sábado, 31 de agosto de 2019

CASA MAIS MULHER: PROJETO SOCIAL OFERECE ACOLHIMENTO E CURSOS GRATUITOS

Célia Ribeiro

O sofrimento provocado pelo luto, que levou algumas mulheres a mergulharem na depressão, transformou-se no remédio que lhes deu um novo significado na vida permitindo que estendessem a mão a outras pessoas em dificuldades. Essa é a gênese de um projeto social destinado a acolher e orientar as mulheres, além de promover cursos gratuitos para a geração de renda.
Coordenadora Sônia Carniato

Segundo a psicóloga Sônia Regina Carniato Gonçalves, “a Casa Mais Mulher é um projeto social desenvolvido pelas mulheres da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Marília que visa ofertar às mulheres da comunidade cursos de capacitação de técnicas artesanais e o desenvolvimento de competências e habilidades que lhes permitam empreender e gerar melhores oportunidades de trabalho e renda, bem como a comunhão e a edificação espiritual”.

Conforme disse, “tínhamos um grupo na igreja de mais ou menos 10 mulheres enlutadas.
Algumas tinham perdido o marido, outras tinham perdido os filhos ou a mãe. Era um grupo terapêutico e a gente percebeu que precisava ressignificar a vida delas novamente. Hoje, a maioria dessas mulheres dá aula de artesanato aqui na Casa. Elas estavam com quadro de depressão porque foram perdas repentinas e elas têm muitas habilidades. O grupo surgiu disso”.

Grupo na aula de costura
Instalada na região central de Marília, a “Casa Mais Mulher” está localizada à Avenida Santo Antônio, 974, em frente à Escola Estadual Gabriel Monteiro da Silva e próxima à UBS Alto Cafezal. Ela iniciou suas atividades em abril deste ano e surpreende pela qualidade da programação que conta com a adesão de aproximadamente 80 participantes.

A coordenadora do projeto explicou que “tivemos um recesso em julho e retornamos em agosto” com a agenda diversificada: aulas de tricô, crochê, bordado xadrez, confecção de peso de porta, pano de prato, básico de costura, costura criativa, confecção de laços, vagonite, além de orientação jurídica, acolhimento às mulheres com depressão (quarta-feira das 17 às 19h), grupo de orientação aos pais (sexta-feira das 14h30 às 16h30) e grupo de apoio às pessoas enlutadas (sexta-feira das 19 às 20h30).
Cursos disponíveis
Sônia Carniato explicou que a Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Marília assumiu a locação do prédio e contribui com sua manutenção, enquanto os móveis, equipamentos e materiais foram adquiridos com a renda da cantina da igreja que, aliás, também doa o óleo da fritura de salgados para a produção de sabão artesanal.

A coordenadora informou que as mulheres que frequentam os cursos não pagam nada, nem os materiais utilizados. As alunas confeccionam as peças levando uma para casa e deixando outra para a lojinha do projeto. Com a venda desse artesanato no local será possível repor os materiais para continuidade das aulas.
Sala de costura

EMPREENDEDORISMO

Ao lado dos cursos de artesanato, a “Casa Mais Mulher” deverá contar, futuramente, com aulas de culinária com o objetivo de capacitar as alunas para empreenderem como boleiras, salgadeiras, doceiras etc. A cozinha já recebeu um refrigerador duplex, mas ainda faltam equipamentos como um fogão industrial e outros eletrodomésticos. Por enquanto, a cozinha tem sido usada pelas voluntárias que preparam café, chá e bolos oferecidos nos cursos.
Pesos de porta à venda na lojinha do projeto
Sônia Carniato observou que muitas mulheres enfrentam crises familiares e se veem sem rumo porque “deixaram de trabalhar para cuidar da família, dos filhos e de repente o marido chega e separa. Muitas não estudaram, nem se aperfeiçoaram e entram em desespero. A gente visa, com os cursos, que essas mulheres possam empreender e se manter financeiramente porque, até então, elas dependiam da renda do marido que não tem mais”.
Aula de bordado

Paralelamente à capacitação com os diferentes cursos, as mulheres encontram apoio em atendimentos individuais e em grupos aonde não são identificadas. Elas acessam as salas da parte de trás do prédio por um portão lateral onde são prestadas orientações jurídicas e atendimento psicológico por voluntários.

