quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013 - PARTE I

Célia Ribeiro

O ano de 2013 foi muito fértil em matéria de reportagens sobre as boas práticas que inspiram iniciativas inovadoras, tanto na área de responsabilidade social quanto em sustentabilidade ambiental.
Anônimos foram revelados e outros, já conhecidos dos leitores, puderam mostrar novas ações neste ano que se encerra. Como nos anos anteriores, gostaria de compartilhar com vocês esta retrospectiva, dividida em duas partes.

Para começar, em janeiro, temos o exemplo do casal de analistas de sistemas que faz compostagem em casa e, de quebra, dá um belo exemplo às filhas adolescentes: lixo zero

Em feveiro, duas reportagens merecem destaque: a  "Turma do Bem" na qual cirurgiões-dentistas adotam crianças carentes para realizarem gratuitamente o tratamento odontológico e as vovós que fazem sabão artesanal a partir de óleo usado, na Unijovem, projeto mantido pelos funcionários voluntários da Unimed.

Com cinco reportagens, o mês de março apresentou o caminhoneiro que trouxe mudas de árvores nativas da Amazônia e criou um paraíso ecológico na pequena propriedade que comprou, após muito esforço; e o viveiro de plantas medicinais que a Secretaria Estadual da Agricultura mantém em Marília.

Em abril, o setor de restauração mostrou como peças antigas podem ser preservadas ganhando vida nova pelas hábeis mãos do ex-ourives Aurélio Fiorini da "Restaura Brasil". E por falar em beleza, vale reler a reportagem sobre as talentosas meninas do grupo "Marília Baunilha & Patch" que se reunem na Villa das Artes para criar maravilhas em patchwork.

A preocupação em inserir os deficientes físicos no mercado de trabalho foi tema de reportagem de maio, com a AADEF. No mesmo mês, a delicadeza da contadora de história Maria Cristina Paoliello encantou a todos com o trabalho voluntário que leva por toda parte.

Encerrando a primeira parte da retrospectiva 2013, temos em junho os 10 anos da Semana Jovem mostrando o envolvendo dos jovens católicos; e o esforço do apicultor Wenceslau Gomes Soares, o Lau, em salvar abelhas que estão morrendo envenenadas por "Espatódeas" no bairro Lorenzetti.

Na sequência, vocês poderão conferir a segunda parte da Retrospectiva 2013.
Boa leitura e boas festas!!!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PROGRAMA CONECTA 3ª IDADE À REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES

Por Célia Ribeiro

Vinte e cinco passos separam a linha imaginária do conhecimento de dezenas de homens e mulheres que quebraram a barreira do preconceito e se aventuraram por um mundo de possibilidades infinitas: a internet. Na última sexta-feira, dia 13, como um presente antecipado de Natal, um grupo de 38 formandos dos cursos de “Informática para Terceira Idade” receberam seus certificados no auditório da Biblioteca Municipal de Marília.
 
"Terceira Idade On"  revela o mundo da internet aos idosos
Contendo dois módulos (básico e avançado), os cursos têm duração de seis meses cada um e acontecem no Telecentro, criado pela Prefeitura de Marília em parceria com o Banco do Brasil, em 2010, e no posto do programa “Acessa São Paulo”, mantido através de convênio com o Governo do Estado, informou o responsável Pedro Matos Teixeira.


Pedro explica o passo-a-passo aos alunos
De jeans e camiseta, o jovem instrutor desenvolveu um método original para prender a atenção dos alunos contribuindo para desmistificar a relação dos idosos com os computadores. Apesar dos equipamentos antigos, o projeto faz maravilhas com duas aulas semanais: no curso básico os alunos aprendem do zero, desde ligar os equipamentos, digitar no teclado e o manuseio do mouse, por exemplo, até criar pastas e salvar arquivos.

Encerradas as aulas do curso básico, os alunos mudam de sala e passam a ter uma aula por semana, com duração de duas horas, no Posto do “Acessa São Paulo”, também na biblioteca. “No curso ‘Terceira Idade On’ fazemos um apanhado do que é mais utilizado na internet, como sites de buscas, redes sociais (Facebook), segurança na internet com precaução para os vírus, uso de e-mail, um pouco de Youtube para que possam baixar e assistir vídeos na internet, além de manuseio de dispositivos móveis como descarregar fotos de celular e câmeras digitais etc”, explicou Pedro Matos.
 
Programa vitorioso mesmo com equipamentos obsoletos.
São 25 passos da entrada da biblioteca até esta sala de aula.
Entusiasmado, ele destaca o envolvimento da equipe formada pelos instrutores André Sanches Cibantos Junior e Mônica Camiatto: “Eles chegam sem nada, entram no básico e saem do avançado já fazendo tudo. O importante é que isso muda a vida da pessoa quando ela conhece a internet”, assinalou.

O instrutor citou o caso de uma aluna que revende produtos Natura e que começou a aplicar os conhecimentos profissionalmente: “Antes, ela tinha que ir à casa da supervisora para enviar os pedidos. Hoje, não. Ela fez um cadastro no site da Natura e faz tudo sozinha, compra, emite boleto de cobrança para pagamento etc”, contou.

