domingo, 12 de maio de 2013

CONTADORA DE HISTÓRIA QUE ENCANTA ADULTOS E CRIANÇAS QUER DIVIDIR SUA EXPERIÊNCIA ENSINANDO A ARTE.

Por Célia Ribeiro

“Era uma vez...” Desde tempos imemoriais, basta essa frase inicial para aguçar a curiosidade e prender a atenção do ouvinte ou leitor para o que virá a seguir. Nada supera a sedução de uma história bem contada. Pode ser uma simples leitura ou uma dramatização com os elementos que alcançam todos os sentidos abrindo os portais do invisível e sensorial mundo da imaginação.

Maria Cristina em ação: crianças ficam encantadas com suas histórias
Em Marília, a professora e pedagoga aposentada Maria Cristina Cruz de Rezende Paoliello é referência na arte da contação de história. De sorriso largo e brilhantes olhos azuis, ela hipnotiza plateias inteiras, de crianças na fase pré-escolar aos idosos acolhidos nos asilos. Ninguém consegue fugir ao seu magnetismo pessoal e ao encantamento das histórias que conta capturando os espectadores para o universo paralelo.

No escritório de casa, os livros amarelados
 que a acompanham desde a infância.
Para saber como tudo começou, é preciso voltar à infância de Maria Cristina, casada com o médico Hélio Paoliello. Na sua família, os pais professores sempre estimularam a leitura e “havia livros por toda parte”, recordou a orgulhosa vovó de quatro netos. Além disso, os encontros familiares incluíam declamação de poesias, canto e música instrumental em que se valorizavam as manifestações culturais.


Estudantes se divertem com marionetes na Feira de Troca de Livros do Senac
Aos 14 anos, Maria Cristina descobriu seu dom de ensinar. Foi dar aula de catecismo na Paróquia Santo Antônio e desenvolveu o gosto pelo contato com o público infantil. Na adolescência, fez o curso Normal formando-se professora primária aos 17 anos, quando conheceu seu grande amor e futuro esposo.

 
Contando histórias para idosos no asilo, com alunos do Senac.

Estudiosa, partiu para o magistério e frequentou outras duas faculdades: Pedagogia e Letras (português, inglês e alemão). Intercalando cargos de assistente e direção de escolas com as aulas (para crianças, jovens e adultos), a professora foi aprimorando suas técnicas de contação de história. Para  os alunos ou treinamento de professores, ela nunca perdia uma oportunidade de conduzir os ouvintes ao interior das histórias que narrava.

Bonecos e marionetes acompanham a contadora de história
 SEMEANDO

“Contar história é uma arte. Tem que ter entonação de voz, postura, espaço para circular etc”, comentou Maria Cristina que nos últimos anos, após a aposentadoria, tem se dedicado a contar histórias em feiras literárias, eventos culturais ou para públicos carentes que não têm como se deslocar como, por exemplo, os idosos e pacientes acamados.

Público variado: aqui jovens estudantes do SENAC
Detentora de uma energia contagiante, a contadora de história só teme uma coisa: que esse trabalho se perca. Por isso, quer colocar em prática um projeto antigo, de formar contadores de história. “Já pensou uma pessoa, mesmo que analfabeta, que saiba contar uma história se apresentando numa praça pública, num ponto de ônibus? Não precisa saber ler. Não precisa contar história dos livros. Pode contar histórias da vida, histórias da infância. Vale tudo”, assinalou.

Um dos netos no "Recanto
João e Maria" de sua casa
Maria Cristina Paoliello enviou à Secretaria Municipal da Cultura, há dois anos, um projeto para que o poder público apoie a iniciativa de formação de contadores. Com tempo livre, sólida formação de educadora e muita história para contar, ela quer dividir seus conhecimentos com todos que tiverem interesse.

“As pessoas têm medo de ser feliz e sorrir. É preciso tira-las dessa vida fechada. Ninguém pode viver dentro de um quadrado”, pontuou a contadora de história que se prepara para mais uma apresentação. No próximo sábado, dia 18, na Escola da Família de Jafa (Distrito de Garça), ela estará com sua mala cheia de bonecos, almofadas e acessórios. E também as velas com que inicia a “Cerimônia da Luz”, de preparação para o mergulho no surpreendente mundo da imaginação!

* Reportagem publicada na edição de 12.05.2013 do Correio Mariliense

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