domingo, 1 de agosto de 2021

COELHO DA AQUAPONIA: EX-REPRESENTANTE COMERCIAL DESCOBRE E RECUPERA NASCENTES

Célia Ribeiro

Um coelho que gosta de água, mas que não abre mão da floresta: assim, o ex-representante comercial de grandes empresas do setor de calçados tornou-se uma referência para quem precisa recuperar nascentes. Carlos Eduardo dos Santos, 46 anos, tem realizado um trabalho diferenciado ao explorar as mais de quatro mil minas catalogadas na região, colocando sua experiência em um trabalho pouco difundido.

Método caxambu desenvolvido em SC

Em entrevista à coluna “Marília Sustentável”, por videochamada, ele falou sobre a atividade que une a proteção ambiental, através da recuperação de áreas degradadas, e a oferta de água pura a famílias que residem em propriedades rurais em que a água salobra de poços artesianos dificulta o uso, tanto para a criação de animais quanto para o abastecimento doméstico.

Carlos Eduardo, o “Coelho”

Para entender como um “coelho” chegou à água, é preciso voltar no tempo: “Há uns 40 anos, eu morava perto da Mansão Ismael e tinha uma horta comunitária. Sempre que eu ia lá ajudar acabava comendo as cenouras. Quando me viam chegando, diziam que eu ia acabar com os canteiros de cenoura. Daí o apelido pegou na família e não saiu mais”, recordou, divertindo-se.

Carlos Eduardo disse que ficou impressionado na primeira vez que acompanhou o trabalho de recuperação de uma mina: “Eu tinha 17 anos quando vi um senhor preparar a primeira nascente. Não tinha água na fazenda, ele captou água na seca e jogou dois quilômetros abaixo por este sistema de encanamento que faço hoje”.

Ele revelou que sua ligação com a questão ambiental vem de longe: “Sempre estive no meio da natureza. Fui aprendendo ao longo dos anos e executando aos poucos. Quando consegui entender esse dom que Deus me deu, consegui me aproximar mais da natureza e captar o que é uma nascente, o que é você resgatar, plantar uma árvore, os benefícios que tudo isso traz pra nós e para o meio ambiente”, destacou.

Trabalho de recuperação de nascente

Conforme disse, “com 114 nascentes dentro da área urbana, é preocupante porque nós sabemos que, se não preservarmos hoje, nós vamos perder amanhã”. Neste sentido, Carlos Eduardo frisou que “a importância da recuperação de uma nascente é que, lá na frente, muitos vão poder beber desta água limpa.”.

EXPLORAÇÃO

Existem 4.440 nascentes catalogadas na região, segundo o ambientalista. Ele disse que conhece mais de 150 e já trabalhou em 25 delas. Nas áreas públicas, costuma contar com apoio de pessoas preocupadas em recuperar as minas e faz o trabalho voluntariamente. Já em propriedades privadas, ele desenvolve a atividade profissionalmente. Dessa forma, une o trabalho, que lhe garante o sustento, a uma grande paixão.

Detalhe da água brotando

Carlos Eduardo destacou que cada nascente é um novo desafio. E que é preciso experiência e paciência para alcançar os resultados. Ele contou que gosta “de explorar as desconhecidas para ver o que elas têm a oferecer. Quando acho um melejamento, e começa a desassorear, começa a vir uma quantidade de água e ela vai se limpando. Devido a esta construção desenfreada que nós temos, está assoreando muito as nascentes. Se não tiver uma proteção, se não fizer os desníveis de água, ela vai assoreando”.
Área urbana de Marília tem 144 nascentes
O trabalho consiste em manter “a nascente limpa, evitando animais de grandes portes. Se deixamos a nascente a céu aberto, muda o PH da água, a qualidade da água e ela fica infectada. Na maioria das vezes que fazemos a análise da água aparecem muitos coliformes fecais. Isso é preocupante porque vai contaminando os rios e os riachos. Quando faz uma proteção, mesmo nas épocas mais carentes, quando não é tempo de chuva, a nascente consegue verter um pouco mais porque ela está protegida e não tem risco de contaminação”.

Ele prosseguiu informando que faz “um trabalho de solo e cimento, que é a terra do próprio ambiente. Peneiro ela, começo a fazer uma barreira e coloco canos para ser drenada esta água. Cada nascente vai ditar a necessidade dela. Tem o sistema que chama caxambu, que é um sistema de caixa, criado em Santa Catarina; ou usando tambores de 200 litros que têm grande durabilidade. Mesmo assim, precisamos fazer o trabalho de solo e cimento para ser vedado para manter a nascente protegida”.

Coelho em seu habitat natural

Carlos Eduardo disse que o plantio de espécies nativas é essencial: “No entorno das nascentes plantamos árvores. Cercamos num raio de 30 metros e usamos árvores nativas propícias àquele solo. Quanto mais sombreamento, mais vai verter água. Se deixar a sol aberto, evapora, diminui a vazão e a mina tenta se esconder. O solo fica mais rígido, mais compacto. É a lei da natureza”.

Finalizando, “Coelho” falou sobre o sentimento de satisfação ao conseguir encontrar uma nascente e realizar todo o trabalho de proteção para que ela siga fornecendo água pura: “É indescritível. É uma alegria muito grande que nem sei explicar. É uma sensação de dever cumprido com a natureza”, frisou. Ele disse que espera que as nascentes mereçam a atenção devida porque são muito importantes para o equilíbrio ambiental. 

Para entrar em contato com Carlos Eduardo, o telefone é (14) 996656175

*Reportagem publicada na edição de 01/08/2021 do Jornal da Manhã

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