Uma obra
social, iniciada pelas mãos caridosas da Irmã Dilma, sobrevive sete anos após a
morte da freira graças ao comprometimento de um grupo de voluntários da Paróquia
Santa Rita de Cássia. Bem em frente à igreja, na Zona Sul, o terreno que abriga
há mais de 20 anos a Associação de Moradores do Nova Marília também acolhe a
lavanderia comunitária e a panificadora artesanal que geram renda para famílias
carentes do bairro e socorrem a comunidade mais necessitada com remédios,
alimentos, auxílio para pagar contas de luz, entre outros.
As roupas são lavadas manualmente |
Em meados de
2011, o Correio Mariliense registrou a árdua batalha das lavadeiras e
passadeiras que se revezam nas tarefas, desde as primeiras horas da manhã, na
lavanderia comunitária. Passados dois anos, as dificuldades são as mesmas: sem
máquinas de lavar, as mulheres fazem todo o trabalho pesado à mão. E, sem
secadoras, dependem das boas condições climáticas para não amargarem prejuízo.
Atualmente,
09 mulheres da comunidade tiram do projeto social o sustento de suas famílias,
explica a coordenadora do grupo e vice-presidente da associação, Laudite
Ferreira Gaia Vieira. A renda varia muito, em torno de um salário mínimo. Mas,
poderia ser muito mais e atender outras mulheres se a lavanderia contasse com
máquinas de lavar e secar, por exemplo.
Dona Laudite entrega roupas ao Diego, cliente antigo. |
O trabalho
caprichoso atraiu uma clientela fiel. Em média, a lavanderia processa 500
quilos de roupa por semana, incluindo tapetes, cortinas e edredons. “Quando
chove, a gente tem que recusar serviço. Muitas vezes a pessoa chega com a roupa
suja e tem que levar embora porque não temos como atender”, explicou a
coordenadora.
A boa qualidade do serviço atraiu a clientela |
O precinho
camarada foi outro fator determinante para fidelizar os clientes, gente do
bairro e até de outras regiões da cidade. O quilo da roupa comum, lavada e
passada, sai a R$ 5,00. Peças avulsas (camisas sociais, calças sociais etc)
custam R$ 3,50 a peça. Já cortinas, tapetes e edredons são lavados por R$ 6,5 o
quilo. Se o cliente não levar o sabão em pó é acrescido o valor de R$ 0,90 por
quilo de roupa lavada.
SOLIDARIEDADE
Segundo
Laudite Vieira, a lavanderia comunitária e a panificadora artesanal são
projetos da Pastoral Social da Paróquia de Santa Rita de Cássia que repassa
parte do dízimo dos fiéis para as obras. Enquanto na lavanderia as próprias
lavadeiras se beneficiam do resultado do trabalho, no caso da panificadora,
voluntárias da comunidade se reúnem às sextas-feiras para produzirem pães,
roscas, biscoitos etc cuja venda reforça o caixa para os atendimentos
comunitários.
Voluntárias fazem pães às sextas-feiras |
As despesas da
lavanderia são expressivas: energia elétrica, escritório de contabilidade, materiais
de limpeza e até o salário dos vigias que trabalham no local à noite e nos
finais de semana para garantirem a segurança das roupas dos clientes e das
instalações.
Por isso, é
preciso usar a criatividade para ter saldo suficiente ajudar os moradores que
se socorrem da associação em casos de necessidade. Medicamentos são alguns dos
mais pedidos, seguidos de ajuda para pagamento de conta de luz e alimentos.
Geralmente, as pessoas procuram a igreja e de lá são encaminhadas para o outro
lado da rua, onde funciona a entidade.
Na
quinta-feira, Diego Esteves Pereira Diniz, 26 anos, estacionou seu carro no
pátio da lavanderia para pegar as roupas limpas e deixar outro lote, numa
rotina que já dura dois anos: “O trabalho delas é muito bom, caprichoso. Acho
excelente e sempre recomendo aos conhecidos”, disse o cliente.
TERAPIA
As
lavadeiras e passadeiras têm muitas histórias para contar. Histórias de
superação, de recomeço e de final feliz. Maria Aparecida Camargo, 46 anos e mãe
de três filhos, está de volta à lavanderia comunitária. Ela se ausentou para
cuidar da mãe doente, mas acabou sofrendo de depressão que a impedia de voltar
ao mercado de trabalho.
Maria Aparecida com a amiga Laudite |
As portas
abertas do projeto social a acolheram e a lavadeira comemora ter voltado ao
convívio da grande família, há dois anos. “Eu tive uma depressão muito forte e
ainda tomo remédio. Elas que cuidaram de mim. Aqui pude voltar a trabalhar e
ter meu dinheiro”, contou Maria Aparecida tratando de dar um abraço forte em
dona Laudite: “Ela é como uma mãe pra mim. Aqui, tenho minha segunda família”,
contou, emocionada.
Além de
veteranas, nesta semana havia novatas, como Izabel Cristina do Nascimento, 33
anos. Casada e mãe de três filhos ela destacou o fato de trabalhar perto de
casa e poder dar uma vida melhor à sua família. “É um dinheiro bom que ajuda
muito a renda lá em casa”, afirmou.
Faltam eqipamentos como lavadoras e secadoras |
Quem quiser
colaborar com os projetos sociais, pode doar alimentos, roupas e calçados
usados para venda nos bazares, ou adquirir as delícias da panificadora que tem
pão caseiro, roscas etc, toda sexta-feira à tarde. A lavanderia comunitária
fica em frente à Paróquia de Santa Rita de Cássia, no Nova Marília. O telefone
é: (14) 34176928
* Reportagem publicada na edição de 19.05.2013 do Correio Mariliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem-vindo(a). Seu comentário será postado, em breve.