Para a comunidade, ter uma lojinha de artesanato em uma região de fácil acesso acaba sendo uma ótima opção para presentear amigos e familiares adquirindo peças que carregam um simbolismo em sua produção. O resultado dos trabalhos representa a arte e a solidariedade juntas e a possibilidade de um recomeço para muitas mulheres.

Para mais informações entre em contato com a “Casa Mais Mulher”: Avenida Santo Antônio, 974, telefone (14) 991995883 e e-mail: casamaismulher@gmail.com

*Reportagem publicada na edição de 01.09.2019 do Jornal da Manhã

domingo, 25 de agosto de 2019

METALÚRGICA TRANSFORMA TAMPINHAS DE PLÁSTICO EM FRALDAS GERIÁTRICAS.

Por Célia Ribeiro

Após beneficiar centenas de pessoas com cadeiras de rodas, a Marcon Indústria Metalúrgica lançou mais uma campanha que alia sustentabilidade ambiental e responsabilidade social: desde o dia 26 de julho, a empresa está arrecadando tampinhas de plástico duro, cuja venda junto às recicladoras tem renda revertida para a compra de fraldas geriátricas destinadas aos asilos de Marília.
Cada 25 kg de tampinhas rende 01 pacote de fralda
Segundo Daniele Rocha, do Departamento de Marketing da Marcon, nos últimos nove anos, a campanha dos “Anéis Solidários” (lacres de latinhas de bebida) resultou em 507 cadeiras de rodas doadas às instituições filantrópicas e pessoas físicas que se cadastraram na empresa. Consolidada, essa campanha continuará com o recebimento dos lacres.

Por sua vez, as “Tampinhas Solidárias” que tem por objetivo arrecadar tampas de plástico duro encontradas em garrafas PET, caixas de suco e de leite, frascos de remédios e creme dental, além de tampas de embalagens de materiais de limpeza, apesar do pouco tempo de lançamento já mobilizou os colaboradores da Marcon que são os maiores divulgadores das iniciativas socialmente
responsáveis.
Colaboradores na produção da Marcon
“A Marcon é apenas facilitadora. Quem faz a ação social e oferece uma condição melhor de vida é a sociedade, são as nossas famílias, os nossos colaboradores que, através das arrecadações proporcionam a compra das fraldas e a doação de cadeiras de roda”, afirmou Daniele Rocha. Ela assinalou que os mais de 400 funcionários da empresa aderiram na primeira hora e são os grandes incentivadores deste tipo de ação.

Ela informou que são necessários 25 quilos de tampinhas de plástico duro para a compra de um pacote de fraldas geriátricas, explicando que foram realizadas visitas às entidades que cuidam de idosos para mapearem suas necessidades, chegando-se à conclusão de que as fraldas são produto de alto consumo “porque há idosos que necessitam das fraldas dia e noite e não só por alguns períodos”.
Daniele Rocha

Quem quiser colaborar com a campanha, tanto dos lacres de latinhas quanto das tampinhas de plástico, pode levar as doações até unidade da Marcon localizada na Rua Coelho Neto, 48, perto do Supermercado Tauste Norte. Ou telefonar para (14) 34012425. Daniele finalizou afirmando que “as campanhas, além de cuidar das pessoas, cuidam também do nosso planeta reduzindo o impacto ambiental que esses resíduos geram ao meio ambiente quando descartados inadequadamente”.

SERIEDADE

A consultora interna de Recursos Humanos da empresa, Carla Simone Correia Marcon, falou com entusiasmo da receptividade que a campanha encontrou na comunidade: “É muito rápida a aderência às ideias que têm retorno social. E isso se deve ao ser humano se engajar para benfeitoria dos outros. Às vezes, a gente fica consternado só com as notícias ruins e acaba não focando nas boas notícias”.
Ela contou que foi organizada uma força tarefa com um grupo de colaboradores para visitar as entidades e conhecer suas prioridades. “O que a gente viu foi uma atitude aguerrida das pessoas que estão à frente dessas instituições. São guerreiros, lutadores de uma causa. São pessoas que têm uma entrega aos projetos dos quais estão à frente. Cada diretor ou presidente dessas instituições que a gente foi deu uma aula de cuidados”, acentuou.

