domingo, 29 de novembro de 2020

LIXO ZERO: INSERVÍVEIS SE TORNAM OBRAS DE ARTE PELAS MÃOS DE BELINHA CIRILLO

Por Célia Ribeiro

Ela adora dançar. Mas, também, adora criar os vestidos com que rodopia pelos bailes da vida com seus longos cabelos loiros esvoaçantes. A paisagista e designer de interiores, Izabel Cirillo, achou que a pandemia seria algo passageiro e decidiu aproveitar a reclusão das primeiras semanas para criar seus modelitos. “Cadê o baile?”, perguntou, explicando que quando se deu conta da gravidade da situação, recorreu à arte para suportar esses oito meses intermináveis.

Belinha reaproveitou uma antiga caixa de madeira

Belinha, como é conhecida, já esteve nesta coluna em outras oportunidades pelas inovações que, vira e mexe, brinda seus amigos e familiares. Da costura à produção de velas, passando pelo artesanato em vasos, a partir de recicláveis, ela tem se dedicado ao cultivo de suculentas e aos arranjos na ampla casa em que reside no Jardim Acapulco.

Como se não bastasse o isolamento social, com a proibição dos bailes que tanto aprecia, e o temor pelos riscos de contágio do Covid-19, Belinha se viu em meio a uma reforma na propriedade: “Fui mexendo aqui e ali, resolvi refazer a piscina e agora, com esse calorão, nem piscina eu tenho para usar”, disse, resignada. Por isso, os trabalhos manuais tiveram um poder terapêutico.

Vaso com sobras de velas e conchinhas

“Muitas pessoas jogam tudo fora. Mas, tem coisas que podemos usar, que não são lixo. Eu guardo tudo, de botões a conchinhas do mar, sobras de tecido, revistas e laços de embalagem de presentes. Tudo isso pode virar arte para decorar a casa ou presentear”, assinalou. Ela exibiu um grande quadro na sala que teve por base uma tela gasta, filtros usados de café, um pedaço de tronco encontrado no quintal, ganchos velhos e restos de estopa e juta.

O segredo, segundo Belinha, é não ficar parada: “Está chegando o Natal e pedaços de velas que não estão sendo usadas podem ser derretidos transformando-se em vasos ou até em outras velas”, citou. A artista disse que para fazer uma vela vermelha, ao invés de ir atrás de corantes para parafina, basta derreter giz de cera, que é feito à base de petróleo, para dar o tom no trabalho. Para completar, bolas de Natal e laços de embalagens de presente reaproveitados.

A artista e o quadro original da sala de estar

Para fazer os vasos ou outras velas a partir de sobras de parafina, não há necessidade de moldes especiais: “É só pegar qualquer vasilha, untar com óleo de cozinha e derramar a vela derretida. Pode aproveitar para enfeitar com pau de canela, botões, conchinhas do mar, pedrinhas etc. Deixa endurecer e desenforma. Fica muito lindo”.


Pequena parte do jardim

RENOVAÇÃO

A artista lamentou não ter mais tempo para se dedicar ao artesanato porque as suculentas a têm mantido ocupada o dia todo devido às encomendas de plantas e arranjos. Mas, até as plantas encontram morada em vasos originais. Potes plásticos, como embalagem de sorvete, são pintados com tinta de parede surpreendendo pela beleza. O mesmo vale para caixas e caixotes de madeira que encantam pela originalidade.

Casca de coqueiro abriga suculentas

Para quem está em casa, vivendo um momento difícil, Belinha tem uma dica: “Na internet tem uma infinidade de sites e blogs com receitas de artesanato. Dá para fazer tantas coisas, bastando começar. Se quebrou um espelho, use a moldura; se tem um centro de mesa bonito, enquadre num porta-retratos com uma fotografia de revista no fundo. O importante é não ficar parado”, destacou.

Bolsa usou
retalhos de malha

Apostando na arte como terapia, Belinha finalizou dizendo que “se a pessoa não quiser fazer trabalhos manuais, use o tempo livre para fazer alguma coisa que leve jeito. Se sabe fazer bolo, que faça bolos”, pontuou. E finalizou afirmando que ocupar a mente e as mãos neste período foi a melhor coisa que poderia ter feito: “Vejo arte em tudo e por isso dou uma utilidade a qualquer coisa que iria para o lixo. Criando, renovo as coisas ao meu redor”.

Enquanto isso, os pedreiros tocam a reforma a passos lentos e Belinha vê a piscina no concreto sonhando com um bom mergulho. Mas, ao olhar para o jardim, e tudo o que já criou, seu sorriso reaparece. Será que vem baile por aí?


Para saber mais sobre o trabalho da artista, acesse: https://www.instagram.com/belinhacirillo

Leia reportagem de 2012 com a artista AQUI e em 2018 nova reportagem AQUI

* Reportagem publicada na edição de 29.11.2020 do Jornal da Manhã





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