domingo, 15 de novembro de 2020

COM TALENTO NO DNA, JACI FURQUIM LEVA SEU SAMBA ÀS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DIGITAIS.

Por Célia Ribeiro

“Quem não gosta de samba bom sujeito não é. Ou é ruim da cabeça ou doente do pé”. Os versos de “Samba da minha terra”, de Dorival Caymmi imortalizados na voz de João Gilberto, estão na boca do povo e ilustram como esse gênero contagia com sua alegria. Mas, há também quem chore ouvindo um samba-canção de dor de cotovelos. Seja como for, Jaci Furquim, uma artista com quase 200 composições no currículo, coloca o samba no pedestal que ele merece, seja no palco, em CDs ou nas plataformas digitais.

Jaci Furquim e o inseparável violão

A voz inconfundível e o riso solto são a marca registrada desta cantora e compositora de 60 anos, formada em piano e violão eruditos. No entanto, mais que professora no Centro Musical Tons e Semitons, que fundou em 1996, ela arrebata plateias durante as apresentações que contam, entre os músicos, com duas joias: os filhos Gabriel Soledade (seu produtor, arranjador e violão sete cordas) e Luciano Soledade (percursionista). 

Impactada pela pandemia, como os artistas em geral, Jaci Furquim compôs muito nos últimos meses. Ela vem dando um trabalhão ao filho Gabriel, responsável pelos arranjos de suas composições que nascem com letra e melodia num pacote só. Ela brinca dizendo que admira quem consegue compor sob encomenda para os intérpretes porque, no seu caso, a inspiração chega com letra e melodia. Assim, a artista tem que estar sempre com um gravador por perto para registrar e não esquecer. 

A artista com seus músicos experientes

INFÂNCIA MUSICAL

O ditado segundo o qual “o fruto não cai longe da árvore” vale para esta família. Jaci que nasceu em São Paulo, mas passou a infância no Rio de Janeiro, em Angra dos Reis e Florianópolis, teve tias musicistas, como Nídia Soledade que era violoncelista de Tom Jobim. O pai tocava muito bem violão e, por parte de mãe, um tio lhe deu o primeiro impulso quando, ainda criança, pegava o violão da irmã para aprender sozinha, de ouvido, como se diz.

Cartaz de divulgação do último trabalho

Aos 11 anos, a mãe se rendeu aos seus pedidos e a matriculou em um conservatório musical, em São Paulo, aonde foi estudar piano erudito, sua grande paixão, e também violão erudito. Ano a ano, Jaci foi descobrindo na música a razão de viver, passando a estudar técnica vocal em complemento aos instrumentos que já dominava na época.

No jardim de casa: tempo para compor

A artista, que começou a carreira cantando em barzinhos, na base da voz e violão, viu a música arrebatar os filhos ainda pequenos. Perguntada se eles ganharam instrumentos de brinquedo na infância, ela recordou, às gargalhadas, que “eles brincavam com instrumentos de verdade que eu tinha em casa”. E falou, com orgulho, do talento “muito acima da média” de Gabriel e Luciano.

ALBUNS

O caminho para gravar um álbum é longo e cheio de obstáculos, a começar pelo alto custo que incluem estúdio e músicos convidados. Mesmo assim, Jaci Furquim conseguiu lançar “Razões do Coração” em 2011 e “Brilhante Fino” em 2016 que contou com a participação da Velha Guarda da Portela. Em 2019 veio o álbum “Caminhos de Samba - Tratore”, com 10 sambas, sendo 07 autorais que, nesta sexta-feira (13), já estava disponível nas principais plataformas digitais.

Alegria durante apresentação

Se a pandemia atrapalhou a divulgação do último trabalho em shows, suspensos desde março, por outro lado, deu o tempo necessário à artista para conceber mais uma obra: “Brasileiras”, um EP que homenageará todas as mulheres e será lançado em 2021. Muito criativa, Jaci Furquim quer se aventurar por outros gêneros, além do samba, como xote e baião, que já canta em algumas apresentações.

Jaci é referência no samba

E por falar em shows, a artista faz questão de destacar os músicos que a acompanham desde o início. Conhecidos do público como integrantes do “Grupo Cartola Branca”, ela destaca os dois filhos Gabriel e Luciano, além de André de Oliveira (cavaquinista) e Danilo Agostinho (clarinetista e saxofonista). Sobre Gabriel, seu produtor e arranjador, ela relata, com orgulho, que ele transforma suas composições: “É quase outra composição, é uma co-criação. Seu trabalho é fundamental no resultado final”, frisou.

Sem perspectiva de volta aos palcos, a curto prazo, Jaci pensa em uma live no fim do ano. Mas, seria com MPB e outros gêneros: “Fazer live só com samba sem plateia não dá”, observa, resignada. Sobre esse período difícil do Covid-19, Jaci entende “como uma lição que nosso pai criador tenha mandado pra gente repensar tantas coisas que a gente banalizava e não dava valor, que hoje são essenciais, e a gente sente uma falta danada”.

Ela finalizou afirmando que “a mãe natureza é sábia e as lições dela são rigorosas. Ou entendemos por bem ou ela vai nos castigar. Tudo tem consequência, mas a gente vai sair fortalecida disso”. Para entrar em contato com a produção da artista, os telefones são: (14) 33163236 e (14) 997262152. Nas redes sociais, acesse: https://www.facebook.com/GrupoCartolaBranca

* Reportagem publicada na edição de 15.11.2020 do Jornal da Manhã



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