As histórias são muito parecidas: a surpresa, seguida do medo ao se depararem com o nódulo nas mamas, a negação e a sensação de impotência diante de um inimigo terrível e assustador. O turbilhão de sentimentos que acomete as mulheres portadoras do câncer de mama se repete em maior ou menor grau, independente da idade, credo ou classe social. Quando ele aparece, passado o choque inicial, é preciso escolher suas armas, vestir a armadura e partir para a guerra. Literalmente.
Florescer: projeto do fotógrafo Pedro Coércio com pacientes |
Logo na entrada, os convidados foram brindados pela bela exposição do fotógrafo Pedro Henrique Marques Coércio. Ele fotografou 12 mulheres com os seios cobertos pelas mãos e o rosto emoldurado por diferentes espécies de flores. O Projeto Florescer nasceu para contribuir na divulgação sobre o câncer de mama não só em outubro, mas em todos os meses do ano. A informação é uma das armas mais eficazes para se chegar ao diagnóstico precoce.
O Teatro Municipal ficou lotado |
No saguão do teatro, voluntários da ONG receberam o público oferecendo as camisetas da campanha cuja renda é utilizada nas atividades da entidade e na ajuda do caixa para construção do futuro Centro de Diagnóstico que “Marília Sustentável” mostrou em reportagem na edição de 16 de setembro.
Fotógrafo com as imagens que registrou |
Com determinação e o suporte da família e amigos, Romilda venceu o câncer de mama e voltou à vida normal. “Sou movida a desafios. Disseram que eu não conseguiria levantar o braço depois da cirurgia. Mas, me recuperei bem e até vôlei voltei a jogar”, afirmou confiante. Como centenas de mulheres, ela encontrou apoio no “Amigos do COM” onde passou a atuar como voluntária ajudando outras mulheres e seus familiares a atravessarem este período tão difícil.
CELEBRAÇÃO
Com o Teatro Municipal completamente lotado, a solenidade de abertura do “Outubro Rosa” teve início com show musical, seguido da exibição de um vídeo com depoimentos emocionantes das 12 mulheres que enfrentaram o câncer de mama e foram fotografadas para o Projeto Florescer. Logo após, houve a palestra do cirurgião plástico e presidente da ONG “Amigos do COM”, Dr. Léo Pastori Filho, e do médico mastologista, Dr. Carlos Giandon, membro do COM e coordenador do Programa de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Mama de Marília.
(Esq) Dr. Giandon e Dr. Léo Pastori |
Ele afirmou que, “pela nossa população, eram esperados 234 casos novos a cada ano. Existe uma quantidade enorme de casos passando sem diagnóstico e perdendo a oportunidade de ter uma terapia curativa porque, em Marília, são 70 casos diagnosticados, em média”. Conforme disse, “o diagnóstico precoce tem uma sobrevida de 97%. É isso que a gente está lutando”.
O médico exibiu uma série de imagens com estágios variados do câncer de mama mostrando desde mulheres muito jovens, a partir dos 15 anos, até idosas com a doença. Ele afirmou que “O câncer tem uma jornada: o diagnóstico, a mastectomia, a cirurgia reconstrutiva ou não” e que, em Marília, as mulheres têm acesso a um serviço de primeiro mundo.
Romilda superou o câncer de mama e voltou a jogar volei |
O médico destacou que “no SUS se faz, sim, serviço de qualidade e nós somos a prova disso, dando dignidade para a paciente. Ao longo desses anos, a gente conseguiu montar uma equipe multidisciplinar que faz tudo que precisa ser feito e não devemos absolutamente nada para nenhum serviço grande”, mostrando slides de casos iniciais e avançados, comparando os resultados.
Ele finalizou falando sobre a ONG “Amigos do COM” que se reúne quinzenalmente na Santa Casa em que as voluntárias, ex-pacientes de câncer, acolhem as mulheres com diagnóstico ou em tratamento da doença em uma corrente de amor e apoio mútuo.
INFORMAÇÃO
Em seguida, o médico mastologista Dr. Carlos Giandon, coordenador do Programa de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Mama de Marília e membro do COM (Centro Oncológico de Marília), destacou a importância das campanhas informativas, como o “Outubro Rosa”, cuja primeira ação foi registrada nos Estados Unidos, em 1.990.
Em Marília, o primeiro evento foi realizado através de parceria da Santa Casa de Misericórdia e Secretaria Municipal da Saúde, em 2.007, após a implantação do programa patrocinado pelo Instituto Avon que possibilitou a aquisição de um aparelho de ultrassom e pistolas para biópsias utilizados no Ambulatório de Saúde Mamária da UBS Alto Cafezal, que recebe casos suspeitos de câncer de mama.
O público pode visitar a exposição |
Em 11 anos, o Programa de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Mama de Marília promoveu a capacitação de 40 médicos, 66 enfermeiros, 75 auxiliares, realizou 8.439 atendimentos, 5.191 exames de ultrassom de mama, 102 biópsias e 258 PAAF (Punção Aspirativa com Agulha Fina). Foram confirmados 67 casos de câncer de mama, pelo programa, cujas pacientes foram encaminhadas para tratamento na Santa Casa, pelo SUS.
O médico observou que, anualmente, são registrados 60 mil novos casos de câncer de mama no Brasil. No entanto, em Marília, são diagnosticados entre 50 e 60 casos novos por ano, número considerado pequeno porque a maioria das pacientes descobre o nódulo no autoexame, ao invés da doença ser detectada, precocemente, pelo exame periódico de imagem.
Lucia Peraccini Carrero |
Conforme disse, “o que faz o diagnóstico precoce é a mamografia. Consequentemente, se consegue fazer um tratamento mais adequado, diminuir a necessidade de retirada da mama, o tratamento complementar com quimio e radioterapia. Quando faz o diagnóstico precoce, a chance de cura pode chegar até a 80 ou 90 por cento dos casos”. Neste sentido, destacou a importância das ações focadas na difusão de informações sobre a doença e a proposta de construção do Centro de Diagnóstico do COM para agilizar o atendimento às pacientes contribuindo para a cura do câncer de mama.
Ele concluiu lembrando que a ONG “Amigos do COM” começou quase há 12 anos, “dentro da Santa Casa, e é um ambiente onde se fala de câncer de mama, onde se fala também para os familiares. Lá tem mulheres que estão começando o tratamento, tem mulheres que já se curaram do câncer de mama e tem mulheres que estão passando pelos procedimentos de quimioterapia e radioterapia. É um local onde são acolhidas. Vocês estão de parabéns”, finalizou.
*Reportagem publicada na edição impressa do Jornal da Manhã de 07.10.2018
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