ENTUSIASMO JUVENIL

A maioria dos formandos deste ano tinha mais de 60 anos. Mas, enquanto aguardavam o início da solenidade, na sexta-feira, pareciam adolescentes tamanha a ansiedade. No rosto de cada um o sorriso largo com a alegria estampada diante de mais um desafio vencido: “Gostei muito de aprender a usar a internet. Tenho Facebook e encontrei um monte de amigos para conversar e passar o tempo”, contou o aposentado Joaquim Bento dos Anjos, 68 anos. Ao seu lado, Lioko Kussumoto de Alcântara, 64 anos, explicou que “sabia um pouquinho, mas aprendi bastante aqui”, disse, acrescentando que também tem perfil nas redes sociais.
 
Creuza, Maria, Joaquim e Lioko: felizes pela formatura
Aos 65 anos, a aposentada Maria Cardoso da Silva afirmou que a “internet é importante porque é uma forma de a gente ter mais conhecimento e passar o tempo. Para quem não sabia nada como eu, foi ótimo. Agora quero continuar estudando para saber mais”. Mãe de sete filhos, ela revelou que adquiriu um computador pessoal assim que começou a frequentar as aulas e que a cada dia fica mais encantada com esse novo mundo que se descortinou.
 
(Esq.) André e Pedro Matos à frente dos formandos
(Foto: Helder C. Soares)

Por sua vez, a professora aposentada Creuza Borges de Oliveira, de 60 anos, comentou às gargalhadas que “era analfabetinha em internet” e que se matriculou para adquirir novos conhecimentos. “Não estou pós-graduada, mas melhorei muito”, disse, ressaltando o ambiente agradável das aulas: “O convívio social é fundamental. Aqui temos harmonia e estudar de novo é muito bom”, finalizou.

FILA DE ESPERA

No dia 13 a internet para a terceira idade chegou a 200 formandos (8ª turma do básico e 5ª turma do avançado). No entanto, a fila de espera é grande, com 250 pessoas na lista aguardando a oportunidade de mergulharem no fascinante mundo da internet. “Quando começamos, tínhamos 20 vagas e com pouca divulgação apareceram mais de 100 pessoas. Diante da grande procura pensamos em abrir uma sala só para isso que foi o Telecentro. A Anadir Hila, secretária municipal de Governo na época, fez a conexão entre a Prefeitura e o Banco do Brasil que doou os computadores enquanto o município cedeu local e funcionários”, recordou Pedro Matos.
 
Os alunos recebem acompanhamento individual
Os interessados em ingressarem nos cursos, independentemente da idade, podem procurar a Biblioteca Municipal à Avenida Sampaio Vidal, 245 ou telefonarem para (14) 34547434 para André ou Pedro.

                                           

domingo, 8 de dezembro de 2013

TAIKO: A CULTURA MILENAR JAPONESA LEVA ALEGRIA AOS ASILOS

Por Célia Ribeiro

O ritmo cadenciado das vigorosas batidas no tambor hipnotiza. “Timu dum dum”, a batida do coração, como é conhecida essa percussão, atravessou os tempos preservando a milenar cultura japonesa. Disciplina, concentração e coordenação motora são requisitos essenciais aos tocadores de tambor. Mas, o grupo “Requios Gueino Dokokai Eisá Taiko”, da Associação Esportiva e Cultural Okinawa de Marília, agregou outra qualidade: a solidariedade. 

O som dos tambores contagia
Criado em 2006 pela professora Hatsue Omine, de São Paulo, o grupo possui 78 integrantes de diferentes faixas etárias, a partir dos seis anos, informou a diretora educacional da Associação Okinawa de Marília, Tyoko Takahashi Higa. “Nosso objetivo é a divulgação e a preservação da cultura japonesa, através da música e da dança. As batidas dos tambores refletem a alegria dos ancestrais; é o momento de reunião e união familiar. Assim brindamos a harmonia e a vida”, comentou. 

Taiko: crianças encantam idosos
A solidariedade entra nas apresentações em instituições filantrópicas: “O nosso trabalho é o voluntarismo, o amor à arte, que nos faz seguir em frente. Somos convidados pelas entidades para apresentarmos a dança e o toque dos tambores. No dia 23 de novembro, através de um convite da Sra. Fátima Nakashima, também voluntária do projeto ‘Adote um Idoso’, fomos nos apresentar no Lar São Vicente de Paula e acreditamos ter deixado alegria aos idosos”, afirmou Tyoko.
 
Coordenação motora é essencial
Ela lembrou que a Associação Okinawa, formada por descendentes de japoneses há 62 anos, tinha um sonho de trazer para Marília algo que ajudasse na preservação da cultura. Dessa forma, quando o então presidente Carlos Saito conheceu o trabalho da professora Hatsue Omine lhe fez o convite para iniciar o projeto na cidade.

Os instrumentos são confeccionados em Presidente Prudente e para que o grupo esteja sempre atualizado, monitores da Associação Okinawa são enviados para São Paulo, periodicamente, para aprenderem novas músicas e coreografias a fim de replicarem os conhecimentos entre os demais integrantes. A professora Hatsue realiza visitas para supervisionar e manter a qualidade do trabalho.

APRESENTAÇÕES

Atualmente, cerca de 80 crianças e jovens integram o grupo de Taiko. Eles são divididos segundo a fase de aprendizagem e, com isso, há desde iniciantes até os veteranos que realizam apresentações mais elaboradas. “Já estivemos na Casa do Caminho, também, e a emoção dos idosos é grande quando começam a tocar os tambores”, relatou a diretora.
 
