Na chuvosa manhã de quarta-feira, um sotaque diferente podia ser ouvido do lado de fora da sala de aula, numa escola diferente da zona norte. O barulho da chuva, bem-vinda após um longo período de estiagem, não deixava identificar o idioma falado por um grupo animado de crianças. “É aula de espanhol”, explicou um rapaz que percebeu a curiosidade da reportagem. Mas, poderia ser uma aula de italiano. Ali não existem barreiras para quem quer aprender e a única dúvida é escolher entre as opções de língua estrangeira.
Muita alegria nas brincadeiras |
Música no ar |
DE ESCOLA A PROJETO MODELO
Nos anos 80, funcionava no local uma escola estadual agrupada que acabou extinta. Assim, diante da necessidade de assistir as crianças e adolescentes de baixa renda, nasceu o Projeto Procria que hoje atende 350 crianças e adolescentes de zero a 17 anos e 10 meses. Com 04 horas de atividades diárias em período inverso ao escolar, meninos e meninas têm a oportunidade de desenvolverem suas aptidões e construírem um futuro de sucesso pessoal e profissional.
A seriedade da proposta e o envolvimento da equipe profissional foram determinantes para que o Procria atraísse apoiadores na iniciativa privada. Dois patrocinados do setor financeiro (Fundação Banco do Brasil – Federação de AABBs e HSBC Solidariedade), por exemplo, apoiam projetos esportivos e de reforço na aprendizagem escolar. Na outra ponta, o Instituto Cooperforte apoia o projeto de capacitação profissional onde meninos são formados em cursos no SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e inseridos no mercado de trabalho.
Vanderléia, Fernanda, Sandra e o vereador Donizeti |
No entanto, o pessoal caminha para emplacar projetos que garantam a sustentabilidade econômica da entidade. Uma fábrica de hóstia está em fase de instalação após um empresário doar 35 mil em equipamentos e reformar o local. A ideia é comercializar a produção para igrejas de Marília e região, gerando renda aos projetos comunitários.
MÚLTIPLAS ATIVIDADES
Monitores orientam os trabalhos |
As famílias também são acolhidas. Cursos e palestras sobre violência doméstica, alcoolismo e drogas, DST/Aids, planejamento familiar etc são destinados aos pais das crianças. Os públicos alvos do projeto são das famílias que ganham até dois salários mínimos e moram nas imediações (Palmital Prolongamento, Vila Barros, Salvador Salgueiro e imediações).
Crianças aprendem brincando |
Todos os esforços e a dedicação da equipe multiprofissional estão resultando em emocionantes histórias de sucesso. Meninos e meninas que viviam em situação de risco social saem do projeto prontos para o mercado de trabalho. No Procria eles são preparados com tanta competência que se tornam trabalhadores diferenciados.
O xadrez ajuda na concentração e raciocínio |
As coordenadoras contaram que quando foi formada a primeira turma do curso profissionalizante no SENAI com os adolescentes do projeto, houve certa resistência por parte da escola devido às experiências ruins anteriores com outros menores que não se comportaram adequadamente. Nos cursos de metalomecânica e panificação com os meninos do Procria, ao final, os resultados foram os melhores e todos acabaram empregados.
Pais assistem palestras |
NOVOS PLANOS
A entidade presidida por Nivaldo José Zanoni tem novos desafios pela frente. A grande necessidade atual é a construção de uma quadra esportiva para as atividades das crianças e adolescentes. Hoje, 120 menores que participam do projeto patrocinado pela Fundação Banco do Brasil vão à Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) para atividades esportivas, semanalmente. Os demais ficam no Procria fazendo outras atividades. Com a quadra no Centro Comunitário, todos teriam acesso.
A leitura é estimulada |
* Reportagem publicada na edição de 04.09.2011 do Correio Mariliense
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