Sobre as campanhas, Carla Marcon explicou que “esse viés é uma responsabilidade social, mesmo. Estamos inseridos em Marília há mais de 30 anos, com trabalho consolidado na questão econômica e industrial”, contribuindo, na medida do possível, com ações em prol da comunidade. Conforme disse, “não podemos esperar que só o governo ou as ONGs façam. A gente, dentro da nossa possibilidade, convocando as pessoas a aderirem, também deve fazer”.
Augusto Ribeiro e Carla Marcon
do RH da empresa


EMPRESA

A Marcon completou 31 anos em 2019, instalada em uma área de 65 mil metros quadrados com três fábricas que produzem 1.300 produtos das linhas Mecânica, Movimento, Hidráulica, Construção e Prátika. A metalúrgica possui mais de 400 colaboradores, vende em todo o País e exporta para países da América Latina e Oriente Médio. Mais informações: https://marcon.ind.br/ ou no e-mail: augusto@marcon.ind.br

* Reportagem publicada na edição de 25.08.2019 do Jornal da Manhã

domingo, 18 de agosto de 2019

EMPRESA DE TECNOLOGIA INVESTE NA INCLUSÃO DIGITAL E APOIA PROJETOS SOCIAIS

Por Célia Ribeiro

Esta é a era da hiperconectividade. Cada vez mais pessoas, até nos lugares mais distantes, são apresentadas às tecnologias que facilitam as rotinas do dia-a-dia e aproximam as pessoas. A má notícia, como apontam diferentes estudos, é que muita gente não consegue resistir aos estímulos on line e desconectar-se por alguns períodos. Em Marília, uma empresa de tecnologia tem usado o lado bom dessa moeda: leva internet de alta velocidade a locais públicos e ONGs, gratuitamente, além de apoiar projetos sociais com foco nas áreas cultural, educacional e ambiental.
Garoto participa de ação ambiental da Life
Fundada em 1997, a Life chegou ao mercado oferecendo internet por telefonia, depois via rádio e finalmente por fibra ótica. Hoje, além de Marília, está presente em Garça, Pompeia, Vera Cruz, Oriente, Ocauçu, Quintana e tem serviços em mais 20 cidades, explicou o diretor de Relacionamento e Mercado, Luís Eduardo Dias.

Há 10 anos na empresa, Luís Eduardo é figura conhecida pela militância na causa ambiental. Mas, outros assuntos também lhe são caros: desde os primeiros minutos da entrevista, era visível sua satisfação em poder contribuir para melhorar as comunidades com as quais a empresa se relaciona. Se a causa é justa, já tem meio caminho andado.
Luís Eduardo Dias
De um projeto de qualificação profissional para jovens, como o SIM (Serviço de Integração de Menores), em Pompéia, que prepara os alunos para atuarem em Telemática Básica (manutenção e centrais de telefonia, TV e internet, rede de acesso FTTH), até o oferecimento de internet de alta velocidade às entidades filantrópicas de Marília, são dezenas de projetos sociais atendidos.

“Estamos apoiando a Segunda Mostra Internacional de Teatro, temos mais de 50 pontos de internet gratuita que cedemos às entidades, projetos de inclusão digital e temos patrocinado uma quantidade enorme de eventos beneficentes, atuando em parceria com as Secretarias da Assistência Social, da Cultura e da Saúde”, explicou o diretor.
Apoio à qualificação de jovens, em Pompeia
Segundo ele, a empresa “participa de um grande projeto de Startups (empresas em fase inicial que desenvolvem projetos inovadores) no Univem (Centro Universitário Eurípedes de Marília), onde a Life dá internet e subsídios para os projetos de inclusão digital e de inovação tecnológica”.