O tradicional cumprimento de agradecimento
“A cultura japonesa valoriza muito o idoso. É muito difícil encontrar um descendente de japoneses nos asilos. A família ampara”, observou Tyoko Takahashi Higa, acrescentando que “é muito bom podermos levar alegria aos asilos, dar uma distração aos idosos. E para nossos jovens, estamos incutindo neles a importância de se valorizar os idosos”.
Participam crianças a partir dos 06 anos
O Grupo de Taiko conta com sete membros na Comissão Organizadora. Além de Tyoko, fazem parte: José Roberto Tukasan (coordenador e atual presidente da Associação Okinawa), Hideo Higa (apresentador), Creusa Mitiko Tukasan, Mihoko Kogawa, Luci Emi Hamada e Lucia Nagay (responsáveis pela comunicação e monitoria). Há participação ativa de pais de alunos que colaboram como José Carlos Miazato (divulgação).

“O som do tambor de Okinawa mexe muito com a sensibilidade do ouvinte, chegando a arrepiar ou emocionar, como diz o ditado popular: ‘os ancestrais estão contentes’ pois esta sensação de arrepio se compara à primeira vibração que sentimos no período fetal no ventre da mãe quando nascemos e ouvimos, pela primeira vez, o coração da mãe bater. A energia do coração da mãe é a energia que se perpetua e nos acompanha ao longo de nossas vidas”, finalizou Tyoko Takahashi Higa.

CURIOSIDADES

No Japão feudal, taikos eram frequentemente usados para motivar as tropas, para ajudar a marcar o passo na marcha e para anunciar comandos e anúncios marciais. Ao se aproximar ou entrar no campo de batalha o taiko yaku (tocador de tambor) era responsável por determinar o passo da marcha, usualmente com seis passos por batida do tambor (batida-2-3-4-5-6, batida-2-3-4-5-6).
De acordo com uma das crônicas históricas (o Gunji Yoshu), nove conjuntos de cinco batidas serviam para levar um batalhão à batalha, enquanto nove conjuntos de três batidas aceleradas três ou quatro vezes e seguidas pelos gritos "Ei! Ei! O! Ei! Ei! O!" era a chamada para avançar e perseguir o inimigo.

No Brasil e no mundo há diferentes grupos formados
por crianças, jovens e adultos japoneses ou não.
O taiko, tradicional tambor japonês, é um elemento da cultura nipônica que ganha cada vez mais adeptos e admiradores no Brasil. O ritmo enérgico resgata a cultura dos samurais e empolga pais, filhos e avós, reunindo diferentes gerações na cadência de uma mesma batida. Em sua edição de janeiro, a Made in Japan identificou 117 grupos de taiko no Brasil. (Fonte: Made in Japan)
Clique AQUI  e assista uma apresentação de Taiko no Japão.

domingo, 24 de novembro de 2013

ÁLCOOL E DROGAS: A LUTA DIÁRIA DE QUEM QUER SAIR DAS RUAS.

Por Célia Ribeiro

Arrastando a velha sandália de pneu cujas tiras teimam em se despregar do solado gasto, o homem de cabeça baixa e costas curvadas tem o olhar embaçado. O sol a pino castiga a pele curtida e ele não se reconhece e nem ao lugar aonde chegou. Aparentando setenta e poucos anos, o homem não lembra o próprio nome, de onde veio e nem quando nasceu. Ao cruzar o portão, mais uma vez, ele sabe apenas que vai travar uma dura batalha para encontrar sua essência, aquilo que era antes de perder-se no mundo.
 
Ampla área verde: lugar de recomeçar.

A chegada de um novo interno à Fumares (Fundação Mariliense de Recuperação Social), entidade retratada na reportagem de domingo passado, é acompanhada com curiosidade pelos 65 internos. Muitos estão ali pela terceira ou quarta vez e suas histórias são muito parecidas: depois de chegarem ao fundo do poço, finalmente aceitam ajuda e mudam-se para a entidade em busca do recomeço.

No entanto, com o passar do tempo, a abstinência de álcool e drogas os desafia a procurarem a liberdade deixando para trás todo o trabalho desenvolvido com afinco pela equipe da instituição que, como não poderia deixar de ser, experimenta uma sensação de impotência e tristeza por ter perdido mais uma batalha para a sedução das ruas.

 
Trabalho no campo: terapia.
“É muito triste ver que, depois de alguns meses aqui, onde eles têm tudo para viverem com segurança e conforto, acabam pedindo para sair. Ninguém prende ninguém. Eles têm o direito de sairem na hora que quiserem, bastando assinar o termo de desligamento. Mas, a gente fica arrasado quando isso acontece”, afirmou o presidente da Fumares, Paulo Roberto Vieira da Costa.

FILA DA REPOSIÇÃO

Quando os moradores de rua aceitam ajuda e ingressam na Fumares, eles recebem roupas e calçados, lençóis, cobertores e travesseiros limpos e em bom estado. Toda sexta-feira, quando toca a sirene, os internos fazem fila para reabastecerem seus estoques de materiais de uso pessoal: sabonete, creme dental, escova de dente, papel higiênico, aparelho de barbear e uma caixa de fósforos para os fumantes.

