domingo, 23 de agosto de 2020

AÇÃO DE CASA ESPÍRITA DOOU QUASE 5.000 MÁSCARAS A AFETADOS PELA PANDEMIA

Por Célia Ribeiro

Marília é uma cidade privilegiada. Com uma rede de solidariedade formada por milhares de voluntários, o período mais negro da história recente encontrou alento no coração generoso de muitos abnegados. Um exemplo pode ser observado em cores e texturas variadas, mas com o mesmo fim: as 4.800 máscaras de proteção ao Covid-19 confeccionadas por um grupo de costureiras e que foram doadas a entidades e famílias afetadas pela pandemia.
Dona Eliude fez 800 máscaras

Tudo começou no NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz), aonde as voluntárias Nilda Fernandes Pavão Camilo e Eliude Martins, que atuam no Departamento Infantil André Luiz, iniciaram a produção das primeiras máscaras. Como matéria prima, empregaram tecidos do estoque da instituição que, antes da quarentena, confeccionava enxovais de bebê doados ao final do tradicional Curso de Gestantes voltado à comunidade de baixa renda.

Voluntária do GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias), Maria Carolina Peres Ruano costumava dedicar as quartas-feiras ao bordado em ponto cruz de peças destinadas à venda em prol da instituição. Ela não costura. Porém, como participa do NEAP, presidido pelo marido, Antônio Ruano Filho, observou que os tecidos armazenados no local poderiam ter outra destinação: a confecção de máscaras para a população.

E assim, os elos da corrente solidária foram se entrelaçando: a direção do Núcleo Espírita Amor e Paz concordou com o aproveitamento dos tecidos desde que as máscaras fossem 100 por cento doadas. Carolina, então, conversou com algumas voluntárias do GACCH, como Nice, Geni, Telma e Fátima, e postou em uma rede espírita um pedido de ajuda por mais costureiras.
Carol Ruano: ação amenizou a quarentena
Imediatamente, surgiram dezenas delas que, por causa da quarentena e algumas pela idade, não podiam sair de casa. Coube ao Sr. Ruano levar os tecidos e buscar as máscaras prontas. Uma voluntária, em especial, impressionou pelo vigor e disposição: Eliude Martins, aos 75 anos, confeccionou nada menos que 800 máscaras.

Como informou Carol Ruano, apareceu muita gente disposta a colaborar. Quem não sabia costurar se ofereceu para cortar os tecidos, por exemplo. No caso da Senhora Eliude, a mais idosa do grupo, chamou a atenção a energia com que se empenhou na missão ao ponto de bater os recordes de produção.
Nilda Camilo confeccionou 500 máscaras

Outra voluntária do NEAP, Nilda Fernandes Pavão Camilo, confeccionou 500 máscaras. Ela falou com entusiasmo sobre a empreitada: “Estou feliz por ter participado da equipe maravilhosa do NEAP, coordenada pela Carol Ruano. O trabalho foi árduo, mas atingimos o objetivo, tendo a ajuda dos familiares cortando o tecido e as amigas trazendo moldes, como a Elzira Castilho, que me passou o primeiro e repassei às outras costureiras”.

Ela assinalou que “para a doação das máscaras, priorizamos as pessoas carentes, hospitais, asilos, acamados com acompanhantes, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros etc”. Já para quem desejava colaborar de alguma forma, o grupo pediu doação de leite para o GACCH e ONG Semear.
De acordo com Carol Ruano, além dos beneficiários citados por Nilda Camilo, foram doadas máscaras para o GACCH, Hemocentro, Hospital de Clínicas, Hospital Materno Infantil, Maternidade e Gota de Leite, Associação dos Renais Crônicos, Centro Comunitário do Santa Antonieta e Comunidade da Vila Barros, entre outros.

GERAÇÃO DE RENDA

As máscaras foram doadas a quem mais necessitava. Mas, alguns acabaram se beneficiando duplamente. Carol Ruano explicou que, com o desemprego provocado pela pandemia, antigos frequentadores do brechó do NEAP estavam passando por dificuldade financeira. Neste caso, foi doado um número maior de máscaras para que essas famílias pudessem vender e ficar com o dinheiro, principalmente, para compra de alimentos.
Sede do NEAP
Ela comentou que apesar da fase difícil da quarentena, a confecção de máscaras movimentou tantas pessoas que o isolamento social ficou em segundo plano: “Nem notamos o tempo passar”, pontuou. E acrescentou que, em recente congresso virtual, foi perguntado que ação as casas espíritas poderiam fazer durante a pandemia e “a ação que nossa casa espírita fez foi essa de tentar proteger, ao máximo, a população”.

Assim, seguindo uma das máximas da doutrina espírita, de que “fora da caridade não há salvação”, voluntários de várias crenças doaram seu tempo e talento fazendo o bem, contribuindo para a prevenção do avanço da doença e para que o amor ao próximo se materializasse em ações concretas. A solidariedade nocauteou o novo coronavírus.

*Reportagem publicada na edição de 23.08.2020 do Jornal da Manhã

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