Por Célia Ribeiro
O poder transformador da arte, incluindo os benefícios à saúde física e mental, vem sendo cada vez mais estudado por pesquisadores no mundo todo. Não raras vezes se vê uma verdadeira explosão artística, através da revelação de talentos, emergindo de situações negativas envolvendo perdas e dor. Parece o caso da artesã, voluntária de ONGs e agente de viagens aposentada, Nelice Rojo.
Nelice recebeu amigas no bazar de casa
Aos
73 anos, ela descobriu o bordado resgatando memórias de infância quando, alguns
anos atrás, uma fratura no pé a deixou de molho sem poder se locomover. Como
retratado em reportagem nesta coluna, em março de 2019, ela criou o “Clube do
Bordado”, em que reunia amigas para passarem horas agradáveis entre tecidos, linhas
e agulhas.
Veio
a pandemia que virou tudo de cabeça para baixo. O “Clube do Bordado” precisou
ser desativado e as deliciosas tardes no “Espaço Pitanga”, com direito a
cafezinho e guloseimas na hora do lanche, ficaram na saudade. Desde março de
2020, as atividades foram suspensas e cada uma se recolheu em casa à espera da
volta à normalidade.
Nelice e o marido, arquiteto Laerte Rojo Rosseto
“Eu
tinha dificuldade de andar. De repente, fui parando, parando. Quando vi, estava
de andador, de cadeira de rodas”, recordou em entrevista à coluna. Foi quando a
artesã se agarrou à arte, pela segunda vez: “Foi para enfrentar o medo”,
afirmou, ao explicar a inacreditável produção de dezenas de peças que reuniu em
um bazar na zona leste de Marília.
Na
semana passada, Nelice abriu as portas da confortável residência que divide com
o marido, o arquiteto Laerte Rojo Rosseto, para receber amigas, conhecidas, além
de pessoas que se interessam por artesanato e ficaram sabendo do bazar na base
do “boca a boca”. Em apenas um sábado ela expôs a produção de um ano inteiro.
Artesanato exposto na residência
Com
tanta produção, como voluntária da ACC (Associação de Combate ao Câncer),
Nelice também doou vários bordados para os bazares da entidade que utiliza
esses eventos como geração de renda a fim de manter a assistência aos
portadores de câncer e apoiar suas famílias.
“Clube do Bordado” de 2019 |
E enquanto a reabilitação avança, Nelice Rojo celebra cada passada, equilibrando corpo e mente. Ao contrário dos pontos dos bordados que encantam pela beleza e delicadeza, o resultado de sua dedicação à arte não é visível aos olhos, mas pode ser mensurado na melhoria da qualidade de vida.
LEIA SOBRE O CLUBE DO BORDADO AQUINelice com Maria Cecília Paiva
e o andador inseparável
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