Refeitório onde são alimentados com refeições balanceadas
Os quartos são limpos e equipados com armários e ventiladores onde se acomodam poucos internos em cada unidade. Na verdade, eles vão aos quartos apenas para dormir porque durante o dia há inúmeras atividades coletivas que funcionam como terapia ocupacional. Assim, revezam-se para limpeza dos quartos, dos banheiros dotados de chuveiros de água quente, da cozinha e das áreas comuns, praticam jardinagem, trabalham na horta, cuidam dos frangos etc.

No fim do dia, podem se distrair com jogos de sinuca ou relaxarem assistindo os programas na TV de LCD de 50 polegadas com antena SKY, mostrada na reportagem passada. O objetivo é manter os internos ocupados enquanto são providenciados documentos e contatados seus familiares (quando possível) para que possam voltar à vida em sociedade.

Frangos descongelando para o almoço
O apoio espiritual é muito valorizado, explicou o presidente da instituição. Ele informou que  há atividades com a presença de religiosos tanto evangélicos como de católicos. São celebradas missas e realizados cultos em que a palavra de Deus é apresentada aos ex-moradores de rua como um bálsamo a lhes aliviar as dores da alma.

COMEMORAÇÕES

Paulo Vieira da Costa destacou a participação de voluntários que visitam a instituição e desenvolvem atividades educativas e recreativas. “Essa integração com a comunidade é muito importante. Eles sentem que tem gente que se preocupa com eles”, observou, contando que logo um grupo de internos irá a Aparecida do Norte, acompanhado de monitores.

 
Uma indústria alimentícia doa uniformes e calçados usados de seus funcionários
As datas comemorativas também são lembradas na Fumares: na “Semana Santa” teve bacalhau no almoço e na Páscoa os internos foram presenteados com chocolate. Além disso, uma vez por mês, um proprietário de padaria da zona sul doa um bolo e a entidade providencia salgadinhos e refrigerantes para a comemoração dos aniversários.
Só faltam as cortinas nos quartos, mas que chegarão em breve.
A alimentação dos internos, à base de carne, frango, verduras, legumes e frutas, é outro fator que merece destaque. Com horta orgânica cultivada no local, não faltam produtos de qualidade sempre frescos. O excedente supre 32 entidades que recebem as cestas de hortaliças semanalmente, incluindo-se as unidades da Casa do Pequeno Cidadão, escolas, creches e asilos.

 ÁLCOOL E DROGAS

 
Frutos amadurecendo: a natureza responde aos cuidados.


Casa, comida, roupa lavada, cama quente, apoio espiritual, lugar seguro. O que falta aos internos que insistem em voltar às ruas após alguns meses? A resposta é complexa. Mas o principal vilão, segundo o presidente da Fumares, é a dependência química. “Estamos trazendo o N.A. (Narcóticos Anônimos) e reativando o A.A. (Alcoólatras Anônimos), além de enviarmos alguns internos para tratamento no CAPS-AD (Centro de Apoio Psicossocial – Álcool e Drogas)”, explicou o presidente. É um paliativo, reconhece, mas melhor que nada.

 
Jogo de sinuca nos momentos de lazer
Conforme disse, “se em clínicas particulares, onde se paga para recuperar um dependente químico é difícil conseguir a cura, porque muitos voltam a consumir drogas, imagine aqui onde não temos estrutura para tratamento. A Fumares não é um lugar para receber dependentes químicos. Para eles, teríamos que ter uma estrutura maior, com mão-de-obra especializada etc”.

Segundo Paulo Vieira da Costa, como a Fumares está localizada numa área ampla, às margens da Rodovia Marília – Assis, no futuro o município poderia obter recursos federais e estaduais para construir naquele espaço uma comunidade terapêutica com a ajuda da sociedade: “Creio que um projeto desses teria o apoio dos clubes de serviço, da indústria e de todos que gostariam de contribuir com uma causa nobre”, observou.

Verduras e legumes frescos abastecem a Fumares e mais 32 instituições
Enquanto o projeto não sai do papel, “a Fumares vai continuar recebendo todos que dela precisarem, fazendo seu trabalho com todo empenho para devolver a dignidade a esses homens. Queremos não só dar comida, roupa limpa e documentos. Queremos dar a oportunidade para que deixem o passado errante para trás e iniciem uma nova caminhada”,  finalizou o presidente.
 
LEIA AQUI A PRIMEIRA PARTE DESTA REPORTAGEM, PUBLICADA NO DIA 17.11.2013

domingo, 17 de novembro de 2013

MORADORES DE RUA: O RESGATE DA DIGNIDADE DE QUEM PERDEU TUDO.

Por Célia Ribeiro

Na tarde de sábado, depois do almoço caprichado onde não faltam carne e verduras colhidas na hora, a soneca é interrompida pelo burburinho que se ouve no pátio. O futebol está para começar e todos se dirigem à sala de TV em busca do melhor lugar. O aparelho de 50 polegadas, tela de LCD de última geração, conectado a uma antena parabólica da Sky transforma o espaço em uma sala de projeção confortável onde as torcidas são bem vindas, independente dos times do coração.
 
TV de LCD e som de primeira: futebol garantido
Esse conforto, comum aos grupos de amigos que se juntam em chácaras, bares e restaurantes na hora do futebol, também está disponível aos 65 internos da Fumares (Fundação Mariliense de Recuperação Social). A sala ampla e arejada com a ajuda de ventiladores possui equipamentos modernos de som e imagem onde os ex-moradores de rua assistem os noticiários, os filmes e o esporte que é paixão nacional.
 
