domingo, 23 de abril de 2023

ABELHAS SEM FERRÃO: "DOCE FUTURO" E FATEC FIRMAM ACORDO PARA PESQUISA CIENTIFICA

Por Célia Ribeiro

Inspirados no ciclo de desenvolvimento das abelhas sem ferrão, que levam entre 40 e 45 dias para saírem do ovo até a vida adulta, o projeto “Doce Futuro” experimenta um crescimento surpreendente rumo ao objetivo de criação, multiplicação e manutenção de abelhas nativas sem ferrão que serão devolvidas à natureza. O último salto refere-se à parceria firmada com a Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec), unidade de Marília, para o desenvolvimento de pesquisa científica sobre o mel produzido no meliponário do Distrito de Padre Nóbrega. 

Fernando Garcia e Johnny Santana
Para entender a importância desse trabalho, é preciso lembrar que há menos de dois anos o que parecia um sonho inatingível começou a tomar forma. No início de 2022, uma área pública abandonada, de quase 60 mil metros quadrados, foco de queimadas e descarte de lixo na zona oeste, foi adotada por um grupo de ambientalistas que obtiveram autorização da Prefeitura para iniciarem dois projetos: o “Agrofloresta”, de reflorestamento consorciando o cultivo de alimentos em meio às árvores nativas, e o “Doce Futuro” de estudo e criação de abelhas sem ferrão, como divulgado em reportagens desta página.

Fernando e Johnny com as docentes e aluno da Fatec
Segundo o jornalista Fernando Garcia, que junto com Johnny Thiago Santana coordena o “Doce Futuro”, “tudo o que planejamos aconteceu. Com o Agrofloresta, temos quase 80 por cento da área de 56 mil metros quadrados reflorestada com espécies nativas, frutíferas e exóticas”. Ele contou que através do mutirão com a participação de voluntários da concessionária Eixo, CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) da Secretaria Estadual da Agricultura, alunos da EMEI Clara Luz e Polícia Ambiental, foram plantadas 700 mudas em um único dia”. 

Fernando Garcia é jornalista da TV Record
Ele explicou que a parceria com a Fatec foi articulada diante da necessidade de gerar dados científicos “porque o mel da abelha nativa tem poucas pesquisas”. Conforme disse, há 49 espécies de abelhas nativas “e cada mel tem sua particularidade com propriedades medicinais reconhecidas”. 

Vista da área reflorestada na Jardim Maracá
Fernando Garcia destacou que “a nossa criação sempre foi visando a ciência e a reintrodução das abelhas na natureza. Conhecer o mel e suas propriedades ajuda a entender o papel da abelha na natureza”. Ele afirmou que é preciso difundir conhecimento sobre o manejo, “como a coleta deve ser feita, além da necessidade da análise microbiológica do mel para identificar se tem patógeno contaminante, saber o prazo de validade do mel, entre outros aspectos”. 

Visita de alunos ao projeto “Doce Futuro”

PESQUISA

Segundo a professora Flávia Vasques Farinazzi Machado, “o acordo de colaboração entre a Fatec Marilia e o Projeto Doce Futuro prevê a realização de atividades de pesquisa científica sobre o mel produzido pelas abelhas nativas sem ferrão cultivadas no meliponário do distrito de Padre Nóbrega. As atividades de pesquisa incluem análises físicas, químicas e microbiológicas em amostras de mel recém coletado e ao longo do processo de maturação e  provenientes de diferentes espécies de abelhas sem ferrão”

 

Mel é fonte de pesquisas
Ela acrescentou que “tais análises, conduzidas nas dependências dos laboratórios de  pesquisas da Fatec Marília, servirão como requisitos de identidade e padrões importantes para a garantia de segurança de consumo do mel e como base referencial para sua inspeção, permitindo sua comercialização oficial”.

 A professora destacou que “os dados coletados servirão para a estruturação de ensaios e outros projetos de pesquisa acadêmica, além da  publicação em eventos e revistas científicas, com o intuito de promover e validar o conhecimento e de torná-lo público, expandindo as descobertas encontradas e oferecendo, dessa forma, benefícios à comunidade acadêmica e à sociedade no âmbito da saúde global”.

 Além da professora doutora Flávia Farinazzi, nutricionista de formação, participarão do acordo de cooperação as docentes Renata Bonini Pardo, veterinária e Juliana Audi Giannoni, engenheira agrônoma, e os alunos do curso Superior de Tecnologia em Alimentos da Fatec Marília: Ana Valeria Brazini, José Vitor Silva, Luana Quirino Gonçalves e Tatiele Mayara da Silva Oliveira.

 

Alimentos do Agrofloresta são doados a ONGs

Em contrapartida, “os voluntários da Associação Doce Futuro oferecerão ao grupo de pesquisa cursos teóricos e práticos sobre a criação de abelhas nativas, técnicas de produção e extração do mel, bem como a importância  da conscientização ambiental e da preservação de abelhas nativas sem ferrão, oferecendo aos estudantes participantes a oportunidade de ocuparem um espaço social de maneira responsável, formando-se e entendendo-se como multiplicadores de informação”, finalizou.

DESAFIO

Fernando Garcia disse que o maior desafio do projeto é o apoio técnico, “ter quantidade de colônia e nós vamos fazer essa parte. Vamos fornecer mel maturado e o mel in natura. O mel da abelha nativa sem ferrão tem 60 por cento de umidade. Se extrair sem passar pela maturação e deixar in natura vai azedar, fermentar. Nós desenvolvemos um processo de maturação este mês e são poucos os que dominam o processo de maturação do mel”. 

Produção agrícola em área recuperada

Sobre o trabalho com os alunos, ele informou que a ideia é abrir cinco vagas, anualmente, e ministrar um curso teórico e prático de meliponicultura e apicultura. “Eles serão introduzidos no mundo das abelhas  e, a partir daí, vão desenvolver a pesquisa deles”, explicou Fernando que será responsável pela parte teórica, enquanto Johnny se encarregará da parte prática do curso.

O Projeto “Doce Futuro” conta com 50 colônias de 20 espécies dentre as 49 espécies de abelhas sem ferrão conhecidas. Por isso, ainda há muito o que fazer: “O próximo passo é buscar parceiros junto a universidades públicas e privadas para desenvolver pesquisa sobre agricultura e polinização, mostrar o benefício da polinização, que a introdução das abelhas nas lavouras resultando em maior produção com menos uso de agrotóxico e fertilizantes químicos”.

 

Nascente recuperada
Se pensar que tanto Johnny Santana, que é pintor, e Fernando Garcia, jornalista da TV Record, participam do projeto no tempo livre, quando trocam tintas e o microfone pelas botas e ferramentas, o que já conquistaram no meliponário do Jardim Maracá sinaliza o quanto ainda podem evoluir. O futuro, com toda certeza, será mais doce.

Leia mais sobre o "Doce Futuro" e o Agrofloresta AQUI e AQUI

*Reportagem publicada na edição de 23.04.2023 do Jornal da Manhã



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