Luís Eduardo observou que “a gente vai atendendo as demandas da sociedade conforme elas surgem. O que eu considero importante são coisas relacionadas ao nosso negócio, parte de inclusão digital, e também o que está relacionado às artes e ao meio-ambiente”. Com grande impacto, há apoio a projetos como a instalação de uma unidade do CVV (Centro de Valorização da Vida) em Marília. A Life contribui com a instalação da rede de telefonia e internet.

CIDADES INTELIGENTES

Evoluindo rapidamente, a tecnologia caminha no sentido das cidades inteligentes. Luís Eduardo explicou que “a gente tem investido tudo que está relacionado às cidades digitais, cidades inteligentes. O que a gente está procurando é soluções que otimizem a gestão das cidades”.
Reunião do CVV que terá apoio da empresa
Ele citou o caso de Pompeia: “Hoje, você tem condições de acessar qualquer prontuário médico, os pais podem ver as notas dos alunos, a gente conseguiu reduzir a conta de telefone em 60 por cento, porque está tudo interligado, conseguimos colocar pontos de Wi-Fi pela cidade etc”. Conforme disse, os investimentos começaram na gestão passada e foram ampliados na atual administração municipal.

Outro exemplo acontece em Garça: “Existe uma política de tornar a gestão mais inteligente. Pode-se colocar almoxarifado inteligente e sistema de câmeras para monitoramento. Em Garça, colocamos quase 200 câmeras nas escolas para ter mais segurança. Estamos colocando sistema de câmeras onde faz reconhecimento de placa de veículo, reconhecimento facial e interliga com banco de dados da Polícia”, destacou.

Em Marília, a Life também tem novidades: “A empresa venceu uma concorrência e vai levar internet a vários locais públicos e onde não havia como os distritos que estavam desconectados. A gente vai integrar tudo na gestão municipal”, adiantou.
Plantio de 90 mudas de frutíferas no Residencial Montana
Luís Eduardo acrescentou que, paralelamente à evolução da empresa, que tem planos de chegar a outros estados, “independente do que a gente faz de trabalho social, só o nosso serviço já tem valor agregado para a vida das pessoas. Para nós é muito importante esse sentimento de pertencimento à comunidade”.

Ele finalizou com uma reflexão sobre os novos tempos: “Acho que as pessoas estão procurando o equilíbrio. Existe uma tendência meio irreversível das pessoas estarem cada vez mais conectadas digitalmente e, de certa forma, acho que a gente ainda não sabe dominar a força que os meios digitais têm sobre a gente. Acho que a gente precisa procurar outras formas de se relacionar”.

Para saber mais sobre a empresa, acesse: life.com.br

*Reportagem publicada na edição de 18.08.2019 do Jornal da Manhã

domingo, 11 de agosto de 2019

ANJO AZUL: GUARDIÃO ORGANIZA EVENTO PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAS E SUAS FAMÍLIAS

Por Célia Ribeiro

Neste domingo, em que se comemora o “Dia dos Pais”, o herói para um menino de sorriso doce e olhos claros não usa capa ou roupas coloridas, não voa e nem duela com os vilões dos desenhos animados. Para Taylor, 07 anos, morador do Jardim Nacional, quem tem super poderes é seu guardião, um autônomo descendente de japoneses, que enfrenta o mundo pelo bem-estar do garoto e atende pelo nome de Julio Minoru Maeda.
Sr. Maeda e seu anjo azul

Com grau leve de autismo, Taylor foi assumido pelo Senhor Maeda ainda bebê e é a razão de sua vida. “Por ele eu faço qualquer coisa”, afirmou ao justificar a iniciativa de organizar uma grande festa, no dia 6 de outubro, com comida, bebida e recreação gratuitas para crianças especiais e seus familiares.

Batizado de “Universo do Planeta Azul”, o evento acontecerá em plena “Semana da Criança”, na Rua Izabel Segura Viudes, 80, Vila Romana, das 13 às 17h, com o objetivo de oferecer para portadores de autismo, Síndrome de Down, deficientes físicos e intelectuais, um momento de diversão, sem preconceito, com tudo pensado para eles.