Paulinho checa as plantas: muito verde dá vida ao lugar.
Criada em 1974 pelo ex-prefeito Pedro Sola, a Fumares enfrentou todo tipo de crise e nem sempre é bem vista por quem defende uma rápida solução para o grave problema social que representam os migrantes. No entanto, há oito meses, a entidade está experimentando uma profunda reformulação que começou pela reforma de suas instalações passando pelo acolhimento digno e humano àqueles que desejam mudar de vida.
 
No amplo salão, momento de lazer dos internos.
“A Fumares está aberta à comunidade. Qualquer pessoa pode vir aqui, nem precisa marcar hora. Pode ver com seus próprios olhos como os internos são tratados. Pode conversar com qualquer um deles, sem nossa presença”, assinalou o presidente Paulo Roberto Vieira da Costa. Técnico de telecomunicação por profissão, tem em seu currículo o trabalho social junto à comunidade católica da zona norte e a experiência de ter gerido o Projeto Vida Nova voltado aos dependentes químicos.
 
Nos quartos, roupas limpas e ambiente seguro.
Paulinho, como é conhecido, se emociona ao narrar as inúmeras histórias que presenciou. “Quando aqui cheguei o maior desafio era humanizar a Fumares. No meio de um monte de problema que tinha eu olhava o semblante dos internos e via a tristeza, o abatimento, percebia que não tinha vida”, recordou.

TRANSFORMAÇÃO

Ressaltando contar com o apoio do secretário Helio Benetti e do prefeito Vinicius Camarinha, o presidente da Fumares reuniu a equipe (monitores, motoristas, assistente social, psicóloga e cozinheiros) e estruturou o plano de salvamento da entidade criada para acolher os moradores de rua, resgatar-lhes a dignidade, providenciar a documentação necessária e encaminhá-los aos seus familiares para a vida em sociedade.
 
Bancos e mesinhas no pátio: espaço para convivência.
Apesar da determinação, a missão é das mais difíceis. Paulinho fala com tristeza das batalhas perdidas: “Muitos ficam aqui dois ou três meses, ficam sóbrios, conseguem os documentos e pedem para sair. Aqui, eles têm total liberdade. Podem ir embora à hora que desejarem. Infelizmente, muitos voltam para a bebida e as drogas. Em poucos dias, perdemos tudo o que conseguimos fazer nestes meses”.

Há casos de internos que estão pela quarta ou quinta vez na Fumares. O presidente assinalou que as rondas da Assistência Social percorrem as ruas de Marília e convidam os desabrigados para irem à Fumares ou ao Centro POP, no antigo Albergue São José. Alguns aceitam e são recebidos dignamente, com banho, roupas limpas e alimentação. Mas, muitos se acostumaram à vida errante, de estarem em um novo lugar a cada dia e se recusam a serem encaminhados.
 
Verdura orgânica: além da Fumares, produção vai para 32 entidades.
Paulinho fez questão de frisar que não se usa violência de qualquer tipo para recolher os andarilhos. “Se algum dia me pedissem para fazer uma coisa dessas eu iria para casa na hora”, observou, mostrando-se indignado pelas críticas que a entidade recebeu diante das denúncias de espancamento de moradores de rua. “Até de trabalho escravo nos acusaram”, disse, convidando a reportagem a conversar, livremente, com os internos sem a presença de funcionários.

TERAPIA OCUPACIONAL

Quem aceita a ajuda não tem tempo ocioso. Os internos se revezam na limpeza da instituição e na horta orgânica de onde sai uma produção capaz de atender a entidade e ainda fornecer legumes e verduras fresquinhos, toda semana, a 32 instituições entre asilos, creches, Casa do Pequeno Cidadão, associação de moradores que produzem sopão etc.
 
Elias entre o presidente Paulinho e o funcionário Rubens
Pela segunda vez na Fumares, Elias de Souza, 42 anos, é natural de Bauru e viveu nas ruas por tanto tempo que nem se lembra. Para ele, trabalhar na lavoura é a melhor parte: “Passa o tempo que a gente nem vê”. Ele elogiou a entidade e disse que nem dá para comparar com o período de privação passado ao relento.

Sem notícias da família, Edson de Oliveira Cavalcanti, 51 anos, chegou praticamente cego à entidade. Conseguiu a cirurgia de catarata e está em recuperação. Há 10 meses interno, ele agradece pela oportunidade de sair da rua que nem mesmo sabe por quanto tempo frequentou. Pouco antes do almoço de terça-feira ele se distraía vendo os colegas disputarem uma animada partida de sinuca enquanto jogava conversa fora com um companheiro de quarto. A vida está bem diferente agora.

NA SEMANA QUE VEM, DIA 24, VAMOS MOSTRAR O DIA-A-DIA DOS INTERNOS E OS AVANÇOS DA DIREÇÃO E FUNCIONÁRIOS DA FUMARES PARA RESGATAREM A DIGNIDADE DOS EX-MORADORES DE RUA.



domingo, 10 de novembro de 2013

LIMPEZA VERDE: JOVEM EMPRESÁRIA INOVA EM NEGÓCIO FOCADO NA SUSTENTABILIDADE.

