Por Célia Ribeiro
O ritmo cadenciado das vigorosas batidas no tambor hipnotiza. “Timu
dum dum”, a batida do coração, como é conhecida essa percussão, atravessou os
tempos preservando a milenar cultura japonesa. Disciplina, concentração e
coordenação motora são requisitos essenciais aos tocadores de tambor. Mas, o
grupo “Requios Gueino Dokokai Eisá Taiko”, da Associação Esportiva e Cultural
Okinawa de Marília, agregou outra qualidade: a solidariedade.
Taiko: crianças encantam idosos |
A solidariedade entra nas apresentações em instituições
filantrópicas: “O nosso trabalho é o voluntarismo, o amor à arte, que nos faz
seguir em frente. Somos convidados pelas entidades para apresentarmos a dança e
o toque dos tambores. No dia 23 de novembro, através de um convite da Sra.
Fátima Nakashima, também voluntária do projeto ‘Adote um Idoso’, fomos nos apresentar
no Lar São Vicente de Paula e acreditamos ter deixado alegria aos idosos”, afirmou
Tyoko.
Ela lembrou que a
Associação Okinawa, formada por descendentes de japoneses há 62 anos, tinha um
sonho de trazer para Marília algo que ajudasse na preservação da cultura. Dessa
forma, quando o então presidente Carlos Saito conheceu o trabalho da
professora Hatsue Omine lhe fez o convite para iniciar o projeto na cidade.
Os instrumentos são confeccionados em
Presidente Prudente e para que o grupo esteja sempre atualizado, monitores da
Associação Okinawa são enviados para São Paulo, periodicamente, para aprenderem
novas músicas e coreografias a fim de replicarem os conhecimentos entre os
demais integrantes. A professora Hatsue realiza visitas para supervisionar e
manter a qualidade do trabalho.
APRESENTAÇÕES
Atualmente, cerca de 80 crianças e
jovens integram o grupo de Taiko. Eles são divididos segundo a fase de
aprendizagem e, com isso, há desde iniciantes até os veteranos que realizam
apresentações mais elaboradas. “Já estivemos na Casa do Caminho, também, e a
emoção dos idosos é grande quando começam a tocar os tambores”, relatou a
diretora.
“A cultura japonesa valoriza muito o
idoso. É muito difícil encontrar um descendente de japoneses nos asilos. A família
ampara”, observou Tyoko Takahashi Higa, acrescentando que “é muito bom podermos
levar alegria aos asilos, dar uma distração aos idosos. E para nossos jovens,
estamos incutindo neles a importância de se valorizar os idosos”.
Participam crianças a partir dos 06 anos |
O Grupo de Taiko conta com sete membros na Comissão Organizadora. Além de Tyoko, fazem parte: José Roberto Tukasan (coordenador e atual presidente da Associação Okinawa), Hideo Higa (apresentador), Creusa Mitiko Tukasan, Mihoko Kogawa, Luci Emi Hamada e Lucia Nagay (responsáveis pela comunicação e monitoria). Há participação ativa de pais de alunos que colaboram como José Carlos Miazato (divulgação).
“O som do tambor de Okinawa mexe muito com a sensibilidade do ouvinte, chegando a arrepiar ou emocionar, como diz o ditado popular: ‘os ancestrais estão contentes’ pois esta sensação de arrepio se compara à primeira vibração que sentimos no período fetal no ventre da mãe quando nascemos e ouvimos, pela primeira vez, o coração da mãe bater. A energia do coração da mãe é a energia que se perpetua e nos acompanha ao longo de nossas vidas”, finalizou Tyoko Takahashi Higa.
“O som do tambor de Okinawa mexe muito com a sensibilidade do ouvinte, chegando a arrepiar ou emocionar, como diz o ditado popular: ‘os ancestrais estão contentes’ pois esta sensação de arrepio se compara à primeira vibração que sentimos no período fetal no ventre da mãe quando nascemos e ouvimos, pela primeira vez, o coração da mãe bater. A energia do coração da mãe é a energia que se perpetua e nos acompanha ao longo de nossas vidas”, finalizou Tyoko Takahashi Higa.
CURIOSIDADES
No Japão feudal, taikos eram frequentemente usados para
motivar as tropas, para ajudar a marcar o passo na marcha e para anunciar
comandos e anúncios marciais. Ao se aproximar ou entrar no campo de batalha o taiko yaku (tocador de tambor) era responsável
por determinar o passo da marcha, usualmente com seis passos por batida do
tambor (batida-2-3-4-5-6, batida-2-3-4-5-6).
De acordo com uma das crônicas históricas (o Gunji Yoshu), nove conjuntos de
cinco batidas serviam para levar um batalhão à batalha, enquanto nove conjuntos
de três batidas aceleradas três ou quatro vezes e seguidas pelos gritos
"Ei! Ei! O! Ei! Ei! O!" era a chamada para avançar e perseguir o
inimigo.
No Brasil e no mundo há diferentes grupos formados
por crianças, jovens e adultos japoneses ou não.
O
taiko, tradicional tambor japonês, é um elemento da cultura nipônica que ganha
cada vez mais adeptos e admiradores no Brasil. O ritmo enérgico resgata a
cultura dos samurais e empolga pais, filhos e avós, reunindo diferentes
gerações na cadência de uma mesma batida. Em sua edição de janeiro, a Made in
Japan identificou 117 grupos de taiko no Brasil. (Fonte: Made in Japan)
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