 07 alunos em cada turma.

Sobre sua metodologia, Carol observou que “a música é uma linguagem. Assim como quando você vai aprender uma língua estrangeira tem que estar imerso naquela língua, a música é a mesma coisa. Então, estou oferecendo um ambiente de imersão na música. Como professora, sei o que estou oferecendo em termos musicais. Estou pensando melodicamente, harmonicamente, ritmicamente, em variação de timbres para oferecer a maior variedade possível de coisas para essa criança estar imersa na cultura musical”.
Nos Estados Unidos, no ano passado, oportunidade de
conhecer educadores de vários países
Ela prosseguiu afirmando que nesta escola, “a criança tem a chance de vivenciar o ambiente musical, tanto que a gente não fala na aula, a gente só canta tudo dentro do conceito musical. A partir dos 04 anos, falo uma coisa ou outra porque entram os jogos com regras e tenho que dar algum direcionamento, mas tem aquele momento em que a coisa flui sem explicação. Aqueles 45 minutos de aula, uma vez por semana, em que pára tudo para a música acontecer. Quantas vezes o pai ou mãe param 45 minutos para brincar com seu filho, para falar que estou aqui sentada no chão, sem celular, com a atenção voltada para a criança?”

BENEFÍCIOS
Atualização no concorrido simpósio da Unicamp
Apesar do pouco tempo de funcionamento, a escola tem apresentado resultados surpreendentes, segundo a pedagoga: “Eu canto em modos gregos, que não é muito comum da gente ouvir, um jeito de se construir música que a gente não está muito acostumado no ocidente. Faço isso porque quero oferecer variedade. Eu ofereço um tipo de música que as crianças não estão acostumadas a ouvir e já aconteceu de criança chorar, por exemplo. De parar, olhar pra mim e encher os olhos de água. Então, estou trabalhando a emoção à flor da pele. Eu acho isso muito poderoso porque a criança pode ter contato e chance de se expressar”.
As apresentações fazem sucesso com as crianças

Carol disse estar feliz pela “participação de muitas crianças autistas porque essas crianças estão vivenciando coisas com outras crianças e essas outras crianças estão tendo a oportunidade de vivenciar coisas com elas. Estão se sentindo acolhidas e estou vendo essas crianças desenvolverem a fala”.

Ela acrescentou que “a ideia é depois escolher um instrumento e a criança vai estudá-lo. Mas, já vai estar pronta musicalmente e vai ser muito mais tranquilo o aprendizado deste instrumento, da voz ou da dança. Além disso, tem todas outras questões que a gente acaba desenvolvendo, porque estou pensando em movimento, no corpo todo, na relação palavra-som e movimento; estou pensando na relação afetiva da criança com sua família, comigo e com música”.

Conforme disse, “meu objetivo de vida é oferecer esse espaço de possibilidades. A gente fez duas rodas de conversas com as mães em que contei os princípios norteadores do trabalho. Quero tentar ser um espaço de encontro. A gente precisa se olhar, precisa de conexões. As conexões estão muito desgastadas por causa das redes sociais, do celular. Às vezes, estamos conectados com 1.000 pessoas e não estamos conectados com quem está do nosso lado”.

FUTURO

Lembrando o curso realizado nos Estados Unidos, em julho do ano passado, em contato com pessoas de vários países, Carol falou com entusiasmo sobre o futuro: “Espero continuar com o mesmo vigor em mim mesma na hora de elaborar para não perder a essência de fazer um trabalho cuidadoso e autoral, embora eu use tudo que aprendo. Mas, na hora que a gente aplica, coloca a nossa cara. Quero manter esse nível profundo de conexão entre mim e as crianças e espero atingir mais as pessoas, criar esses espaços de troca para as pessoas sentirem possibilidade de serem quem são, principalmente as crianças. É uma coisa meio utópica, mas eu sou artista, né?”
Acessibilidade: barras e
trocador para os bebês

Carol planeja compartilhar seus conhecimentos “no sentido de dividir essas descobertas com pessoas que trabalham na Educação, seja na escola pública ou rede privada. Tenho um projeto quase pronto de uma oficina para professores, em formação ou formados”, adiantou. Para entrar em contato com Carol Alaby, seu email é: carol_alaby@hotmail.com

Leia a reportagem de janeiro de 2018 AQUI.

