domingo, 30 de outubro de 2011

DO LIXO AO LUXO: A ARTE DA APOSENTADA QUE CUROU A DEPRESSÃO REAPROVEITANDO GALHOS, SEMENTES E SUCATA

Por Célia Ribeiro

As flores e galhos secos, que se desprendem das árvores para que nova vida surja renovando a natureza, normalmente varridos e descartados no lixo urbano, ganham uma segunda chance pelas mãos habilidosas da artista plástica Teresa Oliveira. Aposentada, 65 anos, dois filhos e dois netos, ela se descobriu na arte alternativa e, além de curar uma depressão que a acompanhava há anos, consegue complementar a renda familiar com a comercialização de suas peças.

Teresa e o quadro inscrito no concurso do Santander
Doce e sorridente, Teresa Oliveira é dessas pessoas que iluminam o ambiente sem o menor esforço. Para ela, que passou a infância na zona rural, tudo é muito simples e natural: “Comecei a fazer esses trabalhos depois que, num certo dia, vi um monte de garrafas PET amontoadas na chácara. Pensei o que poderia fazer com aquilo tudo e montei um pufe para a sala”, contou.

Sementes e galhos reaproveitados
 Do pufe para os quadros, vasos e arranjos florais foi um passo. Demonstrando muita preocupação ambiental, a aposentada iniciou suas experiências artísticas há dois anos aproveitando tudo o que encontrava em caçambas de entulho nas imediações de sua casa, no Jardim Colibri (região do Aeroporto).

PROPAGANDA ELEITORAL

Muito provavelmente, os políticos que lotaram a cidade com propaganda em placas de compensado, nas últimas eleições, nem imaginam que as madeiras jogadas em terrenos baldios e caçambas de entulho foram resgatadas pela artista: “Forro tudo com casca de côco para fazer o fundo. Daí, é só começar a colar os galhos, sementes, flores secas que, quando menos espero, o quadro está pronto, sem que eu desenhe antes. Vou fazendo sem me preocupar com o que vai formar”, revelou.

Garrafas PET recheiam o pufe
 O resultado da sua criatividade está em dezenas de peças que vão de arranjos florais, que abusam dos galhos secos e cascas de árvore, até belos quadros que emocionam pela combinação de cores e texturas daquilo que um dia esteve vivo sob outra forma. E como não dá para esconder um trabalho bonito assim, o boca-a-boca de amigas impulsionou as encomendas que hoje ajudam a complementar sua renda. Em média, os trabalhos são vendidos na faixa de 40 a 120 reais.

O artesanato foi exposto, no início do ano, no Shopping Esmeralda dando visibilidade à suas obras, comentou a aposentada que sonha em replicar esta experiência junto aos grupos de terceira idade: “Preciso passar pra frente essas coisas. Eu tinha depressão, tomava remédio. Agora, nem remédio tomo mais. Parece que eu revivi”, justificou.
 É impressionante a energia que a produção artística lhe trouxe, acrescentou a aposentada: “Eu tomo conta sozinha da casa, da roupa, da comida e ainda cuido dos meus dois netos desde que nasceram”. Em compensação, a área de lazer da residência teve que dar lugar à oficina de artesanato: “Nem a churrasqueira escapou”, lembrou, sorrindo.
Área de lazer virou oficina de
artesanato na residência

Soltando a imaginação, como quando está em processo de criação, Teresa Oliveira sonha com a classificação no concurso cultural “Talentos da Maturidade” do Banco Santander. Ela inscreveu um dos seus quadros e espera, ansiosa, o resultado que deverá ser divulgado nos próximos dias. Perguntada sobre o preço da obra, a artista explicou que nem a avaliou: “Se eu ganhar o concurso, o quadro vai ser do banco”, concluiu esperançosa.

Para conhecer os trabalhos de Teresa Oliveira, é só entrar em contato pelo telefone (14) 34139486.

* Reportagem publicada na edição de 30.10.2011 do Correio Mariliense

2 comentários:

  1. O trabalho da Teresa é fantástico.
    Quando conheci me encantei e montei um blog pra ela o Arte e Natureza:
    http://artesanatureza.blogspot.com/
    Parabéns a matéria ficou excelente!
    Bjs

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