sábado, 1 de dezembro de 2018

CLUBE DO CHORO: COM ENSAIOS ABERTOS AO PÚBLICO, MÚSICOS FARÃO APRESENTAÇÕES ITINERANTES EM 2.019.



Por Célia Ribeiro

No início da noite de segunda-feira (26), o sol se despedia lançando os últimos raios sobre a quadra esportiva em que universitários disputavam uma animada partida de futebol. Em meio à natureza exuberante do espaço de convivência do Campus I da UNESP, os passarinhos emudeceram e acomodaram-se nas árvores para acompanharem um espetáculo prestes a começar: o ensaio do Clube do Choro de Marília.
(Esq) Leandro, Gabriel, Danilo, Cassio e Luciano ensaiando na UNESP
Formado por três músicos com sólida formação, o grupo resolveu abrir os ensaios ao público. Mas, atenção: o início é pontualmente às 19h30, toda segunda-feira, com 90 minutos de duração. Eles chegam aos poucos, ajeitam as cadeiras e começam a afinar os instrumentos. Não parece ensaio. A dedicação é tamanha que a plateia, composta por alguns privilegiados, tem a sensação de estar em um show pra valer.
Gabriel e o violão sete cordas: técnica e precisão


Um dos diferenciais é a formação que muda a cada semana. Isto porque, Gabriel Soledade (cordas), Luciano Soledade (percussão) e Danilo Agostinho (sopros) oferecem monitoria aos músicos interessados em tocarem esse gênero musical. Nesta semana, participaram Leandro da Silva (violão) e Cássio Mesquita de Melo (cavaquinho). Kréo Fidelis, que já tocou com eles, apareceu para matar a saudade e também acompanhou o grupo.

FILHO DE PEIXE...

Gabriel e Luciano são filhos da premiada cantora, compositora e professora de música Jaci Furquim, fundadora do Centro Musical Tons e Semitons. Desde a infância, a boa música faz parte da vida deles que, após nove anos integrando o Grupo de Samba Cartola Branca, fundado pela mãe, passaram a se dedicar ao choro, estudando e se aperfeiçoando, além de contribuírem na difusão do gênero através da monitoria aos músicos interessados.
Alguns alunos acompanharam a apresentação

Gabriel contou como surgiu o Grupo do Choro, quando Danilo Agostinho retornou a Marília, após estudar música no tradicional Conservatório de Tatuí, na UNESP, na USP e na Alemanha: “Ele chegou e perguntou se a gente queria um clarinetista. A gente sempre quis ter um no grupo porque tínhamos saxofonista e flautista, mas o clarinete no samba dá um charme especial”. Abaixo, uma amostra do ensaio:



Ele lembrou que a iniciativa partiu do Danilo que encontrou Jaci Furquim nas redes sociais e fez contato com a professora. Ao conhecer os irmãos Gabriel e Luciano, Danilo propôs tocarem choro: “Falei que não sou chorão. Toco samba com sete cordas. O violão sete cordas é um instrumento diferente, tem uma corda a mais que o violão convencional”, destacou Gabriel Soledade.
 Danilo tocou em orquestra e estudou na Alemanha

Ex-proprietário de loja de instrumentos musicais, Gabriel se dedica a ensinar música há 22 anos: “Quando eu nasci minha mãe já dava aula de piano, de violão erudito e de violão popular. Comecei a tocar com sete anos”, disse, entre uma canção e outra executada com precisão no seu violão sete cordas que poucos músicos dominam.

Ao seu lado, Danilo explicou que nasceu em Marília, mas passou os últimos anos estudando fora. Depois de Tatuí, UNESP e USP em São Paulo, foi para a Alemanha. Tocou em orquestras e sempre se dedicou à música clássica. Em Marília, desde 2015, integrou um sexteto de choro que fez muito sucesso em oficinas culturais e apresentações na cidade.
Natureza exuberante  na área de convivência


E foi a paixão pelo choro que o uniu aos irmãos para a fundação do Grupo do Choro de Marília: “A gente começou a perceber que não estava tão inserido na linguagem do choro quanto a gente gostaria, apesar de já ter um grupo profissional. Aí, resolvemos ter um modo de estudar o choro semanalmente”.

A princípio, fizeram apresentações em bares e restaurantes da cidade, e também se reuniam na Escola Tons e Semitons, “mas lá percebemos que estávamos fazendo só para a gente, batendo na parede e voltando. Resolvemos fazer os ensaios em um espaço público e veio a ideia da UNESP, através do Professor Paulo Prado, que é o presidente da Comissão de Atividades Culturais”, assinalou.
À esquerda, o músico Kréo Fidelis foi
 matar saudade da turma


Danilo prosseguiu explicando que o grupo pretendia ensaiar na Unidade II da UNESP, perto do Yara Clube, mas o local encontra-se em reforma. A opção foi o espaço de convivência no Campus em que alunos, professores, funcionários e populares sempre aparecem: “Tem dias em tocamos para muita gente. Tem dia em que não aparece ninguém”, revelou.

Com composições autorais e os clássicos do choro tocados com muita paixão, o Grupo do Choro de Marília iniciará nova fase em 2019: com o apoio da UNESP, e abertos a parcerias, os músicos pretendem fazer apresentações gratuitas em hospitais, asilos, escolas, praças públicas etc. Será uma maneira de continuarem estudando e praticando o choro, contribuírem para a divulgação do gênero, auxiliarem outros músicos e ainda levarem cultura à comunidade. Esses meninos não desafinam.
Nas redes sociais, acesse: https://www.instagram.com/clubedochoromarilia/

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