Por Célia Ribeiro
Os retalhos de tecidos coloridos, acumulados em muitos anos de costura, finalmente, ocupam um lugar de destaque: eles formam a base de mini-jardins que a designer de interiores e paisagista
Izabel Cirillo cria a partir de materiais reciclados. Apaixonada por plantas e com profundo respeito ao meio-ambiente, ela se realizou na nova atividade onde pode soltar a imaginação sem medo de ser feliz.
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Mini-jardim usou argamassa e tecido na base |
“Sempre gostei de reaproveitar tudo. Quem é assim, como eu, quando passa perto de uma caçamba já olha para ver se tem alguma coisa interessante”, comentou explicando seu processo criativo. Conforme disse, “nem sempre sei o que farei com aquilo. Mas, se vejo um pedaço de madeira, por exemplo, eu guardo porque mais tarde ele pode virar a moldura de um quadro, uma mesa ou até mesmo um vaso. Alguma coisa vai sair dali. É só dar um tempo”.
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Belinha e suas criações únicas |
Por 25 anos, Belinha, como é conhecida pelos amigos e clientes, dedicou-se à costura. Desde muito cedo, ela encontrava maneiras de aproveitar as sobras do trabalho. Assim, paralelamente à moda, naturalmente foi trilhando o caminho do artesanato. Criativa, até dos filtros de papel usados para coar café ela produziu muitos quadros, utilizando o que aprendeu em um curso de pátina para incrementar as molduras.
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Vários formatos de terrários abrigam diferentes plantas |
Formada em Design de Interiores pelo
UNIVEM, Belinha atuou em vários projetos em que também observava o entorno, interessada nas áreas livres que poderiam abrigar diferentes tipos de jardim. Em sua casa, privilegiada pela ampla área verde, apostou na produção de plantas utilizando-as nos terrários que recentemente passou a produzir.
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Madeira usada em forro, tipo macho e fêmea, deu forma ao quadro |
ARGAMASSA COM TECIDO
Sempre em movimento, Belinha estava em busca de novas formas de reaproveitamento de materiais quando conheceu os trabalhos executados a partir de cimento e toalhas inservíveis. Testou a técnica e fez algumas garrafas que foram presenteadas a amigos e familiares. “Mas, ainda não era o que eu queria”, recordou, acrescentando que como ganhou sobras de argamassa da reforma da casa de uma de suas filhas, pensou em fazer alguns experimentos.
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As plantas precisam de sol e pouca água |
Com tecidos cortados em diferentes formatos, a artesã utilizou a argamassa na estrutura. A massa de material flexível foi moldada sobre uma travessa de vidro que serviu de forma. Assim que secou, a estrutura rígida foi removida da peça e, após receber a pintura com a técnica de pátina, tornou-se a base ideal para o terrário.
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Garrafas feitas com toalha e cimento com pintura de pátina |
Diante da experiência bem-sucedida, Belinha continuou ousando com os recicláveis: latas de leite em pó, de sardinha, de atum, de ervilha e de leite condensado foram transformadas em berçários para as suculentas, plantas que armazenam água, decoradas com algumas conchinhas e fios de juta. Xícaras e canecas quebradas ou com trincos também escaparam do lixo: as sobras de embalagem de ovos foram moldadas com a técnica de papel machê criando texturas que valorizaram os novos vasinhos.
“Reduzi muito o lixo de casa. Agora, só uns 30 por cento são descartados”, revelou Belinha, contando que recicla grande parte das embalagens, doa para a
Reciclart outra parte e ainda faz compostagem com cascas de frutas, legumes e verduras para adubação dos canteiros no jardim, na horta e nos terrários que produz. “Com isso, o lixo diminuiu muito, o que é bom para a natureza”, assinalou.
ENERGIA
Empolgada com as novas criações, Belinha afirmou que “não é só o trabalho da gente que está nestes vasinhos e nos mini-jardins. É a nossa energia. Eu converso com as plantas e cuido de cada uma com carinho. Vou mudando de lugar quando vejo que estão sofrendo com o sol e elas sentem esse cuidado”, observou.
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No jardim de casa, Belinha aproveita a área livre. |
De fácil manutenção, os terrários devem receber água duas vezes por semana, em média. Mas, precisam de algumas horas de sol e não apenas de iluminação natural, destacou. “Quando alguém leva para casa um mini-jardim desses, leva muito amor e dedicação, leva a energia boa que a gente coloca no que faz, leva plantas cuidadas com muito carinho”, acrescentou.
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À esquerda, canecas também viram vasinhos |
Ela informou que divulgou alguns trabalhos nas redes sociais e tem recebido encomendas para os presentes de fim de ano: “É uma coisa diferente. Nunca um mini-jardim sai igual ao outro, nunca um vasinho de uma caneca, por exemplo, vai ter a mesma planta e os mesmos adereços. É algo bem personalizado, mesmo”, assinalou. Os vasos maiores custam a partir de 55 reais.
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Na parede, vasos originais de sobra de madeira |
E ao cair da tarde de quarta-feira, 12, Belinha terminou a entrevista revelando que uma das coisas que mais aprecia “é pegar uma xícara de café e vir aqui no jardim conversar com minhas plantas”. Ao se despedir, mostrou o estoque de recicláveis, em um quartinho, e virando-se para o berçário de suculentas disse que ainda tinha muitos planos para elas. Que ninguém duvide!
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Detalhe de um dos terrários |
Para entrar em contato com Izabel Cirillo o telefone é: (14) 997425101. Nas redes sociais: https://www.facebook.com/izabel.cirillo
* Em setembro de 2012, este blog divulgou a primeira reportagem sobre a artista, que pode ser conferida AQUI!
** REPORTAGEM PUBLICADA NA EDIÇÃO DE 16.12.2018 DO JORNAL DA MANHÃ
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