ARTE E SOLIDARIEDADE SE ENCONTRAM ÀS TERÇAS NO GACCH
Por Célia Ribeiro
O aroma do café recém passado toma conta da ampla sala onde o barulho das máquinas de costura se mistura às risadas e conversas animadas do grupo. Todas as terças-feiras, a partir das 14 horas, seis talentosas artesãs se reúnem no GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias) para confeccionarem as peças do bazar permanente com renda revertida à manutenção da instituição.
Bazar do GACCH tem novidade toda semana
Como esse blog já mostrou em edições anteriores, o GACCH é uma instituição sem fins lucrativos voltada a abrigar crianças e adolescentes, acompanhados das mães, durante exames e tratamentos contra o câncer e doenças do sangue (hemopatias) em Marília. Vindos de cidades da região, mais que um local para pernoite e refeições, encontram na casa um sopro de esperança para vencerem um momento difícil.
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Silza Más Rosa |
Antes da pandemia, as terças-feiras do GACCH eram destinadas ao grupo de mães, chamado “Projeto Conviver”, lembra a voluntária e artesã Silza Más Rosa. No local, as mães aprendiam crochê para ajudá-las com uma nova fonte de renda já que não podem trabalhar devido aos cuidados com os filhos e dependem de benefícios sociais.
Crochê tem lugar de destaque na lojinha
Além de ser uma atividade que alivia o estresse e desenvolve a criatividade, o crochê acabou revelando muitos talentos. “Na época, fornecíamos os primeiros materiais e 100 por cento da venda era para as mães. Ensinamos a guardarem um pouquinho do dinheiro de cada venda para comprarem os materiais dos próximos trabalhos”, comentou Silza.
Foto de arquivo desde blog de 2018
com as mães nas aulas de crochê
No entanto, com a chegada da pandemia, tudo mudou. O isolamento social necessário desestimulou a continuidade do projeto. Mas, Silza não desistiu facilmente: encontrou uma plataforma gratuita, gravou vídeo-aulas das peças em crochê de sua casa, e passou a dar aulas online para as mães.
Silvia desenvolvia atividades
escolares e agora também costura
“Eu dizia para elas que todas as terças-feiras nós tínhamos um encontro, on line, às 14 horas. Isso era para não perdermos o vínculo já que as aulas podiam ser assistidas depois e eu também atendia as que queriam alguma explicação mais detalhada para ensinar sobre uma determinada peça”, prosseguiu.
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Silvia faz lindos aventais |
Apesar dos esforços, pouco a pouco, o projeto acabou reduzido e a turma de voluntárias das terças buscava uma outra maneira de continuar ajudando a casa. Foi aí que elas resolveram “adotar” a turma das quartas-feiras. Eram outras voluntárias que se reuniam para costurar e manter o bazar permanente e não retornaram com o fim do surto de Covid.
Voluntárias na última terça-feira (30.09.2025)
“Depois da pandemia, quase ninguém voltou e resolvemos assumir esse trabalho. Além disso, as doações para o GACCH diminuíram muito”, contou Silza enquanto apresentava as voluntárias que estavam concentradas produzindo lindas peças que estarão à venda no bazar da entidade: Silvia Helena Mazetto, Anamelia Rodrigues Gonçalves, Marlene Cunha Bortolini, Akemi Yoshimoto Uesugi e Rosa Maria Benes Laraia.
Akemi e a capa de galão de água
O grupo conta, ainda, com a presença de José Cadilce de Luna Cabral Filho que faz a separação das notas fiscais que a entidade cadastra no sistema da Nota Fiscal Paulista. Esta é outra fonte de receita da ONG que recebe uma subvenção da Prefeitura e se mantém, também com a venda da produção de delícias como a torta de frango, pão italiano e esfirras da turma que se encontra a cada 15 dias.
FINO ACABAMENTO
O bazar do GACCH tem novidades toda semana e as peças impressionam pelo fino acabamento e qualidade dos materiais. São toalhas de mesa, panos de prato, aventais, toucas de cozinheiro, capas de galão de água, amigurumi, almofadas, caminhos de mesa e uma infinidade de peças em crochê. Tem até trabalhos de difícil execução como o canto mitrado que forma uma espécie de moldura nas pontas.
Silza disse que as artesãs são
exigentes e o acabamento perfeito é uma marca dos trabalhos que elas confeccionam para o
bazar. De tempos em tempos, a entidade participa de eventos, mas durante todo o
ano a lojinha está aberta ao público que se encanta com a diversidade de opções
para consumo próprio ou para presentear.Há muitas opções de almofadas
Cabide-cofre com bolso embutido
E por falar em presentes, as voluntárias estão a todo vapor na produção de peças com motivos natalinos. Em breve, o verde, o vermelho e o dourado tomarão conta do espaço em que a arte e a solidariedade convivem em harmonia.
Bolsas em crochê estão na moda
VOLUNTARIADO
“Estar nesta casa é privilégio dos
grandes, conviver com essas crianças, com essas famílias, é um privilégio
porque se tornam nossos amigos. A gente acaba recebendo em casa depois,
hospedando até, porque acompanhamos ao longo de 20 anos aqui dentro”, afirmou
Silza Más Rosa.
Emocionada, ela contou de crianças que passaram por tratamentos difíceis, e hoje são adolescentes que vão visitá-la. “Esse vínculo com a casa, essa convivência é maravilhosa. Se a gente faz algum benefício para eles, o retorno é muito maior. Só sabe o que é o trabalho voluntário quem faz. Recebemos muito mais do que aquilo que damos. É um grande prazer estar aqui”, finalizou.
Cantinho da leitura: casa acolhedora
Para contribuir com o GACCH ou adquirir lindas peças do bazar, o
endereço é Júlio Mesquita, 50 – atrás da Santa Casa, telefones (14) 34224111 e
(14) 996754474. Para cadastrar no site da nota fiscal paulista, o CNPJ é 05.632.239/0001-06.
Quem preferir, pode levar as notas fiscais, sem CPF, na entidade. Acesse o LINK
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