sábado, 18 de janeiro de 2020

ARTESANATO TERAPÊUTICO: SOLTAR A IMAGINAÇÃO ALIVIA O STRESS DO DIA A DIA

Por Célia Ribeiro

Existem incontáveis maneiras de expressar a criatividade através do artesanato. Cada vez mais pessoas descobrem nos trabalhos manuais uma válvula de escape para as tensões do cotidiano. E, de repente, tornam-se verdadeiros artistas aprimorando as técnicas onde depositam o talento adormecido. Uma delas é a servidora pública municipal aposentada Fátima Albieri, que mergulhou fundo neste universo surpreendente.
Quadro explora o colorido das flores

Após a graduação em jornalismo ---- foi repórter do extinto Jornal Correio de Marília no início dos anos 80--- ela resolveu cursar Direito e, logo após a formatura, ingressou no serviço público, em 1.992, como procuradora jurídica concursada. Com a aposentadoria, há dois anos, encontrou na arte o botão para se desligar do mundo concreto e entrar em sintonia com a natureza.

Embora trabalhe com várias técnicas que vão da pintura à decoupage (arte de decorar um objeto colando papel colorido) em MDF e vidro, Fátima Albieri afirmou que tem muito o que aprender e, por isso, continua pesquisando sobre o assunto: “Na verdade, sou uma aprendiz de artesã”, comentou, explicando que se trata “de um passatempo. É uma coisa que me dá muito prazer, me distrai e me coloca em equilíbrio com a natureza e em equilíbrio comigo mesma”.

Ela contou que aproveita intensamente o momento: “É a hora que eu faço a minha Ioga. É a hora que entro em mim mesma e solto a criatividade. O artesanato acaba sendo o resultado dessa terapia toda”, pontuou. Quando criança, sua atenção estava voltada para os pincéis e as tintas: “Eu gostava de desenhar e pintar. Não que eu fosse cheia de dom, mas tinha esse gosto, essa paciência”.
Fátima e suas criações expostas na Lojika (Avenida Vicente Ferreira, 596)
Com o tempo, seu interesse foi mudando. De cursos de artesanato a pesquisas em diferentes fontes, a jornalista e advogada tem apostado no reaproveitamento de materiais, utilizando recicláveis como matéria prima: “Acho que, no artesanato, o que mais tem sentido na vida hoje é o reaproveitamento. Você transforma, cria e faz sua terapia, tudo ao mesmo tempo”.

Caixa em MDF que fez junto com a professora
Os vidros são materiais que costuma trabalhar com pintura e decoupage: “Você retira esse material do lixo, embeleza sua casa e favorece o meio-ambiente. É econômico”, observou, acrescentando que costuma presentear amigos e familiares com seus trabalhos que estão expostos na papelaria que mantém com o marido na Avenida Vicente Ferreira, 596, próxima à Santa Casa.

SENSIBILIDADE

Perguntada sobre o estilo de sua arte, Fátima Albieri disse que não se enquadrava em classificações porque cada trabalho leva em conta as características da pessoa que vai recebê-lo. Se for alguém religioso, ela procura saber qual o santo de devoção. Assim, as peças “levam muito mais da pessoa do que de mim”, justificou.
Carimbo do avô

“A gente cria, copia, remodela, vai fazendo. O artesanato é para eu me distrair e agradar às pessoas”, prosseguiu, contando que mantém o ateliê em um espaço de sua papelaria onde deixa os trabalhos expostos. E tem de tudo: santos, quadros, bandejas de café, caixas de chá, vasos de vidros reciclados etc.

Fátima procura dar um toque de beleza em tudo. Por isso, nem os biscoitos de Leite Ninho que costuma presentear amigos e familiares escaparam. Ela imprime diferentes desenhos na massa antes de assa-los e depois os acondiciona em caixinhas que parecem porta-joias.

E foi brincando com os biscoitos que ela surpreendeu e emocionou a família: há cerca de 20 anos, durante uma limpeza no porão da residência do avô paterno, ela encontrou um carimbo de cobre que ele usava para marcar o sabão em pedra que produzia e comercializava. “O carimbo ficou todos esses anos guardado, como um souvenir, até que um dia pensei: por que não imprimir a marca ALA (Augusto Luiz Albieri) nos biscoitos?”.
Biscoitos de leite em pó 
Sem contar nada a ninguém, Fátima fez uma fornada, imprimiu a marca do carimbo do avô, embalou os biscoitos em caixinhas de MDF decoradas e presentou toda a família. O pai, como era de se esperar, foi o que mais se emocionou. Seus irmãos, primos e tios também foram contemplados com o presente e o assunto repercutiu entre os familiares pelo resgate da memória do patriarca.

TEMPO 

Fátima observou que só conseguiu deixar sua criatividade aflorar, como a ideia dos biscoitos da família, porque a aposentadoria lhe deu o tempo que tanto precisava. Ela falou com carinho dos anos como procuradora. Disse que não encontrou dificuldade na nova carreira porque aliou os conhecimentos do Jornalismo com os do Direito: “Eu já tinha familiaridade com a escrita, com a argumentação, com a busca de elementos”, afirmou.
Bandeja utiliza vários materiais
Para ela, mudar e aprender são coisas essenciais, em qualquer área: “Eu gosto de mudar de estilo de vida, de profissão, de afazeres. Gosto dessas novidades. Gosto de estar sempre aprendendo coisas diferentes. Isso para mim é crucial. Não é aprendendo mais sobre o Direito. É aprendendo mais sobre a vida, sobre artesanato aqui, viagem ali, costura, cozinha, leitura etc”.
Nossa Senhora

A jornalista que se tornou advogada e, após a aposentadoria, trilha o caminho do artesanato, exibe a leveza de quem está em sintonia com suas escolhas. E a fase artística do momento, que pode revelar muitas surpresas ainda, tem até nome: “Resumindo em uma palavra, é terapêutica”, finalizou.

Para entrar em contato com Fátima, seu e-mail é: falbieri@aasp.org.br

*Reportagem publicada na Edição de 19.01.2020 do Jornal da Manhã

4 comentários:

  1. Que linda matéria,Celinha. Vale destacar que, como aprendiz, alguns dos trabalhos em MDF que estão nas fotos foram confeccionados com apoio técnico da professora Silvia Guimarães...muito legal tudo isso...Parabéns pelo seu dom literário e jornalístico..

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  2. Obrigada!!!! Esses trabalhos são lindos demais!

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  3. Parabéns para as duas profissionais, a jornalista e a artesã. Matéria que incentiva outras pessoas a se dedicar ao artesanato.

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