No calor da campanha eleitoral mais imprevisível de todos os tempos, o atentado contra o então candidato Jair Bolsonaro jogou os holofotes sobre um tema pouco conhecido, alvo de preconceito e do desrespeito pela falta de informação: a Ostomia. Trata-se de uma intervenção cirúrgica que permite criar uma comunicação entre um órgão interno e o exterior com a finalidade de eliminar os dejetos do organismo. Os pacientes que utilizam bolsas coletoras (para urina ou fezes) chegam a 200 em Marília e mais de 1.000 na região, enquanto no Brasil estima-se um número surpreendente: 100 mil ostomizados que lutam para serem respeitados.
Célia mostra o Kit dos ostomizados |
E foi o câncer que atingiu a presidente da ONG: um tumor na bexiga há mais de 30 anos. Neste caso, após muitos anos de tratamento, foi necessário fazer a urostomia quando a urina passou a ser desviada até uma saída no abdome onde é coletada em uma bolsa própria aderente à pele.
Banheiro especial para higienização |
Ao lado do aposentado Salvador Santiago, também urostomizado e seu braço direito na Associação, Célia Castro está empenhada na luta pela divulgação do assunto tendo em vista o preconceito que, infelizmente, afeta quem precisou se submeter a uma cirurgia radical para salvar a vida e, em contraponto, foi obrigado a aprender a viver com algumas limitações.
ENGAJAMENTO
A Associação foi criada há 10 anos e desempenha um papel relevante: com ajuda de apoiadores e profissionais voluntários (psicóloga, enfermeira e nutricionista) são realizadas visitas domiciliares para acolher e orientar os novos pacientes, promovidos capacitações e eventos para troca de experiências.
O mundo dos ostomizados é quase um universo paralelo. Como a bolsa coletora fica no abdome, sob a roupa, a deficiência não aparece. Sim, os ostomizados são considerados deficientes pela Lei 5296. No entanto, muitos que tinham conseguido a aposentadoria por invalidez perderam o benefício e têm que recorrer à justiça para reaverem seu direito.
Reunião mensal dos ostomizados na entidade |
Sala de enfermagem na sede da ONG |
Alto custo: 200 reais por kit. São usados 10 por mês |
São entregues 10 bolsas por mês, apenas. As de urina, com 600 ml, devem ser trocadas a cada três dias e as coletoras de fezes a cada quatro dias. É preciso muito cuidado para evitar que os dejetos não ultrapassem um terço da capacidade porque tem o risco de romperem provocando situações constrangedoras.
Uma das reivindicações da Associação, que tem se aliado ao Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, é conseguir uma lei municipal, a exemplo de Piracicaba, para que os locais públicos tenham o banheiro especial para os ostomizados, como terminais rodoviários, aeroporto, shopping etc.
“Em Marília, o único lugar que tem esse banheiro próprio para a higienização é este da Associação”, explicou Célia Castro mostrando o local que foi construído em uma ação da ONG “Amigos do Bar”. Quando viajam ou estão fora de casa, os ostomizados sempre levam uma garrafinha para colocarem água e poderem esvaziar os dejetos nos banheiros fazendo a higienização.
Árvore da gratidão: homenagem a todos que colaboraram |
PRECONCEITO
A entidade também pretende obter apoio do Legislativo na elaboração de leis voltadas aos ostomizados. Salvador contou que como a bolsa coletora está sob a roupa, quando utilizam filas prioritárias em mercados ou bancos nem sempre são compreendidos. Ele disse que chega a ser desesperador ficar muito tempo em uma fila enquanto a bolsa vai enchendo porque é um processo involuntário que os ostomizados não têm como controlar.
Na região, há mais de 1.000 ostomizados. Em Marília, 200 são atendidos. |
Célia Castro e Salvador: luta pela causa |
A dentista operou quando criança, casou e teve duas filhas: superação |
COMO AJUDAR
Boneca usada na capacitação |
Legalizada, a ONG não recebe subvenções e atua com ajuda de clubes de serviço, empresas e voluntários sensibilizados pelo trabalho desenvolvido. São promovidos eventos para arrecadação de recursos, como um bazar que deverá ocorrer em breve. Para contatar a entidade, que fica localizada em um prédio cedido pelo Hospital Espírita de Marília, escreva para: aomarmariliasp@gmail.com Quem desejar contribuir: Sicredi, Agência 3022 Conta-Corrente 14304-9. As doações são registradas e a prestação de contas acompanhada por um contador voluntário.
Reportagem publicada na edição de 18.11.2018 do Jornal da Manhã
DIA NACIONAL DO OSTOMIZADO
Célia Castro e Salvador(nas extremidades) |
Associação Anjos Guerreiros esteve presente |
Coral da Unimed |
Fantastica a reportagem! Ja um inicio para se quebrar esse preconceito. Parabens!
ResponderExcluirOlá, Maristela. Muito obrigada. Esse é o papel do jornalismo: divulgar para esclarecer. Um abraço
ExcluirJuntos fazemos muito mais
ResponderExcluirCom certeza!!!!
ExcluirParabens guerreira, Deus vai te abencoar poderosamente. Sua causa é louvavel.
ResponderExcluirObrigada por acessar o blog. Venha sempre! Abraço
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