Por Célia Ribeiro

A lembrança do verde, dos pés de limão carregados, ficou marcada na infância feliz que dividiu com dois irmãos. Símbolo da esperança, a cor tornou-se inspiração na hora de escolher o layout da empresa que fundou, há quatro anos em Marília. Para a jovem empresária Mayra Di Manno, 33 anos, foi questão de tempo transformar o tino comercial, dos tempos em que saía para vender limão com o avô, em um negócio de gente grande que aposta na qualidade dos serviços sem descuidar do meio-ambiente.

Preocupação ambiental: conceito inovador na cidade
De fala mansa e pausada, Mayra surpreende seus interlocutores tão logo começa a discorrer sobre um assunto que domina como poucos: o setor de limpeza profissional. Ex-executiva de duas grandes empresas multinacionais, onde trabalhou por 10 anos, na Capital, sonhava ter sua própria empresa.

“Fui aprendendo como o negócio funcionava, atuei como diretora comercial nestas empresas, e quando saí, tinha juntado algum dinheiro e resolvi voltar para Marília para realizar o meu sonho. E assim nasceu a Planet Limp. O conceito que eu trouxe para Marília foi resultado do meu aprendizado junto a estas empresas, um aprendizado muito rico e que me possibilitou encarar este desafio”, explicou.

Mayra Di Manno


Generosa, a empreendedora recorda com carinho as lições que aprendeu: “Meu antigo patrão era um sujeito idealista, acreditava muito no potencial e na força das ideias. Ele tinha, por exemplo, alguma ideia que a princípio parecia sem pé nem cabeça, mas a implantava junto à empresa e a coisa dava certo. Às vezes dava errado, íamos melhorando aqui e ali até acertar”.

Enquanto dedicava-se ao trabalho, Mayra armazenava conhecimentos para o futuro, principalmente em relação às inúmeras dificuldades. “Um negócio é isso: você vai mexendo, vai mudando, vai aprimorando, até que as coisas dão certo. Não pode é desistir, e isso eu aprendi muito bem. Tem que seguir em frente, acordar todo dia cedo e encarar a luta, encarar as dificuldades e os problemas”, assinalou.

 
DETERMINAÇÃO

A empresária também faz coro às críticas que o setor produtivo derrama sobre a burocracia reinante no País. Segundo ela, “se você quer ser um empresário neste Brasil de hoje, você tem que ser um lutador num ringue de boxe. É pancada de tudo quanto é lado. Mas, você vence pela resistência, desde que não desista quando as dificuldades começarem a aparecer”, ensinou.

A Planet Limp, instalada à Rua Bandeirantes, 113, começou tímida. Apenas Mayra e uma funcionária. A persistência valeu a pena: quatro anos depois, são mais de 60 colaboradores e as vagas continuam crescendo. Ela recorda que deu muito trabalho divulgar o conceito inovador da empresa porque muitos achavam tratar-se de agência de emprego.

“A Planet Limp oferece serviços de limpeza doméstica (residencial), limpeza comercial, limpeza pós-obra, zeladoria, portaria e recepção, pequenos reparos, jardinagem, limpeza pós-festa, limpeza de piscinas, limpeza de vidros e o nosso mais recente serviço, lavanderia”, explicou acrescentando que recentemente foi inaugurada uma loja, anexa, em que são comercializados produtos e equipamentos de limpeza.

LIMPEZA VERDE CERTIFICADA

“Em São Paulo, não se contrata uma empresa que não tenha um certificado de limpeza verde, ou seja, uma garantia de que a empresa se preocupa com o meio ambiente e sua preservação. Portanto, eu já vim pra cá com essa consciência. Aqui em Marília parece que não há muito essa preocupação ainda. Mas, se uma empresa deseja crescer, ela deve se preocupar com isso, é essencial”, observou Mayra.

A empresa foca em três aspectos para desenvolver seu trabalho: treinamento de pessoas, produtos eficientes e não agressivos ao meio ambiente e equipamentos corretos. A empresária garantiu que todos os funcionários “recebem orientações sobre economia de água, produtos, equipamentos, materiais e energia, além de orientações sobre elevação da produtividade na execução das tarefas. Um dos principais enfoques da empresa é justamente evitar o desperdício nos serviços executados, trazendo aos clientes economia de recursos e excelente qualidade”.
 
A loja com produtos e equipamentos foi inaugurada há pouco tempo.
 
Conforme disse, a Planet Limp “possui um programa de limpeza verde considerado o que há de mais tecnologicamente avançado em termos de limpeza. Esse programa pode contribuir em até 30% da pontuação necessária para as empresas que buscam a certificação Leed-EB (Leadership in Energy and Environmental Design), que é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países”, informou Mayra que é certificada pelo Instituto Norte-americano “Green Clean Institute”.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Com uma visão humanista do negócio, Mayra vai além: “Não podemos nos limitar apenas à prestação de serviços ou venda de produtos. Temos o dever de zelar pelo ambiente que nos cerca, temos que melhorar nossa sociedade para que todos nós cresçamos juntos, mesmo porque, ninguém cresce sozinho. E a Planet Limp tem realmente essa consciência, tanto que investimos nos nossos funcionários, queremos que eles cresçam junto com a empresa. Não é só a empresa que precisa crescer, nosso pessoal tem que acompanhar. Investimos no nosso material humano, fornecemos curso, capacitamos, treinamos, promovemos as pessoas a postos de mais responsabilidade, com maior salário”, fez questão de frisar.