Para organizar a festa, o Senhor Maeda foi em busca de apoio: conseguiu doações de sorvetes, cachorro-quente, pipoca, algodão doce, voluntários para oficinas terapêuticas, como a de robótica, entre outros. Agora, ele necessita de doações de água, refrigerantes e brinquedos, especialmente bolas, destacando que não aceita dinheiro em espécie, mas apenas os produtos.

LIÇÃO DE VIDA

A agenda do autônomo, que vende polpa de frutas e amendoim para sobreviver, é baseada no seu “Anjo Azul”, como são chamadas as crianças autistas. “Parei com tudo. Só trabalho quando ele está na escola aqui no bairro. No resto do tempo eu vivo para ele”, confessou. A esposa, dona Rosângela, contou que “o Taylor é muito inteligente, mas é hiperativo”. Durante a reportagem na casa da família, na quarta-feira (07), pode-se ver o carinho com que o menino é tratado pelo casal que o acompanha ao tratamento no Hospital São Francisco e ao atendimento na APAE, periodicamente.
Taylor ganhou uma bela festa no aniversário

Imerso na organização do evento, o Senhor Maeda observou que “no Dia das Crianças se faz muitas festas para as crianças normais, mas não para as crianças limitadas, para crianças autistas ou com deficiências”. Ele observou que “existem brinquedos que eles não conseguem brincar e, no caso de cadeirantes, não podem aproveitar um pula-pula, por exemplo”.

Nesta comemoração especial, o Senhor Maeda espera que os familiares também aproveitem: “Não é uma festa só para as crianças. Especiais são os pais que enfrentam todo tipo de dificuldades”, assinalou. Perguntado sobre o que mudou em sua vida após ter assumido o Taylor, que o chama de pai, o guardião se emocionou: “Aprendi a ser humano, humilde e acreditar mais em Deus”.

Com os olhos marejados, o Senhor Maeda disse que “pelos filhos, quando a gente ama, faz tudo de coração. A gente aprende a ser humilde. No passado eu mandava. Hoje, aprendi a pedir por favor”, afirmou. É com esse sentimento que o autônomo vai abrindo portas por onde passa, seja na comunidade, no comércio ou nas igrejas do bairro, na zona sul de Marília.

Quando disse que faz o possível e impossível pelo seu “Anjo Azul”, o Senhor Maeda não exagerou. Um exemplo foi sua manifestação durante uma reunião do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) que fiscaliza a qualidade das refeições servidas aos estudantes. “Ninguém nunca pensou na comida dos autistas, dos deficientes, dos que são intolerantes à lactose por exemplo. Essas crianças precisam de atenção na hora de comer na escola”, pontuou.
Taylor joga videogame ao chegar da escola
Foi assim que ele se candidatou a integrar o Conselho e divide o pouco tempo livre com as reuniões e vistorias que o órgão realiza nas escolas do município. “Uma vez falaram que os deficientes comiam muito rápido para ir brincar. Não é verdade. Muitos comem depressa porque nem mastigam, engolem direto. Por isso tem que ter cuidado com o que dar de comer a eles para não engasgarem”, observou.

No CAE, como conselheiro voluntário, o Senhor Maeda disse que espera contribuir para que os portadores de deficiências também tenham suas necessidades atendidas. Pelo visto, a depender de sua energia e determinação, só faltará a capa para o guardião do anjo azul ser visto como super-heroi também por outras crianças.

Para entrar em contato com o Senhor Maeda, os telefones são: (14) 998057795 e 31136948.