* Reportagem publicada na edição do Jornal da Manhã de 20.01.2019

SOLIDARIEDADE: AJUDE A ACC

Uma das mais sólidas e importantes entidades filantrópicas de Marília, a Associação de Combate ao Câncer (ACC) trava uma batalha diária para fechar as contas: as despesas mensais passam de 45 mil reais e a instituição sobrevive da promoção de eventos, venda de produtos (biscoitos, pizzas, tortas) e doações da comunidade. A ACC assiste pacientes de Marília e de 62 municípios e mantém uma Casa de Apoio aonde os pacientes e acompanhantes fazem todas as refeições e pernoitam, gratuitamente.
Voluntárias produzem doces e salgados para geração de renda
Para ajudar: cadastre o ACC no site da Nota Fiscal Paulista para receber os créditos das notas fiscais (CNPJ: 59.990.960/0001-99), depositando qualquer valor nos bancos Santander (Ag. 4540 Conta 13000658-4), Banco do Brasil (Ag. 5627-8 Conta 5388-0) ou Sicredi (Ag. 3022 Conta 22.682-3), doando fraldas geriátricas e alimentos para a Casa de Apoio ou roupas e calçados para o Bazar da Pechincha. As doações podem ser feitas na sede na Rua Marrey Junior Nº 101, ao lado do Fórum. Para maiores informações, ligue (14) 34545660 ou escreva para: accmarilia@hotmail.com. O site é: www.accmarilia.org.br

Leia mais sobre a entidade, acessando as reportagens AQUI  e AQUI



RECICLANDO 

PORTA-TRECOS DE PAPELÃO


Para criar essa caixinha e guardar lápis, canetas, pincéis e uma variedade de objetos, basta separar rolos de papelão (papel higiênico) e uma caixa no tamanho desejado. Depois, decore o lado externo com tecidos, papeis adesivos ou EVA, encaixando um rolo de papelão ao lado do outro para ocupar todo o espaço no interior. Dicas como essa estão no site: www.artesanatoereciclagem.com.br

domingo, 13 de janeiro de 2019

NUTRIÇÃO: FRUTAS E VEGETAIS CONQUISTAM AS CRIANÇAS EM PROJETO DE INCLUSÃO.

Por Célia Ribeiro

O vento balança as folhas do coqueiro que enverga, mas não quebra. Sob a sombra, coelhinhos, peixinhos, borboletas e uma infinidade de seres coloridos chamam a atenção e convidam: está na hora de comer! Bananas fatiadas formam o tronco emoldurado pelo kiwi, com seu verde único, que imita as folhas. No solo, os gomos de mexerica sustentam as frutas no prato: essa é a base de um projeto premiado que beneficia crianças autistas atendidas no Espaço Potencial de Marília, mas que pode ser copiado por pais preocupados com uma alimentação saudável para os filhos.
Coqueiro de frutas encanta as crianças

Na FATEC “Estudante Rafael Almeida Camarinha”, a Prof.ª Drª Juliana Audi Giannoni é a autora do projeto "O Alimento Utilizado como Ferramenta de Inclusão”, que contou com a colaboração de vários professores e alunos do Curso Superior de Graduação em Tecnologia em Alimentos, e que está sendo desenvolvido com sucesso na entidade de assistência aos autistas.

O reconhecimento do trabalho, além dos resultados surpreendentes verificados junto a 10 crianças e adolescentes do Espaço Potencial, veio através de uma dupla premiação da FETESP, no fim do ano passado. Concorrendo com mais de mil inscritos de ETECs e FATECs, além de instituições da Argentina, Colômbia, Peru e Portugal, o projeto da FATEC Marilia venceu em duas categorias: Inclusão e Ação Social.                                               
Ao recordar como tudo começou a professora não consegue esconder a emoção. Engenheira agrônoma, ela contou que na época da graduação, “no Departamento da Ciência dos Alimentos, eu trabalhava com produtos minimamente processados, que são aqueles que têm sua forma física reduzida, fatiadinhos, raladinhos, como se vê nas bandejas do supermercado”.
Professora Juliana e alguns alunos
Ela explicou que fez pós-graduação na UNESP de Botucatu (Mestrado e Doutorado) atuando sempre na área dos alimentos minimamente processados e quando se mudou para Marília, em 2.010, “tinha vontade de fazer os vegetais em formatos lúdicos, de bichinhos, de corações, de bolinhas, para chamar a atenção do público infantil, tentar inserir esses alimentos saudáveis na vida deles e tentar diminuir a obesidade e os maus hábitos alimentares”.
Experiência começou na ONG e continuou na FATEC
A professora informou que iniciou “um trabalho com crianças na cidade de Vera Cruz. Fiz um kit de legumes em formato de bichinhos e preparamos uma sopa. Havia crianças que diziam não suportar cenoura. Mas, quando viram o formato de coelhinho, borboleta etc, comeram tudo até repetir. Eu não tinha intenção de trabalhar com autistas naquela época”, assinalou.
Premiação na FETESP


