domingo, 16 de dezembro de 2018

MINI-JARDINS: A NATUREZA BROTA EM ESPAÇOS ONDE TUDO É REAPROVEITADO.

Por Célia Ribeiro

Os retalhos de tecidos coloridos, acumulados em muitos anos de costura, finalmente, ocupam um lugar de destaque: eles formam a base de mini-jardins que a designer de interiores e paisagista Izabel Cirillo cria a partir de materiais reciclados. Apaixonada por plantas e com profundo respeito ao meio-ambiente, ela se realizou na nova atividade onde pode soltar a imaginação sem medo de ser feliz.

Mini-jardim usou argamassa e tecido na base
“Sempre gostei de reaproveitar tudo. Quem é assim, como eu, quando passa perto de uma caçamba já olha para ver se tem alguma coisa interessante”, comentou explicando seu processo criativo. Conforme disse, “nem sempre sei o que farei com aquilo. Mas, se vejo um pedaço de madeira, por exemplo, eu guardo porque mais tarde ele pode virar a moldura de um quadro, uma mesa ou até mesmo um vaso. Alguma coisa vai sair dali. É só dar um tempo”.
Belinha e suas criações únicas
Por 25 anos, Belinha, como é conhecida pelos amigos e clientes, dedicou-se à costura. Desde muito cedo, ela encontrava maneiras de aproveitar as sobras do trabalho. Assim, paralelamente à moda, naturalmente foi trilhando o caminho do artesanato. Criativa, até dos filtros de papel usados para coar café ela produziu muitos quadros, utilizando o que aprendeu em um curso de pátina para incrementar as molduras.
Vários formatos de terrários abrigam diferentes plantas
Formada em Design de Interiores pelo UNIVEM, Belinha atuou em vários projetos em que também observava o entorno, interessada nas áreas livres que poderiam abrigar diferentes tipos de jardim. Em sua casa, privilegiada pela ampla área verde, apostou na produção de plantas utilizando-as nos terrários que recentemente passou a produzir.
Madeira usada em forro, tipo macho e fêmea, deu forma ao quadro
ARGAMASSA COM TECIDO

Sempre em movimento, Belinha estava em busca de novas formas de reaproveitamento de materiais quando conheceu os trabalhos executados a partir de cimento e toalhas inservíveis. Testou a técnica e fez algumas garrafas que foram presenteadas a amigos e familiares. “Mas, ainda não era o que eu queria”, recordou, acrescentando que como ganhou sobras de argamassa da reforma da casa de uma de suas filhas, pensou em fazer alguns experimentos.
As plantas precisam de sol e pouca água
Com tecidos cortados em diferentes formatos, a artesã utilizou a argamassa na estrutura. A massa de material flexível foi moldada sobre uma travessa de vidro que serviu de forma. Assim que secou, a estrutura rígida foi removida da peça e, após receber a pintura com a técnica de pátina, tornou-se a base ideal para o terrário.
Garrafas feitas com toalha e
cimento com pintura de pátina

Diante da experiência bem-sucedida, Belinha continuou ousando com os recicláveis: latas de leite em pó, de sardinha, de atum, de ervilha e de leite condensado foram transformadas em berçários para as suculentas, plantas que armazenam água, decoradas com algumas conchinhas e fios de juta. Xícaras e canecas quebradas ou com trincos também escaparam do lixo: as sobras de embalagem de ovos foram moldadas com a técnica de papel machê criando texturas que valorizaram os novos vasinhos.

“Reduzi muito o lixo de casa. Agora, só uns 30 por cento são descartados”, revelou Belinha, contando que recicla grande parte das embalagens, doa para a Reciclart outra parte e ainda faz compostagem com cascas de frutas, legumes e verduras para adubação dos canteiros no jardim, na horta e nos terrários que produz. “Com isso, o lixo diminuiu muito, o que é bom para a natureza”, assinalou.

ENERGIA

Empolgada com as novas criações, Belinha afirmou que “não é só o trabalho da gente que está nestes vasinhos e nos mini-jardins. É a nossa energia. Eu converso com as plantas e cuido de cada uma com carinho. Vou mudando de lugar quando vejo que estão sofrendo com o sol e elas sentem esse cuidado”, observou.
No jardim de casa, Belinha aproveita a área livre.
De fácil manutenção, os terrários devem receber água duas vezes por semana, em média. Mas, precisam de algumas horas de sol e não apenas de iluminação natural, destacou. “Quando alguém leva para casa um mini-jardim desses, leva muito amor e dedicação, leva a energia boa que a gente coloca no que faz, leva plantas cuidadas com muito carinho”, acrescentou.
À esquerda, canecas também viram vasinhos

Ela informou que divulgou alguns trabalhos nas redes sociais e tem recebido encomendas para os presentes de fim de ano: “É uma coisa diferente. Nunca um mini-jardim sai igual ao outro, nunca um vasinho de uma caneca, por exemplo, vai ter a mesma planta e os mesmos adereços. É algo bem personalizado, mesmo”, assinalou. Os vasos maiores custam a partir de 55 reais.
Na parede, vasos originais de sobra de madeira
E ao cair da tarde de quarta-feira, 12, Belinha terminou a entrevista revelando que uma das coisas que mais aprecia “é pegar uma xícara de café e vir aqui no jardim conversar com minhas plantas”. Ao se despedir, mostrou o estoque de recicláveis, em um quartinho, e virando-se para o berçário de suculentas disse que ainda tinha muitos planos para elas. Que ninguém duvide!
Detalhe de um dos terrários
Para entrar em contato com Izabel Cirillo o telefone é: (14) 997425101. Nas redes sociais: https://www.facebook.com/izabel.cirillo 

* Em setembro de 2012, este blog divulgou a primeira reportagem sobre a artista, que pode ser conferida AQUI!

** REPORTAGEM PUBLICADA NA EDIÇÃO DE 16.12.2018 DO JORNAL DA MANHÃ

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