*Reportagem publicada na edição impressa do Jornal da Manhã de 11.08.2019

domingo, 4 de agosto de 2019

VIOLÊNCIA: O EMPREENDEDORISMO SOCIAL TRANSFORMA A VIDA DAS PESSOAS IMPACTADAS

Por Célia Ribeiro

O que Robert Redford e o banqueiro bengali Muhammad Yunus têm em comum? Ambos colocaram seu conhecimento a serviço de uma causa nobre. No caso do ator e diretor, criou o Sundance Film Festival para ajudar cineastas independentes. Já o economista fundou o banco Grameen, focado no microcrédito, para tirar pessoas da pobreza em Bangladesh. Ambos são empreendedores sociais e suas ações não podem ser mensuradas pelo lucro financeiro e sim pela mudança que causam na vida das pessoas.
Roda de conversa com lideranças femininas no Jardim Julieta

Em Marília, a delegada aposentada da Delegacia de Defesa da Mulher, Rossana Rossini Camacho, segue exemplos inspiradores. Ela começou a trilhar esse caminho ao atuar na difusão de conhecimento para o empoderamento das mulheres: “O meu empreendedorismo é transformador, é a aplicação das políticas públicas para as mulheres, é a realização daquilo tudo que é necessário para tirar as mulheres da situação da violência, da ignorância e do medo”, explicou.

Desde 2014 integrante do Conselho Estadual da Mulher, Rossana é referência na luta pelos direitos das mulheres e combate à violência doméstica. Em 2012, pouco antes de se aposentar, ela viajou aos Estados Unidos, a convite do governo norte-americano, juntamente  com representantes de vários países, quando conheceu trabalhos de ONGs  que a impactaram.
Materiais distribuídos nos eventos


De volta ao Brasil, Rossana  não se conformou em guardar para si o que aprendeu nos 25 anos à frente da Delegacia da Mulher, quando passaram por suas mãos mais de 70 mil ocorrências. Aposentada, ao invés de aproveitar o tempo livre para o merecido descanso, ela resolveu  comprovar suas teses: “Como delegada, o problema já tinha acontecido e eu não podia fazer nada. Por isso, pensei como seria importante agir na prevenção, levar informação e orientação às mulheres”.

No dia 24 de junho, quando completou 62 anos, ela começou a colocar em prática os planos gestados com paciência nos últimos sete anos. Após concluir o Empretec, curso do SEBRAE para empreendedores, lançou um folder onde estão elencadas, de maneira simples e de fácil consulta, orientações sobre como enfrentar e superar a violência doméstica.
Encontro “Mulher Cidadã”, no Espaço 96
Com o apoio do marido e do casal de filhos, seus maiores incentivadores e patrocinadores, a delegada aposentada sentiu-se fortalecida para avançar: com uma ampla rede de contatos, dos tempos de serviço público e também dos anos à frente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Marília, ela tem participado de rodas de conversa e proferido palestras em centros comunitários, entidades, órgãos públicos, empresas e até em casas de família, na periferia.

COMO TUDO COMEÇOU

Ela contou que sempre se preocupou em como apoiar as mulheres: “Não basta apenas a lei, não basta apenas a intervenção judicial e policial para tirar a mulher da situação de violência.
Tem que dar apoio, uma injeção de ânimo para ela. Então, eu criei, dentro da Delegacia o Núcleo Multidisciplinar, busquei parceria com assistentes sociais, psicólogos, advogados, enfermeiros, com todas as pessoas que pudessem apoiar e ajudar aquela mulher a sair daquele calvário”.
Reunião do Conselho Estadual da Mulher, na Capital
E essa experiência lhe deu mais motivação após a aposentadoria. Rossana saiu em busca de suporte institucional, mas não encontrou respaldo: “Diante dessa situação, fui ao poder público e encontrei todas as portas fechadas. A Lei Maria da Penha fala que se o poder público não fizer, qualquer pessoa da sociedade pode desenvolver as ações não governamentais para enfrentar a violência. Tentei reativar o CONSEG que é o Conselho Comunitário de Segurança, tentei reativar o Conselho Municipal da Mulher, e comecei a me reunir, aleatoriamente, com a comunidade”.

