Por Célia Ribeiro
O assunto é um velho conhecido. Mas, a cada dia, se agrava a situação dos animais soltos em áreas públicas que, além de riscos à segurança das pessoas, está prejudicando a revitalização de áreas degradadas e proteção das nascentes, provocando comoção e revolta entre os moradores do Distrito de Padre Nóbrega. A servidora pública estadual Viviane da Silva disse que o medo de retaliação, por parte dos infratores, e a falta de ação dos órgãos fiscalizadores chegaram ao limite.
Jardim florido sob ameaça |
Viúva e mãe de uma menina de 09 anos e de um adolescente de 15 anos, Viviane liderou um grupo de moradores na revitalização de uma área com 100 metros de extensão em que foi formado um grande jardim. Ipês, hibiscos e flores variadas substituíram o matagal que só servia para a criação de animais peçonhentos e como combustível para os frequentes incêndios na época do inverno.
Suínos invadem as nascentes |
Por isso, foi com tristeza que ela viu
os esforços do grupo irem por água abaixo. Pessoas conhecidas do distrito se
acham acima da lei e levam cavalos e vacas para pastarem nos terrenos baldios e
áreas públicas que a Prefeitura deveria manter limpas. Desde cedinho, até o fim
da tarde, é possível encontrar os animais soltos comendo tudo o que tem pela
frente.
“Faz três anos que eu ligo para a Vigilância Sanitária, que me passa para a Zoonoses, por causa da infestação de carrapatos”, devido à invasão de bovinos. No entanto, o que já era grave piorou muito porque os animais agora pastam em qualquer lugar, livres, leves e soltos, sem que a fiscalização tome providências.
Viviane Silva |
“Há dois meses, adquirimos
palanquinhos, graças a uma doação, e fios para cercar o local”, contou,
explicando que foi respeitado o espaço para o trânsito de pessoas que utilizam
a pista de Cooper do bairro. O que aconteceu, logo em seguida, deixou os moradores
revoltados: uma mula amarrada em um dos pilares arrastou tudo o que viu pela
frente, danificando um jardim inteiro e jogando uma pá de cal sobre o trabalho
suado da população.
Ela exemplificou sua crítica lembrando que durante um grave incêndio no local, ela telefonou para os Bombeiros às 16h30, mas eles só chegaram quatro horas depois quando o fogo havia se alastrado por fazendas no entorno.
Animais pastam livremente |
Se o problema dos animais soltos em
áreas públicas e áreas de preservação já não fosse grave o suficiente, a
servidora pública denunciou a invasão de cavalos na praça da igreja do
distrito. Conforme disse, chegam dezenas de pessoas nos fins de semana, amarram
os cavalos nas árvores no meio da praça e ficam bebendo nos bares das
imediações. Ela disse que uma moradora foi reclamar com um dos responsáveis
pelos animais e quase foi agredida sendo necessário chamar a Polícia Militar.
Animal próximo às casas: falta fiscalização |
Viviane afirmou que espera da
Prefeitura que exija o cumprimento do contrato da empresa que ganhou a
licitação para apreensão de animais errantes. Aliás, segundo reportagem do site Marília Notícias, do dia 09 de dezembro, o Tribunal de Contas do Estado
(TCE-SP) está de olho.
O TCE está questionando a Prefeitura sobre o quinto termo aditivo com a empresa Zangrossi que recebe quase um milhão de reais por ano pelo serviço. O Tribunal de Contas quer relatórios comprovando o número de animais apreendidos desde 2018, informações sobre alimentação, cuidados veterinários etc.
Homem foi buscar seus animais |
Ele acrescentou que “o poder público
coloca à disposição da população o serviço de captura destes animais, através
da empresa Zangrossi, que poderá ser acionada através do telefone 193.
Reclamações poderão ser feitas através do 0800-7766111 (ouvidoria municipal),
3401-2000, Secretaria do Meio Ambiente e de Limpeza Pública ou junto à Polícia
Militar Ambiental”.
Suínos soltos em área pública |
As reclamações poderão ser feitas através do 0800-7766111 (ouvidoria municipal)
ou junto à Polícia Militar Ambiental. Caso o animal estiver sofrendo maus
tratos ou solto em vias públicas acione o 193.
Leia a reportagem do site Marília Noticias sobre o contrato sob suspeita AQUI
*Reportagem publicada na edição de 12.12.2021 do Jornal da Manhã
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