domingo, 19 de dezembro de 2021

FALTA CONSCIENTIZAÇÃO. MAS, COLETA SELETIVA AVANÇA COM OS ECOPONTOS.

Por Célia Ribeiro

“Quem planta tâmaras não colhe tâmaras”, diz o antigo ditado árabe em alusão à demora para as tamareiras frutificarem. Mas, se ninguém plantar, ninguém colherá tâmaras. Isso lembra o trabalho solitário de uma família de recicladores que, mesmo recolhendo 50 toneladas de materiais recicláveis, por mês, parece uma gota d’água diante das 240 toneladas de lixo geradas, diariamente, em Marília.

Família coleta 50 toneladas de
recicláveis por mês

Com ecopontos espalhados pelos bairros e região central, Ademar Aparecido de Jesus, o popular “Dema”, com a ajuda da esposa e dos filhos, tem feito um trabalho incansável. No entanto, enfrenta a falta de respeito de pessoas que insistem em descartar lixo orgânico, como restos de marmitas, fraldas infantis e geriátricas, além de entulhos de construção, móveis, e até seringas no meio dos materiais recicláveis que são o sustento da família.

A tão sonhada coleta seletiva de lixo, antes realizada por catadores independentes, ganhou musculatura a partir da legislação que autoriza a parceria do poder público com os recicladores. Segundo o coordenador do Meio Ambiente, Cassiano Rodrigues Leite, “a lei permite que a prefeitura ceda espaços para instalação de ecopontos que precisam ser construídos pelos associados, cooperados ou autônomos”, além de empresas como a Unimed, que tem doado unidades para a coleta seletiva.

Dema com a esposa e filhos

Os interessados devem se cadastrar na Prefeitura para receberem a autorização, devendo cumprir algumas regras como recolher os recicláveis, periodicamente, dando-lhes a destinação correta e manter o local limpo. Atualmente, apenas a família do “Dema” está atuante nos ecopontos, mas em breve novas famílias de recicladores se integrarão ao projeto, segundo adiantou o servidor municipal.

IMPACTO SOCIOAMBIENTAL

De acordo com Cassiano, os ecopontos foram a maneira encontrada para dar continuidade ao programa de coleta seletiva durante a pandemia: evita-se o contato dos catadores com os moradores nas residências porque as famílias podem descartar seus recicláveis nos pontos de coleta mais próximos. Com isso, contribuem com o meio-ambiente, retirando da natureza grande parte do lixo que será reaproveitado, além de garantir geração de renda a estes trabalhadores.

Exemplo de materiais não recicláveis

O coordenador do Meio Ambiente de Marília revelou que a ideia é continuar inovando: “Estamos avançando na coleta de porta em porta. E estamos fazendo parcerias com empresas para que façam a doação de sacolas verdes, retornáveis, que deixaremos nas residências”. Dessa forma, as famílias poderão descartar seus recicláveis nesta sacola que será recolhida pelos catadores que deixarão outra sacola para a semana seguinte.

Conforme disse, “estamos retirando apenas 50 toneladas por mês. Mas, já causa um impacto social desta família estar gerando renda daquilo que seria descartado e o impacto ambiental de reutilização deste material. Isto é ótimo também para a economia porque tem mais pessoas trabalhando e gerando recursos”.

Cassiano (2º esq) na entrega do ecoponto do
 Jardim Acapulco. (Foto: Prefeitura)

FALTA CONSCIENTIZAÇÃO

Cassiano elogiou o empenho da família do “Dema” do projeto Ecoestação que “faz rigorosamente a coleta do material seco. Eles deixam tudo limpo e organizado cumprindo o que está na lei. Quando a gente vê descarte do lado externo dos ecopontos, quem passa pensa que o local está cheio, transbordando, quando está vazio e foi apenas devido a quem passa e deixa o lixo jogado do lado de fora”.