Nas rodas de conversa que realizou com as mulheres nos mais diferentes bairros, ou durante as palestras em empresas e entidades, a delegada aposentada concluiu que a informação era a arma mais importante na luta contra a violência. E, a partir daí, elaborou um kit com folder, banner, cartaz e cartão de apresentação em que as orientações são detalhadas sobre como proceder diante de uma situação de violência.
Trabalho voluntário: Centro Comunitário S. Vicente de Paulo
Sobre a nova fase, Rossana afirmou: “Sou empreendedora social, vendo conhecimento. Quando você faz uma palestra, não ganha o dinheiro, mas ganha o valor, o reconhecimento das pessoas. Quando você ajuda uma pessoa, a satisfação é maior do que o dinheiro que se paga para passar aquele conhecimento”.

ESTATÍSTICAS ALARMANTES

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança, uma a cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência no Brasil em 2018, sendo que 42 por cento das ocorrências foram registradas no ambiente doméstico. Em 2019, levantamento realizado no Estado de São Paulo mostrou que houve 72 feminicídios de janeiro a maio, o que representa um aumento de 333 por cento em relação aos últimos dois anos.
Rossana e amigas no Recanto do Terço
Para quebrar um círculo vicioso em que as mulheres se veem impotentes diante do agressor, Rossana Camacho defende o empoderamento feminino: “Quando eu faço uma palestra, eu fomento esse sentimento nas mulheres: vamos ajudar outras mulheres. Às vezes um ouvir, um encaminhar para fazer um curso, o se reinventar fazendo alguma atividade que gostem ou mudando a postura no seu emprego. O meu trabalho é mostrar para as mulheres que elas podem ser senhoras do seu destino. Elas podem se emancipar por elas mesmas, não depender de ninguém, do pai, da mãe, do vizinho ou do marido”.

Ela comentou que “a vida inteira eu fiz esse trabalho, só não sabia o nome. O divisor de águas foi o curso de Empretec no Sebrae. Estava angustiada e então consegui compreender esse universo. Compilei tudo o que eu queria fazer e, ao invés de escrever um livro, preferi fazer um folder onde mostro todo o organograma para se enfrentar a violência”.
Roda de conversa com integrantes do Conselho de Mulher Empreendedora da ACIM
A delegada aposentada assinalou que “quem vai poder dar a orientação correta é a Central de Atendimento à Mulher, no telefone 180, criada pelo governo. Ligando no 180, a mulher será orientada a quem procurar:  a delegacia, o hospital , o Centro de Referência da Mulher. O que tem em cada cidade eles têm mapeado do Brasil inteiro, de qualquer lugar. Se uma mulher de Marília for agredida em Brasília, por exemplo, ela vai ligar no 180 para saber o que fazer. Agressão, ameaça, crimes pela internet etc. Eles vão indicar o que deve ser feito”.
Rossana tem percorrido os bairros para levar informação
Ela lembrou os prejuízos que a violência causa ao País, estimados em um bilhão de reais por ano. “O malefício é muito grande na sociedade. A violência destrói a família, os amigos. A mulher falta ao trabalho, tira muitas licenças médicas e isso sobrecarrega os hospitais, a polícia, o judiciário. Para os empresários é um prejuízo muito grande. Já pensou uma falta de uma funcionária em uma pequena empresa? E se ela estiver trabalhando em uma máquina de precisão na indústria e causar um acidente porque ela não dormiu a noite porque foi espancada?”
Empreendedora social com grupo do SEBRAE


Rossana pretende levar às indústrias e às empresas em geral palestras para homens e mulheres sobre a violência. Como ela fez questão de destacar, foi privilegiada por ter tido uma carreira bem sucedida, com marido e filhos que lhe dão suporte e que chegou a hora “de retribuir um pouco para a sociedade”.

Ela espera obter patrocínio na iniciativa privada para expandir esse trabalho e planeja a realização de um grande evento regional em Marília. Dessa forma, quer continuar difundindo informação e contribuindo para minimizar o grave quadro de violência doméstica, muitas vezes silenciosa, que deixa marcas para sempre.

Para entrar em contato com a Rossana Camacho, o e-mail é: drarossanacamacho@hotmail.com e nas redes sociais: @rossanacamacho (Instagram) e rossanacamacho (Facebook)

* Reportagem publicada na edição impressa de 04.08.2019 do Jornal da Manhã