Quando o sol derrama seus primeiros raios sobre o vale, acompanhado de uma brisa fresca, que despenteia as folhas das árvores, os privilegiados moradores da tranquila Rua João Sampaio Goes, no Jardim Acapulco, são brindados com uma experiência sensorial única. O clima bucólico, que encanta os visitantes, também inspira uma artista da terra que escolheu o lugar para viver e reproduzir o ambiente da infância, de pé no chão e cumplicidade com a natureza.
Belinha e um dos quadros favoritos |
Duplo aproveitamento: resto de madeira no vaso e cacos de azulejos no tampo da mesa |
Garrafas de vidro pintadas usam tampas originais: restos de acabamento, como pastilhas, e até papel machê. |
Morando numa casa espaçosa com muitas plantas e flores, Belinha extrai da natureza a energia que a inspira na criação de peças originais: garrafas de vidro são pintadas e adornadas com tampas feitas com sobras de acabamento da construção civil, como pastilhas, ou com papel machê a partir de jornais e revistas velhos; garrafas PET são aproveitadas para o plantio de temperos e formam divisórias de ambiente; os pneus das brincadeiras de infância ganharam cores vibrantes e abrigam florzinhas coloridas no jardim.
Borra de café forma o rosto da mulher no quadro em que até o filtro de papel usado é aproveitado |
Os quadros são uma paixão da artista. E matéria prima não é problema: borra de café e filtro de papel usado formam belas imagens, cacos de vidro e espelho se transformam em detalhes preciosos que dão um charme aos trabalhos. “Não jogo nada fora. Nem um cabo de vassoura”, revelou Belinha, explicando que procura “dar bom uso a tudo. Se vejo uma sobra de madeira de construção, por exemplo, logo penso o que poderia fazer com aquilo e a ideia surge”.
PASISAGISMO
Izabel Cirillo passou boa parte da infância numa fazenda em Garça. De pé no chão, brincando com os irmãos, ela conserva doces lembranças. Acostumada a aproveitar qualquer coisa que tivesse à mão, ela não conseguiu frear a veia artística. Assim, da costura passou aos trabalhos manuais e sua experiência com as plantas e o artesanato formaram o casamento perfeito para os projetos de paisagismo que fazem muito sucesso.
Garrafas PET para cultivo de temperos variados |
Flores e pneus dão colorido ao jardim da casa |
Na antiga garagem, restos de madeira, casca de árvores, cacos de espelho, estrados de cama e retalhos de tecidos do tapete: 100% reaproveitados. |
Camomila aprovou as ideias |
Do interior da casa espaçosa, que transpira arte em cada canto, tem-se uma visão do vale de tirar o fôlego. Mas, nem sempre foi assim. Há alguns meses, do outro lado da rua havia muito mato, sujeira e entulho. Foi quando, conversando com seu jardineiro, Belinha disse que gostaria de formar uma horta orgânica.
Tendo o vale ao fundo, a horta comunitária já começou a produzir |
Assim nasceu a horta comunitária, do outro lado da rua, que tem atraído a atenção de quem passa pelo lugar. Aproveitando uma equipe da Prefeitura que fazia limpeza de terrenos no bairro, Belinha procurou o encarregado e pediu para limparem o local, consultando-o sobre a possibilidade de fazer uma horta e preservar a área pública. Em poucos dias ela e o jardineiro Donizete já estavam trabalhando a terra que retribui tanto carinho oferecendo legumes e verduras fresquinhos.
A rua tranquila começa a atrair a atenção |
“Um vizinho chega aqui com uma semente, outra vizinha já veio pegar cheiro-verde e já comemos pés de alface gigantes, fresquinhos e orgânicos”, comentou toda feliz. Para adubar a terra, eles aproveitam o esterco do pasto em frente e cascas de legumes, verduras e frutas que Belinha coloca para secar. Nem isso é jogado fora! “Temos composto orgânico, sem química, e as verduras crescem que é uma beleza”, assinalou.
Na área pública, cercada para evitar a invasão de animais, mas aberta aos moradores do entorno, além da horta orgânica, Belinha e seu jardineiro plantaram mudas de árvores (Ipê e Pau-Brasil) e se preparam para ampliar o espaço verde. “Notamos que o lugar está chamando a atenção. Os vizinhos que nem desciam aqui embaixo agora passam a pé, olhando a horta”, observou, citando que a produção está se diversificando a cada dia: salsinha, cebolinha, alface, couve, jiló, rúcula, alface, almeirão e hortelã ganharão, em breve, a companhia das mudas de berinjela, cenoura, repolho etc. “Em menos de dois meses já mudamos este lugar. Dá para fazer muito mais”, finalizou a artista que tem beleza até no nome.
Para entrar em contato com a Belinha, o email é: izabelcirillo@hotmail.com e os telefones: (14) 34132844 e 81504826.
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