Neste sentido, afirmou que a sensação de abandono é motivada por falta de conscientização da população porque os materiais devem ser descartados no interior dos ecopontos e apenas o que é possível reciclar como papel, papelão, vidro, metais e plásticos: “A pessoa precisa colocar o material dentro do ecoponto para poder apoiar o projeto. Já são 13 unidades em menos de um ano e só não deslanchou por falta de colaboração da população porque perdemos muito tempo tentando reorganizar a logística. Nossa expectativa é de mais 50 unidades em três anos”, frisou.

A Unimed apoia os ecopontos

Contando com o apoio da esposa, Sandra Mara, e dos filhos Pablo (19 anos), Gabriel Henrique (16 anos) e Victor (11 anos), o “Dema” não se deixa abater mesmo quando vândalos depredam os ecopontos. A situação chegou a um ponto em que descartavam tanta coisa nos locais que eles perdiam muito tempo limpando o espaço e separando o que era reciclável de verdade.

As saída foi remover alguns ecopontos que foram reformados e realocados em outras regiões. Dema contou que a unidade que estava na Rua Clemente Ferreira, atrás do Educandário, tinha de tudo, de fraldas geriátricas e infantis, até mistura sacos de farinha, garrafas de óleo e embalagens de leite o que ocasionava um odor muito forte atraindo insetos.

Materiais inservíveis

O ecoponto próximo ao Terminal Rodoviário Urbano chegou a ser incendiado por vândalos. Foi retirado e substituído por 04 latões “apenas para não deixar sem nada lá”, justificou o reciclador. Na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes esquina com a Rua Tupinambás “era aviltante o que acontecia. Parece que faziam de propósito. Foi desativado, da mesma forma que fizemos com o do Jardim Cavalari, perto da Emei”.

Quem ganhou com isso foram outros bairros. O Jardim Acapulco, por exemplo, recebeu esta semana um ecoponto totalmente reformado e como a população do bairro já tinha tradição de separar os recicláveis, está sendo um sucesso, comemorou o reciclador.

Atualmente, estão em funcionamento os ecopontos: na Avenida Sampaio Vidal (em frente ao Poupa Tempo), Rua 9 de Julho (Camelódromo), Praça da Cascata, Praça do Bairro Novo Horizonte, Avenida Tiradentes (em frente à Defesa Cívil), Avenida Esmeralda (Gelateria Madalê), Avenida Esmeralda (Colégio Criativo), Praça Donizete (Jardim Santa Antonieta), Avenida República (Secretaria de Obras), Rotatória da Avenida Santo Antônio (Aquarius), Praça do Acapulco (Univem), e na Zona Sul (Secretaria de Esportes).

“Nosso maior problema são os descartes ilegais”, assinalou o Dema, citando que grande quantidade de materiais como seringas, fraldas descartáveis, móveis, espuma, isopor, tubos de TVs antigas, colchões, madeira e restos de construção são descartados nos locais dificultando o trabalho da sua família.

Para se ter uma ideia da importância deste trabalho, em um mês foram recolhidas 17 toneladas apenas de vidros que foram enviadas a uma empresa recicladora. Além disso, segundo Dema, outras 20 mil garrafas de vidro estão sendo vendidas para particulares, sobretudo vidro branco e garrafas verdes da cerveja Heineken.

Recicladores percorrem os pontos
de coleta, periodicamente.

AMPLIAÇÃO

Além dos ecopontos, a família do Dema recolhe recicláveis de escolas, lojas, condomínios, indústrias e residências quando acionada. E para 2022, uma novidade: a construção de um depósito nas imediações do Cemitério das Orquídeas que melhorará a logística do grupo. Para mais informações, entre em contato pelos telefones (14) 997770288, (14) 996899101 ou (14) 996714562.

No site da Prefeitura tem informações para o descarte de lixo reciclável. Acesse AQUI

*Reportagem publicada na edição de 19.12.2021 do Jornal da Manhã

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