domingo, 5 de julho de 2020

COM AULAS ON LINE, VOLUNTÁRIA ENSINA ARTESANATO ÀS MÃES DE CRIANÇAS DO GACCH

Por Célia Ribeiro

Lembrando os alquimistas da antiguidade que faziam os experimentos mais inusitados, em busca do elixir da vida eterna, a ceramista Silza Más Rosa transforma a dor em alento, a tristeza em alegria e o medo em esperança. À frente de um grupo de mães de crianças atendidas no GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias), para quem ensina artesanato há vários anos, ela transformou as incertezas da quarentena em oportunidade para reunir a turma em divertidas aulas on line.
Silza comanda a “Festa do Pijama” on line
Para entender o uso da tecnologia nessa iniciativa inovadora, é preciso saber um pouco mais sobre a voluntária que está sempre pronta a ajudar quem lhe pede apoio. Conhecida pelo otimismo contagiante, Silza avalia a pandemia como um momento em que a humanidade foi forçada a parar e rever o que vinha fazendo até então. Espírita, ela acredita que “este é um período que a gente precisava passar por algum motivo. Deus sabe disso e um dia isso será explicado”.

Mães do GACCH interagindo na sala de vídeo
Ela contou que tem se dedicado à família (marido, filhas e netos) que está passando junto a quarentena, assinalando que “todos devem repensar valores, ressignificar a vida, principalmente no que diz respeito à convivência com a família. Então isto, de certa forma, nos obrigou a estar com a família em tempo integral”.

Habilidosa com todo tipo de artesanato, Silza adora paisagismo e aproveitou o tempo para cuidar do jardim de casa e preparar mudas para os amigos. Exagerada, ela contou, às gargalhadas: “Acho que estou reflorestando Marília”. Por conta do isolamento social, que segue à risca, ela leva as mudas até à entrada da casa dos amigos, toca a campanhia e sai correndo, como uma criança levada!

Unicórnio de crochê virou suporte do celular
TECNOLOGIA

Enquanto muitas pessoas manifestam sinais de depressão pela solidão e a necessidade de permanecerem em casa a maior parte do tempo, Silza procurou focar no lado B do isolamento. Sentindo saudade do GACCH, assim como do Hospital Materno Infantil aonde atua com os clowns (palhaços) “Doutores Tru-Pé”, ela lembrou que usava chamadas de vídeo para interação com os netos.
Cidinha e suas bonecas

Pronto: surgiu a ideia de reunir as mães do artesanato do GACCH e dar continuidade às atividades, só que à distância. Antes da pandemia, o grupo se encontrava toda semana na instituição para aprender várias técnicas, como crochê em fio de malha. Ao mesmo tempo em que aliviavam o estresse em decorrência do tratamento de seus filhos (portadores de câncer e doenças do sangue), as mães aprendiam um novo ofício que lhes possibilitava comercializar as peças pelas redes sociais, gerando renda.

“Sempre estive em contato com as mães pelo WhatsApp”, revelou, observando que as empresas globais tiveram que se empenhar para apresentarem alternativas que facilitassem a comunicação das pessoas à distância. Ela tem utilizado as salas de vídeo do Facebook, mas lembrou que há várias outras opções gratuitas. “Costumo brincar com meu neto, que mora em São Paulo, por chamada de vídeo. A gente brinca de esconde-esconde, faz cabaninha, ele lá e eu aqui”, disse, assinalando que por isso pensou em reunir as mães em aulas pela internet, colocando o plano em prática.

Na noite da última quarta-feira aconteceu uma divertida “Festa do Pijama” que continuou na quinta-feira durante o dia. Acontece que, estando em casa, as mães tiveram como plateia filhos, maridos e até animais de estimação que apareciam nos vídeos. “Foi uma farra”, contou Silza, mostrando as imagens das alunas com suas famílias.

Antes da pandemia, as aulas aconteciam no GACCH
Nas aulas on line, Silza ensina as técnicas, passa a receita, tira dúvidas e explica o passo-a-passo dos trabalhos. Elas passam horas sem se darem conta que o tempo voa quando estão interagindo. “Parece que deu um fôlego novo, renovou tudo e estou achando tudo ótimo”, assinalou a voluntária que citou o novo lema do grupo: “Estamos todos muito juntos. Cada um na sua casa”.

Com o entusiasmo invejável, Silza Más Rosa observou que a quarentena do século 21 poderia ser pior: “Se a humanidade tinha que passar por essa pandemia, a gente sempre tem que olhar a parte boa. Já pensou que quando houve a gripe espanhola não tinha internet e nem televisão?”, indagou. Ela concluiu afirmando que a tecnologia é uma grande aliada e também pode ser usada para levar alegria, amor e esperança à humanidade.

* Reportagem publicada na edição de 05.07.2020 do Jornal da Manhã

Leia reportagens anteriores sobre o GACCH acessando: AQUI e AQUI 

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