domingo, 5 de junho de 2022

DA CRISE NASCEU UM NEGÓCIO LUCRATIVO QUE UNE SABOR À PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

Célia Ribeiro

Imagine ter uma empresa com clientela fidelizada, bons funcionários e uma frota de veículos novos e, em poucas semanas, ver tudo desmoronar ao ponto de quase fechar as portas. No olho do furacão, o empresário Ricardo Furlaneto viu na crise uma oportunidade e, sem querer, acabou criando um negócio rentável do ramo de pimentas, geleias, compotas e picles que agregou ao comércio de vidros reutilizáveis. 

Produtos expostos na empresa na zona norte

Para entender como se deu a virada de chave, é preciso voltar a 2020. Na época, a empresa de entregas estava a todo vapor com dezenas de clientes corporativos, recebendo, em média, sete reais por entrega. De boletos a encomendas, a frota de Fiorinos e motos não parava. Com a pandemia e o comércio eletrônico bombando, Ricardo imaginou que seu negócio prosperaria.

 

Ricardo Furlaneto
No entanto, com o aumento do desemprego, muitas pessoas passaram a explorar esse nicho: “Quem tinha carro, vendeu e comprou outro mais adaptado ao negócio, quem tinha moto ou até bicicleta, também começou a fazer entregas. O preço de sete reais que a gente recebia caiu para dois reais e ficou insustentável”, recordou.

 Como bom apreciador de pimentas, sobretudo as chamadas “nucleares”, extremamente fortes, Ricardo se juntou à esposa Hellen e ao filho João com um novo desafio: produzir molhos de pimenta, doces, geleias, picles etc, para comercialização: “No começo, pensei em montar uma barraquinha na feira”, disse. Mas, ao observar a aceitação dos produtos entre os amigos e o interesse de pessoas que queriam revender, ele resolveu expandir o negócio. Assim, nasceu o selo “Empório Família Furlaneto”.

Depois de atuar no ramo de entregas por 22 anos, os boletos, notas fiscais e encomendas diversas, ficaram em segundo plano. A empresa que ocupa uma área privilegiada na zona norte virou o coração do novo negócio com a produção dia e noite das delícias cujas receitas foram se adaptando ao gosto dos clientes. 

Hellen organiza as tampas da embalagem

EMBALAGEM   

O negócio em franca expansão demandou uma grande quantidade de embalagens de vidro que Ricardo adquiria na vizinha cidade de Garça: “Estava gastando R$ 3 mil a R$ 3,5 mil por mês de embalagem. E não tinha lucro porque os meus produtos eram consignados em muitos pontos de venda. Começamos a ver vidros espalhados no lixo, nas ruas. E começamos a pegar. Nós limpamos a Cascata inteira e andava na cidade toda. E vimos que a gente não precisava mais comprar. Já tinha uma demanda boa”, contou. 

Estoque de vidro no porão

Em cursos on line, tanto para aprimoramento da produção, quanto sobre a correta higienização das embalagens, Ricardo, a esposa e o filho, começaram a aproveitar vidros descartados em ecopontos, em frente aos bares e restaurantes etc: “Descobri o ecoponto da Prefeitura e pedi para comprar, quando soube que eu poderia pegar o que quisesse”, explicou, acrescentando que voltou para a empresa com o carro cheio. 

Empório da Cachaça, an Rua Rio Grande do Sul,  vende os produtos

Nesta época, leu nas redes sociais uma postagem do Ademar Aparecido de Jesus, o popular Dema, sobre os vidros que recolheu e não estava encontrando destinação. Ocorre que o preço pago pelo vidro é muito baixo e os catadores não se interessam em transportar tanto peso e receber migalhas. Foi então que Ricardo procurou Dema que lhe propôs levar todo o vidro cristal (branco transparente) que quisesse.

 

Molho tártaro é campeão de vendas
O empresário mal acreditou: havia 21 toneladas de vidro disponíveis que demorou três dias para transportar. Pensando que tinha veículos ociosos na empresa, Ricardo fez uma proposta ao Dema que trabalha com coleta seletiva nos ecopontos junto com sua família: “Dei uma Fiorino, uma Elba e duas motos cargo a troco de 80 mil vidros. Ainda tenho que receber 35 mil vidros dele. Eu já tinha a visão que ia dar certo”, assinalou.

Foi aí que, de consumidor de vidros reutilizáveis Ricardo passou a fornecedor. Ele higieniza os vidros de diferentes formatos e os comercializa junto a clientes da região em uma corrente que gera renda e emprego movimentando a economia além de retirar do meio ambiente nada menos que 30 toneladas de vidro, mensalmente.

“Pensei em montar uma loja de vidro, de um lado a minha pimenta e de outro só vidro. Eu não imaginava que teria uma procura boa. Pensei, o que não vender de vidro eu encho com produto meu. Faço compota, doce, pimenta, tem garrafas diferentes e fazemos mosaicos. Vi que isso estava começando a girar e eu não estava tirando dinheiro do bolso”.

 

Pimenta, o começo
de tudo!
EVOLUÇÃO

Visionário, Ricardo expandiu tanto o negócio que também compra de pequenos fornecedores que vendiam o vidro quase de graça, pagando o preço que considera justo: “Eu compro vidros de várias pessoas que venderiam a 8 centavos o quilo, porque não têm volume. No meu caso, pego 10 vidros para dar um quilo e pago 2,50”, comentou.

O empresário disse que seu negócio está atraindo concorrentes porque deu certo, mas alertou que exige muito trabalho e dedicação. No caso da higienização dos vidros, na primeira etapa eles ficam cinco dias em tambores com uma solução própria antes de partirem para a limpeza, secagem e esterilização.

 Também é preciso ter espaço adequado. No caso de Ricardo, a sua empresa de entregas tem uma ótima área útil e ainda conta com um porão em que estão estocados 80 mil vidros. Na parte superior está a confortável residência de 200 metros quadrados. Conforme disse, a família só sobe para casa na hora de dormir porque o trabalho inclui os finais de semana. 

Picles prontos para entrega

Realizado em ver seus produtos em lojas de conveniência, açougues, peixarias e até casa de massas, Ricardo deixou o serviço de entregas em segundo plano. Seu foco está na reutilização de vidros, agora também com a captação de garrafas de cerveja retornáveis para a indústria. Ele disse que esse segmento tem tudo para crescer e ele, como pioneiro, está se preparando para o “boom” que virá em breve.

 

Ricardo retira tonetadas de vidro do meio-ambiente

Preocupado com a degradação ambiental, Ricardo disse que sonha em ver uma mudança de mentalidade com mais empresas investindo no reuso: “O gasto de energia para fazer uma garrafa de vidro equivale a 72 horas de um bico de luz. Precisa de 52 litros de água para resfriar a alta temperatura e que vira vapor”, sendo que as fábricas de bebidas podem recolher as garrafas de vidro e reutiliza-las sem danos ambientais.

Se depender do Ricardo, essa história terá um final feliz. Só em Marília, ele entrega para distribuidoras de bebidas e pequenos mercados 30 mil garrafas de cerveja por mês. Isso que é revolução!

Para saber mais, acesse no Instagram @emporiofamiliafurlaneto. O WhatsApp da empresa é (14) 998103262

*Reportagem publicada na edição de 05/06/2022 do Jornal da Manhã

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