Por Célia Ribeiro
Aos 64 anos, o serralheiro e ex-mecânico de automóveis, Gonçalo de Oliveira, sempre gostou de exercitar a criatividade no trabalho, de encarar desafios e resolver problemas. Com a aposentadoria, a sementinha do “Professor Pardal” encontrou as condições para germinar com mais vigor e ele passou a testar seus conhecimentos na fabricação de equipamentos que melhoram a qualidade de vida de pessoas com deficiência.
Mateus Castelazi na mini grua construída antes do início do projeto social |
A primeira empreitada surgiu de uma conversa com um amigo sobre Mateus Castelazi, 12 anos, portador da Síndrome de West e Epilepsia de Difícil Controle já registrado em reportagens anteriores desta página. Sensibilizado com as dificuldades dos pais Cláudia e Rafael para movimentarem o garoto de um cômodo para outro, Gonçalo Oliveira projetou a primeira mini grua que vem sendo muito utilizada pela família.
(Esq) Denilson Evangelista e Gonçalo Oliveira |
Garota Letícia entre Iara e Danilo |
Gonçalo Oliveira já produziu quatro equipamentos sendo que um foi enviado a Pelotas, no Rio Grande do Sul, a uma família muito carente, cuja história comoveu o mecânico. Atualmente, encontra-se em produção um modelo para a garota Letícia, 13 anos, portadora de Epilepsia de Difícil Controle.
Oficina em casa |
Para custear os materiais, a ONG Anjos Guerreiros conta com doações, explicou o vice-presidente. No caso do equipamento em fase de produção, houve quatro doadores que custearam os 550 reais necessários. Mas, ele frisou que qualquer pessoa pode contribuir com materiais como aço, ferro, ferragens, mini macaco hidráulico, rodízios etc, ou depositar suas doações na conta da instituição.
Além disso, o vice-presidente da ONG lembrou que “clubes de serviço como Rotary e Lions, além de Maçonaria e outras entidades também podem nos apoiar”.
SOB MEDIDA
O vice-presidente da AAG explicou que o sistema automatizado só é instalado “se a própria família que for cuidar tiver alguma deficiência ou se forem pessoas idosas, com problemas de forças nos braços, por exemplo. Nestas condições, a gente prevê utilização de equipamento elétrico”.
Equipamento em Pelotas |
Denilson Evangelista destacou que “a mini grua é pensada para a família que tem uma pessoa com deficiência ou que não tem mobilidade suficiente para se locomover dentro da própria residência, para ir da cama ao banheiro, para a mesa de refeições etc. Esse equipamento é posicionado sobre a pessoa e embaixo é colocado tecido próprio com argolas que levanta a pessoa e a leva até o próximo local em que ela deve ir, seja na cama, banheiro ou cadeira de rodas”.
Conforme disse, o projeto é personalizado: “Cada realidade familiar exige um equipamento diferenciado conforme o tamanho e peso do paciente, as condições físicas de quem cuida da pessoa e também conforme o espaço físico que está disponível na residência para a locomoção da pessoa”.
No caso do projeto em execução, Letícia reside na zona norte em um imóvel com corredor estreito. Mas, Gonçalo Oliveira não se intimidou e conseguiu projetar um mecanismo que funcionará naquelas condições, em uma máquina fina com base curta que usará sistema de manivela do guincho catraca.
Perguntado sobre como se sente ao criar projetos tão singulares, o mecânico disse que a sensação “é de bem estar, de estar diante de Deus”, frisando a importância da corrente de solidariedade que uniu a AGG e doadores anônimos: “É um projeto entre amigos”, concluiu.
Para ajudar o projeto das mini gruas, são aceitos depósitos de qualquer valor: SICREDI BANCO 748, AGÊNCIA 3022 CONTA 42540-0 em nome da Associação Anjos Guerreiros, CNPJ 26.257.823/0001-90. Para contatar Gonçalo Oliveira, o telefone é (14) 998050744.
Leia sobre a fundação da Associação Anjos Guerreiros acessando AQUI e outras reportagens sobre Mateus Castelazi AQUI e AQUI.
*Reportagem publicada na edição de 26.07.2020 do Jornal da Manhã
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