NASCE UMA IDEIA

Durante um congresso, em 2016, uma das exposições chamou sua atenção: “Sou professora de toxicologia de alimentos, mas também dou aula de análise sensorial”, disse, acrescentando que no evento, realizado em Araraquara, “uma palestrante iniciou a apresentação falando que os autistas têm a parte sensorial diferenciada das pessoas de desenvolvimento típico: eles sentem a textura de forma diferente, o sabor de forma diferente, o aroma é muito mais forte, o ouvido também é diferente. Aquilo mexeu comigo profundamente. Nunca tinha ouvido falar nisso”.

Retornando a Marília, ela passou um tempo refletindo sobre as dificuldades dos pais com a alimentação de crianças e adolescentes autistas e arregaçou as mangas para fazer algo que pudesse contribuir com a melhoria da alimentação desse público.
Atenção na aula de alimentos

A professora disse que “soube da luta dos pais na hora da alimentação. Se um autista resolve comer morango, ele vai comer morango o resto da vida se não tiver intervenção, se não tiver mudança de hábitos que se iniciam o quanto antes, de dois a três aninhos para frente. Conforme a criança for crescendo, se não tiver intervenção enquanto ela for novinha, enquanto o cérebro ainda é plástico, fica mais difícil isso tudo”.

Juliana mostrou-se sensibilizada pelo “sofrimento das mães porque tem autistas que só consomem o alimento batido no liquidificador, não comem nada sólido. E conforme vão crescendo, vão rejeitando mais e mais os vegetais. Rejeitam o alimento até pela cor. Isso veio no meu coração. Fiquei pensando como essas mães sofrem passando noites em claro sem dormir. Pensei que, como profissional da área de alimentos, eu poderia fazer alguma coisa”.

PROJETO APROVADO

A professora explicou que elaborou um projeto que foi aprovado pelo Centro Paula Souza, autarquia do governo do Estado vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Conforme disse, "o desafio era trabalhar com autistas porque sabemos que a mudança na alimentação faz com que fiquem mais calmos e podem dormir melhor porque existem alimentos que os deixam completamente excitados, como consumo demasiado de chocolate e muito glúten que trazem mais irritabilidade para eles”.
Atividade na horta orgânica

Com a pesquisa autorizada, ela procurou a direção do Espaço Potencial que a recebeu de portas abertas: “Comecei com aulas lá. Escolheram cinco adolescentes para a gente trabalhar e minhas colegas nutricionistas Flávia Farinazi e Adriana Fiorini, que trabalham em outra pesquisa, vieram reforçar o time”, disse.

Ela recordou as primeiras experiências: “Fomos explorando as possibilidades, montamos um coqueiro, o tronco era a banana picada, as folhas o kiwi e no solo mexericas. Quando um aluno  provou o kiwi, vi que não rejeitou. É a quantidade, a variedade, e tem que insistir. Para a criança falar que não gosta, tem que insistir 20 vezes”.

 A professora prosseguiu explicando que foram desenvolvidas oficinas práticas: “Um dia foi melancia, morango e goiaba, no outro mamão. Hoje, a aula de fazer os alimentos minimamente processados, dos legumes nas forminhas, é o que eles mais gostam e ninguém fica de fora. Começou com 05 e hoje já são 10 porque um foi falando para o outro”.

Crianças e adolescentes participaram desde a pintura dos pneus
passando pelo preparo da terra, plantio e colheita
À medida em que o trabalho avançava, algumas aulas puderam ser realizadas na FATEC: vários professores deram sua contribuição, “cada um em sua especialidade: Claudia Dorta, microbiologista, deu aula de microscópio para eles, mostrou os perigos da contaminação e como os probióticos fazem bem à saúde. Aí veio o professor Luiz Fernando Iscouto que fez biscoitinho de polvilho sem glúten e sem caseína, a professora Renata Bonini deu uma aula em que eles fizeram queijo e Flavia Farinazzi deu aula de geleia de morango”.

