Após percorrer alguns quilômetros na estrada de terra até a Estância Três Lagos, aonde várias chácaras de lazer exibem placas de locação para eventos, do lado direito da Rua Miguel Tavares, número 12, observa-se uma propriedade que chama a atenção pelo campo de futebol bem cuidado. Ali, há festa permanente da esperança porque abriga uma entidade evangélica voltada à recuperação de dependentes químicos.
Muita área verde na propriedade alugada |
Fundada há quatro meses pelo Pastor Nelson Barbosa da Silva Junior, a “Comunidade Terapêutica Cristo Vive” desenvolve um programa de nove meses de duração em que os internos exercitam a fé nos cultos, e também em momentos de oração e autoajuda, além de trabalharem a terra, cultivando a horta, cuidando dos animais (aves e suínos) e da limpeza e manutenção do local.
Internos e monitores durante o almoço |
Limpo há 18 anos, casado com a Pastora Alessandra, ele revelou que nas últimas internações sentiu a necessidade de fazer algo para o próximo. Sonhou em se curar para ajudar outras pessoas sem esperança e, principalmente, sem recursos financeiros. Na comunidade, com custo estimado em 600 reais por interno, ninguém fica sem atendimento por falta de dinheiro: tem quem pague 450, 300 ou até 250 reais por mês.
O que falta vem de doações que complementam o aluguel da propriedade, além das contas de água, energia elétrica, materiais de limpeza e alimentação. Conforme disse, por enquanto, está sendo possível equilibrar receita e despesa do local que conta com 29 internos. Mas, aproveitou para fazer um apelo a quem queira colaborar com o projeto. Todas as doações são bem-vindas, sobretudo de alimentos.
FORÇA DE VONTADE
No sábado passado, a reportagem do JM assistiu a chegada de um mais um interno. Acompanhado da esposa, ele dava ali um importante passo para a recuperação. Foi dele a iniciativa de pedir ajuda à família, assim como ocorreu, há três meses, com o serralheiro Jonhny Ioshida que decidiu procurar socorro quando estava a ponto de perder a namorada por causa do vício.
Ioshida e o artesanato |
Ele contou que, aos 44 anos, o que mais queria era se curar, constituir família, “ser um bom marido, um bom pai e dar um pouco de alegria à minha mãe que tem 82 anos e nunca teve alegria nesta vida”. Ioshida falou, com tristeza, que levou as lojas de 1,99 da família à falência por causa das drogas e ultimamente estava trabalhando com serralheria.
Ao conhecer a namorada, que reside em Bauru, decidiu procurar a comunidade terapêutica incentivado pela amada. Foi lá, durante uma de suas visitas, que ele a pediu em casamento e agora faz artesanato em papel para pagar a aliança de compromisso. “Aqui eu encontrei meu primeiro amor, que é Jesus Cristo”, disse o interno, acrescentando que a noiva também se converteu e que a religião lhe deu nova perspectiva de vida: “Está sendo um canal de bênçãos aqui”.
ORGANIZAÇÃO
Pastor de um braço da Assembleia de Deus Renascer em Jesus, da Vila Coimbra, o Pastor Nelson disse que o segredo do êxito das comunidades terapêuticas está “em se colocar no lugar do outro. Hoje, é ele. Um dia, fui eu. E se não tomar cuidado, poderia ser eu novamente”, observou falando da necessidade de eterna vigilância.
Pastor Nelson com a esposa,filhas e neto |
Um dos dormitórios |
Por conta da pandemia, são adotadas medidas rigorosas: todos de máscara, frascos de álcool em gel espalhados pelos lugares e as pessoas, mesmo ao lar livre sob as árvores, mantinham o distanciamento necessário durante a visita da reportagem, no sábado à tarde.
Para entrar em contato com o Pastor Nelson e conhecer o projeto, ligue para: (14) 997989531 ou (14) 997836360. Para doações: Caixa Econômica Federal – Agência 0320, Conta corrente 6061-4 Op. 023 em nome de Alessandra Elaine Sarti M. da Silva.
*Reportagem publicada na edição de 19.07.2020 do Jornal da Manhã
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