sábado, 31 de agosto de 2019

CASA MAIS MULHER: PROJETO SOCIAL OFERECE ACOLHIMENTO E CURSOS GRATUITOS

Célia Ribeiro

O sofrimento provocado pelo luto, que levou algumas mulheres a mergulharem na depressão, transformou-se no remédio que lhes deu um novo significado na vida permitindo que estendessem a mão a outras pessoas em dificuldades. Essa é a gênese de um projeto social destinado a acolher e orientar as mulheres, além de promover cursos gratuitos para a geração de renda.
Coordenadora Sônia Carniato

Segundo a psicóloga Sônia Regina Carniato Gonçalves, “a Casa Mais Mulher é um projeto social desenvolvido pelas mulheres da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Marília que visa ofertar às mulheres da comunidade cursos de capacitação de técnicas artesanais e o desenvolvimento de competências e habilidades que lhes permitam empreender e gerar melhores oportunidades de trabalho e renda, bem como a comunhão e a edificação espiritual”.

Conforme disse, “tínhamos um grupo na igreja de mais ou menos 10 mulheres enlutadas.
Algumas tinham perdido o marido, outras tinham perdido os filhos ou a mãe. Era um grupo terapêutico e a gente percebeu que precisava ressignificar a vida delas novamente. Hoje, a maioria dessas mulheres dá aula de artesanato aqui na Casa. Elas estavam com quadro de depressão porque foram perdas repentinas e elas têm muitas habilidades. O grupo surgiu disso”.

Grupo na aula de costura
Instalada na região central de Marília, a “Casa Mais Mulher” está localizada à Avenida Santo Antônio, 974, em frente à Escola Estadual Gabriel Monteiro da Silva e próxima à UBS Alto Cafezal. Ela iniciou suas atividades em abril deste ano e surpreende pela qualidade da programação que conta com a adesão de aproximadamente 80 participantes.

A coordenadora do projeto explicou que “tivemos um recesso em julho e retornamos em agosto” com a agenda diversificada: aulas de tricô, crochê, bordado xadrez, confecção de peso de porta, pano de prato, básico de costura, costura criativa, confecção de laços, vagonite, além de orientação jurídica, acolhimento às mulheres com depressão (quarta-feira das 17 às 19h), grupo de orientação aos pais (sexta-feira das 14h30 às 16h30) e grupo de apoio às pessoas enlutadas (sexta-feira das 19 às 20h30).
Cursos disponíveis
Sônia Carniato explicou que a Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Marília assumiu a locação do prédio e contribui com sua manutenção, enquanto os móveis, equipamentos e materiais foram adquiridos com a renda da cantina da igreja que, aliás, também doa o óleo da fritura de salgados para a produção de sabão artesanal.

A coordenadora informou que as mulheres que frequentam os cursos não pagam nada, nem os materiais utilizados. As alunas confeccionam as peças levando uma para casa e deixando outra para a lojinha do projeto. Com a venda desse artesanato no local será possível repor os materiais para continuidade das aulas.
Sala de costura

EMPREENDEDORISMO

Ao lado dos cursos de artesanato, a “Casa Mais Mulher” deverá contar, futuramente, com aulas de culinária com o objetivo de capacitar as alunas para empreenderem como boleiras, salgadeiras, doceiras etc. A cozinha já recebeu um refrigerador duplex, mas ainda faltam equipamentos como um fogão industrial e outros eletrodomésticos. Por enquanto, a cozinha tem sido usada pelas voluntárias que preparam café, chá e bolos oferecidos nos cursos.
Pesos de porta à venda na lojinha do projeto
Sônia Carniato observou que muitas mulheres enfrentam crises familiares e se veem sem rumo porque “deixaram de trabalhar para cuidar da família, dos filhos e de repente o marido chega e separa. Muitas não estudaram, nem se aperfeiçoaram e entram em desespero. A gente visa, com os cursos, que essas mulheres possam empreender e se manter financeiramente porque, até então, elas dependiam da renda do marido que não tem mais”.
Aula de bordado

Paralelamente à capacitação com os diferentes cursos, as mulheres encontram apoio em atendimentos individuais e em grupos aonde não são identificadas. Elas acessam as salas da parte de trás do prédio por um portão lateral onde são prestadas orientações jurídicas e atendimento psicológico por voluntários.

Para a comunidade, ter uma lojinha de artesanato em uma região de fácil acesso acaba sendo uma ótima opção para presentear amigos e familiares adquirindo peças que carregam um simbolismo em sua produção. O resultado dos trabalhos representa a arte e a solidariedade juntas e a possibilidade de um recomeço para muitas mulheres.

Para mais informações entre em contato com a “Casa Mais Mulher”: Avenida Santo Antônio, 974, telefone (14) 991995883 e e-mail: casamaismulher@gmail.com

*Reportagem publicada na edição de 01.09.2019 do Jornal da Manhã

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