Algumas alunas também colaboraram, como uma das orientandas que criou uma receita utilizando os resíduos dos alimentos minimamente processados. Ela fez nhoque, sem glúten e lactose, com o corante natural dos alimentos (batata-baroa, beterraba e espinafre) e levou para o Espaço Potencial em que a aceitação foi surpreendente. Outra estudante criou uma receita de bolo de cenoura, também sem glúten e lactose, para degustação.
Na hora de degustar o lanche, a
alegria pela colheita do alface

E para estimular ainda mais as crianças e adolescentes, no ano passado, foram realizadas atividades no Sítio Olho D’Água, em Padre Nobrega. De propriedade de uma professora da FATEC, o local abrigou uma horta orgânica especial em que as crianças trabalharam em cada etapa: da pintura de pneus inservíveis, preparo da terra, plantio das mudas  até a colheita. Ao final, todos saborearam um lanche com pão, alface, tomate e suco de hortelã que cultivaram.

COMUNIDADE

Segundo a diretora da FATEC Marília, Claudia Cristina Teixeira Nicolau, “uma instituição de ensino superior é dividida em três partes: ensino, pesquisa e a parte de extensão que é o tripé onde está fundamentada toda a instituição de ensino superior. Temos o ensino em sala de aula, tradicional, temos as pesquisas dos professores e os trabalhos de extensão à comunidade que são os trabalhos voluntários que envolvem professores e alunos. Esses trabalhos são voltados para a comunidade de Marília e região. E não têm custo nenhum para quem recebe”.
(Esq.) Diretora Cláudia e Professora Juliana
Conforme disse, “vários projetos acontecem em várias áreas do conhecimento dentro da escola. Precisamos que nosso aluno tenha uma formação completa: quando ele faz um atendimento à comunidade, ele vai estar trabalhando características e habilidades importantes para que ele seja inserido no mercado de trabalho. Vai aprender a lidar com pessoas, a respeitar os limites dele e dos outros. É uma iniciativa onde todo mundo ganha: o aluno, a instituição e quem recebe o trabalho de extensão da FATEC Marília”.

Por sua vez, a professora Juliana sonha em contar a rica experiência dos alimentos em formatos lúdicos em um livro que pretende escrever. A obra vai orientar e dar um alento aos pais de crianças com autismo, mas, também, servir de guia a todos que se interessam por uma alimentação saudável desde a infância. Para saber mais sobre a FATEC, acesse: http://www.fatecmarilia.edu.br/

*Fotos - Arquivo Pessoal

** Reportagem publicada na edição de 13.01.2019 do Jornal da Manhã

PROJETO SEMEAR ARRECADA MATERIAL ESCOLAR


FAÇA SUA DOAÇÃO

Até o dia 09 de fevereiro, a ONG Projeto Semear receberá doações de material escolar para os kits que serão distribuídos às mais de 100 crianças e adolescentes de famílias de baixa renda assistidos pela entidade. São aceitos materiais novos da lista básica: apontador, borracha, caderno brochura (pequeno e grande), caderno universitário, canetas (azul, vermelha e preta), estojo escolar, giz de cera, lápis de cor, lápis preto, papel sulfite (pacote com 100 folhas) e régua plástica (30 cm).
 As doações podem ser entregues nos seguintes postos de arrecadação: NEAP - Núcleo Espírita Amor e Paz,  Casa Três Irmãos, Academia Winner,  Sede do Projeto Semear e junto aos voluntários. Outras informações sobre a entidade: www.projetosemear.org.br
Leia outras reportagens sobre a ONG, neste blog, acessando AQUI  e AQUI.


RECICLANDO

LATAS DE ALUMÍNIO

As latas de alumínio podem ter muita utilidade. Basta, apenas, um pouco de imaginação e criatividade. As sugestões de hoje são do site artesanatobrasil.net e mostram que latinhas de atum podem ajudar a organizar pequenos objetos nas gavetas.
Porta-trecos original
Já as latas de leite em pó e achocolatados, após receberem uma camada de tinta, se transformam em belos vasos para cultivo de flores e hortaliças.
Tinta e um pouco de imaginação




sábado, 5 de janeiro de 2019

AS BOAS NOTÍCIAS DE CARA NOVA, A PARTIR DE 13 DE JANEIRO NO JORNAL DA MANHÃ.

Por Célia Ribeiro

Suculentas nas rolhas
Fica a dica!
Após o recesso de fim de ano, a coluna "Marília Sustentável volta no próximo domingo, dia 13 de janeiro, na edição impressa do Jornal da Manhã e aqui no blog.

Com um novo layout no jornal e mais informação, continuaremos tratando dos temas que nos são caros: sustentabilidade ambiental, responsabilidade social, cidadania e solidariedade.

Uma das novidades será um espaço para a agenda dos eventos beneficentes e dicas para quem quer colaborar com alguma instituição. Além disso, vamos publicar sugestões de aproveitamento de recicláveis.

Esperamos vocês!