Capacitação na "Amor de Mãe": futuro melhor para mulheres da comunidade
A empresária contou que a partir de 2014 vai mirar no apoio aos projetos sociais. A primeira experiência já começou, com a capacitação de mulheres da comunidade do entorno da Associação “Amor de Mãe”, no Jardim Califórnia. Há duas semanas, um grupo está sendo treinado e após o curso, além do certificado, as que se destacarem serão contratadas pela Planet Limp.

“Estou realmente muito empolgada, pois é algo que envolve tanto a nossa empresa, que poderá contar com pessoal qualificado para o trabalho, como também a própria cidade e principalmente, as pessoas que estão participando do curso. É nessas pessoas que eu penso. Eu as quero verdadeiramente inseridas no mercado de trabalho, tendo seu salário e sua independência pessoal. Isso significa muito pra elas. E, para mim, é extremamente gratificante participar disso”, finalizou a empresária.

A capacitação da Planet Limp na “Associação Amor de Mãe” conta com o apoio da Câmara Municipal de Marília, através da Assessoria de Relações Institucionais que foi criada na gestão do presidente Dr. Luiz Eduardo Nardi, em maio deste ano, para colaborar com o fomento de projetos sociais na cidade.

Serviço: A Planet Limp está localizada à Rua Bandeirantes, 113, telefone (14) 34221722. Conheça mais em: www.planetlimp.com.br

domingo, 3 de novembro de 2013

EDUCANDÁRIO: MOBILIZAÇÃO TENTA IMPEDIR FECHAMENTO.

Por Célia Ribeiro

Quando os olhinhos assustados do menino viram a imponente construção, pela janela do ônibus que o trouxe de São Paulo, emoções desencontradas invadiram-lhe a alma. Junto com outros 40 garotos, órfãos como ele, o pequeno iniciava naquela manhã uma nova fase da sua vida no Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal. Passados 50 anos, Francisco Santana, professor de marcenaria, continua na entidade que luta para não fechar as portas com o apoio da Sociedade São Vicente de Paulo, da Associação dos Amigos do Educandário e de voluntários.
 
Educandário nos anos 50: obra de Bento de Abreu ameaçada
Desde sua criação, em 1957, o Educandário acolheu e cuidou de mais de 3.000 meninos formados, em sua maioria, por órfãos. Até o ano 2000, a entidade foi mantida exclusivamente pela Santa Casa de Misericórdia de Marília, explicou o diretor, Irmão Agenor Lima Rocha. Com a crise que assolou os hospitais filantrópicos, a instituição começou a receber auxílio da Prefeitura através do fornecimento de funcionários e alimentação para os cerca de 150 meninos.
 
No princípio, a entidade funcionava como orfanato.
Em 2006, com o agravamento da situação financeira, um grupo de voluntários decidiu criar a Associação dos Amigos do Educandário que realiza eventos beneficentes para apoiar a obra iniciada por Bento de Abreu. O pioneiro foi buscar no Canadá os primeiros religiosos da Congregação São Vicente de Paulo que lutam para impedir que esse importante projeto social feche as portas.
 
(Esq.) Irmão Agenor e Celso Lopes
da SSVP na reunião.
Isto porque, a partir de 2014, a Santa Casa de Misericórdia que detém a posse da imensa área em que está instalado o Educandário, pretende reaver o imóvel. Os religiosos foram comunicados da decisão. No entanto, não aceitam encerrar essa obra humanitária que deu formação a milhares de meninos órfãos e de famílias extremamente pobres.

No último dia 30 de outubro, uma reunião no refeitório da entidade representou um sopro de esperança aos presentes: Antônio Celso Lopes, presidente do Conselho Metropolitano da Sociedade São Vicente de Paulo, anunciou a disposição de a SSVP assumir o Educandário como um de suas obras unidas, a exemplo do Asilo São Vicente de Paulo.

Para tanto, serão mobilizados recursos para a construção de um novo prédio em área que se encontra em estudos, na zona sul, graças à SSVP, Associação dos Amigos do Educandário e voluntários da comunidade. “O que precisamos é de mais prazo para desocuparmos as instalações atuais. Se em 2014 a Santa Casa autorizar nosso funcionamento, ao fim do ano que vem teremos condições de mudarmos para novo prédio e mantermos o atendimento aos meninos”, assinalou o Irmão Agenor.
 
Futebol no campinho da entidade 
COMOÇÃO

Na reunião da semana passada, com a presença do promotor Isauro Pigozi, dos vereadores Cícero do Ceasa e delegado Wilson Damasceno, vicentinos, empresários, voluntários e religiosos, o clima era de comoção. Todos que usaram a palavra apresentaram sugestões para enfrentamento do problema visando impedir o fim do Educandário. “Cuidamos daqui durante 55 anos e agora estamos perdendo nossa casa”, desabafou, desolado, o diretor da instituição.
 
Vereadores Cícero e Delegado Damasceno foram à reunião
Sensibilizado com a situação, Antônio Celso Lopes anunciou que apresentaria a proposta para que a SSVP assumisse o Educandário como uma de suas obras unidas, três dias depois, na Conferência Nacional que seria realizada em Brasília. A resposta positiva foi recebida com muitas orações pelo Irmão Agenor que revelou a aprovação da proposta, em primeira mão, ao blog “Marília Sustentável” na tarde deste domingo (03/11).
 
