sábado, 11 de janeiro de 2020

CANNABIS MEDICINAL: MARILIA TERÁ ONG PARA APOIAR FAMÍLIAS QUE NECESSITAM DO ÓLEO

Por Célia Ribeiro

O auditório da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) sediará a assembleia de fundação da Associação Cannábica em Defesa da Vida – Maléli, no próximo dia 07 de fevereiro, às 19h30. Organizado pela Associação Anjos Guerreiros, o evento é aberto à comunidade que poderá conhecer melhor a proposta da nova ONG voltada ao apoio e orientação de pessoas que necessitam fazer uso da cannabis medicinal para os mais diferentes tratamentos de saúde.
Mateus e a planta cujo óleo lhe
dá qualidade de vida

À frente da iniciativa estão Cláudia Marin e Nayara Mazini que foram as primeiras mães a conseguirem autorização judicial (habeas corpus) para o cultivo da maconha para extração do óleo destinado ao tratamento de seus filhos Mateus e Letícia, respectivamente. Aliás, os nomes das crianças, que viraram símbolo da luta pelo uso da cannabis medicinal, inspirou a sigla “Maléli”.

“Há uma dificuldade muito grande de conseguirmos a cannabis medicinal para muitos pacientes. E as instituições, na verdade, estão bem longe da nossa realidade que é o interior”, observou Cláudia Marin. Ela comentou que há entidades no Rio de Janeiro, Minas Gerais, na Paraíba, São Paulo, mas poucas no interior do País.

Ela falou sobre o sentimento de impotência que a aflige quando é procurada por pessoas em busca de ajuda e pouco pode fazer: “Muitas pessoas me procuram pedindo informações de como conseguir o óleo da cannabis. A gente, por mais que tenha lugares para indicar, como a ABRACE (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança), é muito longe. O custo não é mais caro que o importado, mas não deixa de ser custoso”.
Claudia e Nayara com os filhos Mateus e Letícia

OBJETIVOS

O caso de Mateus que, de 80 crise convulsivas por dia, praticamente, passou a não ter mais nenhuma após o uso do óleo de cannabis e a dieta cetogênica (rica em proteína e gordura e pobre em carboidratos), renovou as esperanças de quem necessita enfrentar um longo processo judicial para obter autorização para o autocultivo da cannabis ou a burocracia nos órgãos de saúde para importar o óleo da cannabis.

Nayara Mazini, Regiane Ferreira (presidente da ONG Anjos Guerreiros)
e Claudia Marin no Seminário de Cannabis de Marilia
Claudia Marin, que fez a primeira extração de óleo das plantas que cultiva para o filho, afirmou que a Maléli “vem da força que a gente conseguiu dos nossos filhos, tanto Mateus quanto Letícia. E tem por objetivos apoiar, orientar, esclarecer, acolher e informar para ajudar as famílias tanto com o autocultivo, caso venham a ter a liberação na Justiça, quanto a gente produzir o óleo para essas famílias”.

Ela explicou que “junto com nossos advogados estamos estudando a melhor forma para a Associação poder fazer uma coisa bem transparente que a população entenda que não estamos lidando com droga, que nós estamos lidando com vida. A cannabis medicinal vem trazer qualidade de vida para as pessoas. Nosso objetivo é exatamente dar qualidade de vida para as pessoas facilitando, então, o acesso ao óleo, seja a pessoa fazendo o autocultivo ou se associando à Associação Maléli para que possamos cultivar e manter tudo legalmente e transparente”.
Voluntários acompanharam extração do óleo
Ela afirmou que a expectativa é grande de todos os envolvidos como o grupo de voluntários que atuou na organização e realização do I Seminário de Cannabis Medicinal do Centro Oeste Paulista realizado no fim de 2019 em Marília. “Que a Associação Maléli possa transformar a vida de muitas pessoas assim como transformou a nossa”.

Conforme disse, “já relatei inúmeras vezes a questão das crises convulsivas do Mateus. A qualidade de vida dele e da família está garantida, mudou muito. E é isso que a gente quer para todas as pessoas que necessitem, que elas tenham fácil acesso”.
Óleo de cannabis

Cláudia assinalou que “é muito difícil ouvir relatos de famílias que estão desesperadas com o filho com dores, passando muito mal, de cama, em depressão, inclusive muitos jovens nesta situação, e que a gente sabe que o óleo de cannabis pode ajudar. Há pessoas com entes queridos com câncer e não sabem mais o que fazer. O desespero toma conta quando você pensa que existem algumas possibilidades e a pessoa vem relatar que com o óleo está muito melhor, que não está tendo dores e nem necessitam tanto de remédios para dores”.

Ela finalizou explicando que, como mãe que lutou pelo tratamento do filho, tem orientado as famílias sobre “como adquirir o óleo, ou via Estado e município conseguir o óleo” e que, com a Associação Maléli em funcionamento, muito mais poderá ser feito para esclarecer, orientar e apoiar quem mais necessita.

Leia mais sobre o assunto, acessando: AQUI, AQUI E AQUI

* Reportagem publicada na edição de 12.01.2020 do Jornal da Manhã

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