À direita, o Dr. Antonio Domingues, presidente da
Associação dos Amigos do Educandário.
Ele disse que a corrida contra o relógio já começou. Na próxima semana haverá reunião com os pais. Como estava tudo caminhando para o encerramento das atividades, as crianças seriam distribuídas para outras entidades da cidade. O fato novo gerado pela SSVP muda a situação e a luta será por garantir a matrícula em 2014, nas mesmas instalações, desde que a Santa Casa autorize novo prazo e a Prefeitura mantenha o mínimo de funcionários e a alimentação.

TRABALHO EXEMPLAR
 
Criança recebe atendimento odontológico nos anos 50.
As 137 crianças de 5 a 16 anos chegam de ônibus ao Educandário logo cedo. Tomam café da manhã, realizam tarefa escolar com monitoramento de professoras, fazem um lanche, participam de atividades esportivas, tomam banho, almoçam e vão para a escola. Depois da aula seguem para casa, também com o transporte escolar.
 
Familiares participam das festividades
Anteriormente, além de 150 meninos, havia 30 adolescentes em cursos de panificação e marcenaria, no período da tarde. Mas, com as mudanças, eles foram dispensados. “Passaram pelo Educandário mais de 3000 meninos. Em quase 60 anos nunca houve uma denúncia, um problema de violência ou maus tratos contra as crianças. Aqui eles sempre receberam orientação, formação, alimentação e carinho”, observou o diretor da entidade.
 
Desde 1957, mais de 3000 meninos passaram pelo Educandário.
O desafio de dar prosseguimento à obra sonhada por Bento de Abreu, ainda que com outra denominação, é o que move um grande número de apoiadores. Agenor Lima agradeceu aos vereadores Wilson Damasceno e Cícero do Ceasa, presentes à reunião decisiva. “Antes de ser vereador, Damasceno sempre nos ajudava pelo Rotary. O Cícero, também, muitas vezes vinha trazer verduras da horta comunitária da zona norte. Agora, esperamos contar com o presidente da Câmara, Dr. Nardi, que nos ajudou na reforma da marcenaria, para mantermos o Educandário de pé, intercedendo por nós junto à Santa Casa e à Prefeitura”, finalizou.


Obs: As fotos da entidade são de arquivo do Educandário.

domingo, 27 de outubro de 2013

DA HORTA PARA A MESA: CRESCE A VENDA DE VERDURAS SEM AGROTÓXICOS EM MARÍLIA.

Por Célia Ribeiro

Em busca de qualidade de vida, onde a preocupação com a saúde merece cada vez mais atenção, os consumidores têm se mostrado exigentes na hora de escolherem o que levar à mesa. Neste contexto, a agricultura orgânica, também conhecida como agricultura biológica, cresce a índices invejáveis, da ordem de 20% ao ano no Brasil, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em Marília, a venda direta dos horticultores que apregoam a produção natural (sem agrotóxicos) também cresce a olhos vistos, como na pequena área às margens da Via Expressa, na zona sul.
 
Verduras colhidas na hora: apenas R$ 2,50 
No terreno arrendado em 2012, dois irmãos e suas esposas, cultivam legumes e verduras sem uso de defensivos agrícolas ou fertilizantes químicos. Embora não possam ser considerados orgânicos, já que essa terminologia exige certificação, a produção, que sai de madrugada da terra direto para a banca na movimentada via de acesso à cidade, vem crescendo e atraindo consumidores até de bairros distantes.

Em abril do ano passado, “Marília Sustentável” dedicou uma edição para contar a história dessa família simples que tira da terra o seu sustento. Esta semana, fomos conferir como estava a área arrendada com dificuldade e a surpresa foi ver o verde tomando conta de tudo em um evidente sinal de progresso.
 
Maurício da Silva Novaes, o irmão Almir, a esposa Cláudia
 e a cunhada Cristina no preparo dos canteiros em 2012.
Cristina Kimi Nakadashi Cardoso, que mora na propriedade com a família, mal teve tempo de conversar tamanho o movimento na banca de verduras. Ela atendia o casal Nilda Gonçalves e Nivaldo da Silva, moradores do Nova Marília, que eram só elogios à horta: “Sempre compramos aqui. Além de ser fresquinha, colhida na hora, a verdura é bem mais barata”, explicou a dona-de-casa.
 
Nilda e Nivaldo: clientes fiéis.
Na sexta-feira, estavam à venda cheiro-verde (R$ 1,50), alfaces crespa, lisa, mimosa e americana imperial (R$ 2,50), couve manteiga, chicória, almeirão, coentro, berinjela, abobrinha etc. Tudo colhido momentos antes. A venda direta acontece de segunda a sábado, desde cedo até o fim da tarde. Aos sábados e domingos, os agricultores levam a mercadoria para as feiras da zona sul. Mas, se no domingo alguém bater palma na casa, Cristina manda avisar que não perde a venda!
 
Abobrinhas: qualidade atrai compradores todos os dias
EXPANSÃO

Com estimativa de crescimento em torno de 20% ao ano no Brasil, a agricultura orgânica é um fenômeno no mundo inteiro. Em muitos países, como Estados Unidos, Japão e Austrália já existe um programa específico para regular e desenvolver esta atividade. Na agricultura orgânica são usados somente esterco animal, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e o controle biológico de pragas e doenças para o desenvolvimento sustentável.
Área às margens da Via Expressa, na Zona Sul, está repleta de canteiros.
Para saber mais sobre agricultura orgânica, acesse:  www.agricultura.org.br e www.organicsnet.com.br